DIREITO DO TRABALHO II material 09

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Transcrição:

DIREITO DO TRABALHO II material 09 (Lázaro Luiz Mendonça Borges) 9. PRESCRIÇÃO NO DIREITO DO TRABALHO Dormientibus non sucurrit jus 9.1. Conceito: a prescrição é a perda da exigibilidade judicial de um direito em consequência de não ter sido exigido pelo credor durante certo lapso de tempo (Maurício Godinho Delgado). 9.2. Prazo prescricional: De acordo com o inciso XXIX do artigo 7º da Constituição Federal, os prazos prescricionais para os trabalhadores urbanos e rurais são os seguintes: Art. 7º (...) (...) XXIX ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho. Portanto, a Constituição Federal estabeleceu para os trabalhadores urbanos e rurais o prazo prescricional de cinco anos, quando do contrato em curso, e de dois anos, na hipótese de cessação do vínculo. Estes prazos, ambos prescricionais, não se somam. São excludentes, pois na extinção do contrato o prazo bienal passa a fluir concomitantemente com o quinquenal, conforme entendimento exposto na Súmula 308, I, do TST, abaixo transcrita: SUM-308 PRESCRIÇÃO QUINQUENAL (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 204 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I. Respeitado o biênio subsequente à cessação contratual, a prescrição da ação trabalhista concerne às pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do ajuizamento da reclamação e, não, às anteriores 1

ao quinquênio da data da extinção do contrato. (ex-oj nº 204 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000) O artigo 11 da CLT (já atualizada pela Reforma Trabalhista) dispõe o seguinte: Art. 11. A pretensão quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve em cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho. I - (revogado); II - (revogado).... 1º O disposto neste artigo não se aplica às ações que tenham por objeto anotações para fins de prova junto à Previdência Social. 2o Tratando-se de pretensão que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente de alteração ou descumprimento do pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito à parcela esteja também assegurado por preceito de lei. 3o A interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo ajuizamento de reclamação trabalhista, mesmo que em juízo incompetente, ainda que venha a ser extinta sem resolução do mérito, produzindo efeitos apenas em relação aos pedidos idênticos. (NR) 9.3. Contagem: quando o contrato de trabalho estiver em curso o prazo prescricional é de 05 (cinco) anos e conta-se a partir do momento em que o empregado tomou ciência da violação do direito, independentemente de estar ou não extinto o contrato. Todavia, quando da extinção do contrato o prazo é bienal, fluindo esse prazo, porém, concomitantemente com o lapso quinquenal. 9.4. Direito Intertemporal (conflito de leis no tempo): Quando a lei nova (inclusive a Constituição) estabelecer prazo prescricional distinto do fixado na lei anterior, aplicam-se as regras da lei nova às situações jurídicas em curso. Porém, se o prazo fluiu sob o império da lei antiga é esta que deve ser aplicada. (v. Súmula 308, II do TST): 2

SÚMULA 308. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 204 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 (...) II. A norma constitucional que ampliou o prazo de prescrição da ação trabalhista para 5 (cinco) anos é de aplicação imediata e não atinge pretensões já alcançadas pela prescrição bienal quando da promulgação da CF/1988. (ex-súmula nº 308 - Res. 6/1992, DJ 05.11.1992) 9.5. Arguição da prescrição - legitimidade e momento: a) legitimidade aplica-se a regra geral civilista, ou seja, pode ser arguida pela parte a quem aproveita (artigo 193 do Código Civil); e por terceiro interessado, ou seja, aquele que de forma solidária ou subsidiária puder vir a responder pela condenação. TST): b) momento próprio na fase conhecimento (v. Súmula 153 do SÚMULA 153. PRESCRIÇÃO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Não se conhece de prescrição não arguida na instância ordinária (ex- Prejulgado nº 27). 9.6. Causas impeditivas, suspensivas e interruptivas da prescrição: 9.6.1. Causas impeditivas: a prescrição não inicia a sua contagem, ou seja, tais causas tolhem o início da prescrição, não permitindo que seu prazo comece a fluir. Exemplo: incapacidade absoluta (artigo 198, I, do Código Civil), menores de 18 anos (artigo 440 da CLT), ausência do país por parte do titular do direito, em serviço público da União, Estados e Municípios (artigo 198, II, do Código Civil), prestação de serviço militar em tempo de guerra (artigo 198, III, do Código Civil) etc., se o nascimento da ação ocorrer durante o tempo da ausência ou do serviço militar em tempo de guerra. 3

