Há Mais de 10 anos no Mercado PERÍCIA CONTÁBIL PROFESSOR: MARCO FERNANDES



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Transcrição:

Há Mais de 10 anos no Mercado PERÍCIA CONTÁBIL PROFESSOR: MARCO FERNANDES 1

1. Perícia: conceituação e objetivos 1.1 Conceito de perícia 1.2 Sujeito ativo da perícia 1.3 Árbitro e perito ÍNDICE 2. Prova Pericial 2.1 Contexto jurídico em que se insere 2.2 Provas que já foram admitidas 2.3 Provas admitidas na legislação brasileira 3. Perícia Contábil 3.1 Fundamentos lógicos 3.2 Fundamentos doutrinários contábeis 3.3 Objeto da ciência contábil 3.4 Conceito válido de perícia contábil 4. Objetivos e Espécies de Perícia Contábil 4.1 Objetivos da perícia contábil 4.2 Espécies de perícia 5. Perito: Perfil Profissional Exigível 5.1 Caracteres psicoéticos 5.2 Requisitos educacionais e legais 5.3 Requisitos jurídicos-formais 5.4 Pessoalidade da função 5.5 Outros requisitos 6. Justiça e Perícia: Responsabilidades Sociais, Civis e Criminais do Perito Contábil 6.1 Consciência e personalidade 6.2 Cidadania e perícia 6.3 Aspectos civis e criminais a serem considerados 6.3.1 Deveres legais e profissionais do perito 6.3.2 Direitos legais e profissionais do perito 6.3.3 Penalidades civis e criminais ao perito 7. Normas Brasileiras sobre Perícia 8. Algumas Aplicações da Perícia Contábil 8.2 Avaliações, verificações e apurações de haveres 8.3 Análises de valores patrimoniais 8.4 Exame, análise e identificação de erros e fraudes 2

9. Técnicas do Trabalho Pericial Contábil 9.1 Técnicas preliminares (objeto, objetivo, diligências) 9.2 Técnicas básicas (exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, avaliação e certificação) 9.3 Técnicas científicas 10. Laudo Pericial Contábil 10.1 Características gerais e de conteúdo do laudo 10.1.1 O que deve conter a abertura 10.1.2 Considerações iniciais 10.1.3 Exposição sobre o desenvolvimento do trabalho 10.1.4 Considerações Finais 10.1.5 Quesitos. Respostas 10.1.6 Encerramento do laudo 10.1.7 Anexos abojados e integrantes do laudo 10.2 Espécies de laudo contábil 11. Papel de Trabalho Pericial: Roteiro e Registro 3

1. PERÍCIA 1.1 Conceito de perícia Perícia é um instrumento especial de constatação, prova, ou demonstração, científica ou técnica, da veracidade de situações, coisas ou fatos. Ou seja, a perícia tem por finalidade, por objeto, transmitir uma opinião abalizada sobre o estado verdadeiro do objeto (matéria), sobre o qual foi instada a se manifestar. 1.2 Sujeito ativo da perícia Sujeito que desenvolve a atividade de perícia, seja no sentido da verificação e percepção dos fatos (perito percipiente) ou no sentido de observar e apreciar fatos, emitindo juízo e conclusões a respeito deles (perito judicante). Em tese, podemos dizer que a perícia existe desde os mais remotos tempos da humanidade, assim que esta, reunindo-se em sociedade, iniciou o processo civilizatório infindáveis, aliás para caminhar da animalidade para a racionalidade. Assim colocamos para situar que aquele que, seja pela experiência ou pelo maior poderio físico, comandava a sociedade primitiva era, a bem dizer, perito, juiz, legislador e executor ao mesmo tempo, já que examinava (por sua ótica), julgava, fazia e executava as leis. Obviamente ainda não era perícia, mas o germe básico correspondente ao exame de situação, coisa ou fato ali estava. 1.3 Árbitro e perito Há registros na milenária Índia, do surgimento da figura do árbitro, eleito pelas partes, que, na verdade, era perito e juiz ao mesmo tempo, pois a ele estava afeta a verificação direta dos fatos, o exame do estado das coisas e lugares, e, também, a decisão judicial a ser homologada pelo que detinha o poder real, feudal, no sistema de castas e privilégios indianos. 4

2. PROVA PERICIAL E SUAS INTERAÇÕES COM AS DEMAIS PROVAS 2.1 Contexto jurídico em que se insere Direito É a ciência das normas obrigatórias que disciplinam as relações dos homens em sociedade, e também o conjunto de conhecimentos que a elas se relacionam, inclusive normas não formuladas, ditas naturais, de comportamento social. É uma ciência materializada por um corpo doutrinário, metodologia própria, e atuante por um conjunto de normas jurídicas vigentes em um país. Em latim é o jus. Justiça Com origem no latim justitia, é aquela atividade destinada a dar, conforme o direito (o conjunto de normas) e conscienciosamente, a cada um aquilo que é seu. Não se deve confundi-la com o Poder Judiciário, que é o órgão estatal encarregado de administrar a justiça. Jurisdicional Em perícia, vamos empregar o termo, normalmente, na expressão entregar a prestação jurisdicional, no sentido de que, sendo a jurisdição o poder de dizer o direito aplicável aos fatos, nas relações dos indivíduos e a sociedade, a expressão se refere à ação de decidir segundo o direito. Instrumento Genericamente, é o recurso empregado para se alcançar um objetivo. Juridicamente, é um documento ou ato escrito, de forma especial, em que se registra um ato, com o fim de torná-lo concreto e autêntico. Da junção das definições, genérica e jurídica, é que conceituamos a perícia como um instrumento. Indício É a prova relativa ou circunstancial, assim considerada como circunstância conhecida que autoriza, em relação ao fato, concluir-se pela existência de outra ou outras circunstâncias. Juridicamente, é 5

utilizado no plural indícios -, pois somente um conjunto de circunstâncias pode revelar, pelas conexões que guardarem com o fato, a existência deste mesmo fato. Não se deve confundi-lo com a presunção, que não é elemento sensível, real, como o indício, mas sim conjecturas ou juízos formados sobre a existência do fato. Presunção É a ilação e aceitação de certeza obtida de um fato conhecido e provado para se admitir como provada a existência de um fato desconhecido ou duvidoso. A presunção, portanto, faz prova, podendo ser estabelecida em lei, definindo como verdadeiros certos atos e fatos. Convicção No Direito, é a certeza resultante da apreciação das provas produzidas pelas partes ou determinadas pelo juiz. É o convencimento quanto à existência ou inexistência do direito. É a certeza a que chegou o juiz quanto à verdade, em face das provas e elementos dos autos. Prova É a demonstração que se faz o modo da existência, autenticidade e veracidade de um fato ou ato. Juridicamente, é o meio de convencer o juízo da existência do fato em que se baseia o direito do postulante. 2.2 Provas que já foram admitidas 2.2.1) Ordálias: Consistiam em submeter o acusado a certas condições especiais, supondo que Deus não permitiria que aquele que fosse inocente saísse ferido ou perdesse a vida. Só um pequeno detalhe tornava essa prova, no mínimo, estranha: as tais condições a que os acusados eram submetidos eram fisicamente impossíveis de serem cumpridas sem ferimentos ou morte. 6

