Nova Regra para o Reajuste do Salário Mínimo

Documentos relacionados
REFORMA DA PREVIDÊNCIA: POR QUE FAZER? EFEITOS DA DEMOGRAFIA EXIGEM AJUSTE DE REGRAS

A NOVA PREVIDÊNCIA. Rogério Marinho Secretário Especial de Previdência e Trabalho

Reforma da Previdência

Estrutura Demográfica e Despesa com Previdência: Comparação do Brasil com o Cenário Internacional

Reforma da Previdência

REFORMAS PARA O CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL. DYOGO HENRIQUE DE OLIVEIRA Ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão

Brasil 2015 SETOR PÚBLICO

Previdência social no Brasil: fatos e propostas

JUROS E RISCO BRASIL

JUROS E RISCO BRASIL

JUROS E RISCO BRASIL

META DA TAXA SELIC 14,5% 14,25% 13,75% 13,75% 13,5% 13,00% 13,25% 12,75% 12,25% 11,75% 12,75% 12,25% 12,75% 12,50% 12,5% 12,00%

Uma avaliação dos impactos fiscais da proposta de reforma da previdência. Manoel Pires

REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Reunião do Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho e Renda e de Previdência Social. Brasília, 17 de Fevereiro de 2016

Previdência Social Reformar para Preservar

PIB PAÍSES DESENVOLVIDOS (4 trimestres, %)

META DA TAXA SELIC 14,5% 14,25% 13,75% 13,75% 13,5% 13,00% 13,25% 12,75% 12,25% 11,75% 12,75% 12,25% 12,75% 12,50% 12,5% 12,00%

META DA TAXA SELIC 14,5% 13,75% 14,25% 13,75% 13,5% 13,25% 12,75% 13,00% 12,75% 12,50% 12,00% 12,25% 11,75% 12,5% 11,25% 11,00% 10,50% 11,25% 11,5%

COMPORTAMENTO DO RISCO BRASILEIRO

META DA TAXA SELIC 14,5% 13,75% 14,25% 13,75% 13,5% 13,25% 12,75% 13,00% 12,75% 12,50% 12,00% 12,25% 11,75% 12,5% 11,25% 11,00% 10,50% 11,25% 11,25%

COMPORTAMENTO DO RISCO BRASILEIRO

I Cenário Mundial. II Contexto Internacional e o Brasil. III Brasil: Situação Externa e Interna. Tendências. IV Paraná em Destaque V Brasil:

Cenários Conselho Temático de Economia e Finanç

Cenário Macroeconômico Brasileiro

GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR

Reforma da Previdência: Análise da PEC Reforma da Previdência PEC 287/2016. Brasília, 21 de fevereiro de 2017

Previdência Social no Brasil. Fundação Getulio Vargas

Um país em construção

BRASIL 5a. ECONOMIA DO MUNDO: CHEGAREMOS LÁ?

Tabelas Anexas Capítulo 1

Uma visão geral do processo de reforma da previdência. Manoel Pires SPE/MF

Uma visão geral do processo de reforma da previdência. Manoel Pires SPE/MF

SEMINÁRIO SINICESP REFORMA TRABALHISTA E REFORMA DA PREVIDÊNCIA HÉLIO ZYLBERSTAJN FEA/USP E FIPE

MB ASSOCIADOS. A agenda econômica internacional do Brasil. CINDES Rio de Janeiro 10 de junho de 2011

Por que é indispensável o Novo Regime Fiscal?

DIRETORIA DE ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS, INFORMAÇÕES E DESENVOLVIMENTO URBANO E RURAL DEPARTAMENTO DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES

A RECONSTRUÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA

NOTA TÉCNICA O AUMENTO DOS ELEITORES VINCULADOS AO SALÁRIO MÍNIMO

Perspectivas econômicas: o Brasil e o mundo

Ação Cultural Externa Relatório Anual 2014 Indicadores. 2. Número de iniciativas apoiadas por áreas geográficas

PEC 241/2016 e o Novo Regime Fiscal do Brasil

PIB DO BRASIL (VARIAÇÃO ANUAL) FONTE: IBGE ELABORAÇÃO E PROJEÇÃO: BRADESCO

Envelhecimento Populacional e seus impactos sobre Previdência: A necessidade de reforma

A necessidade de uma Lei de Responsabilidade Educacional

A previdência social no Brasil: Uma visão econômica

TABELA - Destinos das exportações brasileiras de Laranja em NCM 8 dígitos: Sucos de laranjas, congelados, não fermentados

A REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Ranking Mundial de Juros Reais Ago/13

REFORMA DA PREVIDÊNCIA: O QUE SE PODE NEGOCIAR?

