Palavras-chave: insetos-praga do algodoeiro, custos de controle, cinturão do algodão.

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MANEJO DE PRAGAS DO ALGODOEIRO NA AMÉRICA DO NORTE EM RELAÇÃO AO BRASIL Jorge B. Torres 1 e John R. Ruberson Resumo O controle de insetos-praga do algodoeiro nos Estados Unidos é um dos fatores que mais onera os custos de produção. A evolução do manejo de pragas naquele país é caracterizada por várias fases que vão desde a entrada do bicudo do algodoeiro, até recentemente, adoção do algodoeiro Bt. A entrada do bicudo do algodoeiro nos EUA desencadeou um processo de intenso uso de inseticidas para seu controle e de outras pragas, chegando-se a utilizar de 15 a 20 pulverizações por safra, sendo este número reduzido para 4 a 5, após a erradicação do bicudo. Recentemente, a adoção do algodoeiro Bt eliminou as pulverizações direcionadas à Heliothis virescens e Pectinophora gossypiella e, significantemente, reduziu àquelas para Helicoverpa zea, atingindo uma média nacional de 2,94 pulverizções/safra. Na principal região produtora (Sudeste), as práticas de manejo normalmente são direcionadas ao controle de tripes, percevejos fitófagos e lagartas das maçãs e incluem o uso de inseticidas no sulco de plantio, a rotação de culturas, o plantio direto, as pulverizações foliares, o uso de culturas-isca, e o cultivo do algodoeiro Bt. O emprego de inseticidas é realizado baseado em níveis econômicos de controle e, paralelamente, adota-se um rigoroso programa de monitoramento de resistência de insetos aos inseticidas. Apesar do elevado grau de tecnologia empregado, na safra de 2004 foram registradas perdas decorrentes do ataque de pragas da ordem de 4,12%. Nesta mesma safra, o manejo de pragas custou, em média, $199,18/ha (perdas + custos de controle + taxas no caso da adoção de transgênicos + taxas para programas de erradicação e sua manutenção monitoramento de áreas consideradas livres do bicudo) e, destes custos $133,66/ha foram gastos diretamente com o controle de insetos. Palavras-chave: insetos-praga do algodoeiro, custos de controle, cinturão do algodão. Abstract Pest control is one major concern in cotton production in the United States. The evolution of pest control is characterized by several phases from the introduction and spread of the boll weevil to recent widespread planting of Bt-transgenic cotton. Insecticide use frequency declined from 15-20 sprays per season to control boll weevils and other pests when the boll weevil was present, to 4 or 5 sprays after boll weevil eradication. Planting transgenic Bt-cotton further reduced insecticide use to an average of 2.94 sprays per season (all states) by eliminating sprays against Heliothis virescens and Pectinophora gossypiella, and reducing significantly those needed for Helicoverpa zea. However, pests such as thrips, stink bugs, and plant bugs in Bt-cotton, and bollworms in non-bt cotton still require intensive management. Standard control practices targeting these pests are preventative in-furrow insecticides at planting time, variety selection, crop rotation, trap crops, foliar sprays and Bt-cotton. Insecticide use is based on economic thresholds and insecticide resistance is rigorously monitored. Despite all progress in cotton pest management, the national reduction in yield caused by pest attack was estimated to be 4.12% in 2004. Also, the average cost of pest management for all cotton-growing states was $199,18 per hectare (control costs, seeds 1 DEPA-Entomologia, Universidade Federal Rural de Pernambuco, jtorres@ufrpe.br; 2 Department of Entomology, University of Georgia, Tifton, USA, ruberson@uga.edu.

