A CONCESSÃO DA APOSENTADORIA POR IDADE PARA OS SEGURADOS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL E SUAS ALTERAÇÕES

Documentos relacionados
IUS RESUMOS. A Previdência Social no Brasil. Organizado por: Samille Lima Alves

2ª fase Lei Eloy Chaves e Caixas de Aposentadorias e Pensões:

Direito Previdenciário. Prof. Hugo Goes.

DISCIPLINA: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AULA 01 - Seguridade social

Direito Previdenciário

Direito Previdenciário e Infortunístico

Direito Previdenciário

Michel Oliveira Gouveia

Histórico e Conceitos da Previdência Social

Hugo Goes Direito Previdenciário Módulo 01 Aula Direito Previdenciário para o Concurso do INSS

Evolução Histórica da Seguridade Social

Direito Constitucional III Profª Marianne Rios Martins

CAPÍTULO 4 o regime geral de previdência SoCiAl rgps Sumário 1. INTRODUÇÃO exceto o desemprego involuntário,

Resumo Aula-tema 03: Regimes da Previdência Social e os Beneficiários do Regime Geral

SUMÁRIO CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

SUMÁRIO. Capítulo 1 INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

I. Seguridade Social II. Regime Geral de Previdência Social. Reconhecimento da Filiação

S u m á r i o. Capítulo 1 Notas Introdutórias...1

MARATONA. DE QUESTÕES

CURSO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO. Prof. Dr. Germano Campos Silva

S u m á r i o. 1. A Seguridade Social na Constituição de Capítulo 1 Notas Introdutórias Seguridade Social (arts. 194 a 204)...

Resumo Aula-tema 07: A Seguridade Social: Evolução, Seguro Privado e Social, Princípio Social, Características Gerais

TRABALHADORES E A PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL

Acerca do conceito e dos princípios da seguridade social no Brasil, julgue os itens que se seguem.

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. Prof. Fernando Maciel

WLADIMIR NOVAES MARTINEZ

Capítulo 1 DA SEGURIDADE SOCIAL

SEGURIDADE SOCIAL. Tem a finalidade de garantir o mínimo necessário à sobrevivência do indivíduo.

ESTAMOS NA RETA FINAL!!!!

Direito Constitucional

CAPÍTULO 1 A SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL...

Seguridade do Servidor Federal Lei 8112/1990

STJ índice PARTE I-INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

ATA Assistente Técnico Administrativo Direito Previdenciário Custeio da Seguridade Social Gilson Fernando

1 A SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL...

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

9. PROVA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO (arts. 47 e 48 da Lei e 257 a 265 do Decreto 3.048)

Direito Previdenciário

Previdência social LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA. Os beneficiários

Bom dia, hoje farei breves considerações sobre a aposentadoria por idade urbana. Espero que seja útil.

Direito Administrativo

RGPS CÁLCULO DA RENDA MENSAL INICIAL.

CURSO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO. Prof. Dr. Germano Campos Silva

Abreviaturas... Parte I: Introdução ao Estudo do Direito Previdenciário. 1. Aspectos Históricos da Proteção Social... 3

Características; Classificação; Sujeito do contrato de trabalho Empregado e empregador; Relação do emprego; Soli

Política Sociais Setoriais. Profa. Dra. Roseli Albuquerque

Disciplina: Direito Previdenciário Optativa Ano Letivo: Carga Horária: 36 h/a Período: 9º Pré-requisito: Direito Administrativo II Código: 383

INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

DIREITO CONSTITUCIONAL

Unidade I DIREITO SOCIAL. Prof. Ligia Vianna

Exercitando a futurologia. Analisando o histórico até o momento presente, o que podemos esperar da Previdência Social do Brasil?

CURSO ONLINE: PREVIDÊNCIA SOCIAL. Crédito da imagem: brasil.gov.br

Sumário. CAPÍTULO 2 Contribuições para o custeio da seguridade social NOTAS INTRODUTÓRIAS... 43

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. Palestrante: Maurício Viot

arrecadação da Previdência Social, o fluxo de caixa do INSS e, ainda, informações de indicadores econômicos e dados populacionais.

arrecadação da Previdência Social, o fluxo de caixa do INSS e, ainda, informações de indicadores econômicos e dados populacionais.

DIREITO PREVIDENCIÁRIO: ORIGEM, CONCEITUAÇÃO E EVOLUÇÃO LEGISLATIVA NO BRASIL DA SEGURIDADE SOCIAL. CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL NA CONSTITUIÇÃO.

Ato Declaratório nº 5 da Receita Federal

Direito Previdenciário

SEGURIDADE SOCIAL NA CF/88. Professor Ivan Lucas

PLANO DE ENSINO. 1. EMENTA:

Capítulo 1 Origem e evolução histórica e legislativa no Brasil e no mundo... 1 Capítulo 2 Direito Previdenciário... 11

Aula Previdência Social: O Sistema Previdenciário brasileiro é dividido em 2 grandes ramos: Previdência Pública e Privada.

Educação Previdenciária Conhecendo a Previdência Aula 2

SUMÁRIO O QUE É SEGURIDADE SOCIAL? QUEM SÃO OS PARTICIPANTES DO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL? CAPÍTULO I

Capítulo 1 A seguridade social no Brasil... 17

Direitos Sociais. 2ª Dimensão de Direitos Fundamentais

PROFa. VERA MARIA CORRÊA QUEIROZ

SUMÁRIO. Ética no Serviço Público

EDITAL SISTEMATIZADO AUDITOR DO TRIBUNAL DE CONTAS ESTADO DO PARÁ - DIREITO/2016. Direito Previdenciário - 6ª edição Adriana Menezes Editora Juspodivm

Pontifícia Universidade Católica de Goiás Faculdade de Direito Direito Previdenciário Profª. Ms. Tatiana Riemann QUALIDADE DE SEGURADO

Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 6/2019

Princípios da Seguridade Social (Resumos de Direito Previdenciário)

O Regime Geral de Previdência Social - RGPS e a PEC 287 de CURITIBA-PR, 14 DEZ 2016 Expositor: Luciano Fazio

DADOS SOBRE PENSÃO POR MORTE

APOSENTADORIA ESPECIAL, PENSÃO E REDUÇÃO DE DIREITOS DRA. THAIS RIEDEL

CARLOS MENDONÇA DIREITO PREVIDENCIÁRIO

SUMÁRIO CAPÍTULO 1 A SEGURIDADE SOCIAL... 19

Reforma da Previdência PEC 287

Direito da Seguridade Social. Professor Reynaldo Oliveira

SEGURIDADE X PREVIDÊNCIA RESULTADOS E NOVAS REFORMAS. Floriano Martins de Sá Neto. Vice-Presidente de Política de Classe ANFIP.

GUSTAVO FILIPE BARBOSA GARCIA

Atualização em Legislação Previdenciária Noções gerais sobre a Previdência Social e seus benefícios

LEI 8.212/1991 (LEI ORDINÁRIA) 24/07/1991 DISPÕE SOBRE A ORGANIZAÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL, INSTITUI PLANO DE CUSTEIO, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

PONTO 1: Legislação PONTO 2: Seguridade Social PONTO 3: Princípios e Regras aplicáveis PONTO 4: Previdência Social 1. LEGISLAÇÃO: 3.

