1 Trabalho de parto e os métodos não farmacológicos para alívio da dor: Revisão Integrativa Herifrania Tourinho Aragão (Mestranda em Saúde e Ambiente), e-mail: fanyaragao.89@gmail.com; Stefanie Silva Vieira (Mestranda em Saúde e Ambiente), e-mail: stefanie.vieira@hotmail.com; Évila Tainã de Santana Fernandes (Enfermeira Especialista em Saúde da Família FASE), e-mail: evilafernandests@hotmail.com Guilherme Mota da Silva (Mestrando em Saúde e Ambiente), e-mail: guilhermemota.enf@gmail.com Linha Assistencial 03 Modelos e impactos do cuidado de enfermagem nas condições de saúde da população.sublinha de pesquisa: Práticas avançadas de cuidado de enfermagem direcionados aos 4 grupos humanos: criança, adolescente, adulto (homem e mulher) e idoso. INTRODUÇÃO O trabalho de parto é um processo fisiológico que ocasiona contrações uterinas e dilatação, além de somar com a pressão que o feto exerce sobre as estruturas pélvicas aumentando a intensidade da dor. Mas a dor não está somente associada a esse processo fisiológico, pois, outros fatores contribuem como o medo, o estresse e a tensão. Sendo os métodos não farmacológicos uma alternativa que proporcionam o alívio da dor no trabalho de parto (MAMEDE et al., 2007). Os métodos não farmacológicos usados durante o trabalho de parto para alívio de dor são métodos de cuidado que engloba conhecimentos estruturados quanto ao desenvolvimento da prática de enfermagem em centro obstétrico. Esses métodos desde a década de 60 vêm sendo alvo de estudos, porém, em geral, em algumas maternidades brasileiras passaram a ser introduzidos a partir da década de 90, com o movimento de humanização do nascimento e com as recomendações do Ministério da Saúde (MS) (GAYESKI; BRUGGEMANN, 2010). Durante o trabalho de parto a dor pode ser descrita em dois momentos. No primeiro estágio, fase da dilatação, é provocada pelas contrações uterinas e dilatação da cérvice no período expulsivo, além desses fatores, a dor alia-se a pressão que o feto exerce nas estruturas pélvicas aumentando a sua intensidade. (SARTORI et al., 2011). Os métodos mais utilizados que auxiliam durante o trabalho de parto, são: Hidroterapia (banho de aspersão, banho de imersão), deambulação e mudanças de posição, bola suíça, exercícios de respiração, estimulação elétricatranscutânea, crioterapia, massagem e técnicas de relaxamento. (SILVA et al., 2013) Além desses utiliza-se também a musicoterapia que é um utilizado para a redução da ansiedade e da dor (LIMA et al., 2014). OBJETIVOS Verificar na literatura brasileira de enfermagem os métodos não farmacológicos mais utilizados para alívio de dor em gestantes no trabalho de MATERIAL E MÉTODOS Trata-se de uma pesquisa descritiva bibliográfica com abordagem qualitativa, com o intuito de integrar pesquisas realizadas sobre a temática. A pesquisa descritiva tem como finalidade descrever características de determinada população ou fenômeno, também visa observar, registrar, analisar e correlacionar fenômenos. Para realização desse estudo foram adotadas seis etapas: identificação do tema e descritores; pesquisa na literatura e estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos; definição das informações a ser extraída dos
2 estudos selecionados; avaliação dos estudos incluídos; interpretação dos resultados e por fim, a apresentação da revisão. Neste trabalho a temática escolhida teve como problemática o seguinte questionamento: Qual a produção científica acerca dos métodos não farmacológicos evidenciados no período de 2006 a 2016? E como questão norteadora tem-se: Dentre os métodos avaliados, quais os mais eficazes? Foram utilizados para a busca de artigos os seguintes descritores: Métodos não farmacológicos; Trabalho de parto e Eficácia. A coleta de dados foi realizada no Segundo semestre de 2016, por meio das seguintes bases de dados: Scientific Eltronic Online (SCIELO); Literatura Latino-Americana e do Caribe emciências da Saúde (LILACS). Os critérios de inclusão dos artigos para esta revisão foram: os estudos publicados entre 2006 a 2016, originais e de revisão, realizados por brasileiros que tenha como resultados a eficácia dos métodos não farmacológicos utilizados durante o trabalho de Foram excluídos artigos que não estiveram na íntegra e que não abordarama temática proposta. Cada artigo foi lido, selecionado e incluído mediante aprovação por ambas as revisoras, e posteriormente documentado. