Empréstimo bancário: como encontrar a melhor taxa? Março, 2017 Você Investidor Consultoria Personalizada O movimento de redução da taxa Selic tem sacudido o mercado financeiro nos últimos tempos. Não se fala em outro assunto nas rodas da Faria Lima... O tema, contudo, não é (ou não deveria ser) de interesse apenas de economistas e analistas financeiros. Você sabia que essa iniciativa do Banco Central tem efeito direto sobre o seu bolso? De um lado, o retorno das aplicações mais conservadoras fica menos atrativo. Com os juros menores, a remuneração dada pelo governo, pelos bancos e pelas empresas para tomar dinheiro emprestado diminui, o que, na prática, pressiona para baixo os rendimentos de investimentos de renda fixa, e aumenta o apelo de aplicações mais arriscadas. Mas, de outro, o custo para você tomar dinheiro emprestado também cai. A Selic é a referência para as taxas de juros no Brasil. Sua redução tem, portanto, um efeito em cadeia sobre os juros cobrados pelas instituições financeiras de empresas e pessoas físicas. E é sobre a oportunidade de encontrar melhores condições para seu empréstimo que vamos falar neste relatório. Esta pode ser a chance de financiar a tão desejada compra com juros mais baixos, de reduzir os custos daquele empréstimo já contratado ou de migrar para outro banco ou financeira. As barreiras estão ficando cada vez menores e a liberação do uso do FGTS de contas inativas é um impulso adicional para esse quadro. Diante desse contexto, partimos para a seguinte dúvida: como encontrar as melhores linhas de crédito? Quais instituições devemos procurar quando buscamos crédito pessoal ou consignado, e quais oferecem as menores taxas para cheque especial ou cartão de crédito (se é que existem taxas razoáveis, nesses dois últimos casos)?!1
Grandes instituições, como Banco do Brasil e Bradesco, já anunciaram juros mais baixos para algumas linhas de crédito em janeiro. Mas será que essas são as melhores opções para a pessoa física? Escopo do levantamento No site do Banco Central, é possível encontrar as taxas de juros cobradas (em média) por cada instituição financeira, para cada linha de crédito. Na prática, no entanto, a história é um tanto quanto diferente. Em nossa pesquisa, que levou em consideração as taxas médias do período de 19 a 25 de janeiro deste ano, descobrimos que parte dos dados está incorreta. Diversos bancos negaram oferecer determinados tipos de crédito a terceiros, limitados aos seus funcionários. Além disso, por serem regionais, algumas instituições restringem bastante o acesso a suas linhas de empréstimo aos moradores das respectivas regiões. Há ainda o caso de cooperativas de crédito, também com acesso restrito aos cooperados. Ainda assim, suas taxas constam do ranking do Banco Central, que pode ser consultado na página http://www.bcb.gov.br/pt-br/#!/c/txjuros/. Elas representam o custo efetivo médio das operações de crédito para os clientes, composto pelas taxas de juros efetivamente praticadas pelas instituições financeiras em suas operações de empréstimo, acrescida dos encargos fiscais e operacionais incidentes sobre as operações. Conforme informações extraídas do panorama do mercado de crédito da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) a partir de informações do BC, o crédito destinado às pessoas físicas estava distribuído da seguinte maneira ao fim de 2016:!2