INFORMATIVO QL 11/04/2017

Resumo Aula-tema 04: Benefícios Previdenciários - Regras Gerais

Sumário APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO SINOPSES PARA CARREIRAS FISCAIS... 17

Direito Previdenciário e Infortunístico

COLEÇÃO SINOPSES PARA CONCURSOS. 13 NOTA DO AUTOR 6ª EDIÇÃO 2015/2º SEMESTRE. 15 GUIA DE LEITURA DA COLEÇÃO A SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL.

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Direito Previdenciário. Técnico do TRF 2. Consulplan

III proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;

Carga Horária : 50 horas

exercitado redação Estudado REVISÕES Ponta da língua DISCIPLINA ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO:

GABARITO - 1ª TAREFA CONTINUADA

CURSO PREPARATÓRIO Concurso para JUIZ FEDERAL Prova escrita ALEXANDRE ROSSATO DA S. AVILA 2016

informações de indicadores econômicos e dados populacionais.

GEOGRAFIA SÉRIE: 2º ano Previdência Social Profº Luiz Gustavo Silveira

Transcrição:

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI - UNIVALI CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR VII SÃO JOSÉ CURSO DE DIREITO - NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA A CONCESSÃO DA APOSENTADORIA POR IDADE PARA OS SEGURADOS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL E SUAS ALTERAÇÕES LACI ZANDOMÊNEGO São José (SC) 2004.

2 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI - UNIVALI CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR VII SÃO JOSÉ CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA A CONCESSÃO DA APOSENTADORIA POR IDADE PARA OS SEGURADOS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL E SUAS ALTERAÇÕES Monografia apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de bacharel em Direito da Universidade do Vale do Itajaí, sob orientação do Prof. MSC. Márcio Roberto Paulo LACI ZANDOMÊNEGO São José (SC) 2004

3 CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR VII SÃO JOSÉ CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA A CONCESSÃO DA APOSENTADORIA POR IDADE PARA OS SEGURADOS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL E SUAS ALTERAÇÕES LACI ZANDOMÊNEGO A presente monografia foi aprovada como requisito para a obtenção do grau de bacharel em Direito na Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI do Centro de Educação de São José São José, / / Banca Examinadora: Prof. Marcio Roberto Paulo Prof. Juliano Garcia - Membro Prof. Cleber Lázaro- Membro

4 RESUMO O tema deste estudo compreende a aposentadoria por idade para os segurados do Regime Geral da Previdência Social. A Previdência Social surgiu no Brasil com a criação da Lei Eloy Chaves, sendo que a partir daí o regime previdenciário passou por uma série de modificações até chegar à estrutura que apresenta na atualidade. O regime previdenciário é uma política pública mediante a qual o indivíduo contribui, enquanto trabalhador devidamente registrado, tendo descontado de sua folha de pagamento um percentual que é destinado ao INSS e a ele retorna quando, por algum infortúnio, não apresentar mais condições para o trabalho. A aposentadoria por idade é um dos benefícios da Previdência Social que pretende assegurar proteção à velhice. É concedida aos segurados quando completam 65 anos, se homem, ou 60 anos, se mulher. Mesmo apresentando condições para o trabalho, o idoso tem o direito a receber esse benefício da Previdência Social caso tenha contribuído, para a previdência, respeitando-se os prazos determinados pela carência. No caso do trabalhador rural e do garimpeiro, a idade mínima para recebimento da aposentadoria por idade é de 60 anos para o homem, e 55 para a mulher. O objetivo geral do presente estudo consiste em informar a sociedade em geral acerca de seus direitos relativamente à aposentadoria por idade. Ele se justifica em virtude das incoerências que supostamente decorrem dos novos institutos criados em termos de Previdência Social. Esse estudo também se justifica por servir como objeto de informação aos interessados em melhor conhecer as modificações introduzidas no regime da aposentadoria por idade.

5 LISTA DE ABREVIATURAS ADIN Ação Direta de Inconstitucionalidade AFRESP Associação dos Agentes Fiscais de Rendas do Estado de São Paulo CIC Centro de Integração da Cidadania CLPS Consolidação das Leis de Previdência Social CNAS Conselho Nacional de Assistência Social CNPS Conselho Nacional de Previdência Social CNS Conselho Nacional de Saúde CONASP Conselho Consultivo da Administração de Saúde Previdenciária CPF Cadastro de Pessoas Físicas DATAPREV Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social DPSC Discriminação das Parcelas dos Salários-de-Contribuição FUNABEM Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor FUNRURAL Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural IAP Institutos de Aposentadoria e Pensões IAPAS Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social IAPB Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários IAPC Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários IAPETC Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas IAPI Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários IAPM Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INAMPS Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social INPS Instituto Nacional de Previdência Social INSS Instituto Nacional do Seguro Social IPASE Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado

6 LBA LOAS LOPS MPAS MP MPS OIT PASEP PEC PIS PRÓ-RURAL REVAS RG RGPS RSC SAMDU SAPS SAT SEAS SENAC SENAI SESC SESI SINPAS STJ SUDS SUS Legião Brasileira de Assistência Lei Orgânica da Assistência Social Lei Orgânica de Previdência Social Ministério da Previdência e Assistência Social Medida Provisória Ministério da Previdência Social Organização Internacional do Trabalho Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público Proposta de Emenda Constitucional Programa de Integração Social Programa de Assistência ao Trabalhador Rural Revisão de Avaliação Social Carteira de Identidade Regime Geral da Previdência Social Relação dos Salários-de-Contribuição Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência Serviço de Alimentação da Previdência Social Seguro de Acidentes do Trabalho Secretaria de Estado de Assistência Social Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Serviço Social do Comércio Serviço Social da Indústria Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social Supremo Tribunal de Justiça Sistema Único de Saúde Descentralizado Sistema Único de Saúde

7 SUMÁRIO RESUMO...04 LISTA DE ABREVIATURAS...05 INTRODUÇÃO...09 1 O INSTITUTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL E SUA FORMAÇÃO...12 1.1 Conceito de previdência social...12 1.2 O surgimento da Previdência Social no mundo ocidental...15 1.3 Evolução do Direito Previdenciário no Brasil...17 1.4 A criação do INPS e os futuros progressos do regime da previdência...24 2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA SEGURIDADE, ASSISTÊNCIA E PREVIDÊNCIA SOCIAL...31 2.1 Seguridade social...32 2.2 Assistência Social...38 2.3 Previdência social...40 2.4 Benefícios do Regime Geral da Previdência Social...43 2.4.1 Aposentadoria por idade...44 2.4.2 Aposentadoria por invalidez...44 2.4.3 Aposentadoria por tempo de serviço/contribuição...45 2.4.4 Aposentadoria especial...46 2.4.5 Auxílio-doença...46 2.4.6 Auxílio-acidente...46 2.4.7 Salário-família...47 2.4.8 Salário-maternidade...47 2.4.9 Pensão por morte...48 2.4.10 Auxílio-reclusão...49 3 APOSENTADORIA POR IDADE...50 3.1 O regime da aposentadoria por idade até 1988...50 3.2 O regime de aposentadoria por idade de 1988 a 2003...51 3.2.1 Carência...52 3.2.2 Direito adquirido...56