2.2.2) Juramento: O juramento como prova, consistia na invocação do caráter divino das afirmações como meio de confirmação da verdade, isto é, as altas autoridades estatais ou eclesiásticas, ou que pertencessem à classe dominante, poderia jurar, invocando Deus, que o que diziam era a expressão da verdade. Curiosamente, esta prova era dirigida contra as afirmações de quem dela não podia fazer uso (artesãos, escravos, servos etc.). 2.2.3) Duelo Judiciário: O duelo judiciário veio a substituir as ordálias, admitindo o detentor do poder de decisão que um litígio pudesse ser efetivado pela realização de um combate. Os combatentes poderiam ser os próprios oponentes em litígio ou estes poderiam ser representados por especialistas. Aqui já há o emprego da técnica, mas sem qualquer relação com a verdade ou fato que se quer provar. 2.2.4) Compurgadores: Os compurgadores, na verdade, eram um passo anterior ao testemunho, pois consistiam num Atestado de Inocência ou Declaração de mesmo cunho, passado por outras pessoas, reconhecidas como de reputação ilibada. Embora com vícios operacionais, já que as pessoas capazes de atestar (classes média e aristocrática da época) não estavam dispostas a atestar sobre membros das classes inferiores. Há, aqui, entretanto, algum progresso, já que é admitida a manifestação da vontade de alguém em relação a outra pessoa, no caminho da demonstração daquilo que o atestante asseverava como verdadeiro. 7

2.3 Provas admitidas na legislação brasileira 2.3.1) Depoimento pessoal: É resultante da interrogação (a inquirição) das partes litigantes pelo condutor do processo judicial (o juiz). O depoimento pessoal faz prova nos autos, à medida que, interrogada pelo juiz, a parte transmite no processo sua visão dos fatos submetidos à prestação jurisdicional. Embora carregada de subjetividade - já que aqui entram outros elementos, como a sinceridade e a personalidade exteriorizada pelo depoente -, este tipo de prova é necessário para preliminarmente, assegurar-se o direito de expressão pessoal, e não através daquele que orienta juridicamente (o advogado) sobre as condições sob as quais os fatos se deram. No Código de Processo Civil esta prova está prevista na Seção II do Capítulo VI (arts. 342 a 347). O depoimento pessoal dá-se por determinação do juiz ou a requerimento da parte contrária. A recusa ou não-comparecimento para o depoimento redundará na aplicação da pena de confissão (parágrafo segundo do art. 343). 2.3.2) Confissão: A confissão só é admitida como tal sob determinadas situações, quais sejam: (a) admitir como verdadeiro fato contrário a seu interesse e favorável a outra parte; (b) não se referir a fatos relativos a direitos indisponíveis; e (c) o caráter de indivisibilidade desta prova. No Código de Processo Civil esta prova está prevista na Seção III do Capítulo VI (arts. 348 a 354). 2.3.3) Exibição de documento ou coisa: A prova dos fatos também se dará pela exibição de documento ou coisa, seja por determinação do juízo ou por requerimento 8

das partes, estando ou devendo estar em poder da parte ou de terceiros. A exibição será elemento de prova por si ou por sua ausência, ou seja, (a) se exibida a coisa ou documento trará aos autos um elemento probante, ou (b) se não exibida, fará com que o juiz admita como verdadeiros os fatos que, por meio daqueles, a parte pretendia provar. No Código de Processo Civil esta prova está prevista na Seção IV do Capítulo VI (arts. 355 a 363). 2.3.4) Documento: Considerada a mais utilizada das provas, também chamada de prova documental. O documento, respeitadas as condições que a alei estabelece, tem força probante e é, das provas plenas, a mais utilizada, já que as partes, ao fundamentar o direito alegado ou direito contestado, se valerão da prova que, normalmente, está mais à mão, ou seja, os documentos sobre os quais desenvolvers-e-ão a causa de pedir e as razões de contestar. Os documentos com força probante podem ser públicos ou particulares. Se documento público, fará prova de sua formação e dos fatos que o escrivão, tabelião ou funcionário declarar que ocorreram em sua presença. Esta espécie de documento tem duas características especiais: (a) deve ser feito por oficial público competente e dentro de forma prescrita em lei sob pena de, em não o sendo ou não atendendo as formalidades legais, ter eficácia de documento particular; e (b) nos termos do art. 366, quando a lei exigir, como substância do ato, o instrumento público, nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta. São exemplos de documentos públicos a escritura, as certidões, os traslados, o testamento lavrado em cartório etc. Os documentos particulares, ou seja, aqueles que não foram produzidos por oficial público competente, embora não tenham 9

aquela rigidez formal do documento público a que nos referimos, fazem prova, à medida que, desde que autênticos, registram fatos e situações objeto do conflito de interesses expresso na lide. A fé no documento, entretanto, cessa com a contestação de assinatura e enquanto não se comprovar sua veracidade, ou, quando assinado em branco, for abusivamente preenchido. Em ambas as situações, a dúvida sobre a autoria ou circunstância em que foi produzido o documento se constata, se verifica ou se prova por perícia. A prova pericial, no caso, se dará nos autos do incidente de falsidade, processado em apartado, porém apenso ao processo principal. No Código de Processo Civil esta prova está prevista na Seção IV do Capítulo V (arts. 364 a 399). 2.3.5) Testemunho: Esta prova, no dizer do próprio Código de Processo Civil, é sempre admissível, exceto quando: (a) a lei disponha de modo diverso; ou (b) os fatos já estejam provados por documentos ou confissão da parte; ou (c) os fatos só possam ser provados por documento ou exame pericial. A legislação dispõe que podem depor como testemunhas quaisquer pessoas, exceto as incapazes, as impedidas e as suspeitas, caracterizando estas últimas. No Código de Processo Civil esta prova está prevista na Seção IV do Capítulo VI (arts. 400 a 419). 2.3.6) Inspeção judicial: É um ato do juiz, pessoal e direto, de examinar ou vistoriar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre o fato que interesse à decisão da lide. Esta inspeção direta de pessoas ou coisas por parte do juiz dáse, normalmente, quando este julgue necessário para melhor verificação e interpretação, ou quando este determina a 10

