Aplicação do método NIOSH no abatedouro do IFMG campus Bambuí

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Transcrição:

Aplicação do método NIOSH no abatedouro do IFMG campus Bambuí Maria Silveira COSTA ¹; Vinícius Moreira LOPES ¹; Jorge Luiz Martins de MORAIS ¹; Davi Santos FIGUEIREDO ¹; Wemerton Luis EVANGELISTA ² ¹ Graduando(a) em Engenharia de Produção Instituto Federal de Minas Gerais campus Bambuí. ² Professor Orientador IFMG campus Bambuí RESUMO O setor de carnes pode ser considerado como um dos mais problemáticos no que diz respeito à segurança e saúde dos trabalhadores. Nos frigoríficos e abatedouros, em função da modalidade de atividades desenvolvidas, a propensão ao surgimento de DORT (Disturbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho)/LER (Lesões por Esforços Repetitivos) aumenta. Com isso, o estudo da ergonomia passa ser de grande interesse, principalmente o Método Niosh que é uma ferramenta da ergonomia desenvolvida a fim de avaliar a manipulação de cargas de trabalho. O objetivo deste estudo se pauta na aplicação da equação de NIOSH em três etapas do abate de suínos do abatedouro do IFMG campus Bambuí a fim de se comparar a carga manuseada pelo trabalhador e o limite de peso recomendado, levando em consideração que a atividade do abate no campus é uma tarefa esporádica. De acordo com os dados obtidos e com as reais cargas manuseadas de 50, 25, e 40 % do peso do suíno abatido (aproximadamente 100 kg), para as atividades: 1 - Retirada do suíno do tanque de escaldagem, 2 Arraste do suíno para a pendura e Atividade 3 Pendura do suíno no trilhamento aéreo, respectivamente, tem-se que todas as atividades analisadas excedem significativamente o limite de peso recomendado. No entanto, para que as atividades atendam as normas ergonômicas, recomenda-se a automação do sistema de abate, uma vez que a carga máxima é de 23 kg e que todas as atividades trabalham com cargas superiores a esta, não tendo resultados satisfatórios caso seja alterado as demais variáveis a não ser a carga. Palavras-chave: carga, atividade, recomendação INTRODUÇÃO A postura humana tem sido objeto de grande preocupação nas organizações e sistemas de trabalho, onde as posturas assumidas vêm ocasionando nas últimas décadas um aumento considerável de problemas musculoesqueléticos, e outras disfunções fisiológicas relacionadas ao trabalho (DUTRA, KUERTEN & NIEHUES, 2002). Os relatos relacionados às doenças ocupacionais em abatedouros e frigoríficos não são recentes, datam desde 1906. O setor de carnes pode ser considerado como um dos mais problemáticos no que diz respeito à segurança e saúde dos trabalhadores, quando se leva em