9.6.2. Causas suspensivas: ocorre quando se cria um obstáculo momentâneo que suspende a continuidade do prazo que já havia começado. Resolvido ou desaparecido o obstáculo, prossegue o prazo pelo que lhe sobejar. Exemplo: artigo 625-G c/c artigo 625-F da CLT: Art. 625-F. As Comissões de Conciliação Prévia têm prazo de dez dias para a realização da sessão de tentativa de conciliação a partir da provocação do interessado. (Incluído pela Lei nº 9.958, de 12.1.2000) Parágrafo único. Esgotado o prazo sem a realização da sessão, será fornecida, no último dia do prazo, a declaração a que se refere o 2º do art. 625-D. (Incluído pela Lei nº 9.958, de 12.1.2000) Art. 625-G. O prazo prescricional será suspenso a partir da provocação da Comissão de Conciliação Prévia, recomeçando a fluir, pelo que lhe resta, a partir da tentativa frustrada de conciliação ou do esgotamento do prazo previsto no art. 625-F. (Incluído pela Lei nº 9.958, de 12.1.2000) 9.6.3. Causas interruptivas: são as causas que anulam o prazo em curso. Paralisam o curso prescricional já iniciado, que será desprezado, desaparecida a causa interruptiva, quanto então começará um novo curso prescricional. Exemplo: Ajuizamento da reclamação trabalhista; reclamação arquivada (Súmula 268 do TST): SÚMULA 268. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO. AÇÃO TRABALHISTA ARQUIVADA (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a prescrição somente em relação aos pedidos idênticos. 9.7. Prescrição intercorrente: 4

Quando ocorre: durante a tramitação do feito na Justiça, paralisado por negligência do autor na prática de atos de sua responsabilidade. Súmulas conflitantes: Súmula 327 (STF) O DIREITO TRABALHISTA ADMITE A PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. SUM-114 (TST) PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 É inaplicável na Justiça do Trabalho a prescrição intercorrente. 114 do TST É inaplicável na Justiça do Trabalho a prescrição intercorrente. Fundamento contrário à prescrição intercorrente: não se pode admitir a prescrição intercorrente em um ramo processual caracterizado pelo impulso oficial (artigo 765 da CLT), inclusive na fase de execução (artigo 878 da CLT). Por outro lado, a ausência de atos executórios derivada da falta de bens do executado para garantia da execução provoca a suspensão do processo nos termos do art. 40, 2º e 3º da Lei 6.830/80. Entretanto, a Lei 11.051/2004 acrescentou o 4º ao artigo 40, admitindo a aplicação da prescrição intercorrente (Lei que disciplina sobre a cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública): Art. 40 o juiz suspenderá o curso da execução enquanto não for localizado o devedor ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora, e nesses caos, não correrá prescrição. (...) 2º - decorrido o prazo máximo de 01 ano, sem que seja localizado o devedor ou encontrados bens penhoráveis, o juiz ordenará o arquivamento dos autos. 3º - encontrados que sejam, a qualquer tempo, o devedor ou os bens, serão desarquivados os autos para prosseguimento da execução. 4º - se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a Fazenda Pública, poderá, de 5

ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato (acrescido pela Lei 11.051, de 29/12/2004). Observe-se despacho recentemente proferido em processo trabalhista que tramitou na 4ª Vara do Trabalho de Goiânia: DESPACHO Conforme determinado, foram os presentes autos arquivados provisoriamente em janeiro/2012. A parte exequente, devidamente intimada para os fins do art. 40, 4º, da LEF, quedou-se inerte (fl. 107 dos autos eletrônicos), sequer fazendo menção a qualquer causa suspensiva ou interruptiva da prescrição intercorrente. Assim, passa-se a analisar a questão relativa à incidência de tal modalidade de prescrição no caso concreto. Segundo a Súmula nº 150 do STF, prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação, isto é, em dois anos, como regra, no caso de processo trabalhista (art. 11, inciso II, da CLT). Neste sentido, inclusive, o art. 161 do novo PGC deste Tribunal, que possibilita a extinção da execução após decorrido o prazo de dois anos do seu arquivamento, nos termos do art. 40 e da Lei nº 6.830/1980. É cediço, não se pode olvidar, que a aplicação da prescrição intercorrente na execução dos créditos de natureza trabalhista é bastante controvertida, estando em sentido diametralmente opostos as Súmulas 114 do TST e 327 do STF. A corrente que propugna pela imprescritibilidade apega-se essencialmente às normas dos arts. 878, caput, da CLT, que prevê a execução ex officio, e 40, 3º, da Lei nº 6.830/80. Entretanto, a Lei nº 11.051, de 19/12/2004, acrescentou o 4º ao art. 40 da Lei nº 6.830/80, trazendo significativa alteração na disciplina desta matéria, ao prever a possibilidade de o juiz reconhecer (e decretar) a prescrição intercorrente de ofício. Com a edição da mencionada lei, tenho que não mais há óbice à decretação da prescrição intercorrente dos créditos trabalhistas, seja nas situações em que se verificar inércia do credor, seja naqueles casos em que, esgotados os meios executórios à disposição do juízo, mediante a utilização de convênios como BACENJUD, RENAJUD, INFOJUD, em face do (s) executado (s), o processo ficar paralisado pelo tempo necessário à implementação da prescrição. Assim deve ser porque a ideia de uma execução perpétua, como se fosse uma espécie de espada de Dâmocles a pender sobre a cabeça do devedor pelo resto dos tempos, afronta os postulados da segurança jurídica e da ordem social. As ações imprescritíveis são uma exceção em 6