Notas para o seminário do Insper sobre Produtividade e Competitividade

Políticas Públicas e Desenvolvimento Econômico

CENÁRIO MACROECONÔMICO

Salário Mínimo e Distribuição de Renda no Brasil Potencial e Limites

Reforma da Previdência. Abril de 2017

Previdência Brasileira: cenários e perspectivas" Lindolfo Neto de Oliveira Sales Brasília, 23/03/2017

Crise fiscal: diagnóstico e desafios

A Previdência Social ao redor do mundo

RELATÓRIO MENSAL - NICC POLO FRANCA ABRIL Número de indústrias de calçados no Brasil por estado. 13 Faturamento na exportação de Calçados

A Reforma da Previdência e a Economia Brasileira. Marcos de Barros Lisboa (INSPER) Paulo Tafner (IPEA)

Nota Informativa. Comparação entre as décadas de 1980 e Comparando o crescimento do PIB nas décadas de 1980 e atual

Hélio Zylberstajn - FEA/USP e Fipe. Seminário A Reforma da Previdência Social à luz da experiência internacional ENS São Paulo - 27/04/2017

CÂMARA DOS DEPUTADOS Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira

Ambiente econômico nacional e internacional

Cenário Econômico. Mercado de Saúde suplementar. Sinistralidade e Perspectivas

Estado e Desigualdade no Brasil

Ranking Mundial de Juros Reais Mai/13

Responsabilidade Macroeconômica para o Crescimento. Henrique de Campos Meirelles

Portas Automáticas. Resistentes ao Fogo

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

Ranking Mundial de Juros Reais OUT/14

A Sustentabilidade Fiscal e a Redução do Tamanho do Estado. Carlos Kawall Economista Chefe

Secovi. Desafios da Economia Brasileira. Antonio Delfim Netto

EXPORTAÇÃO BRASILEIRA DO CAPÍTULO 71 DA NCM. Por Principais Países de Destino. Janeiro - Dezembro. Bijuterias

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

Ação Cultural Externa Relatório 1º Semestre 2014 Indicadores Número de iniciativas apoiadas por áreas geográficas

Desigualdade e a Armadilha da Renda Média. Fernando de Holanda Barbosa Filho IBRE FGV

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

Retomada do Crescimento e Reformas Estruturais

Taxas de Juros Elevadas e Semi-Estagnação

Audiência Pública sobre Propostas de Reforma para a Previdência

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

A DEMOGRAFIA E AS LEIS FUNDAMENTAIS DA ECONOMIA NÃO RESPEITAM A CONSTITUIÇÃO NENHUMA CONSTITUIÇÃO

Brasil: Ventos mais favoráveis

TRIBUTAÇÃO SOBRE DIVIDENDOS

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

Retomada do Crescimento e Reformas Estruturais

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

PERFIL DO AGRONEGÓCIO MUNDIAL

Perspectivas para 2012

Retomada do Crescimento e Reformas Estruturais

Membros da IFC. Corporação Financeira Internacional. Data de afiliação

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

SECRETARIA DE PREVIDÊNCIA MINISTÉRIO DA FAZENDA. Brasília, dezembro de 2017

CENÁRIO MACROECONÔMICO. Setembro de 2017 DEPEC Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos

PIB DO BRASIL (VARIAÇÃO ANUAL) FONTE: IBGE ELABORAÇÃO E PROJEÇÃO: BRADESCO

Transcrição:

Nova Regra para o Reajuste do Salário Mínimo Nelson Barbosa e Manoel Pires Apresentação no seminário: Política de Salário Mínimo para 2015-18 Avaliações de Impacto Econômico e Social Rio de Janeiro, IBRE/FGV, 7 e 8 de maio