8 3.3 As mudanças advindas com a Lei 10.666/03...56 3.4 Estatuto do idoso...59 3.5 Proteção à velhice...62 3.6 Amparo social...64 3.7 Requerimento de aposentadoria por idade...66 3.7.1 Início do recebimento do benefício...67 3.7.2 Valor do benefício e forma de cálculo...69 CONSIDERAÇÕES FINAIS...72 REFERÊNCIAS...76

9 INTRODUÇÃO Como um ramo autônomo do direito, o Direito Previdenciário é dotado de princípios que lhe conferem fundamentação. Esse ramo do Direito está relacionado com a proteção do trabalhador, seja ele privado ou público, por meio da concessão de benefícios como aposentadoria, pensão por morte e assistência à saúde, sendo regulado basicamente pelas Leis da Previdência Social. O objeto principal desse ramo do direito é analisar e interpretar os princípios e as normas constitucionais, legais e regulamentares que dizem respeito ao sistema de previdência do Brasil. A Previdência Social é um sistema contributivo, e será financiada por toda a sociedade de maneira direta e indireta, através das contribuições sociais, sua existência depende da contribuição dos indivíduos, denominados segurados e das empresas, que, posteriormente, virão a ser beneficiados. Dessa forma, o benefício é uma espécie de seguro, concedido quando da ocorrência de eventos de infortúnio, como acidentes de trabalho, morte do segurado, entre outros, bem como a ocorrência de outros acontecimentos, como maternidade e reclusão. O segurado recebe o benefício quando se encontra incapacitado para exercer normalmente a sua atividade laboral. Portanto, o Direito Previdenciário tem como principal expoente a Previdência Social. Esta é de substancial importância para a sociedade, pois é a política pública que garante aos trabalhadores, que durante anos serviram a sociedade por meio da atividade laboral, um benefício quando estes já não mais apresentarem condições de exercer o trabalho. Esse benefício deve garantir condições mínimas de sobrevivência digna aos segurados da previdência e seus dependentes. A aposentadoria por idade é uma das espécies de benefício garantidos pela Previdência Social. Sendo assim, o presente estudo monográfico tem como tema a concessão da aposentadoria por idade para os segurados do Regime Geral de Previdência Social. Delimita-se o tema desse estudo apresentando-se as formas, coerência e documentação necessária para a concessão do benefício aposentadoria por idade. O problema de pesquisa, do qual parte toda a investigação, consiste

10 em analisar quais os requisitos básicos e quais as formas de concessão de aposentadoria por idade. Com base nesse problema de pesquisa, estabeleceu-se como objetivo informar a sociedade em geral, em especial os idosos, acerca de quais são seus direitos com respeito à aposentadoria por idade. Para alcançar esse objetivo, foram determinados os seguintes objetivos específicos: apresentar um histórico sobre o instituto da Previdência Social; identificar os segurados do Regime Geral da Previdência Social (RGPS), no caso da aposentadoria por idade; verificar os efeitos da Lei 10.666/93; apontar os procedimentos necessários para concessão de aposentadoria por idade. Justifica-se esse estudo monográfico em virtude das incoerências que supostamente decorrem dos novos institutos que foram criados em termos de Previdência Social. Um desses institutos compreende a Lei 10.666, de 8 de maio de 2003, que trata da concessão da aposentadoria especial ao cooperado de cooperativa de trabalho ou de produção, além de dar outras providências a respeito do assunto. Pressupõe-se existirem incoerências a respeito do conteúdo da referida lei, que é de fundamental importância para quem algum dia já contribuiu para a Previdência Social. Esse estudo também se justifica por servir como objeto de informação aos interessados em melhor conhecer as modificações introduzidas no regime de aposentadoria por idade. A metodologia adotada tem por base o método indutivo que, partindo das teorias e leis, na maioria das vezes, prediz a ocorrência dos fenômenos particulares. Quanto às técnicas de pesquisa, utilizou-se a documentação indireta que se subdivide em: pesquisa documental, efetuada diretamente nos documentos (leis, sentenças, decretos, etc.) que podem ser encontrados em arquivos (públicos ou particulares), bibliotecas, etc; e pesquisa bibliográfica, realizada em livros, artigos e outros meios de informação em periódicos (revistas, boletins, jornais) que tratam do tema em questão. O trabalho está estruturado em três capítulos para facilitar a organização do conteúdo e a compreensão do leitor. No primeiro capítulo procurase conceituar a previdência social; também se realiza um histórico acerca desse instituto, abordando seu surgimento em termos mundiais e no Brasil. Procura-se relatar a evolução do instituto da Previdência Social no Brasil, apontando as

11 principais modificações que ocorreram em termos de legislação, desde seu surgimento, com a Lei Eloy Chaves, até as atuais modificações. No segundo capítulo são abordados os princípios constitucionais da Seguridade, Assistência e Previdência Social. Esses princípios constituem o fundamento e distinguem entre si cada uma dessas políticas públicas que formam o Direito Previdenciário. Todas as regras ordinárias relacionadas ao tema necessitam estar pautadas nesses princípios, sob pena de se tornarem sem eficácia, o que justifica seu estudo. O terceiro capítulo constitui a parte central desse estudo, uma vez que trata especificamente dos critérios de concessão de aposentadoria por idade. Inicialmente, realiza-se uma breve revisão acerca das principais leis que regem a aposentadoria por idade desde seu surgimento até a data atual, considerando-se as modificações decorrentes da Lei nº 10.666/03. Além disso, é efetuada uma análise de alguns aspectos do Estatuto do Idoso, da proteção à velhice e da política pública de amparo social. Então, passa-se para a apresentação propriamente dita do benefício da aposentadoria por idade, esclarecendo-se os seguintes aspectos: início do recebimento do benefício; valor do benefício e forma de cálculo; e período de carência. Por fim, encerra-se o capítulo tratando rapidamente do direito adquirido.

12 1 O INSTITUTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL E SUA FORMAÇÃO 1.1 Conceito de previdência social A Previdência Social constitui um tema amplamente discutido, visto que já foram efetuadas diversas reformas no sentido de assegurar a proteção social à população, dentro das possibilidades financeiras dos órgãos governamentais competentes, que necessitam ter sua arrecadação para cumprir seus objetivos. Entretanto, mesmo com essas reformas permanece a insatisfação geral por parte dos segurados em relação ao beneficio recebido, bem como a falta de equilíbrio entre os gastos com beneficiários e a arrecadação do governo. O conceito de previdência social compreende programas de seguros sociais, dentre eles: pensões, aposentadorias, pecúlio por morte, invalidez, auxílio pecuniário por acidentes do trabalho, assistência médico-hospitalar, enfermidades profissionais, doenças comuns, e auxílio-maternidade. Compreende, do mesmo modo, programas de assistência familiar que se referem essencialmente aos subsídios às famílias desamparadas, além dos programas de assistência social que restituem as pensões não contributivas e a assistência médico-hospitalar a pessoas desamparadas. A proteção social, nos dias atuais, alcança desenvolvimento além do que seria previsível. Foram adotadas sucessivas fórmulas de proteção em textos legais, expandindo o alcance e a abrangência do amparo destinado ao homem, quando atingido pelo infortúnio. Tal desenvolvimento, que não era sequer pensado no passado, encontra suas raízes em épocas bastante remotas sediadas na mente humana e inspirando a evolução no direito (COIMBRA, 1998, p. 1). Nesse ínterim surge a Previdência Social, que é um seguro social com a finalidade de substituir a renda do trabalhador contribuinte filiado à Previdência Social quando ele não tem mais condições para o trabalho, seja em função da idade, seja por motivo de doença, acidente, desemprego, morte, ou até pela maternidade ou reclusão. Seu desígnio está relacionado à garantia de proteção social, ensejando pecúlios ou rendas mensais, cujo objetivo é a manutenção da vida humana, com condições dignas de sobrevivência (CASTRO, 2002, p. 61).