reconstituição de fatos, ou, ainda, quando o objeto da inspeção não pode ser apresentado em juízo. Nestes casos, se assim julgar necessário, o juiz poderá, no ato da inspeção, ser assistido por um ou mais peritos. Concluída a diligência, o juiz mandará lavrar auto circunstanciado da inspeção, podendo, inclusive, instruí-lo com desenho gráfico ou fotografia. No Código de Processo Civil esta prova está prevista na Seção IV do Capítulo VI (arts. 440 a 443). 2.3.7) Perícia: A prova pericial é um dos aspectos de utilização da perícia, mais restrito, portanto, que o conceito abrangente de perícia. Podemos dizer que a perícia contem a prova pericial, mas esta não tem a abrangência daquela. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação. A prova pericial se inter-relaciona com as demais provas, em menor ou maior grau, esclarecendo ou complementando as provas já produzidas. No Código de Processo Civil esta prova está prevista na Seção IV do Capítulo VI (arts. 420 a 439). 2.3.7.1) Características Gerais: Surge de um conflito latente e manifesto que se quer esclarecer; Constata, prova ou demonstra a veracidade de alguma situação, coisa ou fato; Fundamenta-se em requisitos técnicos, científicos, legais, psicológicos, sociais e profissionais; e Deve materializar, segundo forma especial, à instância decisória, a transmissão da opinião técnica ou científica sobre a verdade fática, de modo que a verdade jurídica corresponda àquela. 11

2.3.7.2) Características Especiais: Delimitação da matéria sobre que recai já que são somente aquelas matérias cuja apreciação dependa de conhecimento especial do técnico; Iniciativa técnica, ou seja, a absoluta independência técnica nos processos, métodos e análises que leva a efeito; Limitação de pronunciamento, ou seja, a consonância da matéria examinada e da finalidade do exame com a forma própria e normalizada da espécie de laudo que registrará a conclusão; e Integral conhecimento técnico ou científico da matéria, complementando, necessariamente, com conhecimentos conexos a sua especialização e das disposições legais e normativas aplicáveis ao caso concreto e à própria perícia. a) Admissibilidade: A prova pericial será indeferida quando a prova que se quer fazer (a) não depender de conhecimento especial, (b) for desnecessário por já provada por outros meios, ou (c) for impraticável. Sendo assim, não ocorrendo as situações acima descritas, a prova pericial é admissível nas demais situações, ressalvandose que a perícia, para ser tida como tal e utilizada como prova pericial, têm que ter a característica essencial de emprego de conhecimentos técnicos ou científicos. b) Dispensa: A prova pericial poderá ser dispensada pelo juiz quando as partes, na inicial e na contestação, apresentarem, sobre as questões passíveis de perícia, pareceres técnicos. Apenas reforça o básico do processo, de que compete ao juiz deferir ou não os atos ou provas requeridos pelas partes. 12

c) Agente Ativo: Determinada a produção de prova pericial, inicia-se a mesma com a designação dos agentes que a realizarão, ou seja, os seres que a tornarão concreta e farão com que ela venha aos autos, através da peça técnica (o laudo). Assim, compete ao juiz nomear o perito, e, às partes, indicar os assistentes técnicos. Há que se ressaltar que ambos os profissionais atuantes na perícia são peritos, pois realizam o mesmo trabalho técnico o laudo pericial e sob as mesmas condições, devendo ser encarada a divergência de nomenclatura adotada somente em função do sujeito processual que introduz no processo o profissional da perícia: o primeiro recebe o encargo do juiz, e os segundos o recebem por indicação das partes que se contrapõem na litispendência. d) Ritos e Prazos: Estabelecida qual a questão ou questões que serão objeto de perícia determinada, as partes formularão quesitos perguntas a respeito daquela, com a possibilidade de formular outros, ditos quesitos suplementares, durante a realização da prova e antes que esta se encerre. Compete ao juiz, entretanto, indeferir quesitos impertinentes e, por outro lado, formular os que entender necessários. e) Escusa do Perito: O perito só poderá escusar-se de aceitar o encargo, alegando motivo legítimo, que no caso não é qualquer motivo, no prazo de 05 (cinco) dias contados da intimação ou do impedimento superveniente, sob pena de, não o fazendo, não poder alegá-lo posteriormente. Isto porque é dever do profissional honrado com a nomeação, colaborando com a Justiça, aceitar o encargo, nos termos das legislações processuais civis e penais. 13

f) Prazo para o laudo: O perito tem que cumprir sua função, entregando o laudo pericial no prazo fixado pelo juiz, sob pena de substituição e multa. É-lhe permitido, entretanto, antes de vencido o prazo inicial, solicitar, por uma única vez, prorrogação. Não há, na legislação civil, prazo máximo ou mínimo para realização da prova pericial, ficando ao sempre prudente arbítrio do juiz da causa sua fixação. A prática mostra-nos, entretanto, que, salvo situações excepcionais que demandem grande tempo de pesquisa ou cálculos, normalmente são concedidos inicialmente, um prazo mínimo de 30 eu máximo de 60 dias para a realização do trabalho pericial. O prazo para os assistentes técnicos varia, segundo esteja sendo aplicada a legislação processual civil ou não. No caso do CPC, com a redação que foi dada ao parágrafo único do art. 433 pela Lei nº 8.455/92, os assistentes técnicos têm dez dias após a apresentação do laudo do perito do juízo, para apresentar seu parecer (críticas ou comentários). No caso de perícias contábeis, deverá o assistente técnico socorrer-se das Normas de Perícia Contábil, que determinam que, entre esses profissionais, os assistentes técnicos tenham acesso aos autos e possam, ao serem convidados para a reunião reservada de elaboração do laudo, tomar conhecimento prévio de seu conteúdo e, destarte, poderem apresentar seu trabalho antes da apreciação jurídica pelas partes. Já em se tratando de outras profissões, dependerá da boa vontade do perito nomeado pelo juízo para tomar ciência prévia do conteúdo e data em que o laudo será entregue. Entregue o laudo (ou laudos, já que o parecer do assistente técnico é espécie deste), as partes serão intimadas a tomar ciência dos mesmos e a, querendo, se manifestarem sobre o conteúdo da peça técnica. Esta manifestação se dará ou pela concordância (tácita ou explícita), ou por impugnação ao laudo ou por pedido de esclarecimentos, como indica a prática e a 14