Tipos de crédito abordados Neste relatório vamos tratar de quatro operações de crédito: consignado, pessoal, cartão de crédito e cheque especial. Entramos em contato com as instituições com as menores taxas segundo o Banco Central, mas é fundamental ter em mente que os juros variam conforme o perfil de risco do tomador de crédito, sua renda, o valor do empréstimo e do próprio vínculo com a instituição financeira. Fazer uma pesquisa não é tarefa trivial, e grande parte dos bancos e das financeiras contam com equipes de atendimento despreparadas, com informações desencontradas e dificultam o acesso às informações, inclusive para meras simulações. Muitas instituições só concordam em transmitir os valores dos juros a serem cobrados após a abertura de conta, o que está bem longe de ser o recomendado. Dessa forma, fica fácil entender o poder de barganha dos grandes bancos comerciais, que já oferecem empréstimos com limites pré-aprovados, com agilidade e melhor atendimento e, por isso, conseguem cobrar taxas de juros maiores. Esperamos que nossa pesquisa facilite sua busca, lembrando que o ideal é fugir das taxas cobradas sobre cheque especial e cartão de crédito, dados os juros abusivos cobrados sobre essas modalidades. Comecemos pela linha de empréstimo mais acessível: Crédito Pessoal No crédito pessoal, também conhecido por Crédito Direto ao Consumidor (CDC), o cliente contrata um empréstimo com a instituição financeira sem necessidade de comprovar a finalidade. A dívida deve ser quitada mensalmente e não há limite estipulado, o que torna o risco de inadimplência mais alto e a taxa de juros mais elevada que a do crédito consignado. Entramos em contato com as 13 instituições financeiras com menores taxas médias de juros, de acordo com o ranking do Banco Central. Dentre elas, apenas o Banco Pan e o Citibank emitem empréstimo pessoal para pessoa física em geral e possuem alcance nacional. Banco Pan: Para adquirir um empréstimo, é necessário entrar em contato com alguma de suas correspondentes bancárias (telefones e endereços estão disponíveis no site do banco). Conforme informado por correspondente de São Paulo, a taxa cobrada para empréstimo pessoal varia entre 2% e 3% ao mês (valores que correspondem a cerca de 27% a 43% ao ano). Não é exigida abertura de conta no Pan para obter o crédito, porém é necessário ter um veículo em nome próprio para garantir o empréstimo, sendo possível contratar um total de até 80% do valor de mercado do veículo.!3
Citibank: No Citi, é necessário possuir conta corrente ou cartão de crédito do banco para conseguir um empréstimo. Para a simulação de juros, é exigido que a pessoa seja cliente. Segundo o atendimento do banco, as taxas podem variar de 2,99% a 6,5% ao mês (valores que correspondem a 41,42% e 130% ao ano), a depender do perfil do cliente. Taxa média de juros para empréstimo pessoal em dezembro/2016: 139,4% ao ano A título de referência, seguem as taxas médias cobradas pelos grandes bancos, segundo o Banco Central: Banco do Brasil: 4,75% a.m., ou 74,50% a.a. Bradesco: 6,53% a.m., ou 113,51% a.a. Caixa Econômica Federal: 5,08% a.m., ou 81,20% a.a. Itaú Unibanco: 5,36% a.m., ou 87,07% a.a. Santander: 4,38% a.m., ou 67,21% a.a. Crédito Pessoal Consignado Privado Com parcelas deduzidas diretamente da folha de pagamento, este é o empréstimo com menor risco de inadimplência e, portanto, menor taxa para a pessoa física. Por lei, aposentados, pensionistas, servidores públicos e trabalhadores regidos pela CLT podem comprometer até 35% de sua renda com crédito consignado, dos quais 5% só podem ser destinados para o pagamento de dívidas de cartão de crédito ou para saque por meio de cartão. Mas, para contratar um empréstimo consignado, não basta procurar um banco com boas taxas de juros. É preciso que sua empresa ou o órgão responsável pelo pagamento do seu benefício tenha convênio com a instituição financeira. Dessa forma, não há como simular valores, já que as condições são bastante particulares nesse tipo de crédito. A título de referência, de olho nas menores taxas citadas pelo Banco Central, dentre 12 instituições, conseguimos acesso ao Banco Safra, cuja financeira conta com taxa média de juro de 1,92% ao mês (ou 25,70% ao ano). Já a administradora de cartões Senff informou que as taxas variam de 2,40% ao mês (para contratos de 1 a 12 meses) e 2,60% ao mês (para contratos de 12 a 24 meses). Taxa média de juros do crédito pessoal consignado privado em dezembro/2016: 43,2% ao ano!4
