AVALIAÇÃO MULTICRITÉRIO DE MATERIAL DE EMPREGO MILITAR

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Transcrição:

AVALIAÇÃO MULTICRITÉRIO DE MATERIAL DE EMPREGO MILITAR Aderson Campos Passos Indústria de Material Bélico do Brasil Fábrica da Estrela, Praça Mal. Ângelo Mendes de Moraes S/N, Vila Inhomirim, Magé RJ, CEP: 25935-000, adersoncp@bol.com.br Luiz Flávio Autran Monteiro Gomes Faculdades Ibmec, Av. Rio Branco n o 108, 5 o andar, Centro, Rio de Janeiro RJ, CEP:20040-001, autran@ibmecrj.br Resumo: Este trabalho compara dois métodos analíticos de apoio multicritério à tomada de decisão para escolha de material de emprego militar, dentro do âmbito do CAEx Centro de Avaliações do Exército, uma unidade do Exército Brasileiro. No processo decisório em questão foi utilizado o Método de Análise Hierárquica AHP. O outro método utilizado foi o TODIM (Tomada de Decisão Interativa Multicritério) que traz em sua estrutura diferentes características, sendo a principal a inclusão da Teoria da Perspectiva, e por isso permite levar em conta o risco na modelagem dos problemas. Embora os métodos se baseiem em diferentes paradigmas, o resultado dos estudos mostrou que ambos os métodos podem ser aplicados em avaliações militares de mesma natureza. Palavras-chave: TODIM, AHP, Teoria da Perspectiva. Abstract: This paper compares the use of two multicriteria decision analytical methods used for military material selection. In the decision analysis the Analytic Hierarchy Process AHP was used first in order to rank the alternatives in the presence of multiple criteria. This work was done in CAEx Army Evaluation Center, a unit of the Brazilian Army. The other decision analysis method employed was TODIM, which is based on Prospect Theory, thus allowing to take risks into account in the modeling stage. Although the two multicriteria methods rely on different decision paradigms, this application study showed that results were quite similar to justify the use of either method in the practice of similar military decision making processes. Keywords: TODIM, AHP, Prospect Theory. 1. Introdução Este trabalho compara dois métodos analíticos de apoio multicritério à tomada de decisão para escolha de material de emprego militar, dentro do âmbito do CAEx Centro de Avaliações do Exército, uma unidade do Exército Brasileiro. No processo decisório em questão foi utilizado o Método de Análise Hierárquica AHP. O outro método utilizado foi o TODIM (Tomada de Decisão Interativa Multicritério) que traz em sua estrutura diferentes características, sendo a principal a inclusão da Teoria da Perspectiva, e por isso permite levar em conta o risco na modelagem dos problemas. Embora os métodos se baseiem em diferentes paradigmas, o resultado dos estudos mostrou que ambos os métodos podem ser aplicados em avaliações militares de mesma natureza. As informações para o modelo foram fornecidas pelo CAEx e vieram da avaliação do material de emprego militar, que foi feita utilizando o AHP. Baseando-se nos dados obtidos para o AHP foi montado um modelo baseado no TODIM. Em seguida, os resultados foram comparados e estudados com o objetivo de analisar características dos dois métodos. 1

2. O Método de Análise Hierárquica [1] O método foi desenvolvido na década de setenta pelo pesquisador americano Thomas Saaty e possui esse nome devido às suas características de estruturação onde os critérios são agrupados segundo uma hierarquia [2]. Assim como o TODIM, o MAH também possui características próprias para análise de critérios subjetivos junto a critérios quantitativos. Dessa forma, torna-se um método adequado para esse trabalho de avaliação. A principal característica do MAH é, de fato, a estruturação dos seus critérios condicionantes sob a forma de uma hierarquia. Nela, o seu nível mais elevado é representado pelo objetivo do problema que é meta desejável a ser atingida. O objetivo do problema seria, portanto, a decisão a ser tomada. Quando se pretende tomar