13 seguinte maneira: A Previdência Social é conceituada por Castro (2002, p. 61) da Previdência Social é o sistema pelo qual, mediante contribuição, as pessoas vinculadas a algum tipo de atividade laborativa e seus dependentes ficam resguardados quanto a eventos de infortunística (morte, invalidez, idade avançada, doença, acidente de trabalho, desemprego involuntário), ou outros que a lei considera que exigem um amparo financeiro ao indivíduo (maternidade, prole, reclusão), mediante prestações pecuniárias (benefícios previdenciários) ou serviços. Desde a inserção das normas relativas ao acidente de trabalho na CLPS/84, e mais atualmente, com a isonomia de tratamento dos beneficiários por incapacidade não decorrente de acidente em serviço ou doença ocupacional, entende-se incorporada à Previdência a questão acidentária. É, pois, uma política governamental. Com a finalidade de melhor determinar o instituto da Previdência Social, é importante adicionar as considerações de certos juristas. Um desses é Oliveira (apud MARTINEZ, 2003, p. 98), o qual afirma que a Previdência Social é uma organização desenvolvida pelo Estado, indicada para cobrir as necessidades vitais de todos os que desempenham atividade laborativa, bem como de seus dependentes e, em certos casos, de toda a população, nos fatos previsíveis de suas vidas. A Previdência Social é administrada, em maior ou menor escala, pelo próprio Estado, pelos segurados e pelas empresas, constituindo-se como um sistema de seguro obrigatório. Outro jurista, Martins (apud MARTINEZ, 2003, p. 98), adiciona conceitos característicos às visões mais genéricas. Para ele a Previdência Social representa um meio competente, empregado pelo Estado moderno, para realizar a redistribuição da riqueza nacional, visando alcançar o bem-estar do indivíduo e da coletividade. Na visão da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Previdência Social é uma forma de proteção que a sociedade disponibiliza a seus membros, por meio de medidas públicas contra as privações econômicas e sociais. Essas privações derivam da diminuição ou do desaparecimento da capacidade de subsistência da pessoa em decorrência do aparecimento de alguma enfermidade, da maternidade, de acidente de trabalho ou enfermidade profissional, desemprego, invalidez, velhice e ainda a proteção através de assistência médica e auxílio às famílias com filhos (MARTINEZ, 2003, p. 99).

14 Martinez (2001, p. 29) afirma ainda, no que tange ao aspecto conceitual, que a Previdência Social possui uma importância fundamental para a sociedade e para cada pessoa individual e, em virtude de sua importância, desperta o interesse dos estudiosos dessa área. A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, também denominada de Plano de Benefícios, determina que o objetivo da Previdência Social, conforme aponta Paixão (1999), é assegurar, por intermédio de contribuição, aos seus beneficiários, os meios necessários para manutenção daqueles de quem dependiam economicamente, devido ao estado de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte. De acordo com Martinez (2001, p. 29), o sistema previdenciário é uma conquista essencial para o século XX. Todavia, é necessário ajustar os desvios conceituais, completar os mecanismos operacionais, apropriando o sistema à realidade econômica e social dos países, para que a conquista se torne completa. Sendo assim, a Previdência Social é um programa de grande responsabilidade do Estado, visto que, além de ser uma maneira de distribuição de renda, constitui também a melhor maneira de assegurar algum bem-estar aos cidadãos no contexto de regime político e econômico em que a pessoa cede espaço a sua aptidão produtiva e revela-se o trabalhador ativo em prejuízo do inativo, num mundo onde o idoso perde o respeito que levou anos para construir. Para finalizar, pode-se destacar a legitimidade do sistema previdenciário, uma vez que o Estado foi instituído justamente para garantir a proteção e o bem-estar da população. Portanto, quando o indivíduo não mais possui a capacidade de contribuir, com seu trabalho, para o desenvolvimento econômico e social da nação, cabe ao Estado resguardar a vida dessa pessoa que, durante vários anos, contribuiu para o sistema previdenciário, quando esta, por si só, não mais tem condições de lutar por condições mínimas de sobrevivência.

15 1.2 O surgimento da Previdência Social no mundo ocidental Ao analisar o surgimento da Previdência Social no mundo, pode-se observar que o homem, como ser social, que necessita viver em comunidade e não é auto-suficiente para desenvolver-se integralmente isolado de todo o resto, sempre se preocupou com o bem-estar de seu semelhante. Desde os primórdios da civilização já existia a preocupação, por parte da comunidade, com os necessitados, deficientes e idosos. Desde as civilizações ancestrais, já existia a preocupação do homem com o conforto de seu semelhante. A figura do pater familis, na família romana, tinha o comprometimento de oferecer assistência às pessoas que formavam essa família (servos e clientes). Em Roma, segundo Coimbra (1991, p. 18), existem registros a respeito da existência de associações que sobreviviam de contribuições de seus membros e que tinham como desígnio a prestação de auxílio aos membros mais necessitados. Em relação a essa preocupação assistencial com o outro, Coimbra (1998, p. 1) ainda acrescenta: [...] desde épocas recuadas, apareceram, malgrado simples esboços, medidas de assistência e de previdência social, tal como ora as denominamos. E, se é verdade que essas medidas, como então instituídas, não logravam fazer prever a adoção do que hoje se rotula de seguridade social, como noção global de proteção ao economicamente débil, não é difícil reconhecer nelas o princípio norteador da solidariedade social, propulsionando o intento de assegurar a esses destinatários a proteção contra certo risco, modo por que se perseguia então, embora de forma gradual e com certo custo, a segurança da vida em sociedade. Conforme Gonçales (1997, p. 21), o Estado, desde sua formação, sempre apresentou a atribuição e a obrigação de prestar assistência aos necessitados, como pode ser notado em nações como Egito, Grécia e Roma, e, mais modernamente, França. Da mesma maneira, a Previdência Social surgiu da manifestação de grupos sociais que tinham, primeiramente, uma preocupação com a assistência aos necessitados, cujos integrantes contribuíram com certa quantidade de recursos para distribuição aos associados.