technology fees and, maintenance and eradication fees) and of those costs, approximately $133,66 per hectare was expended specifically for insect control. Key-words: cotton pests, costs of control, cotton belt. O cultivo do algodoeiro nos Estados Unidos e suas pragas O algodoeiro é cultivado em 17 estados americanos área conhecida como cinturão do algodoeiro. Esta área é dividida em quatro regiões: Oeste (California, Arizona e Novo México e parte do Texas), Sudoeste (Texas, Oklahoma e Kansas), Meio Sul (Missouri, Arkansas, Louisiana e Mississippi) e Sudeste (Alabama, Georgia, Tennessee, Florida, Carolina do Sul, Carolina do Norte e Virginia). Estas regiões se diferenciam pelas características de cultivo e, especialmente, pela ocorrência de pragas: Oeste - Bemisia argentifolii, Lygus hesperus, Tetranychus urticae e Pectinophora gossypiella; Sudoeste Helicoverpa zea, Heliothis virescens, Frankliniella spp., Lygus spp., P. gossypiella e Pseudatomoscelis seriatus; Meio Sul Lygus spp., Frankliniella spp., Nezara viridula, Euschistus heros, H. zea e H. virescens e; Sudeste - Frankliniella spp., N. viridula, E. heros, H. zea, H. Virescens. Embora, este número pareça pequeno se comparado as pragas do algodoeiro no Brasil, inúmeras outras espécies podem requerer medidas de controle em situações particulares. Estas incluem, Aphis gossypii, Spodoptera exigua, Spdoptera frugiperda, Elasmopalpus lignoselus, Pseudoplusia includens, Alabama argillacea, Neurocolpus nubilis, etc. Apesar do bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis) ser considerado praga chave do algodoeiro em diversas regiões do Brasil, as perdas oriundas do seu ataque em lavouras americanas na safra de 2004, só foi registrada em duas áreas do Texas ( Baixo Rio Grande Valley e Blacklands ) e, em áreas restritas na Louisiana e no Arkansas, onde programa de erradicação está em andamento. Os demais estados são considerados áreas livres do bicudo, onde adota-se monitoramento intensivo com utilização de armadilhas de feromônio para detecção de possíveis focos de reinfestação. Evolução do controle de pragas do algodoeiro do bicudo do algodoeiro ao algodoeiro Bt A entrada do bicudo nos Estados Unidos modificou o cenário agrícola Sul Americano, desde a diversificação de culturas como as formas de cultivar o algodoeiro visando minimizar as perdas causadas pela praga. Ao longo dos anos grande esforço tem sido direcionado ao manejo do bicudo, culminando com a sua erradicação na maioria dos estados produtores. Os problemas decorrentes do ataque de pragas começaram a ter importância a partir de 1820, quando da constatação de perdas causadas pela lagarta das maçãs, Helicoverpa zea, e do curuquerê-do-algodoeiro, Alabama argillacea. Alguns anos após, em 1892, o bicudo foi detectado em Browsville, Texas, sendo que em 1922 ele já havia colonizado a maioria dos estados produtores do Meio Sul e Sudeste, forçando a migração da cultura para o Oeste. Estudos realizados entre 1895 e 1910 sugeriam a adoção de um programa que empregasse múltiplas práticas objetivando minimizar o ataque do bicudo. No período compreendido de 1910 a 1920, produziu-se informações a respeito do complexo de plantas hospedeiras atacadas pelo bicudo, ocorrência do bicudo relacionado a fenologia do algodoeiro, os efeitos ambientais que condicionavam a gravidade do seu ataque e de como a adoção de inseticidas inorgânicos e práticas culturais poderiam atuar para reduzir o ataque. Práticas como o uso de variedades de maturação precoce e destruição de restos culturais foram amplamente divulgadas. A tecnologia de utilização do arsenato de

