Para onde vai a crise no Brasil?

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Transcrição:

Para onde vai a crise no Brasil? Wagner Pralon Mancuso - EACH-USP pralon@usp.br Universidade Federal de Rondônia 27/11/2015

1. A crise estoura. Logo após as eleições de 2014... Aspecto 1: a crise econômica...contrariando o discurso adotado naquele momento......o governo Dilma II opta por um ajuste abrupto e draconiano, que contradiz frontalmente a política adotada no governo Dilma I (Levy criticando Mantega)......e envolve corte de gastos diretos (inclusive no campo trabalhista-previdenciário), corte de benefícios tributários e aumento de tributos.

2. Faces mais visíveis da crise. - Aumento do desemprego http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2015-11/desemprego-alcanca-89-no-terceiro-trimestre-diz-ibge - Redução do PIB http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/11/1710146- governo-preve-queda-de-19-do-pib-em-2016.shtml 3. Outras consequências. - Insatisfação e alheamento parcial da base política e social, que se sente "traída", mas crê que as opções podem ser ainda piores (p.ex.: sindicatos, movimentos de moradia etc.). - Reação negativa do empresariado (p. ex.: desconfiança do empresariado, campanha contra a volta da CPMF).

4. Como sair da crise? - O governo parece não ter clareza sobre o caminho para retomar o desenvolvimento. Até mesmo entre os maiores aliados (inclusive Lula) há ambiguidade e "fogo amigo". - Outros partidos não têm projeto alternativo bem desenvolvido. As opções disponíveis têm elementos controvertidos e tendem a despertar forte oposição de interesses organizados. - Exemplo 1: "Uma ponte para o futuro", PMDB. http://pmdb.org.br/wp-content/uploads/2015/10/release- TEMER_A4-28.10.15-Online.pdf Inclui, entre outras coisas: (i) prevalência do negociado sobre o legislado, na legislação trabalhista. (ii) mudança do regime de exploração do pré-sal (volta ao modelo de concessões, em vez de partilha); (iii) reorientação da política comercial (mais ênfase em EUA e UE; menos ênfase em BRICs, Mercosul, relações sul-sul).

- Exemplo 2: Armínio Fraga http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,respostas-a-- altura-da-crise,1761085 http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/11/1706617- impeachment-pode-ser-forma-de-destravar-crise-diz-arminiofraga.shtml Inclui, entre outras coisas: (i) prevalência do negociado sobre o legislado, na legislação trabalhista; (ii) desvincular o piso da previdência do salário mínimo; (iii) idade mínima de 65 anos para aposentadoria, com pleno retorno ao fator previdenciário; (iv) rever a estabilidade de emprego no setor público; (v) orçamento base-zero.

5. Para onde vamos? - Retorno a uma política mais liberal, ou há chance de algum revival neodesenvolvimentista? - Qual será o impacto da crise econômica sobre as políticas e os avanços sociais da última década?

1. "Eles não nos representam..." Aspecto 2: a crise política Questionamento da representatividade dos políticos, a partir do confronto entre gastos com grandes eventos esportivos (Copa das Confederações, Copa do Mundo, Olimpíadas) com a baixa relação custo/qualidade de serviços públicos (por exemplo: transporte, saúde, educação).

2. Escândalos de corrupção. - Operação Lava Jato. Grandes empresários, altos executivos da Petrobrás e políticos de partidos cruciais da base aliada principalmente PT, PMDB e PP, mas também PTB e partidos de oposição, como PSDB e SD são acusados de conluio para desviar recursos públicos da estatal para enriquecimento próprio, bem como para financiamento de campanhas eleitorais, seja por meio de doações oficiais, seja por meio de "caixa 2". - Sensação difusa de que outros escândalos de corrupção (Zelotes-CARF, HSBC, transporte sobre trilhos em SP, mensalão tucano) não são investigados com a mesma celeridade e profundidade da "república de Curitiba", ou têm o foco desviado.

3. Resposta inicial do governo, em julho de 2013. Propor um plebiscito sobre 5 temas da reforma política: - Financiamento de campanha (público ou privado?) - Sistema eleitoral (proporcional ou distrital?) - Voto secreto (fim ou não?) - Coligações partidárias nas eleições proporcionais (sim ou não?) - Suplência de senador (sim ou não?)

4. Lei da reforma política Lei No. 13.165 de 29 de setembro de 2015. 4.1 Principais mudanças na Lei das Eleições Lei No. 9.504/1997: - Vedação de doações de pessoas jurídicas (STF proíbe, Dilma veta, Congresso mantém o veto). - Propaganda eleitoral mais tardia: passa de 05/07 para 15/08. - Mudança no prazo de filiação do candidato: prazo para filiação passa de 1 ano para 6 meses. - Impressão do voto (Congresso aprovou, Dilma vetou, Congresso derrubou o veto).

- Controvérsia na individualização dos doadores nos repasses de partidos para candidatos (Congresso aprovou a nãoindividualização, Dilma sancionou, STF barrou). - Redução do número de candidatos às eleições proporcionais que as coligações partidárias podem apresentar em estados e municípios maiores. - Colaboração entre TSE, RFB e MPE para coibir ilegalidades nas doações de pessoas físicas. - Divulgação pela internet das doações recebidas em dinheiro por partidos e candidatos, em até 72 horas depois do recebimento. - Maior visibilidade, na propaganda eleitoral, do nome dos candidatos a vice em eleições majoritárias, e a suplente de senador. - Participação assegurada em debates promovidos por emissoras de rádio e TV apenas para candidatos cujos partidos tenham mais de 9 deputados federais.

4.2 Principais mudanças na Lei dos Partidos Lei No. 9.096, 1995. - Janela para mudança de partido sem perda de mandato (30 dias antes do fim do prazo de filiação para concorrer à eleição). 4.3 Principais mudanças do Código Eleitoral Lei No. 4.737, 1965. - Exigência de votação nominal mínima de 10% do quociente eleitoral, para ser eleito pelo quociente partidário. - Limite de gastos, nos seguintes termos: Chefia do poder executivo: I - para o primeiro turno: a) 70% do maior gasto declarado para o mesmo cargo, na eleição anterior, na circunscrição eleitoral em que houve apenas um turno; b) 50% do maior gasto declarado para o cargo, na eleição anterior, na circunscrição eleitoral em que houve dois turnos; II - para o segundo turno das eleições, o limite de gastos será de 30% do valor previsto no inciso I. Nos Municípios de até dez mil eleitores, o limite de gastos será de R$ 100.000,00 para Prefeito e de R$ 10.000,00 para Vereador, ou o estabelecido no inciso I, se o valor for maior. Legislativo: 70% do maior gasto contratado na circunscrição para o respectivo cargo na eleição imediatamente anterior à publicação desta Lei.

5. Para onde vamos? Ênfase na questão do financiamento eleitoral. - Aumento do caixa 2? - Cartelização? Da dependência em relação ao grande empresariado para a dependência em relação ao estado. Obs: matéria do UOL em 27/10/15 informa que o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), relator do orçamento de 2016, propôs um corte de R$ 10 bi no Bolsa Família, ao mesmo tempo em que propôs que os recursos do Fundo Partidário fossem triplicados. - Volta ao "partido de massa", com clientelas bem definidas? Campanhas de doações de pessoas físicas (dinheiro ou trabalho voluntário), retorno à militância, reforço do perfil ideológico e da ligação com grupos de interesses.