A título de referência, seguem as taxas médias cobradas pelos grandes bancos, segundo o Banco Central: Banco do Brasil: 2,77% a.m., ou 38,83% a.a. Bradesco: 2,82% a.m., ou 39,56% a.a. Caixa Econômica Federal: 2,85% a.m., 40,14% a.a. Itaú Unibanco: 3,39% a.m., ou 49,13% a.a. Santander: 2,75% a.m., ou 38,48% a.a. Cartão de Crédito (parcelado) A facilidade do cartão de crédito, que permite esticar o prazo para o pagamento efetivo de despesas, pode se traduzir em grandes custos se você decidir parcelar o pagamento. Isso porque a maior parte das instituições financeiras cobra altos juros pelo parcelamento da fatura, que chegam a ser abusivos em muitos casos. Dentre os bancos com menores taxas estão o Intermedium e o Citibank. Intermedium: O cartão do banco não tem cobrança de anuidade para os clientes e conta com juros de 5% ao mês (acima do valor de 2,54% divulgado na lista do BC), além de uma multa de 2%. O Intermedium oferece uma conta corrente para pessoas físicas 100% on-line e gratuita, em que o cliente deve fazer todas as operações pelo aplicativo mobile ou pelo internet banking, inclusive a própria abertura da conta. Citibank: Agressivo na modalidade, o Citi oferece cartões de crédito para correntistas e não correntistas. A solicitação pode ser feita inteiramente pelo site, sem necessidade de envio de comprovante de renda. Se julgar necessário, o setor de análise poderá solicitar informações posteriormente. O prazo de aprovação pode chegar a até 30 dias e, conforme o banco informa no site, a anuidade mais barata custa R$ 258 (para o cartão Gold Mastercard) e exige renda mensal mínima de R$ 3 mil. O atendimento do banco não informou o juro a ser cobrado no parcelamento da fatura, que, segundo o BC, seria de 4,43% ao mês. Nubank: Apesar da acessibilidade do cartão de crédito Nubank, as informações referentes aos juros cobrados sobre crédito parcelado não são tão transparentes. Segundo a empresa, o crédito rotativo (cujo uso estará limitado a 30 dias, a partir de abril) varia entre nada menos que 2,75% e 14% ao mês. Taxa média de juros do cartão de crédito (inclui compras parceladas com juros, parcelamento da fatura de cartão de crédito e saques parcelados) em dezembro/2016: 153,8% ao ano!5
A título de referência, seguem as taxas médias cobradas pelos grandes bancos, segundo o Banco Central: Banco do Brasil: 5,57% a.m., ou 91,56% a.a. Bradesco: 6,93% a.m., ou 123,34% a.a. Caixa Econômica Federal: 7,61% a.m., ou 141,12% a.a. Itaú Unibanco: 9,92% a.m., ou 210,96% a.a. Santander: 8,45% a.m., ou 164,58% a.a. Cheque Especial Alerta vermelho. A luz já deveria começar a piscar quando você pensar no cheque especial como uma opção para quitar dívidas. Essa é a pior alternativa para financiar alguma compra, embora a facilidade de uso, sem necessidade de sequer comunicar ao seu gerente, ainda leve muitos brasileiros a recorrerem a ela. E é muito fácil cair no cheque especial, às vezes sem nem perceber. Toda vez que você ultrapassa o limite de crédito dado pelo seu banco, sem ter saldo suficiente para pagamento de contas, cheques ou saques em dinheiro, cai no cheque especial e começa a pagar taxas abusivas de juros. E há diferenças significativas entre as taxas cobradas pelos grandes bancos comerciais e instituições menores e regionais. Dentre os bancos com menores juros do mercado, identificamos apenas o Sofisa como acessível a qualquer cliente. Sofisa: O banco conta com cheque especial, mas os limites são calculados com base no patrimônio do cliente dentro do banco e levando em conta os vencimentos das aplicações. O custo efetivo dos juros cobrados na modalidade corresponde a 2,13% ao mês, um pouco acima dos 2,03% do ranking do BC. O Sofisa oferece a abertura de conta 100% de forma digital, com a exigência do envio de alguns documentos digitalizados, e prazo de até três dias para análise e abertura da conta. Seguindo