16 Durante a Idade Média, os artesãos formaram corporações para a realização do trabalho artesanal, as quais apresentavam um esboço da noção de seguro social. Porém, tais formas de proteção ao trabalhador jamais lograram moldar um sistema apoiado na solidariedade, endereçado a toda uma classe ou categoria da população, nem mesmo a uma profissão. Além disso, a assistência pública e a beneficência privada não se faziam sob o pressuposto de um dever social (COIMBRA, 1998, p. 4). Castro (2002, p. 30) assegura que a preocupação efetiva com a proteção dos indivíduos no que concerne a seus infortúnios nem sempre existiu. Apenas a partir do final do século XIX a questão se tornou fundamental dentro da ordem jurídica dos Estados. Os novos fatos sociais e econômicos, que perpassaram a história, indicaram que não é satisfatório dar a cada um o que é seu para que a sociedade seja justa. De fato, em determinados casos é fundamental dar a cada um o que não é seu para redimir a grande injustiça social. Têm-se registros das primeiras idéias da criação de um Direito Previdenciário na Alemanha no século XIX. Até aquela data, as normas existentes eram desvinculadas de um sistema. O responsável por desenvolver um direito de previdência social foi Bismarck, que, em 17 de novembro de 1881, apresentou seu projeto de seguro operário. Através desse projeto, diferentes leis surgiram na Alemanha para regulamentar casos de necessidades, tais como enfermidades, acidentes do trabalho, invalidez (GONÇALES, 1997, p. 21). Na legislação alemã dispensava-se o obreiro da obrigação de provar a culpa do patrão, para receber a reparação dos danos resultantes dos eventos de acidentes de trabalho. Coimbra (1998, p. 11), sustenta que a medida foi aceita pelas nações cultas, embora assumindo três diversas feições: a autoritária e obrigatória na Alemanha, na Áustria e em outros países; a de inteira liberdade, sem intervenção estatal, na Inglaterra e nos Estados Unidos; e a corrente intermediária na lei francesa. Posteriormente, diversas nações também trataram de estabelecer leis no sentido de garantir a assistência social. Foi o que ocorreu na França, por exemplo, que em 1898 consentiu a lei de acidentes do trabalho, e na Inglaterra, que em 1907 regulamentou a proteção à velhice e acidentes do trabalho. Em 1919 criou-se o Tratado de Versalhes; as nações que o subscreveram

17 enfatizaram a necessidade do seguro social obrigatório. Já em 1927 a OIT realizou uma convenção em que aprovou a necessidade de assegurar às vítimas de acidentes de trabalho uma indenização. Cabe também, de acordo com o entendimento de Gonçalves (2001, p. 22), enfatizar o México, país que se estabeleceu como o pioneiro na inclusão do seguro social em uma Constituição, no ano de 1917. Não obstante, o verdadeiro período de adoção total da noção de previdência social iniciou-se a partir das políticas dos Estados Unidos, depois da crise de 1929. O então presidente dos Estados Unidos, preocupado com o desemprego crescente, implementou a política do New Deal 1, da qual decorre a doutrina do Estado de Bem-Estar Social ou do Estado-Previdenciário (Welfare State) 2. Essa política visava garantir ao trabalhador novos empregos, uma rede de previdência e saúde públicas, entre outros direitos. Por fim, no ano de 1948, também a Declaração Universal dos Direitos do Homem determinou que a proteção previdenciária é direito essencial do homem (CASTRO, 2002, p. 34) A partir dessas considerações, pode-se inferir que a vivência em sociedade exigia o estabelecimento de normas que garantissem a assistência à saúde e previdência aos trabalhadores, a seus dependentes e aos desempregados. 1.3 Evolução do Direito Previdenciário no Brasil Da mesma forma que sucedeu em outros países, também no Brasil emergiu a necessidade de desenvolver normas e leis relacionadas à proteção de determinados segmentos populacionais. O primeiro texto em termos de Previdência Social foi expedido no ano de 1821, pelo ainda príncipe regente Dom Pedro de Alcântara, quando concedeu aposentadoria aos mestres e professores depois de trinta anos de serviço, e assegurou um abono de ¼ (um quarto) dos ganhos para que continuassem em atividade. 1 Plano socialista moderado de reforma econômico-financeira, instituído pelo presidente F. D. Roosevelt, para enfrentar a débâcle originada em 1929, e caracterizado por tímida ingerência do poder público na atividade econômica privada (SIDOU, 2001, p. 575). 2 De acordo com Castro (2004), Welfare State, isto é, Estado de bem-estar, foi uma conquista política e não social que caminhou em conjunto com o neoliberalismo, durou apenas 30 anos e atendeu somente aos países mais ricos e com estrutura social desenvolvida.

18 De acordo com Coimbra (1998, p. 32), nos primeiros tempos prevaleceu no Brasil a idéia de beneficência, inspirada pela caridade, tendo como exemplo a fundação da Santa Casa da Misericórdia, pelo Padre José de Anchieta, no século XVI. No século XVII, surgiram as Irmandades de Ordens Terceiras, que apresentavam molde diverso, uma vez que se configuravam a partir da idéia de mutualidade. No que tange ao seguro social, antes do século XX, pouco se cogitou acerca desse tema. Nesse sentido, Gonçales (1997, p. 22), observa que, no período do Império, com base na Constituição de 1824, a Previdência Social foi concebida como um regime de mutualidade. O artigo 179 da mencionada Constituição, que trata da inviolabilidade dos direitos civis e políticos dos cidadãos brasileiros, determina, em seu inciso XXXI, que a Constituição também garante os socorros públicos. Dessa maneira, a mutualidade é demonstrada pelo regime de cooperação seguido em determinadas espécies de sociedades, em que os próprios sócios são aqueles que se inscrevem para receber os benefícios da sociedade. Já na Constituição de 1891 constata-se o distanciamento do regime do mutualismo. E em 15 de novembro de 1850 é agregado o Regulamento nº 737, o qual inflige aos empregados acidentados no trabalho garantia de salários por até três meses após o acidente (GONÇALES, 1997, p. 22). Conforme Coimbra (1998, p. 33), no fim do império outras medidas legislativas começaram a ser tomadas para proporcionar aos empregados públicos certas formas de proteção, como a Lei nº 3.397, de 24 de novembro de 1888, que criou um Caixa de Socorros em cada uma das estradas de ferro do Estado. No ano de 1923 foi criado no Brasil o Instituto da Previdência Social, por intermédio do Decreto-lei nº 4.682, de 24 de janeiro, também denominada de Lei Eloy Chaves, em homenagem ao autor do projeto. Essa lei originou a Caixa de Aposentadoria e Pensão para os empregados de empresas ferroviárias. Para eles eram previstos os seguintes benefícios: assistência médica, aposentadoria por tempo de serviço e idade avançada, por invalidez após dez anos de serviço e pensão para os dependentes (COIMBRA, 1998, p. 34).