experiência. Não está prevista, entretanto, a impugnação ao laudo em si, mais sim o pedido de esclarecimentos, devendo entender-se que o juiz aceita a impugnação como se pedido de esclarecimento fosse, e o conteúdo desta como se quesitos elucidativos estivessem sendo formulados, nos termos do Art. 435 do CPC, antecipando e agilizando os atos que seriam realizados em audiência. Podemos dizer que, procedidos os trabalhos de campo que se fizeram necessários (diligências), efetuados os exames, demonstrados os fatos, situações ou coisas que foram objeto da análise pericial, redigir-se-á a peça técnica que registra todos os atos, exames e conclusões da perícia o laudo. g) Impugnações e quesitos elucidativos: O laudo poderá ser questionado, mediante a formulação do que se convencionou chamar de quesitos elucidativos perguntas que visam a obter um esclarecimento do perito sobre determinado ponto ou pontos do laudo ou, com as mesmas funções destes quesitos, através de impugnação às conclusões ou a algum aspecto do laudo pericial. O profissional é então instado a prestar os esclarecimentos que foram solicitados, sustentando fundamentadamente suas conclusões ou reformulando o trabalho pericial, se houver razões para tanto. Esta antecipação de procedimentos não elide, entretanto, a possibilidade de vir a ser requerido o esclarecimento pessoal do perito (e assistentes), em audiência, na forma legal. 3. PERÍCIA CONTÁBIL 3.1 Fundamentos lógicos Seja qual for a espécie ou natureza da perícia, a adjetivação busca identificar, na expressão composta, qual a natureza da matéria sobre a qual recairá, combinada com a profissão que detém a prerrogativa de atuar na área em que a matéria se insere. 15

Ex.: Para a perícia que examina a autenticidade de letra ou assinatura, perícia grafotécnica. Para os casos em que o objeto da perícia recai sobre a constatação ou avaliação de potenciais agentes capazes de ter provocado ou vir a provocar doenças, seqüelas ou riscos a saúde, perícia médica. 3.2 Fundamentos doutrinários contábeis A contabilidade se inscreve entre as chamadas Ciências Sociais, também denominadas de Ciências Aplicadas. Portanto, o curso superior é oficialmente denominado de Curso de Ciências Contábeis. Sendo assim, podemos concluir que e afirmar que a perícia será contábil quando recair sobre o objeto da Contabilidade. 3.3 Objeto da ciência contábil A contabilidade como ciência, tem algo de fundamental sobre o que descobre lei, observa, experimenta, desenvolve técnicas etc. O objeto fundamental da contabilidade é o Patrimônio. Logo, a perícia será contábil sempre que recair sobre elementos objetivos, constitutivos, prospectivos ou externos, do patrimônio de quaisquer entidades, sejam elas físicas ou jurídicas, formalizadas ou não, estatais ou privadas, de política ou de governo. 3.4 Conceito válido de perícia contábil Conceitualmente então, podemos dizer que: perícia contábil é um instrumento de constatação, prova ou demonstração, quanto à veracidade de situações, coisas ou fatos oriundos das relações, efeitos e haveres que fluem do patrimônio de quaisquer entidades. 4. OBJETIVOS E ESPÉCIES DE PERÍCIA CONTÁBIL 4.1 Objetivos da perícia contábil A perícia contábil tem por objetivo geral a constatação, prova ou demonstração contábil da verdade real sobre seu objeto, transferindo-o, através de sua materialização o laudo, para ordenamento da instância decisória, judicial ou extrajudicialmente. 16

São objetivos específicos da perícia contábil: a) A informação fidedigna; b) A certificação, o exame e a análise do estado circunstancial do objeto; c) O esclarecimento e a eliminação das dúvidas suscitadas sobre o objeto; d) O fundamento científico da decisão; e) A formulação de uma opinião ou juízo técnico; f) A mensuração, a análise, a avaliação ou arbitramento sobre o quantum monetário do objeto; e g) Trazer à luz o que está oculto por inexatidão, erro, inverdade, má-fé, astúcia ou fraude. 4.2 Espécies de perícia 4.2.1) Perícia judicial É aquela realizada dentro dos procedimentos processuais do Poder Judiciário, por determinação, requerimento ou necessidade de seus agentes ativos, e se processa segundo regras legais específicas. Esta espécie de perícia subdivide-se, segundo suas finalidades precípuas no processo judicial, em meio de prova ou de arbitramento. Será prova quando tiver por escopo trazer a verdade real. Será arbitral quando tiver por objeto quantificar mediante critério técnico a obrigação de dar em que aquela se constituir. 4.2.2) Perícia semijudicial É aquela realizada dentro do aparato institucional do Estado, porém fora do Poder Judiciário, tendo como finalidade principal ser meio de prova nos ordenamentos institucionais usuários. Esta espécie de perícia subdivide-se, segundo o aparato estatal atuante, em policial (nos inquéritos), parlamentar (nas comissões parlamentares de inquéritos especiais) e administrativo-tributária (na esfera da administração pública tributária ou conselhos de contribuintes). 17