decisões complexas trabalhando com o AHP, selecionam-se alguns critérios assumidos como relevantes para a análise de decisão. E dentro desses critérios, outros subcritérios também são escolhidos para a valoração desse critério e assim por diante. Para ilustrar essas idéias é possível desenhar o diagrama a seguir. OBJETIVO DO PROBLEMA CRITÉRIO 1 CRITÉRIO 2 CRITÉRIO i CRITÉRIO n ALTERNATIVA 1 ALTERNATIVA n SUBCRITÉRIO 1 SUBCRITÉRIO n ALTERNATIVA 1 ALTERNATIVA 1 ALTERNATIVA n ALTERNATIVA n Figura 1: Modelo de estrutura hierárquica do AHP Dentro de cada critério específico é atribuída a um especialista a missão de opinar para cada alternativa, atribuindo valores aos critérios. É necessário também que sejam dados pesos aos critérios. Assim, será atribuída a eles a devida importância para a determinação do objetivo do problema. Após estruturados os critérios e as alternativas, os especialistas irão opinar sobre as alternativas dentro de cada subcritério específico. Serão feitas comparações paritárias com as alternativas que vão determinar quanto cada alternativa possui a mais que a outra. Para isso serão construídas matrizes quadradas cuja ordem será igual ao número de alternativas. Após feito isso para cada critério ou subcritério, será feito também para os subcritérios e critérios entre si, subindo na hierarquia. Essas comparações paritárias irão fornecer pesos para cada alternativa dentro de cada critério ou subcritério e para os critérios e subcritérios, quando comparados entre si. A obtenção desses pesos é feita através do cálculo do autovetor principal dessa matriz quadrada. Ao final do processo, esses pesos irão compor uma função aditiva onde para cada alternativa específica será atribuído um valor final que possibilitará a ordenação dessas alternativas. 3. A Teoria da Perspectiva A Teoria da Perspectiva foi desenvolvida na década de setenta por dois pesquisadores israelenses Amos Tversky e Daniel Kahneman. Ela procura modelar o comportamento do ser 2

humano em face ao risco no que tange a tomada de decisões. O método TODIM a utiliza incorporando a curva determinada experimentalmente por Kahneman e Tversky ao modelo matemático do método. Os comportamentos observados pelos pesquisadores mostram que nas situações envolvendo ganhos o ser humano tende a ser mais conservador em relação ao risco e em situações envolvendo perdas, as pessoas se mostram mais propensas ao risco. Em outras palavras, quando se estabelece uma situação onde se pode ganhar, prefere-se um ganho menor, porém certo a se arriscar por ganhos maiores e incertos. Em situações envolvendo perdas as pessoas preferem se arriscar a perder mais, porém com a possibilidade de nada perderem, do que ter uma perda menor, porém certa. Este comportamento do ser humano foi verificado através de experimentos onde foram montados questionários passados a uma quantidade de pessoas considerada adequada para o experimento. Abaixo, estão as perguntas do questionário feitas por Kahneman e Tversky [3] que esclarecem as idéias expostas acima. a) Imagine que os E.U.A. esteja se preparando para a eclosão de uma doença asiática pouco comum, que espera matar 600 pessoas. Foram propostos dois programas alternativos para combater a doença. Assuma que a exata estimativa científica das consequências do programa seja como a seguir: Se o programa A for adotado, 200 pessoas serão salvas [72% dos votos] Se o programa B for adotado, existirá 1/3 de probabilidade das 600 pessoas se salvarem e 2/3 de probabilidade das pessoas não se salvarem. [28% dos votos] Em qual programa você votaria? A maioria das pessoas se mostrou avessa ao risco. A perspectiva de salvar 200 vidas se mostrou mais atraente do que a incerteza de ninguém se salvar. Na primeira pergunta 152 pessoas foram entrevistadas. Dentro da mesma pesquisa, outra pergunta foi feita para um outro grupo de 155 pessoas. b) Mesmo enunciado da pergunta anterior Se o programa C for adotado 400 pessoas iriam morrer. [22 % dos votos] Se