consideração desde o momento do abate até o de processamento (SINCLARI, 1906 apud SARDA & KIRTSCHIG, 2009). A manipulação e o levantamento de cargas são as principais causas de lombalgias. Estas podem aparecer por sobre-esforços ou como resultado de esforços repetitivos. Outros fatores como empurrar ou puxar cargas, as posturas inadequadas e forçadas ou as vibrações estão diretamente relacionados com o aparecimento deste distúrbio (AGNELLI, ROSA & PRADO, 2006). Com isso, o estudo da ergonomia passa ser de grande interesse, uma vez que se trata de um conjunto de ciências e tecnologias que procuram a adaptação confortável e produtiva entre o ser humano e seu trabalho, buscando adaptar as condições de trabalho às características do homem (EVANGELISTA, 2011). O Método Niosh é uma ferramenta da ergonomia desenvolvida pelo National Institute for Occupacional Safety and Health NIOSH em 1981 a fim de avaliar a manipulação de cargas de trabalho, mais especificadamente, identificar os riscos de lombalgias associados à carga física a que o trabalhador esta submetido e recomendar um limite de peso adequado para cada tarefa desenvolvida. Este método é baseado em uma equação, a qual trabalha com sete variáveis, são elas: carga, distância horizontal, distância vertical, deslocamento vertical, frequência, rotação lateral do tronco e pega. O objetivo deste estudo se pauta na aplicação da equação de NIOSH em três etapas do abate de suínos do abatedouro do IFMG campus Bambuí a fim de se comparar a carga manuseada pelo trabalhador e o limite de peso recomendado. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado no abatedouro do Instituto Federal de Minas Gerais campus Bambuí no setor de abate de suínos onde se avaliou três atividades: Atividade 1 Retirada do suíno do tanque de escaldagem; Atividade 2 Arraste do suíno para a pendura e Atividade 3 Pendura do suíno no trilhamento aéreo. O referido setor foi reconhecido por meio de visitas in loco, observações diretas e indiretas, além da aplicação de questionários aos colaboradores. Com a familiarização do ambiente e o conhecimento das atividades desenvolvidas, foram realizadas, com o auxilio de trena, balança, relógio e máquina fotográfica, as medidas físicas necessárias para a aplicação da Equação de Niosh, tais quais: carga, distância horizontal, distância vertical, deslocamento vertical, frequência, rotação lateral do tronco e pega. Coletados os dados se aplicou a Equação de Niosh (Equação 1) para cada atividade estudada. Obtidos os Limites de Peso Recomendado (LPR), realizou-se a comparação destes com as respectivas cargas manuseadas pelos colaboradores.

onde: V Semana de Ciência e Tecnologia do IFMG campus Bambuí - V Jornada Científica LPR = Cc x FDH x FAV x FDVP x FRLT x FFL x FQPC Equação 1 LPR= Limite de Peso Recomendado; Cc= Constante de carga de 23 kg; FDH= Fator distância horizontal do indivíduo = 25/H; FAV= Fator altura vertical da carga = 1-[0,003 x (Vc-75)]; FDVP= Fator distância vertical percorrida desde a origem até o destino = 0,82 + (4,5/Dc); FRLT= Fator rotação lateral do tronco = 1-(0,0032 x A); FFL= Fator frequência de levantamento da carga (vezes/minuto); FQPC= Fator qualidade da pega; H= Distância Horizontal; Vc= Altura vertical da carga; Dc= Distância vertical percorrida; A= Ângulo de rotação lateral do tronco. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Atividade 1, demonstrada nas Figuras 1a e 1b, consiste na retirada do suíno do tanque de escaldagem através de um sistema grade-alavanca que ao ser acionado manualmente eleva o animal até a mesa de depilagem. Esta etapa exige que o trabalhador realize uma força de aproximadamente metade do peso do suíno, ou seja 50%, em função da alavanca existente. Figura 1: a) Suíno imerso no tanque de escaldagem b) Retirada do suíno do tanque de escaldagem A Atividade 2, como mostra as Figuras 2a e 2b, consiste no arraste do animal da mesa de depilagem para uma mesa auxiliar para posterior pendura no trilhamento aéreo. Esta etapa necessita de dois colaboradores e também exige um grande esforço físico, porém de menor intensidade (25% do peso do suíno), de acordo com as informações obtidas no setor e em função apenas do arraste da carcaça sobre a bancada. Figura 2: a)posição de arraste do suíno b) Arraste do suíno para a pendura A Atividade 3 se caracteriza pela pendura do animal no trilhamento aéreo, onde o suíno é erguido manualmente pelos colaboradores até o trilho. Ganchos são colocados nas patas traseiras, e os colaboradores se posicionam um em cima da mesa e o outro em cima de um apoio elevado de