4.2.3) Perícia extrajudicial É aquela realizada fora do Estado, por necessidade e escolha de entes físicos e jurídicos particulares privados, vale dizer no sentido estrito, ou seja, não submetíveis a uma outra pessoa encarregada de arbitrar a matéria conflituosa (fora do juízo arbitral, também). Esta espécie de perícia subdivide-se, segundo as finalidades intrínsecas para as quais foram designadas, em demonstrativas, discriminativas e comprobatórias. 4.2.4) Perícial arbitral É aquela realizada no juízo arbitral instância decisória criada pela vontade das partes -, não sendo enquadrável em nenhuma das anteriores por suas características especialíssimas de atuar parcialmente como se judicial e extrajudicial fosse. Subdivide-se em probante e decisória, segundo se destine a funcionar como meio de prova do juízo arbitral, como subsidiadora da convicção do árbitro, ou é ela própria a arbitragem, ou seja, funciona seu agente ativo como o próprio árbitro da controvérsia. 5. PERITO: PERFIL PROFISSIONAL EXIGÍVEL 5.1 Caracteres psicoéticos Um perito deve basear-se naquelas duas formas de excelências de que nos fala Aristóteles: a excelência moral (honestidade, moderação, equidade etc.) a excelência intelectual (inteligência, conhecimento, discernimento etc.). 5.2 Requisitos educacionais e legais Um perito deverá ter requisitos educacionais mínimos para propiciar um padrão técnico e comportamental que atenda àquela eqüidistância perfeita de animus e de emprego da ciência ou técnica na perfeita medida para o caso concreto. 18

5.3 Requisitos jurídicos-formais O Código de Processo Civil, ao determinar a comprovação formal de que o perito detém aqueles conhecimentos, dispõe: Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no art. 421. 1º Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário, devidamente inscrito no órgão de classe competente, respeitado o disposto no Capítulo VI, seção VII, deste Código. 2º Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que deverão opinar, mediante certidão do órgão profissional em que estiverem inscritos. 3º Nas localidades onde não houver profissionais qualificados que preencham os requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos peritos será de livre escolha do juiz. 5.4 Pessoalidade da função O caráter de pessoalidade do exercício da especialização pericial tem seu exercício, na forma judicial, feito somente por pessoa física, e esta condição é reforçada pela determinação de que os requisitos somente podem ser encontrados em uma pessoa física, ou seja, ser um profissional e de nível universitário, que deve cumprir conscienciosamente o encargo o que somente pode ser feito por quem tem consciência e, por final, está sujeito a impedimento ou suspeição, cuja, à obviedade, por se tratar de condições de comprometimento da capacidade volitiva do agente consciente, somente pode referir-se a uma pessoa física. 5.5 Outros requisitos Além dos requisitos acima, um perito contábil deverá ter os seguintes requisitos complementares: a) Conhecimentos contábeis essenciais: Análise das demonstrações contábeis; contabilidade e análise de custos; direito aplicado; matemática e economia. 19

b) Conhecimentos jurídicos: Quanto às regras interpretativas do direito, quanto ao conhecimento em profundidade de roteiro legal, notadamente o processual, de seu trabalho; e quanto à necessidade de conhecer profundamente toda a legislação que recai sobre a matéria examinada. c) Conhecimentos de lógica formal e aplicada: Sua natureza como instrumental científico é fator determinante para a maior ou menor perfeição na realização de perícias de natureza contábil, tanto pelo uso das leis do pensamento quanto pela aplicação da metodologia adequada à perícia. d) Conhecimentos de português instrumental O profissional deve se preocupar em dominar com segurança o instrumento básico de transmissão e percepção de idéias: a língua portuguesa, segundo a norma culta. Redigir com clareza e objetividade é um virtude que o profissional da perícia deve perseguir, mas em nome dessa virtude não deve fazer mau uso da cultura e do conhecimento que deve expressar, sob pena, de assim o fazendo, desvalorizar a si e a sua profissão. 6. JUSTIÇA E PERÍCIA: RESPONSABILIDADES SOCIAIS, CIVIS E CRIMINAIS DO PERITO CONTÁBIL 6.1 Consciência e personalidade Daquele que executa ou pretende executar perícias é exigível e mesmo desejável que se conscientize da necessidade de introjetar e agregar a sua personalidade virtudes em grau que lhe empreste autoridade moral natural para o acatamento de seu trabalho, independentemente de atender aos aspectos formais educacionais e relativos a seu trabalho. Em suma, é preciso ser ético, em contraposição a ter ética. 6.2 Cidadania e perícia 20

A responsabilidade social liga-se diretamente ao exercício da cidadania, pois a esta corresponde necessariamente direitos e deveres umbilicalmente relacionados à própria responsabilidade. Na verdade, no exercício da cidadania, o que se busca realizar é a criação de novas condições, a renovação e a transformação da realidade social com vistas a promover o bem comum. A perícia, por sua própria natureza, é um exercício (ou deveria ser) pleno de cidadania, já que, ao dispor e ordenar direitos de outrem, tem, ao mesmo tempo, o dever de fazê-lo com total isenção de ânimo. 6.3 Aspectos civis e criminais a serem considerados A responsabilidade e a cidadania estão diretamente relacionadas à postura moral e ética dos agentes sociais. É evidente que a responsabilidade somente pode existir onde existem deveres e direitos. É imperioso elencar os deveres, direitos e penalidades previstos nas legislações profissional, civil e criminal, principalmente para alertar àqueles que estão ou pretendem se iniciar na perícia, pois os deveres são muitos e os direitos são poucos, e, conseqüentemente, as penalidades são (e devem continuar a sê-lo) bastante rigorosas. Podemos então observar: 6.3.1) Deveres legais e profissionais do perito 1. Dever de aceitar o encargo, do qual não pode escusar-se salvo alegando motivo legítimo (CPC, art. 146). 2. Dever de cumprir o ofício (CPC, art. 146). 3. Dever de comprovar a sua habilitação (CPC, art. 145). 4. Dever de respeitar os prazos ( (CPC, art. 146). 5. Dever de lealdade (CPC, art. 147). 6. Dever de cumprir escrupulosamente o encargo (CPC, art. 422). 7. Dever de prestar os esclarecimentos (CPC, art. 435). 8. Dever profissional de recusar a indicação, quando não se achar capacitado para bem desempenhar o encargo (Código de Ética Profissional do Contabilista, art. 5º, item I). 21