o programa D for adotado haverá 1/3 de probabilidade de ninguém morrer, e 2/3 de probabilidade de 600 pessoas morrerem. [78 % dos votos] A maioria das pessoas se mostrou propensa ao risco na situação de perda de vidas humanas. As pessoas aceitam menos a certeza da perda de 400 vidas do que a incerteza de ter as 600 pessoas salvas mesmo com probabilidade de 1/3. Baseando-se nos resultados obtidos foi possível montar o gráfico a seguir que mostra o grau de satisfação das pessoas no domínio das perdas e dos ganhos. Valor Perdas Ganhos Figura 2: Curva da função de valor da Teoria da Perspectiva 3

A função de valor procura dar valor quantitativo à satisfação das pessoas, inserindo essa característica de aversão e propensão ao risco, natural da maioria dos seres humanos. Supondo um investidor que possui um determinado patrimônio. A sua satisfação em ganhar mais é crescente, porém com o aumento dos ganhos o nível de satisfação aumenta em taxas decrescentes. Na prática, a diferença de satisfação entre um indivíduo que possui $100.000 e ganha mais $100.000, é muito maior que a de um indivíduo que possui $ 1.000.000 e ganha $ 100.000. Em contrapartida, a insatisfação em perder é muito maior. A diferença de satisfação entre um indivíduo que perde $100.000 e depois perde mais $100.000, é muito maior que a de um indivíduo que perde $ 1.000.000 e depois perde mais $ 100.000. Isso pode ser observado no gráfico. 4. O Método TODIM [4] O TODIM é um método de análise de decisão multicritério que fornece como resultado as alternativas em ordem de preferência. A sigla vem do nome Tomada de Decisão Interativa Multicritério. A formulação atual do método incorpora em seu modelo a Teoria da Perspectiva ( Prospect Theory ) de Kahneman e Tversky, onde se descreve graficamente o comportamento do ser humano em face ao risco. Antes de iniciar a construção do modelo é necessário que os critérios sejam bem selecionados e que atendam ao pré-requisito de separabilidade. A independência é necessária para que os critérios não sejam contabilizados mais de uma vez dentro do mesmo modelo. O método TODIM se baseia na Teoria da Utilidade Aditiva e nela, para que haja separabilidade de um critério em relação ao outro é necessário que os critérios sejam mutuamente preferencialmente independentes.[5] Após a seleção dos critérios e alternativas, serão montadas duas matrizes. A primeira é a Matriz de Desejabilidades Parciais que possui n (número de alternativas) linhas e m (número de critérios) colunas. Para cada critério serão escutadas pessoas capazes de opinar sobre as diversas alternativas. Valores quantitativos são facilmente inseridos nas colunas. Julgamentos subjetivos serão inseridos através da leitura de uma tabela que relaciona escala numérica com os valores subjetivos. Posteriormente é feita a normalização através da divisão de cada coluna pelo seu maior valor. A segunda matriz é a de comparação entre pares de critérios. Nessa matriz os critérios são comparados entre si da mesma forma como é feito com o Método de Análise Hierárquica [1]. Essa matriz será normalizada da mesma forma que a anterior. Poderão ser encontradas inconsistências na montagem dessa matriz de comparação por pares de critérios. A inconsistência ocorre devido a erros nos julgamentos de valor. Dados três critérios A, B, C, como exemplo. Para que não haja inconsistência deve ocorrer que se A é preferível a B e B é preferível a C, então A deve ser preferível a C. Outro problema que ocorre está relacionado com a intensidade com a qual um critério é preferível em relação a outro. A inconsistência é comum nos julgamentos humanos. Dependendo do grau de inconsistência poderá ocorrer a reavaliação dos pesos atribuídos entre os critérios. Caso os decisores estejam seguros dos valores então atribuídos, a matriz será então remodelada de forma a retirar a sua inconsistência [6] Para que se ordene as alternativas de forma a efetuar a análise de decisão, o método fornecerá como resultado