Teoria Literária. Estudo da Narrativa 23/05/09

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Transcrição:

Teoria Literária Estudo da Narrativa

DEFINIÇÃO: NARRATIVA nar.ra.ção sf (lat narratione) 1 Ato ou efeito de narrar. 2 Conto, descrição, discurso, narrativa. 3 Exposição verbal ou escrita de um ou mais fatos. 4 Ret A parte do discurso em que o orador divide e desenvolve o assunto. nar.rar (lat narrare) vtd 1 Contar, expor as particularidades de um ou mais fatos; referir, relatar. 2 Descrever, verbalmente ou por escrito; historiar.

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1) AÇÃO NARRATIVA Também conhecido por enredo ou trama corresponde à maneira como a história se desenrola, aos arranjos narrativos que cercam as personagens, e às situações que as envolvem. É a história, a trama narrada, a sequência dos fatos. O enredo abrange as seguintes etapas: exposição, desenvolvimento (complicação ponto de tensão e clímax ponto de maior tensão) e desfecho.

2) TEMPO NARRATIVA Há duas maneiras de apresentação do tempo em uma narração: cronologicamente ou psicologicamente. Cronológico ou histórico: é o tempo material que se desenrola a ação. É a marcação das horas e dos dias. De alguma forma o autor, o autor o indica. Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava Aluísio Azevedo, O Cortiço. Era nos primeiros anos do reinado do Sr. D. Pedro II Bernardo Guimarães, A escrava Isaura.

2) TEMPO NARRATIVA Psicológico: é o tempo que só existe na mente do personagem. Não é materialmente mensurável. Podese colocar a lembrança da infância num instante de tempo cronológico do adulto. O flash-back é o recuo para trazer o passado entre o presente e o futuro. Eia, comecemos a evocação por uma célebre tarde de novembro, que nunca me esqueceu. Tive outras muitas, melhores, e piores, mas aquela nunca se apagou do espírito. É o que vais entender, lendo. Machado de Assis, D. Casmurro.

NARRATIVA PARTÍCULAS TEMPORAIS São as conjunções e locuções conjuntivas, que exprimem: Tempo anterior: antes que; Tempo posterior: depois que, assim que; Tempo imediatamente posterior: logo que, mal, apenas; Tempo simultâneo ou concomitante: quando, enquanto; Tempo inicial (tempo a partir do qual se inicia a ação): desde que, desde quando; Tempo em que termina a ação iniciada no passado e prolongada até o momento em que se fala: agora que, hoje que, a última vez que; Ações reiteradas ou habituais: cada vez que; toda vez que, sempre que.

NARRATIVA PARTÍCULAS TEMPORAIS Algumas dessas locuções conjuntivas agregam-se com frequência partículas ou advérbios de valor intensivo: Pouco antes que; Muito antes que; Imediatamente depois que; O pronome relativo entra em vários conglomerados de sentido temporal: Depois do que; Durante o tempo em que; Até o dia (hora, momento) em que; No instante em que.

VOCABULÁRIO SEMÂNTICO DE TEMPO NARRATIVA Simultaneidade: durante, enquanto, ao mesmo tempo, simultaneamente, coincidentemente, ao passo que, à medida que... Antecipação: antes, primeiro, antecipadamente, véspera... Posteridade: depois, posteriormente, a seguir, em seguida, sucessivamente, por fim... Intervalo: meio tempo, ínterim... Tempo presente: atualmente, agora, já neste instante, o dia de hoje, modernamente... Tempo futuro: amanhã, futuramente, em breve, dentro em pouco, proximamente, iminente...

VOCABULÁRIO SEMÂNTICO DE TEMPO NARRATIVA Tempo passado: tempos idos, outros tempos, outrora, antigamente... Frequência: constantemente, habitualmente, costumeiramente, usualmente, corrinqueiramente, repetidamente, tradicionalmente, amiúda, com frequência, muitas vezes... Infrequência: raras vezes, raramente, raro, poucas vezes, nem sempre, ocasionalmente, esporadicamente, de quando em quando, de vez em quando, de tempos em tempos...