9. Dever profissional de evitar interpretações tendenciosas, mantendo absoluta independência moral e técnica (idem, item II). 10. Dever profissional de abster-se de dar sua convicção pessoal sobre direitos das partes, mantendo seu laudo no âmbito técnico (idem, item III). 11. Dever profissional de apreciar com imparcialidade o pensamento exposto em laudo pericial que lhe for submetido (idem, item IV). 12. Dever profissional de abster de dar parecer ou emitir opinião sem estar suficientemente informado e documentado (idem, item VI). 13. Dever de cumprir e fazer cumprir as Normas Profissionais de Perícia Judicial e as Normas Técnicas e Profissionais de Perícia Contábil (Conselho Federal de Contabilidade). 14. Outras recomendações de conduta técnica e ética obrigatórias para os contadores, no exercício da perícia contábil, estão expressas nas NBC.T.13 e NBC.P.2. 6.3.2) Direitos legais e profissionais do perito 1. Direito de escusar-se do encargo por motivo legítimo (CPC, art. 146). 2. Direito a prorrogação de prazo para realizar o trabalho (CPC, art. 432). 3. Direito à pesquisa de fontes documentais e testemunhais (CPC, art. 429). 4. Direito a honorários (CPC, art. 33). 6.3.3) Penalidades civis e criminais ao perito 1. Multa, pelo prejuízo causado na ação, se deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi assinalado (CPC, art. 424). É de se ressaltar que, anteriormente à Lei nº 8.455/92, que deu nova redação aos artigos que tratam da perícia, as multas estavam limitadas a 1 (um) salário mínimo se 22

deixasse de firmar compromisso, e de no máximo 10 (dez) salários mínimos se deixasse de apresentar o laudo. 2. Indenização, pelos prejuízos que causar à parte, se, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas (CPC, art. 147). 3. Inabilitação por dois anos para funcionar em outras perícias, pelos mesmos motivos do item anterior. Se o juiz ou tribunal declarar inabilitação do profissional, ainda que por prazo estabelecido, todos sabemos que isto equivale, na prática à inabilitação definitiva. 4. Incursão nas sanções penais que a lei penal estabelecer, pelo mesmo motivo anterior. 5. Reclusão, de um a três anos, e multa, se fizer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade, em processo judicial ou administrativo, ou em juízo arbitral, por falsa perícia (Código Penal, art. 342). 6. Detenção, de três meses a dois anos, e multa, se inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz, por fraude processual (Código Penal, art. 347). 7. NORMAS BRASILEIRAS SOBRE PERÍCIA (TEMA DE TRABALHO) 8. ALGUMAS APLICAÇÕES DA PERÍCIA CONTÁBIL 8.1 Introdução: Assumindo a forma judicial, semijudicial, extrajudicial ou arbitral, a perícia contábil pode ser aplicada, por exemplo, nos seguintes casos: 8.2 Avaliações, verificações e apurações de haveres: Esta é, senão a principal, uma das mais importantes aplicações da perícia contábil, pois que se inserem os haveres no próprio objeto da 23

contabilidade, o patrimônio, e, naturalmente, o grande fator determinante dos dissídios individuais ou coletivos, concretos, potenciais ou latentes, se fundam, certamente, nos haveres de uma entidade (física ou jurídica) que, em menor ou maior parcela de tempo, encontram-se agregados ao patrimônio de outra entidade. A quantificação, mensuração, identificação, avaliação, análise, apuração ou arbitramento dos haveres são atividades típicas de perícia contábil. Relevante notar que as apurações de haveres, quando se referirem a entidades que explorem atividade econômica, incluem, quase sempre, o chamado fundo de comércio que deve ser apurado e incluído na avaliação. A perícia contábil cuja finalidade principal é a de apontar os haveres monetariamente mensurados ou avaliados pode ser necessária em variadas situações, judiciais ou não. As principais são as seguintes: a) Em Ações de Alimentos: Para que o juízo possa fixar os valores dos alimentos, devidos pelo cônjuge ou responsável, de forma justa, ou seja, atendendo às necessidades dos dependentes, mas também avaliando a capacidade daquele que responderá pela prestação pecuniária, torna-se muitas vezes necessária a realização de perícia contábil para verificar os haveres do réu, principalmente quando este nega, omite ou subavalia seu patrimônio, seja por que meio for (má-fé, fraude, simulações etc.). b) Em Ações de Inventário: Do mesmo modo, havendo que se mensurar o patrimônio do inventariado e se este detiver haveres em pessoa jurídica, ou transitoriamente retidos com aquela, para que a cada herdeiro possa ser atribuída a parte que lhe cabe, perfeitamente identificada e mensurada, principalmente quando há menores herdeiros. c) Em Dissoluções de Sociedades: Quer seja a dissolução total ou parcial, se dê judicialmente ou por acordo entre os sócios, há necessidade de apurar os haveres dos sócios ou do sócio que se retira, para que a cada um se dê o 24

que a si pertence com o devido rigor, não deixando margem a dúvidas ou questionamentos de outra ordem. d) Em Desapropriações: Tratando-se de entidade que explore atividade econômica, os haveres totais atingidos pelo ato do poder público certamente incluem o fundo de comércio" e este terá que ser apurado para fins de mensuração dos haveres convertidos compulsoriamente em pecúnia. e) Em Reclamatórias Trabalhistas: Os haveres do trabalhador, transitoriamente retidos junto ao patrimônio do empregador, não deixam, por isso, de ser haveres e como tal têm que ser apurados por perícia contábil, notadamente quando se tratar de tornar líquidas sentenças que concluíram pela obrigação de dar (entregar) tais haveres ao reclamante. f) Fundo de Comércio: Seja judicialmente, seja nas apurações de haveres, ou para fins de avaliação, venda da empresa, fusões, cisões etc., a apuração do chamado fundo de comércio (goodwill) da entidade econômica é tarefa atribuída precipuamente a peritos contábeis, que podem ou não vir a utilizar outros especialistas em seu trabalho. 8.3 Análises de valores patrimoniais: Também relevante e comum é a necessidade de se verificar, analisar ou avaliar a certeza e correção de um determinado valor ou conjunto de valores, que podem ser débitos ou créditos, receitas ou despesas. O instrumento adequado, definido o objeto específico, é o exame contábil daqueles valores e das circunstâncias de sua formação. Ocorre a necessidade da perícia contábil, normalmente, em: a) Consignatórias: Verifica e constata ou não a existência de lançamentos de determinadas operações, dando caráter de certeza aos depósitos em consignação. O efeito desta prova é determinante para a procedência ou não de uma consignatória. 25