final o Valor Total das Alternativas. Para que seja feito esse cálculo, é necessário que, antes, sejam determinadas as dominâncias de cada alternativa em relação a cada uma das outras. O método TODIM incorpora a função de valor da Teoria da Perspectiva. Essa incorporação foi feita introduzindo essa função de valor nas medidas de dominância de uma alternativa sobre a outra. Para o contexto multicritério as perdas e os ganhos são definidos como diferenças entre os valores w ic estabelecidos na Matriz de Desejabilidades Parciais, para todas as alternativas dentro de um critério c em particular. As equações passam a ser. 4

m δ (i, j) = Φ ( i, j), c= 1 c (i, j) (1) Onde a (w w ) rc ic jc a rc c Φ (i, j) = 0 c ( a )(w rc 1 c θ a rc jc w ic ) se se se w w w ic ic ic w w w jc jc jc > 0 = 0 < 0 (2) (3) e δ(i,j) = medida de dominância da alternativa i sobre a alternativa j; m = número de critérios c = critério genérico variando de 1 a m; a rc = taxa de substituição do critério c pelo critério r (elemento da matriz de comparação por pares de critérios); w ic, w jc = pesos das alternativas i e j, respectivamente, em relação ao critério c; θ = fator de atenuação de perdas Na prática a função de valor incorporada ao TODIM se torna proporcional à raiz quadrada da diferença entre os valores w ic. Isso significa que dado o aumento da diferença maior será o valor da função Φ c (i,j) porém isso ocorrerá em taxas decrescentes, já que está modelada por uma raiz, que por isso possui derivada negativa. Isso também é o que ocorre quando se interpreta o conceito da função de valor da Teoria da Perspectiva e isso indica a aversão ao risco no domínio dos ganhos e propensão ao risco no domínio das perdas. Após feitos os cálculos anteriores será montada a matriz quadrada de ordem n δ(i,j), onde n é o número de alternativas. Esta matriz é denominada Matriz de Dominâncias Relativas das Alternativas. Os Valores Totais das Alternativas são determinados através do seguinte cálculo. ξ i = n δ ( i, j) Min δ ( i, j) j= 1 n Max δ ( i, j) Min δ ( i, j) i j= 1 i n j= 1 i n j= 1 O valor ξ i são somas de linhas normalizadas da matriz de dominâncias. Após calculados os valores, estes são ordenados e assim determinam as alternativas a serem escolhidas. 5

5. O Problema em Questão O problema resolvido no âmbito do CAEx possui 6 alternativas e 4 critérios. Partindo desse princípio serão expostos os resultados do problema de forma que estes dados possam ser utilizados mais adiante, para a modelagem com o método TODIM. Com o intuito de manter o sigilo quanto ao trabalho realizado foram utilizados nomes genéricos para as alternativas e critérios. Ao final, será escolhida a melhor alternativa. 5.1. Comparação entre os Critérios A comparação paritária entre os critérios fornece o peso de cada critério para a resolução do problema. Dessa maneira, determina-se qual critério é mais representativo para a seleção das alternativas e se estabelecem valores fundamentais para a ordenação dessas alternativas. A seguir, no gráfico, estão determinados os pesos de cada critério. 0,556 0,202 0,058 0,184 Critério 1 Critério 2 Critério 3 Critério 4 Figura 3: Pesos dos Critérios 5.2. Valores das Alternativas dentro dos Critérios Na formulação de um modelo com o Método de Análise Hierárquica existe um momento onde especialistas irão atribuir valores para as alternativas tendo em vista um critério específico. Nessa seção será mostrado quais valores foram estabelecidos para as 6 alternativas tendo em vista cada critério específico. A seguir serão mostrados gráficos que ilustram os valores atribuídos para as alternativas dentro de cada critério. Dentro dos critérios cada uma das seis barras representa uma das alternativas, em ordem. 0,1883 0,2663 0,1063 0,1063 0,1323 0,1323 0,21 0,054 0,054 0,075 0,075 0,16 0,242 0,129 0,16 0,115 0,19 0,167 0,167 0,183 0,183 0,151 0,151 0,531 critério 1 critério 2 critério 3 critério 4 Figura 4: Valores das alternativas dentro dos critérios 6