cálcio para controle do bicudo propagou-se. Para obtenção de lucros com o cultivo do algodoeiro era recomendado aplicações em intervalos de 3 a 4 dias, após a detecção de 15-20% de botões infestados. Informações relacionadas à biologia do bicudo (ocorrência de diapausa e onde ela se dava) foram disponibilizadas entre 1920 e 1930, reforçando-se a importância da destruição dos restos culturais e da adoção de cultura armadilha em plantios subseqüentes ou anteriores ao cultivo tradicional visando reduzir as populações de adultos migrantes de fim de safra e as populações reinfestantes do início da safra, para as quais se adotavam medidas de controle cabíveis. O uso do arsenato de cálcio para o controle do bicudo entre 1930 e 1940, desencadeou a ocorrência de surtos de pragas como a lagarta das maçãs, Heliothis virescens, e do pulgão, Aphis gossypii, os quais não ocorriam anteriormente à adoção deste produto. Em 1943, resultados de pesquisas atestaram que o uso abusivo do arsenato de cálcio para o controle do bicudo, destruía as populações de inimigos naturais e era o fator desencadeador dos surtos daquelas pragas. Entre 1943 e 1949, a lagarta da maçã, H. virescens, e algumas espécies de ácaros tornaram-se pragas de importância para o algodoeiro. A década de 40 e início dos anos 50, foi marcada pela síntese dos inseticidas orgânicos sintéticos, que possuíam comprovada eficiência, baixo custos e ofereciam excelente opção para manter as lavouras livres de qualquer praga desde o início do desenvolvimento das plantas até a colheita. Como resultado, práticas culturais que vinham sendo utilizadas no controle de pragas foram abandonadas ou esquecidas. Em 1955, foram relatados casos de resistência do bicudo aos inseticidas usados para seu controle na Louisiana. Mais tarde, na década de 70, o curuquerê-do-algodoeiro e o pulgão do algodoeiro expressaram resistência à maioria dos inseticidas utilizados para o controle de pragas do algodoeiro. Em 1958, o Conselho Nacional do Algodão, aprovou uma resolução caracterizando o bicudo como o principal inimigo da cultura e alertando que esforços deveriam ser envidados para sua erradicação. Como conseqüência, o Departamento de Agricultura (USDA) estabeleceu um laboratório no Delta do Mississippi (Stoneville, MS) destinado a desenvolver tecnologias que permitissem a erradicação do bicudo. Um projeto piloto de 3 anos foi conduzido de 1971 a 1973 no Mississippi com financiamento do governo federal e do estado do Mississippi, todavia os resultados foram inconclusivos. Estes resultados gerou dúvidas em relação a possibilidade de obtenção de sucesso com um programa da magnitude que era proposto para a erradicação do bicudo, algo que contribuiu para que a Sociedade Entomológica Americana liberasse pareceres contra a implementação do programa. Um fato que ofereceu suporte àqueles que defendiam a adoção de um amplo programa de erradicação do bicudo foi o sucesso obtido com outra praga também introduzida nos Estados Unidos - a lagarta rosada, Pectinophora gossypiella. A lagarta rosada foi detectada na Flórida em 1932, e erradicada entre 1932 e 1936. A erradicação da lagarta rosada na Flórida, uma praga que ocasiona prejuízos muito semelhantes aos do bicudo, foi obtida através da redução das populações que passavam o inverno em diapausa, adotando-se práticas como o uso de variedades precoces, destruição precoce dos restos culturais, utilização de sementes de qualidade garantida (pois a praga passa a fase de diapausa como pupa dentro das sementes), e outras práticas de limpeza. Hoje, a lagarta rosada tem ocorrência limitada aos estados do Arizona, Novo México e parte da California e do Texas ( Rolling Plain e High Plain ), onde programas de erradicação encontram-se em andamento. Em 1969, foi identificado e, posteriormente, sintetizado o feromônio sexual (obtido dos machos) do bicudo, o que permitiu a realização de um monitoramento mais efetivo das populações abandonando as lavouras ou colonizando-as. Tal fato contribuiu ainda para tornar o uso de inseticidas mais eficiente, sendo direcionado à

redução das populações que passariam o inverno em diapausa e aquelas colonizando as lavoras na safra seguinte. Assim, o uso de armadilhas com feromônio tornou-se componente chave do programa de erradicação aliado às práticas sanitárias de destruição de restos culturais, limpeza de equipamentos de colheita e quarentena para material transportado entre as regiões de cultivo. Entre 1978 e 1980, instalou-se um teste para erradicação do bicudo na Carolina do Norte e Virginia, baseado no fato de que a Virginia era o estado localizado mais ao norte da região Leste do país que cultivava o algodoeiro, portanto, uma barreira natural à disseminação do bicudo. Devido ao grau de isolamento das áreas e o uso de novas tecnologias como armadilhas de feromônio, os resultados foram