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos nesta pesquisa foram através de artigos buscados nas bases de dados por intermédio dos descritores: alívio de dor, métodos não farmacológicos (MNFs), trabalho de parto e eficácia. Foram encontrados 30 artigos e após serem submetidos aos critérios de inclusão foram 20 artigos selecionados. Sendo 16 da base Scielo (Scientific Electronic Library Online) e 4 da base Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde). Observou-se que a grande maioria das publicações, 16, era da área de enfermagem;haviam três 3 estudos de fisoterapeutas, e 1 da área de medicina. Nos artigos publicados entre 2006 a 2016 o maior percentual de publicações é de 25% do ano 2007. Com relação à metodologia 30% dos estudos são de caráter exploratório, 25% experimental, 20% apresentaram uma revisão sistemática e 15% são ensaios clínicos controlados e rondomizados. O maior percentual de artigos publicados foi da região sudeste com 45%. Após a análise foi verificado que alguns métodos não farmacológicos apareceram com mais frequência dentre os artigos publicados. Das 20 publicações que compõem este trabalho, a maioria aborda a técnica de hidroterapia (17%), seguida dos estudos que abordam sobre massagem e respiração (14%), deambulação (13%), bola suíça (11%), relaxamento muscular (11%), crioterapia (6%), E.N.T (6%), Acupuntura (2%), Musicoterapia (3%), Aromoterapia (2%). A partir da leitura dos artigos, foi observado que todas as publicações apontaram benefícios sobre a utilização dos métodos não farmacológicos para alívio da dor em gestantes no trabalho de Os benefícios mais mencionados foram: o alívio da dor, diminuição da ansiedade, evolução do trabalho de parto e o relaxamento. Nos estudos primaries realizados com as parturientes podemos observer através dos relatos a efetividade dos métodos utilizados. Em resultados dos estudos sobre Exercícios Respiratórios como abordagem não farmacológica, percebe-se que a aplicação de tal técnica resulta em diferença significativa no alívio de dor das parturientes além de melhorar os níveis de saturação de oxigênio materna durante primeira etapa do parto, logo, se torna uma técnica extremamente eficaz e deve ser encorajada quanto ao seu uso recorrente em unidades de parto (SARTORI et al., 2011; MAFETONI; SHIMO, 2014; SOUZA; AGUIAR; SILVA, 2015; DAVIM; TORRES; DANTAS 2009) Assim como as técnicas respiratórias as técnicas de relaxamento e de assagem se mostraram fortes aliados na redução da dor e ansiedade conforme estudos (DAVIM; TORRES, 2008; DAVIM; TORRES; DANTAS, 2009; MEDEIROS et al., 2015). Além de abordagens não farmacológicas de alívio da dor no parto são também métodos psicoprofiláticos, e, como vantage, são consideradas de técnicas simples e fáceis de realizar a combinação das três, favorecendo, principalmente, na fase de dilatação do colo uterino. O banho de imersão é um método eficaz para a redução da dor, mas devido à falta de banheiras em maternidades do Brasil, é uma técnica pouco