5.3. Resultado Final O resultado final virá da soma dos valores das alternativas ponderada pelo peso dos critérios. Dessa maneira, os valores do resultado final estarão representados pelo gráfico a seguir. Resultado Final 0,195 0,394 0,093 0,094 0,103 0,147 Alt 1 Alt 2 Alt 3 Alt 4 Alt 5 Alt 6 Figura 5: Resultado Final 6. Resolução do Problema Utilizando o TODIM Utilizando os dados fornecidos pelo CAEx será possível resolver o problema utilizando o método TODIM. Com estes dados é possível montar a matriz de desejabilidades parciais e obter o vetor de pesos dos critérios. Isso é suficiente para a resolução do problema. O modelo foi desenvolvido utilizando o fator de atenuação (θ) igual a 1. 6.1. Matriz de Desejabilidades Parciais e Vetor de Pesos dos Critérios A matriz de desejabilidades parciais possuirá a seguinte composição: Critério 1 Critério 2 Critério 3 Critério 4 Alt 1 0,1883 0,21 0,160 0,167 Alt 2 0,2663 0,531 0,242 0,167 Alt 3 0,1063 0,054 0,129 0,183 Alt 4 0,1063 0,054 0,160 0,183 Alt 5 0,1323 0,075 0,115 0,151 Alt 6 0,1323 0,075 0,190 0,151 Tabela 1: Dados do modelo do CAEx Estes dados foram obtidos dos gráficos de barras anteriormente citados e foram arranjados de forma a compor a matriz. Entretanto, é necessário aplicar a normalização de Belton e Gear [7] onde se divide cada coluna pelo maior número da coluna. O resultado da normalização é o seguinte. Critério 1 Critério 2 Critério 3 Critério 4 Alt 1 0,707 0,395 0,661 0,913 Alt 2 1,000 1,000 1,000 0,913 Alt 3 0,399 0,102 0,533 1,000 Alt 4 0,399 0,102 0,661 1,000 Alt 5 0,497 0,141 0,475 0,825 Alt 6 0,497 0,141 0,785 0,825 Tabela 2: Matriz de Desejabilidades Parciais O vetor de pesos dos critérios possui a mesma procedência: 7

Pesos Critério 1 0,202 Critério 2 0,556 Critério 3 0,058 Critério 4 0,184 Tabela 3: Pesos dos Critérios O problema será resolvido partindo-se dos dados anteriores. 6.2. Resolução Da matriz de desejabilidades parciais serão calculadas as diferenças entre os valores w ic w jc que são os julgamentos dos especialistas dentro de cada critério específico. Essa diferença representa a dominância da alternativa i sobre a j e entrará na equação para fornecer um valor que representará o julgamento modelado pela Teoria da Perspectiva, o valor final da função acompanhará um formato parecido com a curva a seguir. Com essa diferença se calculam as dominâncias parciais para cada critério específico. valor Φ 1 (w i1 w j1 ) Figura 6: Função de valor do método TODIM O critério de referência para o cálculo das dominâncias parciais será o critério 2, pois ele possui o maior peso. Com ele será possível calcular a taxa de substituição que será utilizada nas equações de Φ c (i,j). Essa taxa de substituição será o quociente entre o peso do critério de referência e o peso do critério a ser utilizado para o cálculo da matriz Φ c específica. Matematicamente, a rc = (peso do critério)/(peso do critério de referência). A tabela a seguir possui as taxas de substituição dos critérios e foi exposta como auxilio para os cálculos. Taxas de Substituição Critério 1 0,330935 Critério 2 0,363309 Critério 3 1 Critério 4 0,104317 Tabela 4: Taxas de substituição As equações do método TODIM representam matematicamente o gráfico empírico da Teoria da Perspectiva. Através dessas equações é possível montar as matrizes Φ(i,j) para cada critério específico. Essas matrizes Φ c (i,j) foram calculadas em planilha Excel. Nessa planilha são coletados os dados da Matriz de Desejabilidades Parciais e das taxas de substituição de cada critério pelo critério de referência. Cada célula processa essas informações seguindo as equações do método. 8