19 Portanto, tem-se como marco inicial da Previdência Social no Brasil, em termos de legislação nacional, a publicação do Decreto Legislativo n. 4.682, de 24 de janeiro de 1923. O referido decreto foi responsável pela criação das Caixas de Aposentadoria e Pensões nas empresas de estradas de ferro existentes, mediante contribuições dos trabalhadores, das empresas do ramo e do Estado. De início, a lei se estendia somente aos ferroviários, entretanto, depois de três anos de vigência, seus benefícios foram ampliados a trabalhadores de empresas portuárias e marítimas (CASTRO, 2002, p. 46). A Lei Eloy Chaves garantiu aos trabalhadores o benefício da aposentadoria, bem como o recebimento de pensão por parte dos dependentes do segurando em caso de morte deste, além de assistência médica e diminuição do custo de medicamentos. Todavia, o regime das caixas era pouco abrangente, e sendo estabelecido por cada empresa, o número de contribuições foi, muitas vezes, insuficiente (CASTRO, 2002, p. 46). Foi criado em 26 de novembro de 1930, pelo Decreto nº 19.433, o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, o qual tinha como desígnio orientar e supervisionar a Previdência Social, sendo órgão de recurso das decisões das Caixas de Aposentadorias e Pensões. Ainda nesse mesmo ano, em 20 de dezembro, a Lei nº 5.109 estendeu o regime de amparo da Lei Eloy Chaves aos empregados de empresas de navegação marítima e fluvial, bem como aos portuários (COIMBRA, 1998, p. 34). Através do Decreto nº 19.497, de 17 de dezembro de 1930, incluiu-se no sistema de seguridade social os empregados dos serviços de luz, força e bondes, para os quais foi empregada a Caixa das Aposentadorias e Pensões. Dessa forma, observa-se que, depois do surgimento da Lei Eloy Chaves, outros Caixas em empresas de diversos ramos da atividade econômica foram criados. Contudo, como destaca Castro (2002, p 46-47), no ano de 1930 aconteceu a primeira crise do sistema previdenciário nacional, devido a inúmeras fraudes e denúncias de corrupção. O governo de Getúlio Vargas suspendeu por seis meses o consentimento de qualquer aposentadoria. Com isso, a estrutura do sistema previdenciário foi sendo agrupada por categoria profissional, dando origem aos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAP), dos Marítimos, dos Comerciários, dos Bancários e dos Empregados em Transportes de Carga.

20 Com o Decreto n 20.465, de 1º de outubro de 1931, o regime da Lei Eloy Chaves foi estendido aos empregados dos outros serviços públicos. Esse decreto firmou ainda a legislação referente às Caixas de Aposentadorias e Pensões. No ano de 1932, os trabalhadores das empresas de mineração também passaram a ser englobados no Regime da Lei Eloy Chaves (CASTRO, 2002, p. 47). Em 1933 foi elaborado o Decreto n 22.872, de 29 de junho, estabelecendo o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM). Segundo Castro (2002, p. 47), esse instituto é considerado a primeira instituição brasileira de previdência social de âmbito nacional, com base na atividade econômica da empresa. Depois desse Instituto seguiu-se a criação, em 1934, do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários (IAPC) e do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários (IAPB). No ano de 1936, foi criado o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI) e, em 1938, o Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado (IPASE) e o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas (IAPETC). O ano de 1934 foi assinalado por diversas transformações referentes à Previdência Social brasileira. Na Constituição de 1934, foi determinado que a Previdência Social seria custeada pela União, empregados e empregadores. A finalidade consistia em dar amparo nos casos de velhice, invalidez, maternidade, acidentes de trabalho e morte. O artigo 121 da referida Constituição, em seu parágrafo primeiro, alínea h, determinava que a legislação do trabalho deveria garantir assistência médica e sanitária ao trabalhador e à gestante, assegurando a esta descanso, antes e depois do parto, sem prejuízo do salário e do emprego, e instituição de previdência, mediante contribuição igual da União, do empregador e do empregado, em favor da velhice, da invalidez, da maternidade e nos casos de acidentes do trabalho ou de morte. A Portaria nº 32 do Conselho Nacional do Trabalho instituiu, em 19 de maio de 1934, a Caixa de Aposentadorias e Pensões dos Aeroviários, e os trabalhadores das empresas de transporte aéreo foram incluídos na Lei Eloy Chaves. Além disso, nesse mesmo ano deu-se a criação do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários e a Caixa de Aposentadorias e

21 Pensões dos Trabalhadores de Trapiches e Armazéns. Houve também a criação da Caixa de Aposentadorias e Pensões dos Operários Estivadores e o Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Bancários. O Decreto nº 24.637, de 10 de julho, alterou a legislação de acidentes do trabalho (GONÇALES, 1997, p. 23). Na Constituição de 1937, segundo Gonçales (1997, p. 23), pode-se constatar uma regressão em termos de Previdência Social. Essa regressão se deve ao fato de que determinadas conquistas conseguidas anteriormente, que representavam conquistas dos trabalhadores, nela não foram implantadas. Para Castro (2002, p. 47), uma das únicas particularidades que pode ser identificada nesta constituição é o emprego da expressão seguro social. No ano de 1938, por meio do Decreto-Lei nº 288, de 23 de fevereiro, surgiu o Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores Públicos do Estado. No mesmo ano, a Caixa de Aposentadorias e Pensões dos Trabalhadores de Trapiches e Armazéns, criado pelo Decreto nº 24.272/1934, transformou-se em Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Empregados de Transportes e Cargas pelo Decreto-Lei nº 651(MPAS, 2004). No ano seguinte, o Decreto-Lei n 1.142, de 9 de março de 1939, determinou restrição ao princípio da vinculação pela categoria profissional, baseando-se na atividade genérica da empresa, além de permitir aos condutores de veículos a filiação ao Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas. Elaborou-se o Decreto-Lei n 1.469, de 1º de agosto de 1939, originando o Serviço Central de Alimentação do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (MPAS, 2004). De acordo com Castro (2002, p. 47), foi regulamentada também a aposentadoria dos funcionários públicos em 1939. As normas vieram acompanhadas de uma tendência que remonta ao período imperial, conforme a qual a extensão de benefícios, no Brasil, parte sempre de uma categoria para a coletividade. Desse modo, os benefícios iniciam-se no serviço público para depois se estenderem aos trabalhadores da iniciativa privada. No ano de 1940, o Decreto-Lei n 2.122, de 9 de abril, foi responsável por assegurar aos comerciantes um regime misto de filiação ao sistema previdenciário. Assim, o titular de firma individual, o interessado e o sócio-quotista

22 que possuíam até 30 contos de réis de capital eram segurados obrigatórios; acima desse valor a filiação era facultativa. Também nesse ano foi criado o Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS), que acabou absorvendo o Serviço Central de Alimentação do IAPI, por intercessão do Decreto-Lei n 2.478 (MPAS, 2004). Outras medidas de cunho assistencial foram estabelecidas a fim de proporcionar aos trabalhadores variada forma de serviços dessa natureza: em 19 de abril de 1941 foi instituído o abono em benefício das famílias de prole numerosa; pelo Decreto nº 4.890, de 15 de outubro de 1942, teve origem a Legião Brasileira de Assistência (LBA); em 22 de janeiro de 1942 o Decreto nº 4.048 organizava o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI); em 10 de janeiro de 1946, pelo Decreto nº 8.261, o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC); o Decreto nº 9.043, de 25 de junho de 1946, instituiu o Serviço Social da Indústria (SESI), e o Decreto nº 9.853, de 13 de novembro de 1946, o Serviço Social do Comércio (SESC) (COIMBRA, 1998, p. 34-35). Voltando ao ano de 1944, cabe destacar, em termos de Previdência Social, a Portaria n 58, de 22 de setembro, que estabeleceu o Serviço de Assistência Domiciliar e de Urgência (SAMDU). O Decreto-Lei n 7.036, de 10 de novembro de 1944, reparou a legislação a respeito do seguro de acidentes do trabalho (MPS, 2004). Em 7 de maio de 1945, o Decreto n 7.526 dispôs acerca da criação do Instituto de Serviços Sociais do Brasil. Com isso, teve início a criação de um verdadeiro sistema de previdência social, buscando uniformizar as normas relacionadas aos benefícios e serviços devidos a cada Instituto de classe. Todavia, tal diploma não chegou a ser verdadeiramente posto em prática, em virtude da ausência de regulamentação, que deveria ter constituído a organização e o funcionamento do que seria o Instituto dos Serviços Sociais do Brasil, instituição essa que nunca chegou a existir (CASTRO, 2002, p. 47-48). Ainda durante o ano de 1945, a criação do Decreto-Lei n 7.720, de 9 de julho, foi responsável por congregar o instituto da Estiva ao Instituto dos Empregados em Transportes e Cargas. Também foi elaborado o Decreto-Lei n 7.835, de 6 de agosto de 1945, o qual determinou que as aposentadorias e