conclusivos e mostraram que a erradicação do bicudo poderia ser atingida com uma probabilidade de 99.83% para obtenção de sucesso. Desde então, o programa expandiu-se para a Carolina do Sul, Georgia, Flórida e Alabama, estados esses reconhecidos como livre do bicudo entre 1990 e 1996. Um amplo programa de erradicação foi implementado no Oeste dos EUA no final da década de 90. Atualmente, o bicudo é considerado como um problema apenas em áreas no Texas ( Baixo Rio Grande Valley e Blacklands ) e em áreas específicas da Loiusiana e do Arkansas. No período de erradicação do bicudo (que vai de 1990 a 1996 nos estados do Sudeste), as lagartas das maçãs e lagartas desfolhadoras, assumiram maior importância. Estas pragas já eram motivo de preocupação mesmo no período pré-erradicação do bicudo, aumentando, seu grau de importância com o decorrer do tempo dado ao surgimento de várias populações resistente à inseticidas em diversos estados do Sudeste Americano e, o surgimento de surtos frequentes devido a redução das populações de inimigos naturais decorrente do uso massivo do Malathion no período de erradicação do bicudo. A era pós-erradicação do bicudo é caracterizada pela conscientização dos produtores de que deveriam manter suas áreas livre da praga. Esse período é caracterizado ainda, pela atribuição de maior importância aos percevejos fitófagos e pela adoção do algodoeiro transgênico, resistente a lagartas das maçãs (algodoeiro Bt). Após o reconhecimento de áreas anteriormente colonizadas pelo bicudo como áreas livres da praga, o monitoramento das populações do bicudo prossegue em toda a região e, para tal, utiliza recurso de fundos provenientes dos produtores e do estado. Neste peculiar, o estado da Geórgia, por exemplo, instalou cerca de 126.000 armadilhas de feromônio para monitoramento do bicudo em 2004, sendo estas monitoradas desde o início de Maio até o final de Setembro com resultado zero de coleta do bicudo. A partir da erradicação do bicudo e com o aumento das áreas cultivadas com transgênicos, houve um decréscimo no uso de inseticidas de largo espectro durante o período de florescimento do algodoeiro, principalmente aqueles pertencentes a classe dos organofosforados, algo que contribuiu para alterar o status de algumas pragas (como os percevejos fitófagos) controladas anteriormente indiretamente através de pulverizações direcionadas a outras pragas. Atualmente, os percevejos do gênero Nezara e Euschistus são considerados pragas-chave do algodoeiro na fase intermediária a tardia do ciclo de desenvolvimento da cultura, em todo o Sudeste e, em alguns estados do Meio Sul dos EUA. A liberação do plantio de variedades de algodoeiro transgênico (modificado com genes da bactéria, Bacillus thuringiensis, para expressão da toxina Cry1Ac tóxica para lagartas) resistentes às lagartas das maçãs a partir da safra de 1996 também contribuiu para alterar o controle de pragas do algodoeiro vigente até então. Diversas exigências foram feitas, entre elas o pagamento de taxas pelo uso da semente transgênica e a adoção de áreas de refúgio plantadas com algodoeiro convencional objetivando retardar a evolução de populações de lagartas resistentes as toxinas Bt. Em relação a área de refúgio, atualmente recomenda-se que os produtores cultivem no máximo 70% da área de sua propriedade com algodoeiro Bt, sendo o restante cultivado com algodoeiro convencional. Considerando a possibilidade de utilizar-se pulverizações de inseticidas contra as lagartas das maçãs na área de refúgio cultivada com algodoeiro convencional e, esta proporção é alterada, tornando-se

dependente do plantio de outra cultura Bt na região, como é o caso do milho Bt. Ou ainda, plantar 95% de algodoeiro Bt e o restante (5%) em áreas adjacentes com algodoeiro convencional sem ser pulverizado para conter surtos das lagartas das maçãs. Desde então, o controle de lagartas das maçãs tem sido facilitado, já que o algodoeiro Bt possui ação de controle efetiva sobre H. virescens e P. gossypiella, e ação de controle parcial sobre H. zea. Como resultado, apenas, 43,7% da área de algodoeiro Bt da Georgia, em 2004, foi tratada contra H. zea. Em virtude da região Sudeste cultivar o algodoeiro de forma mais parecida com o que é