A função utilizada é bastante simples e utilizará uma das equações anteriormente citadas, de acordo com o valor da diferença w ic w jc. Partindo das 4 matrizes Φ c (i,j) calculadas será montada a matriz de dominâncias δ(i,j), de mesma ordem, cujos elementos serão a soma de cada a ij das 4 matrizes. Com essa matriz de dominâncias é possível calcular os Valores Totais das Alternativas e dessa forma ordená-las de acordo com as preferências do modelo. O resultado final é fornecido normalizando os valores das somas de cada linha da matriz de dominância colocando-os entre zero e um. Ao final as alternativas são ordenadas da seguinte maneira. Resultado Alternativa 2 Alternativa 1 Alternativa 6 Alternativa 4 Alternativa 5 Alternativa 3 Tabela 5: Resultado do modelo Ao comparar as ordenações calculadas pelo método TODIM e pelo AHP são obtidos resultados muito parecidos entre si. O problema também foi resolvido utilizando θ = 5 e 10 e os resultados da ordenação foram exatamente os mesmos. Isso é um resultado positivo, pois faz com que seja desnecessário o uso de testes estatísticos para determinação de qual valor de θ seria mais adequado para a resolução do problema em questão. Estes testes seriam feitos através da interpolação de resultados obtidos utilizando diferentes valores de θ. Em Gomes e Lima (1992) existe um exemplo onde isso foi feito. Os valores das diferenças entre os valores w ic w jc e os resultados nas Matrizes de Dominâncias Parciais gerariam nuvens de pontos. Sobre essas nuvens de pontos seria feita a interpolação dos valores e com eles se acharia o melhor valor de θ para a resolução do problema. 7. Análise Comparativa dos Resultados Os resultados obtidos da comparação dos resultados entre o método TODIM e o AHP são bastante semelhantes. O quadro a seguir mostra os resultados obtidos da execução de cada um dos modelos. ORDENAÇÃO MÉTODO TODIM MÉTODO DE ANÁLISE HIERÁRQUICA 1 Alternativa 2 Alternativa 2 2 Alternativa 1 Alternativa 1 3 Alternativa 6 Alternativa 6 4 Alternativa 4 Alternativa 5 5 Alternativa 3 Alternativa 4 6 Alternativa 5 Alternativa 3 Tabela 6: Comparação dos resultados dos métodos 9

Observando a tabela anterior é possível perceber que as três primeiras colocações foram coincidentes. Nas três últimas colocações a ordenação se manteve com exceção da alternativa 5 que no método TODIM é a última colocada e no AHP é a quarta colocada. Não estavam disponíveis as matrizes de comparações paritárias do AHP. Isso possibilitaria outros tipos de análise. Desenvolvendo o método TODIM partindo de informações mais básicas, talvez fossem encontradas diferenças mais expressivas nos resultados. Foram testados valores de θ = 1, 5 e 10 e para todos os valores não houve nenhuma mudança na seqüência dos resultados. Assim, foi utilizado θ = 1 por simplicidade [6]. 8. Análise Comparativa dos Métodos O Método de Análise Hierárquica é um método antigo e bastante difundido. Porém, também é alvo de fortes críticas, sendo motivo para pesquisa em todo o mundo. O método TODIM é um método mais recente e sua principal característica é incorporar a Teoria da Perspectiva em seu modelo. Em sua construção procurou-se evitar as deficiências dos outros métodos. Apesar disso recebe algumas críticas. Nessa seção serão levantados pontos positivos e negativos de ambos os métodos procurandose estabelecer uma visão mais crítica sobre eles. 8.1. Pontos Positivos Inicialmente será mencionado o AHP [8]. Um primeiro ponto a ser citado é a Estruturação Formal do Problema: o problema a ser resolvido pode ser decomposto em forma de hierarquia. Assim é possível compreender bem a questão em pauta. Simplicidade das comparações Paritárias: dessa forma o decisor tem a chance de focar em vários pequenos pedaços do problema trazendo simplificações dos julgamentos. Inconsistência permite que seja avaliada a Redundância: quando se calcula o índice de inconsistência de Saaty é estabelecido um parâmetro onde as pessoas responsáveis pela avaliação podem repensar se realmente estão atribuindo valores corretos para a resolução do problema. Assim, é possível voltar e analisar os dados que estão sendo colocados no modelo, contribuindo para um resultado mais acertado e unânime. Versatilidade: o AHP é um método que possui aplicações em várias áreas e isso está explícito em vários artigos