na lista de menores taxas do Banco Central, o Alfa (com juro de 2,23% a.m., ou 30,32% a.a), por exemplo, trabalha apenas com clientes do segmento private, com valor mínimo aplicado no banco entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão. O Banco do Nordeste, que atende apenas clientes da respectiva região, oferece limites de crédito pré-aprovados e juros bastante competitivos (para o cheque especial), que variam de 5,37% a 11,53% ao mês, a depender do grau de relacionamento entre o cliente e o banco. Mas nunca é demais frisar: fuja sempre do cheque especial! Essa opção nunca será razoável para o seu bolso.!6
Taxa média de juros do cheque especial em dezembro/2016: 328,6% ao ano A título de referência, seguem as taxas médias cobradas pelos grandes bancos, segundo o Banco Central: Banco do Brasil: 12,15% a.m., ou 295,80% a.a. Bradesco: 12,29% a.m., ou 302,04% a.a. Caixa Econômica Federal: 12,30% a.m., ou 302,15% a.a. Itaú Unibanco: 12,99% a.m., ou 332,97% a.a. Santander: 15,17% a.m., ou 444,45% a.a. A PRIMEIRA DÍVIDA A LIQUIDAR Diante das taxas de juros observadas nas quatro modalidades tratadas neste especial sobre crédito, qual seria aquela com maior urgência de pagamento, em sua avaliação? Se você for daquelas pessoas com dívidas espalhadas em vários bancos e com diferentes tipos de financiamento, entenda, de uma vez por todas: se tiver dinheiro, dê um fim ao empréstimo no cheque especial. Em seguida, coloque a fatura do cartão de crédito em dia, para, então, chegar ao empréstimo pessoal. Em geral, as taxas de crédito consignado são as mais baratas e, se você tiver disciplina, poderá se organizar de forma a não comprometer grande parte da renda com o pagamento desse tipo de empréstimo. Dê preferência a essa modalidade. E lembre-se de um ponto fundamental: se estiver endividado, liquide as dívidas para só depois começar a investir. Como você reparou ao longo deste relatório, as taxas de juros médias das quatro modalidades são altas. A mais barata, do crédito pessoal consignado privado (43,2% ao ano), supera E MUITO a taxa básica de juros brasileira, atualmente em 12,25% ao ano. Portanto, pesquise, pesquise e pesquise sempre as melhores taxas de juros. Esse trabalho fará muita diferença no seu bolso. Um abraço! Equipes Você Investidor e Consultoria Personalizada Empiricus!7
ANALISTAS RESPONSÁVEIS Rodolfo Amstalden, Analista CNPI* Walter Poladian, Planejador Financeiro CFP Disclosure Elaborado por analistas independentes da Empiricus, este relatório é de uso exclusivo de seu destinatário, não pode ser reproduzido ou distribuído, no todo ou em parte, a qualquer terceiro sem autorização expressa. O estudo é baseado em informações disponíveis ao público, consideradas confiáveis na data de publicação. Posto que as opiniões nascem de julgamentos e estimativas, estão sujeitas a mudanças. Este relatório não representa oferta de negociação de valores mobiliários ou outros instrumentos financeiros. As análises, informações e estratégias de investimento têm como único propósito fomentar o debate entre os analistas da Empiricus e os destinatários. Os destinatários devem, portanto, desenvolver suas próprias análises e estratégias. Informações adicionais sobre quaisquer sociedades, valores mobiliários ou outros instrumentos financeiros aqui abordados podem ser obtidas mediante solicitação. Os analistas responsáveis pela elaboração deste relatório declaram, nos termos do artigo 17o da Instrução CVM no 483/10, que as recomendações do relatório de análise refletem única e exclusivamente as suas opiniões pessoais e foram elaboradas de forma independente. (*) A reprodução indevida, não autorizada, deste relatório ou de qualquer parte dele sujeitará o infrator a multa de até 3 mil vezes o valor do relatório, à apreensão das cópias ilegais, à responsabilidade reparatória civil e persecução criminal, nos termos dos artigos 102 e seguintes da Lei 9.610/98.