Arcabouço institucional O consenso jurídico atual é que a CF já garante reajuste mínimo pela inflação Em 2006, uma negociação entre governo e centrais sindicais estabeleceu a regra atual: reajuste real pelo crescimento do PIB em t-2, que vem sendo adotada desde 2008, mas só virou lei em 2011 A regra atual vale até 2015, quando será discutida uma nova regra para 2016-18

1940.12 1943.12 1946.12 1949.12 1952.12 1955.12 1958.12 1961.12 1964.12 1967.12 1970.12 1973.12 1976.12 1979.12 1982.12 1985.12 1988.12 1991.12 1994.12 1997.12 2000.12 2003.12 2006.12 2009.12 2012.12 O salário mínimo em perspectiva de longo prazo (valor real a preços de fevereiro de 2014) 1.200 1.000 800 Média histórica 600 400 200 0 Fonte: Ipea.

Índices reais do salário mínimo, PIB, PIB por habitante, PIB por trabalhador e salário médio, média anual, 2002=100 (SM pelo INPC, salário médio pelo IPCA, e PIB pelo deflator do PIB) 180 170 160 150 140 130 120 110 100 SM real PIB Real PIB real por habitante PIB real por trabalhador Salário médio real Índice real (2002=100) 174,9 145,6 129,1 121,2 114,6 90 80 Fonte: IPEADATA, IBGE e cálculos dos autores 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Salário mínimo como percentual da renda mediana e média SM como % da renda mediana habitualmente recebida Setor Setor Conta Total Público Privado Própria SM como % da renda média habitualmente recebida Setor Setor Conta Total Público Privado Própria 2003 47,5% 26,7% 47,7% 57,3% 2003 26,3% 17,9% 28,9% 33,3% 2004 49,8% 27,3% 49,8% 63,0% 2004 27,6% 19,0% 30,2% 34,8% 2005 54,0% 28,4% 52,9% 67,5% 2005 29,1% 19,5% 32,1% 36,5% 2006 55,5% 32,0% 55,5% 67,3% 2006 31,9% 21,1% 35,1% 39,7% 2007 59,8% 30,8% 59,7% 71,8% 2007 32,8% 21,1% 36,4% 39,5% 2008 57,3% 32,7% 57,4% 67,6% 2008 32,7% 20,9% 36,7% 39,1% 2009 58,1% 32,8% 59,9% 69,7% 2009 34,0% 21,3% 38,1% 40,6% 2010 61,4% 33,6% 62,6% 66,9% 2010 34,5% 21,5% 38,9% 41,4% 2011 57,1% 33,9% 60,4% 63,9% 2011 33,6% 21,1% 37,9% 39,8% 2012 61,0% 32,2% 61,4% 62,0% 2012 35,0% 22,1% 39,7% 40,5% 2013 58,0% 33,3% 61,2% 65,9% 2013 35,2% 22,5% 39,5% 40,9% Fonte: PME.

A experiência internacional com regras de reajuste do SM Índice de preços ao consumidor/inflação Argélia Indonésia França Bélgica Luxemburgo África do Sul Bósnia-H Espanha Austrália Brasil Marrocos Uruguai Canadá (Quebec) Nova Zelândia Nível geral de salários Azerbaijão Sérvia França Macedonia Canadá (algumas províncias) Montenegro Bósnia-H Nova Zelândia Reino Unido Hungria Critérios relacionados a fatores econômicos (produtividade, nível de emprego, renda per capita, expectativa de crescimento, etc.) Holanda Sérvia Reino Unido Argélia Coréia Bélgica Barbados Romênia Peru Bósnia-H Rússia Canadá (Ontario e Quebec) Madagascar França Argentina Canadá (New Brunswick) Portugal Colômbia Eslováquia Espanha Tailândia Uruguai Fonte: Minimum Wage Systems, OIT.

Composição do emprego público por faixa de renda (em salários mínimos) Ente da federação Até 1 SM % em relação com o total Até 2 SM % em relação com o total Professores (ensino básico) % em relação com o total Total União 12.461 1,7% 67.486 9,2% 3.344 0,5% 731.686 Estados 109.553 3,5% 683.745 21,6% 865.539 27,3% 3.168.616 Municípios 432.303 8,9% 2.351.375 48,4% 1.265.524 26,0% 4.859.455 Fonte: RAIS 2012.