exemplos, teses, dissertações e trabalhos por todo o mundo. Agora serão mencionados alguns pontos positivos do método TODIM [6]. Utilização da Teoria da Perspectiva em sua estrutura: essa é sua principal característica. O que se procura fazer é transformar os julgamentos humanos em valores de utilidade compatíveis com a idéia de aversão ao risco no domínio dos ganhos e propensão ao risco no domínio das perdas, fato esse que ocorre para a maioria dos seres humanos. Dessa forma, um comportamento inconsciente é modelado de maneira quantitativa e colocado no método. Minimização da ocorrência de Reversão de Ordem: no método é utilizada a normalização de Belton e Gear [7] que evita a ocorrência da reversão de ordem. Cálculo do vetor de pesos com a Matriz de Comparações Paritárias: no Método da Análise Hierárquica o cálculo do autovetor principal da matriz de comparações paritárias pode ocasionar graves inversões nos julgamentos dos decisores. O método TODIM calcula o seu vetor de pesos de maneira distinta evitando esse recurso matemático. Tratamento de alternativas interdependentes: apesar de ser pouco usual a presença de alternativas interdependentes, o método possui esse importante recurso para a modelagem desse tipo de problema. Estruturação Hierárquica do Problema: o método possui, assim como o AHP, uma metodologia para estruturação hierárquica do problema. Dessa maneira, evita-se que se façam difíceis comparações entre os critérios, facilitando a análise do problema em partes afins. Simplicidade Matemática: a matemática presente no método é de fácil entendimento simplificando a sua utilização por pessoas pouco familiarizadas com os métodos de Apoio Multicritério à Decisão. Resolução de problemas que envolvam múltiplos agentes de Decisão: problemas complexos, muitas vezes, requerem a presença de especialistas em aspectos específicos do problema em questão. O método possibilita que julgamentos desses especialistas sejam agregados dando caráter mais amplo à resolução do problema e trazendo maior credibilidade a estes resultados. 10

8.2. Pontos Negativos Existem sérias críticas feitas ao AHP. Utilização do método do Autovetor para a determinação dos pesos dos critérios: em [9] são mostrados alguns exemplos onde são gravemente distorcidos os julgamentos expostos pelos decisores após o cálculo dos autovetores principais da Matriz de Comparação por Pares. Quando se determina essa matriz estão explícitas as relações de dominâncias entre critérios ou alternativas, dependendo do que esteja sendo comparado. O que se verifica é que após a determinação dos pesos dos critérios são destorcidas, e algumas vezes invertidas, as relações de dominância. Isso é um erro bastante grave. O método TODIM contorna esse problema determinando esse vetor de uma forma alternativa onde não é calculado esse autovetor. Reversão de ordem devida a inclusão de outra alternativa: esse problema foi mostrado por Belton e Gear [7] e foi solucionado mudando o tipo de normalização do vetor de pesos calculados pelas matrizes. A normalização sugerida pelo método é a que divide todos os elementos pela soma de todos. Para resolver o problema causado por esse tipo de normalização é sugerido um tipo de normalização que divide os elementos pelo maior elemento do conjunto. Foi mostrado que dessa forma não haverá a reversão de ordem. O primeiro artigo de Belton e Gear [opus cit.] foi contestado por Saaty [10], que não aceitou as críticas. Posteriormente, Belton e Gear deram a resposta à contestação [11]. No método TODIM esse tipo de normalização já está incluída no modelo. Possibilidade de grande número de comparações: as comparações redundantes podem ser uma vantagem, mas fazem com que seja necessário um grande número de comparações. Isso pode tornar o método cansativo e provocar erros por fadiga. Imposições de inconsistências pela escala de 1 a 9: essa escala pode gerar inconsistências. Supondo um critério A três vezes mais importante que B e este quatro vezes mais importante