23 pensões não poderiam ser inferiores a 70% e 35% do salário mínimo, respectivamente (MPAS, 2004). A primeira tentativa de sistematização constitucional de normas de âmbito social foi feita através da Constituição Federal de 1946. Essa Constituição presumia normas relacionadas à previdência no capítulo que versa sobre Direitos sociais, tornando obrigatório, a partir de então, o empregador a manter seguro contra acidentes de trabalho. Na referida Constituição, no artigo 157, pela primeira vez é empregada a expressão Previdência Social (GONÇALES, 1997, p. 23). Em 19 de janeiro desse mesmo ano, o Decreto-Lei n 8.738 criou o Conselho Superior da Previdência Social. Além disso, o Decreto-Lei n 8.742, de 19 de janeiro, estabeleceu o Departamento Nacional de Previdência Social, e o Decreto-Lei n 8.769, de 21 de janeiro, divulgou normas que objetivavam facilitar a obtenção dos fins por parte do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários. A regulamentação da Lei n 593, de 24 de dezembro de 1948, relativa à aposentadoria ordinária por tempo de serviço, ocorreu em 14 de junho de 1949, pelo Decreto n 26.778. Também por meio desse decreto o Poder Executivo baixou o Regulamento Geral das Caixas de Aposentadorias e Pensões, uniformizando, com isso, a permissão de benefícios, uma vez que, até aquela data, cada Caixa possuía suas próprias regras (CASTRO, 2002, p. 48). O Decreto n 35.448, de 1º de maio de 1950, expediu o Regulamento Geral dos Institutos de Aposentadoria e Pensões. Em seguida, em 1º de maio de 1953, o Decreto n 32.667, regulamentou o novo Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários, tornando facultativa a filiação ao sistema previdenciário dos profissionais liberais. Ficou por conta do Decreto n 34.586, de 12 de novembro de 1953, a criação do Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários e Empregados em Serviços Públicos (MPAS, 2004). A legislação previdenciária deu um passo substancial no ano de 1960, com a criação do Ministério do Trabalho e Previdência Social e a aprovação da Lei n 3.807, a Lei Orgânica de Previdência Social (LOPS). No que se refere a essa Lei, Castro (2002, p. 48) salienta que esse diploma não associou os

24 organismos existentes, mas criou normas uniformes para o amparo a segurados e dependentes dos diversos Institutos existentes, tendo sido efetivamente colocado em prática. Por meio da LOPS estabeleceu-se um único plano de benefícios, colocando fim à desigualdade de tratamento entre os segurados das entidades previdenciárias e seus dependentes. No entanto, continuavam afastados da Previdência os trabalhadores rurais e os domésticos. A inclusão do trabalhador rural na Previdência Social deu-se com a Lei n 4.214, de 2 de março de 1963, a qual criou o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL). E o Regimento Único dos Institutos de Aposentadoria e Pensões foi confirmado pela Resolução n 1.500, de 27 de dezembro de 1963, do Departamento Nacional de Previdência Social (MPAS, 2004). Além disso, de acordo com Castro (2002, p. 48), no mesmo ano a Lei nº 4.296, de 3 de outubro, criou o salário-família, benefício destinado aos segurados que tivessem filhos menores, visando à manutenção destes, e a Lei nº 4.281, de 8 de novembro, estabeleceu o abono anual. No ano subseqüente, o Decreto n 54.067, de 29 de julho de 1964, instituiu uma comissão interministerial com representação classista a fim de realizar a reformulação do sistema geral da previdência social. A partir disso, por meio da Emenda Constitucional nº 11, de 1965, foi determinada a regra de que benefícios previdenciários (prestações em dinheiro) não mais poderiam ser acrescentados, estendidos ou mencionados sem o expresso apontamento da respectiva fonte de custeio total (GONÇALES, 1997, p. 23). Com base no disposto até aqui, pode-se verificar as constantes mudanças no regime jurídico nacional relacionado à previdência, sempre procurando adequar as leis às necessidades da população e ao surgimento de novas situações que exigem a criação de novas regulamentações. 1.4 A criação do INPS e os futuros progressos do regime da previdência Desde o surgimento do sistema de previdência social no Brasil, observa-se que cada classe de trabalhadores possuía um instituto específico, voltado para o atendimento de sua área. Entre esses diferentes institutos, alguns conseguiram manter-se em equilíbrio, outros apresentavam déficit, pois a

25 arrecadação não era suficiente para cobrir os gastos com benefícios para segurados e dependentes. A partir daí, percebeu-se a necessidade de agrupar em um único órgão todos os institutos de seguridade social, para que houvesse equilíbrio financeiro entre eles. De acordo com Coimbra (1998, p. 35-36), o ideal de uma previdência social unificada, que não se concretizou em 1945, tornou a ganhar espaço em 1966, sendo que em 21 de novembro do referido ano, o Decreto-Lei n 72 unificou as instituições previdenciárias, criando como organismo único, em seu lugar, o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Ao mesmo tempo, assegurou nova feição ao sistema jurisdicional da previdência social, constituindo-o de Juntas de Recursos da Previdência Social e Conselho de Recursos da Previdência Social. Além disso, o Decreto-Lei n 66, de 21 de novembro de 1966, mudou os dispositivos da Lei Orgânica da Previdência Social. Segundo Castro (2002, p. 49), a criação do INPS era uma providência que há muito vinha sendo reclamada pelos estudiosos da área, em decorrência dos problemas de déficit em diversos institutos classistas. Com a integração, um único órgão passou a comandar todas as operações relacionadas à seguridade social, independentemente da classe dos trabalhadores, em todo o País. Em 1967, com a nova Constituição Federal, foi constituída a criação do seguro-desemprego, que até aquele instante não existia, regulamentado com o nome de auxílio-desemprego (CASTRO, 2002, p. 49). Além do mais, conferiu-se o benefício da aposentadoria à mulher aos trinta anos de trabalho, com salário integral. De maneira geral, essa constituição manteve os princípios da Constituição de 1946, sendo conservada a regra do custeio (GONÇALES, 1997, p. 23). Também em 1967, o Seguro de Acidentes do Trabalho (SAT), foi agregado à Previdência Social por meio da Lei n 5.316. O novo Regulamento do Seguro de Acidentes do Trabalho foi aprovado pelo Decreto n 61.784, de 28 de novembro de 1967. Desse modo, o SAT, que até então era executado com instituições privadas, passou a ser concretizado somente através de contribuições vertidas ao Caixa Único do Regime Geral Previdenciário (CASTRO, 2002, p. 49).