Salário Mínimo e Finanças Federais 1. Previdência Social: piso previdenciário, 65% do numero de beneficiários e 44% do valor total dos benefícios 2. Assistência Social: quase 100% do número e do valor total dos benefícios (LOAS e RMV) 3. Seguro Desemprego: piso dos benefícios 4. Abono Salarial: 100% do programa, pois valor do benefício e público alvo são vinculados ao SM 5. Funcionalismo: 1,7% da folha federal

Transferências de renda da União às famílias, em % do PIB 10 9 8 7 6 0,1 0,5 0,0 0,1 0,5 0,3 0,3 0,5 0,4 0,3 0,5 0,4 0,3 0,3 0,6 0,7 0,5 0,5 0,3 0,7 0,5 0,4 0,4 0,4 0,8 0,8 0,8 0,6 0,6 0,6 0,5 0,9 0,5 0,5 0,9 0,9 0,7 0,7 0,7 5 4 3 6,0 6,3 6,5 6,8 7,0 7,0 6,6 6,9 6,8 6,8 7,2 7,4 7,4 2 1 0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Benefícios previdenciários Benefícios assistenciais (LOAS e RMV) Seguro desemprego e abono salarial Bolsa família e outros programas Fonte: MF/SPE até 2013 e projeções dos autores para 2014

Composição das transferências de renda por parte da União em 2013 Indexado ao SM BPS acima de 1 SM 44% BPS até 1 SM 34% BF 5% SD 7% BAS 7% AS 3% Não indexado ao SM

Proposta 1: Aumento real do salário mínimo igual ao crescimento real médio de uma das seguintes variáveis: salário médio PIB per capita produtividade do trabalho (PIB por trabalhador) NOS CENÁRIOS FISCAIS VAMOS UTILIZAR O PIB PER CAPITA

Hipóteses dos cenários fiscais 2015 2016 2017 2018 2019 PIB real 1,0% 4,5% 3,5% 4,0% 4,0% Inflação 7,5% 5,0% 4,5% 4,0% 4,0% Q RGPS até 1 SM 3,5% 3,5% 3,5% 3,5% 3,5% Q RGPS acima de 1 SM 3,5% 3,5% 3,5% 3,5% 3,5% Q assistência social 3,5% 3,5% 3,5% 3,5% 3,5% Q seguro desemprego 1,5% 1,5% 1,5% 1,5% 1,5% % valor do SD indexado ao SM 60% 60% 60% 60% 60% Q abono sem reforma 3,0% 3,0% 3,0% 3,0% 3,0% Abono em % do PIB com reforma 0,30 0,20 0,10 0,00 0,00 BF em % do PIB 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50

Cenários de despesa primária, para diferentes regras de reajuste do salário mínimo real, com número de benefícios previdenciários e assistenciais crescendo, em média, 3,5% aa 10,6 10,4 Transferências federais de renda em % do PIB 10,4 10,2 10,0 9,8 9,6 9,4 Regra PIB Regra PIB PC Regra Zero Regra 1% real aa (desindexação) 10,2 10,1 9,9 9,2 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Proposta 2: Reforma do abono salarial, seguro desemprego, benefícios previdenciários de risco + Retomada do Fórum da Previdência Social

Cenários de despesa primária, para diferentes regras de reajuste do salário mínimo real, com número de benefícios previdenciários e assistenciais crescendo, em média, 3,5% aa 10,6 10,4 Transferências federais de renda em % do PIB 10,4 10,2 10,2 10,0 9,8 10,1 9,9 9,6 9,4 9,2 Regra PIB Regra PIB PC Regra Zero Regra PIB PC +AS Regra 1% real aa (desindexação) 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Conclusão 1. Para que o SM real continue crescendo de modo sustentável, é preciso que ele cresça mais moderadamente 2. E para que o crescimento moderado seja compatível com a estabilidade do gasto público em % do PIB, é necessário reformar alguns programas sociais 3. O governo atual já sinalizou nesse sentido, com início discussão sobre abono salarial, seguro desemprego e benefícios de risco (pensões por morte) 4. Mas também é preciso retomar o debate sobre a previdência social (fator previdenciário e idade mínima)