cultivado no Brasil, além de possuir maior número de estados e maior volume de produção, algumas considerações em relação ao controle de pragas realizado nesta região serão abordadas a seguir. Principais práticas adotadas para o manejo de pragas do algodoeiro no Sudeste Americano Amostragem A amostragem é prática rotineira empregada nas lavouras algodoeiras. Instituições de pesquisa e de extensão realizam a cada início de safra (início de maio) diversos treinamentos de profissionais, sendo estes denominados de escola de amostragem. Nestes encontros são fornecidas informações teóricas e práticas, relacionadas as pragas, aspectos da fenologia da planta que devem ser considerados no processo de amostragem, além de serem mencionadas as alterações fisiológicas tais como sintomas de deficiências de nutrientes, fitotoxidez de herbicidas, e problemas de umidade de solo, que podem ser confundidas com o ataque de pragas. Estes treinamentos tem por objetivo familiarizar os técnicos com as tabelas de amostragem e capacitá-los a fazer relatórios diários para os produtores ou admistradores. No relatório consta-se informações básicas tais como local, área amostrada, níveis de incidência de pragas e demais anomalias observadas. Para pragas tais como os tripes adota-se pulverização foliar com inseticidas sempre que o amostrador detectar em média, de 2-3 tripes por folha; para as lagartas das maçãs (Helicoverpa-Heliothis) a pulverização é recomendada sempre que encontrar-se de 8 a 10% de plantas com ovos ou lagartas pequenas ou 5 lagartas além do primeiro ínstar. O monitoramento das mariposas de Helicoverpa-Heliothis é feito com armadilha contendo feromônio sexual, instaladas em áreas pré-determinadas para determinar o início da atividade de vôo. Devido ao monitoramento contínuo realizado na região Sudeste ao longo dos anos, sabe-se que a amostragem para as lagartas das maçãs deve ser iniciada na semana da independência americana 4 de Julho prolongando-se até a fase do segundo pico de ocorrência, em meados de Agosto. Para os percevejos, o controle é recomendado sempre que 16 a 18% de maçãs de aproximadamente 1,5 cm de diâmetro apresentem calos internos devido a sucção ou seja constatada a presença de 1 adulto ou ninfa de último ínstar por 2 m de fileira. Como os percevejos pentatomídeos evoluíram para praga-chave do algodoeiro, especialmente, após a erradicação do bicudo e adoção do algodoeiro Bt, o nível de controle tem sido variável entre as regiões. Escolha de variedades - Com os recentes avanços tecnológicos, a escolha das variedades a serem plantadas tem ocupado papel importante no controle de pragas. O uso de variedades tolerantes ao glifosato tem facilitado o controle de plantas daninhas, especialmente quando se tem impedimentos de aplicação seletiva de herbicidas. No entanto, esta prática de controle mais tardio de plantas daninhas tem gerado resultados controversos, pois são passam a ser hospedeiros alternativos de pragas tais como os tripes e o percevejo Lygus sp. Como tripes é a praga de maior importância na fase inicial da lavoura americana, especial atenção tem sido dado a este fato. Entre as variedades transgênicas resistente as lagartas das maçãs, existe uma evolução a medida que se obtêm variedades com maiores produtividades. Na Georgia, o estado segundo maior produtor de algodão nos Estados Unidos, as variedades tolerantes ao herbicida glifosato e resistente a lagartas-das-maçãs - Bolgard

458RR e 555RR (RR refere-se tolerânica ao herbicida Roundup ) foram as mais plantadas em 2003 e 2004, respectivamente, e ocuparam aproximadamente 80% dos 500,000 hectares plantados na Georgia. Sistema de plantio Desde que o congresso americano aprovou a chamada lei verde ( farm bill ), entre os benefícios para a agricultura, têm-se o suporte à conservação de água e solo, o que levou ao desenvolvimento de técnicas para o plantio direto. Plantio de culturas de inverno ou mesmo apenas para produção de cobertura morta como no caso do rye (Secale cereale) são amplamente adotadas. Na maior parte da região Sudeste, as lavouras são de médio porte dividindo áreas com outras culturas, especialmente, o amendoim. Por outro lado, as áreas da região árida do Oeste e Extremo Oeste são