26 No ano de 1969, diversos decretos foram constituídos, alterando determinados itens do sistema de seguridade social. O Decreto-Lei n 564, de 1 de maio de 1969, estendeu a Previdência Social ao trabalhador rural. O Decreto- Lei n 704, de 24 de julho daquele ano, aumentou o plano básico de Previdência Social Rural. A Lei Orgânica da Previdência Social foi modificada simultaneamente pelo Decreto-Lei n 710, de 28 de julho e o Decreto-Lei n 795, de 27 de agosto (MPS, 2004). No ano de 1970, a Lei Complementar nº 7, de 7 de setembro, estabeleceu o Programa de Integração Social (PIS), e a Lei Complementar nº 8, de 3 de dezembro, deu origem ao Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP). No ano posterior, em 25 de maio, elaborou-se a Lei Complementar n 11, a qual estabeleceu o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural (PRÓ-RURAL), substituindo o plano básico de Previdência Social Rural, garantindo decisivamente a seguridade da Previdência Social para o trabalhador rural. Em 1972, também os empregados domésticos passaram a ser beneficiados pela Previdência Social por intervenção da Lei n 5.859, de 11 de dezembro (MPS, 2004). Desta maneira, como argumenta Castro (2002, p. 49), o sistema previdenciário nacional passou a englobar dois grandes contingentes de indivíduos, a saber, os trabalhadores rurais e os empregados domésticos, pois estes, mesmo desempenhando atividade laboral, permaneciam à margem do sistema. Em termos de Previdência Social o ano de 1973 passou por três modificações. A Lei n 5.890, de 8 de junho, modificou a Lei Orgânica da Previdência Social. O Decreto n 72.771, de 6 de setembro, em substituição ao Regulamento Geral da Previdência Social, confirmou o Regulamento do Regime de Previdência Social. E a Lei n 5.939, de 19 de novembro, apresentou uma novidade, uma vez que estabeleceu o salário-de-benefício do jogador de futebol profissional (MPS, 2004). Por intermédio da Lei n 6.036, de 1 de maio de 1974, efetuou-se a criação do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), que acabou sendo desmembrado do Ministério do Trabalho e Previdência Social. De acordo

27 com Coimbra (1998, p. 36), Ao MPAS foram subordinadas as autarquias e órgãos atuantes na Previdência Social e na Assistência Social. O Decreto nº 74.254, de 4 de julho de 1974, determinou a estrutura básica do MPAS. Ainda no mesmo ano, diversas leis foram desenvolvidas para estruturar legalmente o Ministério da Previdência Social. Formou-se também, a Lei n 6.179, de 11 de dezembro de 1974, que estabeleceu o amparo previdenciário para os maiores de 70 anos ou inválidos, também designada de renda mensal vitalícia. No ano subseqüente, o Decreto n 75.208, de 10 de janeiro, estendeu os benefícios do PRÓ-RURAL aos garimpeiros (MPS, 2004). A Lei Complementar nº 26, de 11 de setembro de 1975, possibilitou a integração do Programa de Integração Social e do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público, instituindo, deste modo, o Fundo de Participação PIS/PASEP. Neste mesmo ano foram estabelecidos, pela Lei n 6.260, de 6 de novembro, benefícios e serviços previdenciários para os empregadores rurais e dependentes (MPS, 2004). Em 24 de janeiro de 1976, o Decreto n 77.077 proporcionou a Consolidação das Leis da Previdência Social. A Lei n 6.367, de 19 de outubro de 1976, tornou mais extensa a cobertura previdenciária de acidente do trabalho, a qual foi consentida pelo Decreto n 79.037, de 24 de dezembro (MPS, 2004). Em 1977, foi aprovada a Lei n 6.435, de 15 de julho, que regulou a possibilidade de criação de instituições de previdência complementar, matéria regulamentada pelos Decretos nº s 81.240 e 81.402, os dois de 1978, quanto às entidades de caráter fechado e aberto, simultaneamente. Com a Lei n 6.439, de 1 de setembro de 1977, foi criado o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS). Dele derivaram diversos institutos previdenciários, tais como: IAPAS, INAMPS, INPS, LBA, FUNABEM e DATAPREV (MPS, 2004). Coimbra (1998, p. 37) sustenta que todas essas instituições teriam como campo de ação as atividades de amparo social relacionadas aos beneficiários das instituições antes existentes INPS, FUNRURAL, IPASE abrangendo, dessa forma, as atividades urbanas e rurais, bem como os servidores da União, de modo que somente os servidores estaduais e municipais estariam excluídos dessa vinculação.

28 Conforme Castro (2002, p. 50), pode-se ressaltar, em relação à criação do SINPAS, uma certa confusão entre os conceitos de previdência social, assistência social e saúde pública. Com base nessa interpretação, ocorreu uma ampliação, e a previdência social passou a compreender também a assistência social. Novas modificações na legislação de Previdência Social foram executadas em 1980, por intervenção da Lei n 6.887, de 10 de dezembro. Em 1981 o Decreto nº 86.329 deu origem ao Conselho Consultivo da Administração de Saúde Previdenciária CONASP, no Ministério da Previdência e Assistência. Em 1988, realizou-se a elaboração da nova Constituição Federal, anunciada em 5 de outubro. Esta concebeu o seguro social com mais intensidade, criando as bases da Seguridade Social (com a inclusão da saúde e da assistência social). A Lei Maior inseriu a idéia de que as ações da comunidade e os serviços públicos de saúde precisam agregar um Sistema Único de Saúde Descentralizado SUDS (atualmente Sistema Único de Saúde SUS), custeado com recursos e orçamento da Seguridade Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (GONÇALES, 1997, p. 23). O ano de 1990 ficou caracterizado pela criação do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), por meio da fusão do IAPAS com o INPS, mediante o Decreto n 99.350, de 27 de junho. Castro (2002, p. 53) escreve que o INSS tornou-se responsável pelas funções de arrecadação, pagamento de benefícios e prestação de serviços. Essa instituição, até os dias atuais, é a entidade responsável tanto pela arrecadação, fiscalização, cobrança, aplicação de penalidades e regulamentação da parte de custeio do sistema de seguridade social, como pela concessão de benefícios e serviços aos segurados e seus dependentes. No ano de 1991 foram aprovadas a Lei n 8.212, de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre a organização da Seguridade Social e estabelece seu novo Plano de Custeio, e a Lei n 8.213, de 24 de julho de 1991, que estabelece medidas em relação aos Planos de Benefícios da Previdência Social, regulamentadas, simultaneamente, pelo Decreto n 356/91 e pelo Decreto nº 357/91. As duas leis ganharam nova redação pelo Decreto n 611, de 21 de julho