que C. Isso implicaria em A doze vezes mais importante que C, o que não é possível devido à escala imposta pelo método. Conversão da Escala Verbal para a Escala Numérica: alguns autores discutem se a correspondência entre as escalas numérica e verbal expressa os julgamentos reais dos decisores. O método TODIM foi elaborado utilizando as observações do meio acadêmico quanto a defeitos de outros métodos existentes. Isso reduz a quantidade de problemas encontrados, bastando algumas observações quanto a pontos específicos. Imposições de inconsistências pela escala de 1 a 9: assim como no AHP o método TODIM utiliza uma escala de zero a nove para a comparação entre critérios trazendo a possibilidade de ocorrência dos mesmos problemas. Possibilidade de grande número de comparações: caso sejam utilizados muitos critérios para a modelagem do problema, serão necessárias muitas comparações. Conversão da Escala Verbal para a Escala Numérica: a escala utilizada para o TODIM é semelhante a utilizada para o AHP e alguns autores discutem a correção da correspondência entre as escalas. 9. Conclusão Após a análise comparativa dos resultados e dos métodos foi possível observar pontos importantes de ambos os métodos de análise de decisão. O AHP é alvo de graves críticas que devem ser consideradas no momento da sua utilização. Dentro do software Expert Choice (software de análise de decisão que incorpora o modelo do AHP) existe um recurso, fundamentado nas críticas de Belton e Gear, que evita a reversão de ordem. A grave crítica feita por Bana e Costa e Vansnick pode ser contornada com a utilização do método alternativo sugerido por Saaty (e que é utilizado no método TODIM), em substituição ao cálculo do autovetor principal para a determinação dos pesos dos critérios. A finalidade do CAEx era determinar a melhor alternativa dentre as seis, para eventual aquisição. A obtenção de resultados similares em ambos os métodos traz maior segurança para a decisão a ser escolhida, uma vez que existe segurança na atribuição dos pesos dos critérios e valores das alternativas. O método TODIM traz características representativas em sua formulação. Devido a este conjunto de características torna-se uma alternativa fortemente aplicável para problemas de avaliação de material de emprego militar. 11

10. Bibliografia [1] SAATY, THOMAS L. Método de Análise Hierárquica. tradução de Wainer da Silveira e Silva. São Paulo: Mc Graw - Hill, 1991. [2] COVA, C.J.G. Decisão Orçamentária Pública: uma proposta de metodologia de tomada de decisão e avaliação dos resultados. Tese de doutorado, Departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2000. [3] TVERSKY, A.; KAHNEMAN, D. The Framing of decisions and the psychology of choice, Science, vol 211, n o 30, Janeiro, pp. 453-458, 1981. [4] GOMES, L.F.A.M.; LIMA, M.M.P.P. From Modelling individual preferences to Multicriteria Ranking of Discrete Alternatives: A Look at Prospect Theory and the Additive Difference Model, Foundations of Computing and Decision Science, Vol. 17, No. 3, p.171-184, 1992. [5] CLEMEN, R.T. Making Hard Decisions: An Introduction to Decision Analysis, Duxbury Press, 1996. [6] MORAES, L.F.R. Avaliação Multicritério de Projetos de Produção da Indústria de Petróleo no Brasil. Dissertação de mestrado, Departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal Fluminense, 1999. [7] BELTON, V.; GEAR, T. On a Short-coming of Saaty s Method of Analytic Hierarchies, Omega,, Vol. 11, No. 3, p.227-230, 1983. [8] GOODWIN, P.; WRIGHT, G. Decision Analysis for Management Judgment, John Wiley & Sons Ltd., 1998. [9] BANA E COSTA, C.A.; VANSNICK, J. A fundamental criticism to Saaty s use of the eingenvalue procedure to derive priorities. Working Paper Series LSEOR, 2001. [10] SAATY, T.L.; VARGAS, L.G. The Legitimacy of Rank Reversal, Omega,, Vol. 12, No. 5, p.513-516, 1984. [11] BELTON, V.; GEAR, T. FEEDBACK - The Legitimacy of Rank Reversal A Comment, Omega, Vol. 13, No. 3, p.143-144, 1985. 12