madeira para que assim levantem o animal até o alcance do trilhamento aéreo (Figuras 3a e 3b). Neste caso como são dois colaboradores e apenas a parte traseira do suíno é erguida de acordo com os colaboradores do setor o peso erguido por cada um gira em torno de 40% do peso do animal. Figura 3: a)preparação para pendura b) Pendura do suíno no trilhamento aéreo. A Tabela 1 mostra os dados obtidos, nas respectivas atividades analisadas. Tabela 1 Dados obtidos através das medições in loco Atividade 1 Atividade 2 Atividade 3 H (cm) 95 110 62 Vc (cm) 88 100 133 Dc (cm) 150 0 90 A ( ) 90 45 0 A Tabela 2 mostra os fatores e limites calculados, de acordo com os dados obtidos (Tabela 1) e com a equação de Niosh (Equação 1), respectivamente. Levando em consideração a constante de carga de 23 kg. Tabela 2 Fatores de Niosh e Limites de Peso Recomendados Atividade 1 Atividade 2 Atividade 3 FHD 0,26 0,23 0,40 FAV 0,961 0,925 0,826 FDVP 0,85 0,82 0,87 FRLT 0,712 0,856 1 FFL 1 1 1 FQPC 1 1 1 LPR (kg) 3,47 3,43 6,61 De acordo com os dados da tabela acima e com as reais cargas manuseadas de 50, 25, e 40 kg (considerando o peso médio do suíno de 100kg) para as atividades 1, 2, e 3, respectivamente, tem-se que todas as atividades analisadas excedem significativamente o limite de peso recomendado. Segundo Guimarães (2012), quando o peso real da carga excede o LPR calculado deve-se reconsiderar as variáveis medidas (H, Vc, Dc, A) e avaliar se é possível:

cintura; V Semana de Ciência e Tecnologia do IFMG campus Bambuí - V Jornada Científica - Reduzir a distância horizontal entre as mãos e a linha central do corpo; - Reduzir a distância vertical entre as mãos e o chão de forma a que se aproxime da altura da - Reduzir a distância vertical entre a origem e o destino da carga; - Alterar o layout de forma a minimizar as torções do corpo; - Aprimorar a maneira de segurar a carga; - Reduzir o numero de repetições por minuto e/ou a duração do carregamento; - Reduzir a carga, por meio da redução do peso ou utilização de meios mecânicos. CONCLUSÕES Para que as atividades atendam as normas ergonômicas, recomenda-se a automação do sistema de abate, uma vez que a carga máxima é de 23 kg e que todas as atividades trabalham com cargas superiores a esta, não tendo resultados satisfatórios caso seja alterado as demais variáveis a não ser a carga. Deve-se observar também que por se tratar de uma instituição de ensino a tarefa é realizada esporadicamente, desta forma o trabalhador não realiza cotidianamente a mesma. Para as atividades 2 e 3 a automação já existe, porém, por falta de manutenção e por zelo a segurança os colaboradores preferem trabalhar manualmente. Já na atividade 1, o trabalho sempre foi realizado manualmente, entretanto, a única solução seria mecanizar o sistema, visto que o esforço nesta tarefa é o maior. Mas como se trata de uma unidade a nível didático, com produção mínima, não se pode dizer se a automação da atividade 1 é financeiramente viável. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGNELLI, N; ROSA, B. N; PRADO, I. A. Análise ergonômica de um posto de trabalho mediante a aplicação da equação do NIOSH um estudo de caso. XIII SIMPEP. Bauru, SP, 06 a 08 de Novembro de 2006. DUTRA, A. R. A; KUERTEN, G. R; NIEHUES JR, E. Avaliação ergonômica da fabricação de baldes plásticos: aplicação do método Niosh nas atividades de levantamento de cargas. XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Curitiba, PR, 23 a 25 de outubro de 2002. EVANGELISTA, W. L. Análise ergonômica do trabalho em um frigorífico típico da industria suinícola do Brasil. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, MG, 2011. GUIMARÃES, L. B. M. Ergonomia do Produto. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2012. SARDA, S.E.; KIRTSCHIG, R.C.R. Tutela jurídica da saúde dos empregados de frigoríficos: considerações dos serviços públicos. Acta Fisiatr, v. 16, n. 2, p. 59-65, 2009.