relação à regra geral e devem ser rechaçadas, tendo em vista que possibilitam a cobrança eterna da dívida e geram insegurança jurídica, privilegiando-se o processo em detrimento do direito e desprezando-se o objetivo daquele, que é justamente o de proporcionar a paz e a harmonia social, imposta pela necessidade de certeza das relações jurídicas. O Eg. Regional tem admitido a aplicação da prescrição intercorrente, como se vê: PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. É certo que a doutrina e a jurisprudência admitem, em situações especiais, a declaração da prescrição intercorrente no direito do trabalho. Tais situações somente se configuram quando o processo permanece paralisado por culpa exclusiva do exequente, por prazo superior a dois anos. A autorização legal ao juiz para que declare, ex officio, a ocorrência da prescrição intercorrente, apresenta-se como medida razoável, com o fim de evitar tumulto causado pela pendência do processo por tempo indeterminado, o que deve ser observado em prol da estabilidade das relações jurídicas. Sentença mantida. (PROCESSO TRT 00320-1998- 161-18-00-2, RELATOR: GERALDO RODRIGUES DO NASCIMENTO, Publicação DJ Eletrônico Ano V, Nº 18 de 02.02.2011, pág.1/2.) ART. 247 DO PGC TRT 18ª REGIÃO. INTERPRETAÇÃO. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. O art. 247 do Provimento Geral Consolidado deste Egrégio Tribunal, que possibilita ao exequente promover a execução do título de crédito a qualquer tempo, deve ser interpretado em consonância com o entendimento pacificado de que a prescrição intercorrente, observadas as peculiaridades no processo trabalhista, é aplicável neste ramo especializado. Assim, a iniciativa para a execução baseada em certidão de crédito deve ocorrer dentro do prazo prescricional, sob pena de afrontar o princípio da segurança jurídica que embasa o instituto da prescrição. Agravo improvido. (PROCESSO TRT-AP-0001279-03.2011.5.18.0004, RELATOR: BRENO MEDEIROS, DATA DO JULGAMENTO: 28/09/2011) Este também foi o entendimento do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, conforme se infere da ementa a seguir transcrita: PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE - CABIMENTO Confrontam-se os textos do Enunciado n. 114 do TST e da Súmula n. 327 do STF, o primeiro negando, e a segunda admitindo a aplicação da prescrição intercorrente no processo trabalhista. Na medida em que o Direito é fórmula de razão, lógica e sensatez, tem-se que o processo trabalhista, em princípio, não acolhe a prescrição intercorrente, dada a sua incompatibilidade com o princípio do impulso oficial. Incide, portanto, em regra, o Enunciado n. 114 do TST. Não obstante, o abandono da execução pelos Exequentes, por um prazo superior a 02 anos (mais de 14, no caso), omitindo-se da prática de atos que tornem possível a continuidade do processo afastam a incidência do Enunciado n. 114 do TST, cedendo espaço à aplicação da Súmula n. 327 do STF, segundo a qual "o direito trabalhista admite a prescrição intercorrente". (Processo 00468-1989- 057-03-00-0 AP (AP 6975/03), Publicação: 05/03/2004 Relator: Mauricio J. Godinho Delgado Divulgação: DJMG. Página 6.) Diante do exposto, tendo a certidão de crédito sido expedida nestes autos há mais de dois anos, conclui-se que a pretensão executória foi alcançada pela prescrição intercorrente, a teor do que dispõe o art. 11, inciso II, da CLT, interpretado em consonância com as Súmulas de 7

números 150 e 327 do STF, impondo-se a decretação da extinção da execução, por sentença, com base no art. 741, inciso VI, e 795 do CPC, aplicados de forma subsidiária ao processo do trabalho. Decorrido o prazo legal, exclua-se o reclamante/executado do Banco Nacional de Devedores Trabalhistas BNDT e arquivem-se os autos definitivamente, com as devidas baixas. Intimem-se as partes. Entretanto, toda essa discussão restará superada já que a Reforma Trabalhista acrescentou o artigo 11-A à CLT, que assim dispõe: Art. 11-A. Ocorre a prescrição intercorrente no processo do trabalho no prazo de dois anos. 1o A fluência do prazo prescricional intercorrente inicia-se quando o exequente deixa de cumprir determinação judicial no curso da execução. 2o A declaração da prescrição intercorrente pode ser requerida ou declarada de ofício em qualquer grau de jurisdição. Em consequência, a súmula 114 do TST (acima transcrita) deverá ser alterada. 9.8. Contagem da prescrição nos seguintes casos: a) Férias A prescrição do direito de reclamar a concessão das férias ou o pagamento da respectiva remuneração é contada do término do prazo mencionado no art. 134 (término do prazo do período concessivo) ou, se for o caso, da cessação do contrato de trabalho. b) FGTS (assunto já visto no material 04) Observar ainda a Orientação Jurisprudencial n. 83 da SDI-1 do TST: OJ-SDI1-83 AVISO PRÉVIO. INDENIZADO. PRESCRIÇÃO (inserida em 28.04.1997) A prescrição começa a fluir no final da data do término do aviso prévio. Art. 487, 1º, CLT. 8