3 utilizada. Em estudo randomizado que teve como objetivo identificar a influência do banho de imersão na duração do primeiro período do trabalho de parto e na frequência e duração das contrações uterinas, em uma amostra de 108 parturientes,54 no Grupo Controle e 54 no Grupo experimental, teve como resultado a duração das contrações do grupo experimental. Foi concluído pelos autores que o banho de imersão é uma alternativa que leva o conforto da mulher durante o trabalho de parto, por ofertar alívio à dor da parturiente (SILVA; OLIVEIRA, 2006). Vale ressaltar que não foram encontrados artigos sobre a hidromassagem durante o trabalho de A terapia da mobilidade como a deambulação durante o trabalho de parto aborda a técnica utilizada com o propósito, além de outros, aliviar a dor sentida durante este período, embora nenhum autor explica como se dá esta influência., Mamede et al. (2007) identificaram, em termos objetivos, que o trajeto deambulado pela parturiente durante o trabalho de parto teve relação com o grau da sensação dolorosa durante este processo. Ao associarmos o trajeto percorrido a cada hora da fase ativa do trabalho de parto com a deambulação, verificamos que houve diferença significativa nas três primeiras horas desta fase, ou seja, as parturientes que deambularam uma distância maior, durante as três primeiras horas da fase ativa do trabalho de parto, tiveram uma redução na duração do trabalho de Entretanto, a partir da quarta hora tal associação não se fez mais presente. Foi encontrada uma correlação positiva significante entre a deambulação e o escore de dor apenas aos 5 cm de dilatação, ou seja, quanto maiores os trajetos percorridos maiores foram os escores de dor pontuados pelas parturientes (MAMEDE et al., 2007). A bola suíca é um método que pode ser utilizado na prática obstétrica de forma isolada ou combinada. Constatou-se que o uso isolado da bola suíça não mostrou resultados significantes, no entanto quando utilizada de forma combinada com o banho, houve redução significante o score de dor, diminuindo, desta forma, o estresse e a ansiedade da parturiente. A bola suíça é uma ferramenta adjuvante como estratégia de redução da dor e favorece a evolução do trabalho de Exercícios com a bola suíça demonstraram eficácia considerável na redução da dor e evolução durante o trabalho de parto (BARBIERI et al., 2013). Um dos estudos analisados investigou o uso da crioterapia que foi usada através de compressa de gelo em cinta apropriada e aplicada sobre a região lombar durante vinte minutos com a parturiente em decúbito lateral esquerdo. Foram feitas até duas aplicações em cada parturiente, na fase ativa do período de dilatação, quando o colo do útero alcançou 7 e 9 centímetros. Mesmo fazendo uso de solução analgésica, as parturientes continuavam a referir dor forte, enquanto que a crioterapia proporcionou-lhes alívio ou melhores condições de suportar as contrações durante o período de dilatação do colo uterino até a expulsão do feto (NUNES; VARGENS, 2007).. Outro método que se mostra eficiente é a utilização da musicoterapia, visto seu baixo custo e fácil aplicabilidade, além de ser um método não farmacológico e não invasivo. Além disso, pode ser associado a outros para proporcionar conforto às parturientes. É um método que se destaca por poder reduzir a ansiedade, proporcionar a construção de autoestima, provocar emoções causando diversos sentimento e diminuir a intensidade da dor durante o trabalho de parto (SILVA et al., 2013). Em estudo realizado por Gayeski e Brüggemann, (2010), utilizaram a aromaterapia com essências diluídas na água e uso inalatória, associado a massagens. A técnica foi avaliado durante o trabalho de parto para verificar os resultados maternos e neonatais. A redução da dor foi mais evidenciada pelas nulíparas antes e após a administração da aromaterapia, o que não ocorreu com as multíparas. Fica evidenciado que houve redução da dor, da ansiedade e do medo em 86% das mulheres que receberam a intervenção. Dentre os artigos que compõe esta revisão, a acupuntura foi evidenciada em 2% do total dos estudos. No estudo realizado por Santori et al, 2011 que procurou evidenciar a eficácia das estratégias não farmacológicas de alívio à dor durante o trabalho de parto, foi apresentado a utilização da acupuntura em dois grupos distintos,