caracterizadas por grandes áreas, regulares e irrigadas. Rotação de cultura O amendoim é cultura típica na Georgia e da maior parte do Sudeste Americano, o qual é usado em rotação, empregando-se um sistema de rotação de 2 anos: 1 ano (algodão:amendoim). Em menor plano, se dá o milho, melancia, melão, sorgo, soja e fumo. A escolha entre o algodoeiro, amendoim e demais culturas de rotação, considera-se os custos de produção e produção obtida tando em sistema irrigado e sem irrigação. Embora, o cultivo do algodoeiro se dá durante o verão as chuvas são irregulares e a produvidade superior sob irrigação tem sido uma constante. Baseado no valor estimado para comercialização para a safra de 2005 de 1,16 dólares por kg de algodão sem caroço e 380 dólares por tonelada de amendoim, os custos de produção e produtividade esperada para a lavoura determina a cultura a ser plantada. Este fato grandemente determina a área plantada de cada uma dessas duas principais culturas e rotação adotada. Tratamento do sulco de plantio Entorno de 95% da área plantada com algodão em 2004 recebeu tratamento preventivo (sulco de plantio ou de sementes) para o controle de tripes. Grande esforço tem sido conduzido no sentido de aplicação localizada para o controle de tripes visando a redução da quantidade de inseticidas usados e, principalmente, dos custos. Entre os principais produtos recentemente lançados destaca-se o tiametoxam e o imidaclopride, mas a maior parte do tratamento é feito com o aldicarb (Temik GR) no sulco de plantio. O acefato, também, é usado tanto no tratamento de sementes como pulverização foliar. Atingindo nível de controle, especialmente, quando não se faz tratamento preventivo, é usado dicrotofós, dimetoato e acefato em pulverização foliar. Pulverizações foliares São realizadas na fase de plântulas para tripes quando atinge o nível de controle. Uma média de 2 pulverizações por safra é realizada contra lagartas das maçãs em algodoeiro convencional. Usualmente, é usado espinosade, indoxicarbe, tiodicarbe, etc., na primeira pulverização para as lagartas das maçãs quando se encontra de 8 a 10% das plantas com ovos ou lagartas recém eclodidas, ou em misturas com piretróides nos casos de lagartas mais desenvolvidas. Na segunda pulverização, então, emprega-se as mais variadas opções de piretróides. Pulverizações para o controle de percevejos (Nezara e Euschistus) são conduzidas de meados de Julho até final de Agosto tanto em algodoeiro Bt e convencional. Neste caso, o emprego de organofosforados predomina-se. Investimentos e custos relativo ao controle de pragas Os investimentos no setor do algodoeiro são consideráveis e, são provenientes de taxas pagas pelos produtores relativa à produção, suporte do governo estadual e federal através de agências especializadas ( Cotton Board, Cotton Incorporated e National Cotton Council ). O orçamento em 2004 foi de 62,75 milhões de dólares; proveniente de taxas de produção paga pelos produtores (1 dólar para cada 207 kg de algodão sem

caroço vendido + 5/10 de 1% do valor de 207 kg obtido no início da comercialização) e do governo estadual (5% do orçamento total). Destes valores, a ARD (Divisão de Pesquisa Agrícola), a qual financia parte das pesquisas voltadas para produção, incluindo controle de pragas, administrou $8,54 milhões em 2004. Os custos de controle é variável em cada região. A média nacional de custo de manejo de pragas foi de 199,18 dólares por hectare e, deste, 133,66 dólares foi direto para controle de insetos (amostragem, inseticidas, aplicação, etc.). No caso do estado da Georgia, o segundo maior produtor de algodão, os custos de controle de pragas durante os últimos três anos variaram de 110 a 151 dólares por hectare, dependendo da variedade plantada e, especialmente, da intensidade de ataque de pragas em cada ano. Adicionando as perdas ocasionadas pelas pragas e custos de controle, estes valores variaram de 168 a 235 dólares (Tabela 1). Os custos adicionados ao controle de pragas pelas taxas pagas pelas sementes transgênicas varia de região para região, pois é dependente da variedade usada - algodoeiro Bt e/ou tolerante à herbicidas. Também, o resultado final de custo de controle quando se compara algodoeiro Bt e algodoeiro