b) Verificação de Livros e Documentos: Dá caráter de certeza e veracidade da existência ou inexistência de créditos ou débitos retidos ou não pagos. c) Ações Executivas: Verifica a veracidade e condições do valor que se pretende executar, ou, como nos casos de execução fiscal, em que é executado. d) Impugnações de Créditos: Objetiva apurar a exatidão de crédito habilitado, mas impugnado, em processos concordatários ou falimentares. e) Indenizatórias: Avalia e apura o valor de crédito decorrente de rompimentos contratuais, lucros cessantes, perdas e danos etc. f) Ações Trabalhistas: Tem como meio avaliar e analisar a situação patrimonial e econômico-financeira de uma empresa, com vistas a comprovar sua capacidade ou incapacidade de cumprir condições estabelecidas em normas coletivas (acordos, convenções ou dissídios) em relação ao próprio dissídio individual. 8.4 Exame, análise e identificação de erros e fraudes: Também neste caso, seja qual for o ambiente em que a perícia esteja atuando, esta é o instrumento próprio para verificar, analisar, examinar ou identificar situações patológicas da Contabilidade, como são os erros e fraudes. Todas essas aplicações de perícia contábil, deve-se ressaltar, podem ocorrer na instância de inquérito, no processo judicial ou arbitral, ou ainda, extrajudicialmente. a) Em Inquéritos: Seja na esfera policial, seja por necessidade de Comissões Parlamentares de Inquérito, situações em que ocorra suspeita de desvios patrimoniais, erros deliberados ou não e principalmente fraudes, a perícia contábil é utilizada como instrumento de comprovação e 26

detecção, concluindo pela positividade ou negatividade da ação delituosa e de autoria material. b) Em Falências: Os requerimentos de autofalência ou de falência são acompanhados de documentos, livros e demonstrações especiais que lhes embasem o pedido. c) Reclamatórias Trabalhistas: Para que, no confronto entre as alegações das partes, a perícia contábil verifique a ocorrência de erros (pagamentos parciais, que subsistem diferenças) ou ausência de pagamentos de haveres reclamados em ações trabalhistas, servindo, assim, como meio de provar o direito perseguido no dissídio individual. d) Extrajudicialmente: Havendo suspeita sobre determinado setor ou mesmo em relação ao conjunto das atividades desenvolvidas pelos administradores, a perícia, por sua maior profundidade de exame, é o instrumento que melhor se adéqua para apuração dos desvios administrativos e patrimoniais, principalmente os atos e fatos ocultos por má-fé, erro ou fraude. 9. TÉCNICAS DO TRABALHO PERICIAL CONTÁBIL 9.1 Técnicas preliminares (objeto, objetivo, diligências): No caso da perícia, temos que em sua atuação, para que seja ordenada, lógica, racional de modo a que o resultado material de seu trabalho o laudo possa ser elaborado, o perito deve (para aplainar seu próprio caminho) se valer de técnicas usuais e especiais, as quais, sem ter o condão de esgotá-las ou dá-las como definitivas, podemos dividir em preliminares, básicas e decorrentes de novos enfoques científicos. As técnicas preliminares são: a) Definir o objeto da perícia. Equivale dizer que o perito, estudando o processo ou os elementos da consulta que lhe foi formulada, deve procurar estabelecer e circunscrever o objeto pericial. Isto porque nem sempre 27

tal objeto estará claro parao próprio usuário do serviço pericial. Muitas vezes o solicitante não consegue situar corretamente o que deseja ver examinado pela perícia. b) Estabelecer, com base no objeto e nos demais elementos disponíveis, qual o objetivo da perícia, ou seja, qual a finalidade para a qual aquela está sendo instada a examinar determinada matéria. Esta finalidade da perícia, também, na maioria das vezes não estará claramente estabelecida pelo usuário (as partes, terceiros ou o Judiciário). c) Se o objeto e os objetivos tornarem necessária a pesquisa ou verificação de campo (a diligência propriamente dita, no sentido estrito), o profissional deverá comparecer no local onde será efetuada a verificação ou a pesquisa, ou ainda, onde serão solicitados os documentos, ouvidas pessoas ou efetuadas as medições ou reproduções da coisa, situação ou fato de qualquer espécie. É aconselhável que tal técnica seja empregada com os cuidados apropriados, lavrando o perito termo circunstanciado da solicitação, pesquisa ou verificação efetuadas. A diligência estrita é ato técnico da maior importância para a realização do laudo, quando, efetivamente, não lhe e o componente principal, pois é através deste ato que muitos atos, fatos e situações ocultos e que interessam à lide podem vir à tona. A disposição mental apropriada do perito, sua perspicácia e capacidade de apreensão são decisivas para o encaminhamento que terá o laudo propriamente dito. 9.2 Técnicas básicas (exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, avaliação e certificação): Segundo a finalidade da perícia determinada ou solicitada, esta, para sua consecução, se valerá de técnicas específicas (uma ou outra ou a combinação de várias). Não se podem confundir tais procedimentos 28

técnicos típicos da atividade pericial com espécies de perícia, coisa completamente diversa, mas que permanece em nosso espírito (em face do imperativo do CPC de estabelecer em que consiste a prova pericial). Importa aqui, também, considerarmos que a maior parte de tais técnicas são comuns a todas as espécies de perícia, embora partamos da conceituação de Normas Contábeis. a) Exame: É a análise dos elementos constitutivos da matéria. Pode ser em relação a um elemento qualquer: uma pessoa, um documento, um móvel etc. Pressupõe a decomposição dos elementos da matéria examinada em tantas partes quantas forem necessárias à formação da convicção a respeito delas. b) Vistoria: É o ato de verificação do estado circunstancial do objeto pericial concreto: pessoa, máquina, documento, condições ambientes etc. Ou seja, é apreensão do estado do objeto no momento do exame (em dada época e circunstância) e seu testemunho na instância usuária. c) Indagação: É o ato pericial de obtenção de testemunho pessoal daqueles que têm ou deveriam ter conhecimento dos fatos ou atos concernentes à matéria periciada. d) Investigação: A definição das normas de contabilidade desta técnica pericial é suficientemente abrangente para ser tomada para qualquer perícia. É, assim, a investigação a pesquisa que busca trazer ao laudo o que está oculto por quaisquer circunstâncias. Do ponto de vista pericial, já que quase sempre tratamos das manifestações patológicas das matérias, estas circunstâncias são habitualmente: astúcia, máfé, fraude, malícia e outros procedimentos aéticos que visam obscurecer a verdade. e) Arbitramento: Em seu aspecto puro, arbitramento está relacionado à solução de controvérsia por critério técnico, como constante das normas contábeis. Entretanto, do ponto de 29