4 o grupo intervenção e o controle. Ficou evidente que o score de dor inicial era significativo e maior nas pacientes do grupo que receberam acupuntura como método não farmacológico (grupo intervenção), porém após duas horas do inicio da sessão este score diminuiu e passou a ser menos que o grupo controle. Enquanto a técnica de alívio da dor por meio da estimulação elétrica transcutânea mostra-se efetiva no alívio da dor durante o trabalho de No entanto, é um método que carece de pesquisas relacionadas à sua utilização no campo da obstetrícia, sendo pouco encontrado na literatura. (ABREU; SANTOS; VENTURA, 2010). O método de crioterapia mostrou-se com capacidade contra-irritante e de promover a liberação de endorfinas. Não foram evidenciados efeitos indesejados sobre o perfil biofísico do feto, pois todos os recém-nascidos alcançaram APGAR superior a sete no primeiro e quinto minutos de vida. Com relação à influência da referida abordagem não farmacológica na dinâmica uterina, observou-se que esta não interferiu na qualidade das contrações tornandoas menos eficientes ou forçando um trabalho de parto mais arrastado. Concluiu-se que a crioterapia pode ser aplicada para alívio da dor no parto, sendo necessário, no entanto, estudos que aprofundem e ampliem o conhecimento sobre seu emprego nessa situação (NUNES; VARGENS, 2007) Sendo assim, fica claro que as mais diversas abordagens não farmacológicas devem ser utilizadas rotineiramente nas unidades de saúde sejam elas por meio da hidroterapia, de massagens, deambulação ou quaisquer outros métodos uma vez que, face ao exposto, todas as técnicas supracitadas demonstraram serem eficazes na redução da dor durante o trabalho de No entanto, a intervenção e atitude profissional será a peça chave na assistência a parturiente uma vez que o conhecimento adequado sobre a técnica e sua execução correta será fundamental na melhoria do quadro de dor e redução da ansiedade (DAVIM et al. 2008). CONCLUSÕES O presente estudo propiciou conhecer quais os métodos não farmacológicos que estão sendo mais utilizados pelas parturientes e quais estão sendo realmente efetivos. Dentre os métodos farmacológicos pesquisados e identificados nas bases de dados que foram utilizados pelas parturientes são, hidroterapia (banho de chuveiro e banho de imersão), massagem, exercício de respiração, bola suíça, crioterapia, deambulação, eletroestimulação nervosa transcutânea, musicoperapia, aromaterapia e acupuntura. Vale ressaltar que a musicoterapia, aromaterapia e a acupuntura, por serem métodos pouco utilizados, necessitam de novos estudos. que estes métodos esta sendo reconhecidos pelas parturientes. Portanto a busca sobre a utilização dos métodos não farmacológicos de alívio da dor é essencial, cabendo aos profissionais de enfermagem a refletir sobre a aplicação destes métodos, no intuito de levar a pratica as parturientes no trabalho de parto, para proporcionar a qualidade nos cuidados, visando à saúde e o bem estar da mãe e bebê. Por fim podendo ressaltar que é necessário à realização de mais estudos sobre a temática em questão, tendo em vista a utilização na prática do enfermeiro obstetra no cuidado às gestantes em trabalho de Palavras-chave: Alívio de dor. Métodos não farmacológicos (MNFS). Trabalho de Parto. Enfermagem Obstrética REFERÊNCIAS ABREU, E. A; SANTOS, J. D. M; VENTURI, P. L. Efetividade da eletroestimulação nervosa transcutânea no alívio da dor durante o trabalho de parto: um ensaio clínico controlado. Revista Dor, São Paulo, p.316, out./dez,2010. BARBIERI, M. et al., Banho quente de aspersão, exercícios perineais, com bola suiça e dor no trabalho de Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v.26, n.5, p.478-484, 2013. DAVIM, R. M. B.; TORRES, G. V. Avaliação do uso de estratégias não farmacológicas no
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