convencional, varia de região para região, especialmente, em função da intensidade de infestação das pragas não controladas pelo algodoeiro Bt, tais como os percevejos, pulgões, tripes, etc. Assim, existe variação de custo final entre anos em favor a ambos algodoeiro Bt e convencional. Em regiões onde pragas não controladas pelo algodoeiro Bt (especialmente os percevejos) apresentam infestações constantes e requerem aplicações inseticidas, a exemplo de Louisiana, os custos finais do plantio do algodoeiro Bt tem sido constantemente mais elevados, basicamente devido as taxas de uso de sementes transgênicas, sendo o oposto no caso da Georgia, onde o plantio do algodoeiro Bt tem sido lucrativo (Tabela 1). Tabela 1. Custos médios (dolares por hectare) de atividades diretamente relacionadas ao controle de pragas. Estimativas para a Georgia de 2002 a 2004 (Fonte: Williams 2003-2004). 2002 2003 2004 Média Atividades Bt Não-Bt Bt Não-Bt Bt Não-Bt Bt Não-Bt Algodão Bt taxas 64,35 0 64,35 0 64,35 0 64,35 0 Amostragem 10,34 15,24 16,50 18,88 13,86 14,73 13,57 16,28 Aplicação-plantio 19,95 19,67 20,62 19,03 22,27 22,27 24,08 20,32 Aplicação foliar 25,32 105,91 37,59 63,34 41,88 70,29 34,93 79,85 Erradicação 9,40 9,40 9,28 9,28 8,66 8,66 9,11 9,11 Sub-Total 129,36 150,22 148,34 110,53 151,02 115,95 142,90 125,56 Perdas (%) 2,61 5,70 3,76 5,13 1,81 4,17 2,73 5,00 Total (custos + perdas) 168,14 234,85 209,08 186,80 177,94 177,84 185,05 199,83

Considerações finais Já está disponível no mercado a chamada segunda geração do algodoiero Bt expressando duas toxinas (Bolgard II). Apesar da importância para o manejo da resistência e controle adicional para outras lagartas consideradas pragas secundárias, pouco incremento na área de plantio foi obtido em 2004 (< 5% da área plantada com algodoeiro Bollgard II). A terceira geração de algodoeiro Bt - Widestrike e VipCot - está em fase de registro e somarão ferramentas para o controle de lagartas desfolhadoras e manejo para redução do surgimento de populações de lagartas resistentes a toxinas Bt. Intenso programa de pesquisa tem sido estabelecido para desenvolver tecnologias melhor adaptadas no controle de percevejos. Culturas hospedeiras, uso de culturas iscas, redefinição dos níveis de controle e época correta para aplicação de inseticidas, testes de produtos mais seletivos, entre outras tem sido o enfoque das pesquisas. Um concenso é que para o manejo de percevejos será necessário um amplo manejo envolvendo as demais culturas (amendoim, pêssego, soja, etc. culturas de grande importância e que dividem áreas com o algodoeiro e são hospedeiras para este grupo de pragas). A busca de aplicação econômica de inseticidas através da agricultura de precisão usando mapas de produção das lavouras para recomendar ou não controle de pragas; aplicação aérea, bem como aplicação localizada para o controle de tripes estão em fase de adaptação. A melhoria da qualidade da fibra produzida é objetivo geral em todos os estados do Sudeste, os quais perdem em qualidade para o Oeste. Além disso, o ataque constante de percevejos pentatomídeos nas lavouras da região Sudeste adiciona depreciação ao produto. Aumento de produtividade é visto a lento passos, portanto, a qualidade é vista como o fator chave para a sustentação da cultura em patamar lucrativo. Referências King, E.G., Phillips, J.R. & Coleman, R.J. 1996. Cotton insects and mites: characterization and management. The Cotton Foundation Reference Book Series No. 3, Cotton Foundation, Memphis, TN. 1008 p. Haney, P.B., Lewis, W.J., Lambert, W.R. 1996. Cotton production and the boll weevil in Georgia: History, costo of control, and benefits of eradication. The Georgia Agricultural Experiment Stations, Research Bulletin No. 428, 34p. May, O.L., P. Jost & P. Roberts (eds.) 2003. Cotton research extension report. The University of Georgia Cooperative Extension Service, Athens GA, 257p. Williams, M.R. 2003. Cotton insect loss estimates - 2002. www.msstate.edu/entomology/ctnloss/2002/2002loss.html Williams, M.R. 2004. Cotton insect loss estimates - 2003. www.msstate.edu/entomology/ctnloss/2003/2003loss.html Williams, M.R. 2005. Cotton insect loss estimates 2004. www.msstate.edu/entomology/ctnloss/2004/2004loss.html