vista estritamente pericial, é a técnica de determinar valores por procedimentos estatísticos (média, mediana, desvio-padrão etc.) e analógicos (situações mensuráveis conhecidas são utilizadas como parâmetro para se determinar o valor de situações não diretamente mensuráveis) capazes de fundamentar o valor encontrável. f) Avaliação: É a análise e identificação do valor de coisas, bens, direitos, obrigações, despesas e receitas, por critério puramente objetivo, calculável ou demonstrável. Trata-se, aqui da constatação do valor real das coisas ou de sua determinação por critério comparativo direto, como pesquisas, valor de mercado etc. g) Certificação: É a informação trazida ao laudo pelo perito com caráter afirmativo cuja autenticidade é reconhecida em função da fé pública atribuída ao profissional. Tais informações podem ter naturezas diversas (doutrinárias, científicas, acessórias etc.) ou mesmo estarem ligadas diretamente às técnicas de vistoria, indagação ou investigação. As técnicas de arbitramento e avaliação não se aplicam a todas as perícias, devendo ser encaradas como técnicas de mensuração de valor, possíveis de ser usadas por contadores, economistas ou engenheiros, mas não por médicos ou grafotécnicos, por exemplo. 9.3 Técnicas científicas (análise e síntese): Toda técnica pericial pressupões o emprego da metodologia científica, já que perícia só é perícia se houver o emprego de conhecimentos técnicos ou científicos. Todas as metodologias científicas, como lógica aplicada, como resultado do experimentalismo ou da observação pura e simples, no fundo, estão sustentadas pela análise e pela síntese, ou seja, pela decomposição do todo em partes estudáveis e/ou por reunião das partes em um todo estudável. 30

10. LAUDO PERICIAL CONTÁBIL O laudo é a peça escrita, na qual os peritos contábeis expõem, de forma circunstanciada, as observações e estudos que fizeram e registram as conclusões fundamentadas da perícia. Laudo, assim, é sempre peça escrita é o documento produzido, o relatório, enfim, pericial e deve expor claramente as circunstâncias de sua elaboração, expondo ao usuário as observações e estudos efetuados a respeito da matéria, e, principalmente, os fundamentos e as conclusões a que chegou. Vê-se, assim, que os laudos devem conter determinados aspectos e tem características intrínsecas razoavelmente delimitadas, as quais veremos a seguir. 10.1 Características gerais e de conteúdo do laudo O laudo deve conter, se possível nesta ordem, o seguinte: a) Abertura (o Parágrafo introdutório dos hispânicos); b) Considerações Iniciais a respeito das circunstâncias de determinação judicial ou consulta, bem como os exames preliminares da perícia contábil; c) Determinação e descrição do objeto e dos objetivos da perícia; d) Informação da necessidade ou não de diligências e, quando houver, a descrição dos atos e acontecimentos dos trabalhos de campo; e) Exposição dos critérios, exames e métodos empregados no trabalho; f) Considerações Finais onde conste a síntese conclusiva do perito a respeito da matéria analisada; g) Transcrição e respostas aos quesitos formulados; h) Encerramento do laudo (ou Parágrafo final), com identificação e assinatura do profissional, e i) Quando houver, a juntada seqüencial, dos Anexos, documentos ou outras peças abojadas ao laudo e ilustrativas deste. 31

10.1.1 O que deve conter a abertura: 1. Primeiramente, a indicação de a quem a perícia é dirigida, ou seja, o encaminhamento formal do trabalho pericial, como, por exemplo Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito... ou Exmos. Srs. Diretores da... etc. 2. A indicação de em qual procedimento ordenatório (inquérito, processo etc.) se dará o laudo, identificando sua numeração, se houver, as partes envolvidas no litígio ou setor sobre o qual a perícia se manifestará. Exemplificando: Ação Ordinária Processo nº 999/99 Autora: Fulana de Tal e outros Réu: Beltrano de Tal. 3. O parágrafo inicial propriamente dito, que se constitui em declaração formal de realização do trabalho pericial, no qual deve constar, necessariamente, o nome do perito, sua qualificação profissional (Contador), número do registro na corporação profissional (CRC), sua condição de perito no caso, a declaração de observância da legislação processual aplicável e das Normas Brasileiras de Perícia e do Perito Contábil, e a declaração da espécie de laudo que está apresentando. 10.1.2 Considerações iniciais: 1. A identificação de quando e por quem foi determinada ou solicitada a perícia contábil. 2. A referência à adoção das técnicas preliminares relativas ao exame dos autos (ou pastas, ou livros), das peças que lhe foram abojadas judicialmente ou entregues com a consulta, e da necessidade ou não da realização de diligências (no sentido estrito, de trabalhos de pesquisa de campo). 10.1.3 Exposição sobre o desenvolvimento do trabalho: 1. A introdução ao tópico, referenciando as normas profissionais observadas e o ordenamento lógico da exposição a ser desenvolvida a seguir. 32

2. A determinação ou identificação do objeto da prova pericial, que pode ser uma ou mais questões especiais, a prova de alguma situação ou fato, a obrigação de dar constituída que se quer liquidar, uma consulta ou pedido de informação formulada etc. 3. O objetivo da prova pericial, ou seja, qual a finalidade da realização da perícia, sua utilidade e o uso que se fará dela. 4. Se não houve necessidades das diligências estritas, a descrição de quais os elementos principais já abojados aos autos ou à consulta que foram objeto de exame, análise ou verificação, e, se houve necessidade de diligências, como estas se desenvolveram e quais os elementos pesquisados e vistoriados in loco ou obtidos pela perícia, documentais ou testemunhais. 5. A descrição e exposição das análises realizadas, das técnicas empregadas pela perícia, dos métodos empregados e dos raciocínios elaborados e que permitiram a conclusão pericial e, se o caso assim o requerer, as conclusões obtidas sobre cada uma das partes da matéria. 10.1.4 Considerações Finais: 1. A formalização da síntese de qual ou quais foram as conclusões a que a perícia chegou. 2. A opinião técnica do perito a respeito da globalidade da matéria tratada. 3. A síntese dos itens ou objetos parciais que foram objeto de apuração de valores e seus respectivos montantes, se for o caso. 4. A condição de se destinar o laudo a dar liquidez à decisão ou servindo de subsídio para a apreciação, judicial ou extrajudicial. 5. A indicação se há ou não quesitos a serem respondidos. 33