NARRATIVA 3) ESPAÇO É o lugar, o cenário, onde se passa o que se narra. O autor joga com as possibilidades de prender ou de libertar a personagem no espaço. No fértil e opulento município de Campo de Goiatacases, à margem do Paraíba, a pouca distância da vila de Campos, havia uma linda magnífica fazenda. Bernardo Guimarães, A escrava Isaura.

NARRATIVA 3) ESPAÇO Pode-se também descriminar os espaços em físico e/ou social. No físico estão os domínios da natureza (penhascos, bosques, florestas, matas, sertões...). No social, estão os limites culturais, como nos romances urbanos: as sociedades dos salões, dos saraus, dos teatros, além de cortiços, vendas, feiras, ambientes espúrios... IMPORTANTE De acordo com espaço ou ambiente é que os fatos da narração se desenrolam.

4) PERSONAGENS NARRATIVA Os actantes, os autores da ação envolvidos no conflito. É a pessoa construída por palavras. A caracterização da personagem é a descrição desse sob todas as facetas descritivas: Luiza:. características físicas: morena, pele alva, olhos castanhos. características sociais: dona de casa,. participante da alta roda social. características psicológicas: carinhosa, influenciável e nostálgica

NARRATIVA 4) PERSONAGENS COMPLEXIDADE = podem ser ESFÉRICAS ou PLANAS ou LINEARES; PROTAGONISMO = podem ser PROTAGONISTA ou ANTAGONISTA; RELEVÂNCIA = podem ser PRIMÁRIA, SECUNDÁRIA ou ADJUVANTE; EXISTÊNCIA = podem ser REAIS, FICCIONAIS ou REAL- FICCIONAIS; REPRESENTAÇÃO = podem ser ÚNICAS ou COLETIVAS

NARRATIVA 4) PERSONAGENS Personagem plana: seu comportamento é previsível, não apresenta complexidade alguma (um só defeito ou uma só qualidade). As personagens planas geram os tipos e caricaturas. Personagem esférica: é imprevisível e sua personalidade vai se desdobrando aos poucos, apresenta uma série complexa de qualidades ou defeitos.

NARRATIVA 5) FOCO NARRATIVO É o ponto de vista assumido pelo narrador para contar a história. em primeira pessoa: tem a própria personagem o narrador. É a narração escrita em primeira pessoa. Tudo era matérias de curiosidades de Capitu. Caso houve, porém, no qual não sei se aprendeu ou ensinou, ou se fez ambas as coisas como eu.

NARRATIVA 5) FOCO NARRATIVO em terceira pessoa: tem-se a visão dos fatos dada pelo narrador-não-personagem. É narração escrita em terceira pessoa. Garcia, em pé, mirava e estalava as unhas; Fortunato, na cadeira de balanço, olhava para o teto. Maria Luísa, perto da janela, concluía um trabalho de agulha. Havia cinco minutos que nenhum deles dizia nada. ( A causa secreta, Machado de Assis)

NARRATIVA 5) FOCO NARRATIVO Narrador personagem ou participante: participa da história que ele mesmo narra. Narrador onisciente: não participa diretamente da história, porém conhece o pensamento das personagens, os tempos passado e futuro. Narrador observador: limita-se a observar, apenas comunicando o que estiver ao seu alcance.

NARRATIVA 6) Discurso Direto: é o que reproduz textualmente a fala da personagem. _ Ah! O senhor é que é o Pestana?: perguntou Sinhazinha Mota, fazendo um largo gesto admirativo. (Machado de Assis, Várias histórias) Indireto: não reproduz textualmente a fala da personagem, mas traduz seu pensamento. Sinhazinha Mota perguntou se ele é que é o Pestana, fazendo um largo gesto admirativo.

NARRATIVA 6) Discurso Indireto livre: assimila a fala da personagem no discurso indireto do narrador. Não aparecem as observações: disse, respondeu, comentou... A ferida torturava-me, uma ferida que muda de lugar e está em todo o lado direito. Procuro convencer minha mulher de que o lado direito se inutilizou e é conveniente suprimi-lo. (Graciliano Ramos, Insônia)

desenrolar dos fatos NARRATIVA EXPOSIÇÃO apresentação das personagens e/ou do cenário e/ou da época DESENVOLVIMENTO clímax complicação (tensão) arremate DESFECHO da trama