FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA - FESP COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO ANTONIO ROMUALDO DE MEDEIROS NETTO



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Transcrição:

FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA - FESP COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO ANTONIO ROMUALDO DE MEDEIROS NETTO REGISTRO DE PREÇOS E A ECONOMIA NAS AQUISIÇÕES POR PARTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA JOÃO PESSOA 2012

ANTONIO ROMUALDO DE MEDEIROS NETTO REGISTRO DE PREÇOS E A ECONOMIA NAS AQUISIÇÕES POR PARTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Artigo Científico apresentado à Coordenação do Curso de Direito da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba - FESP, como exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito. JOÃO PESSOA 2012

M488 Medeiros Netto, Antônio Romualdo Registro de preços e a economia nas aquisições por parte da administração pública / Antônio Romualdo Medeiros Netto. João Pessoa, 2012. 20f. Artigo (Graduação em Direito) Faculdade de Ensino Superior da Paraíba FESP. 1. Sistema de Registro de Preços 2. Licitação I. Título. BC/FESP CDU: 346(043)

ANTONIO ROMUALDO DE MEDEIROS NETTO REGISTRO DE PREÇOS E A ECONOMIA NAS AQUISIÇÕES POR PARTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Artigo Científico apresentado à Banca Examinadora de Artigos Científicos da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba - FESP, como exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito. Aprovada em / /. BANCA EXAMINADORA Professor Examinador Jossano Mendes de Amorim Professor Examinador Francisco Leite Duarte Professor Examinador Luciana Vilar de Assis

REGISTRO DE PREÇOS E A ECONOMIA NAS AQUISIÇÕES POR PARTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ANTONIO ROMUALDO DE MEDEIROS NETTO * RESUMO Este trabalho busca uma compreensão geral sobre o registro de preços e a economia nas aquisições por parte da Administração Pública. O procedimento licitatório previsto na Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela Lei de Licitações e Contratos (Lei 8.666/93) tem por objetivo atender objetivo precípuo da Administração Pública, o interesse público, balizador de todo e qualquer ato administrativo, além de promover a igualdade de condições aos interessados em vender ou comprar do Estado. O Sistema de Registros de Preços é o conjunto de procedimentos para o registro formal de preços, para contratações futuras, sendo de especial utilidade na busca de eficiência na Administração Pública. Palavras-chave: Sistema de Registro de Preços. Licitação. 1 INTRODUÇÃO A proposta é discutir sobre o registro de preços e a economia nas aquisições por parte da Administração Pública. Já sob a égide do Decreto-Lei nº. 2.300, de 21 de novembro de 1986, e, posteriormente, no reinado da lei Federal nº. 8.666, de 21 de junho de 1993 com alterações que lhe foram impostas pela Lei Federal nº. 8.883, de 9 de junho de 1994, passou a constar do nosso ordenamento jurídico o Sistema de Registro de Preços, destinado às licitações para compras e contratos de fornecimento, cujas normas, apesar de constituírem apenas diretrizes para o seu funcionamento, trouxeram uma grande inovação nessa parte, com o intuito de facilitar e agilizar as atividades do Poder Público. Atualmente, porem, à vista dos inúmeros problemas que surgem de forma frequente com as aquisições feitas pela Administração por intermédio da realização das licitações comuns, está havendo um grande aumento do interesse, pelos órgãos licitadores, na instituição * Graduando em Direito pela Faculdade de Ensino Superior da Paraíba FESP. Email:

4 e utilização do sistema de registro de preços, que, por sem dúvida, proporciona maior segurança às compras efetuadas pelo Poder Público, além das outras vantagens já referidas. Com o Sistema de Registro de Preços, o Poder Público faz aquisição de apenas as quantidades necessárias e, além do mais, nas épocas realmente adequadas. O fornecedor, por seu turno, sempre terá uma grande vantagem com a adoção do procedimento, porque, embora a compra pelo Poder Público não seja obrigatória, se uma entidade licitadora proceder por intermédio do registro de preços, é óbvio que terá a intenção de comprar, e isto, durante um largo período, que é o prazo de validade da ata. A fim de subsidiar as conclusões, procurar-se-á demonstrar a economia de recursos públicos e a celeridade obtida ao se aprimorar os procedimentos relativos ao registro de preços. No primeiro inicial, o trabalho realiza uma breve explanação sobre o procedimento licitatório. Aborda-se sobre o Sistema de Registro de Preços no ordenamento jurídico brasileiro. 2 UMA BREVE EXPOSIÇÃO DAS MODALIDADES DE LICITAÇÃO Licitação é o conjunto de procedimento administrativo, legalmente estabelecidos, através do qual a Administração Pública cria meios de verificar, entre interessados habilitados, quem oferece melhores condições para aquisição e alienação de bens e serviços e realização de obras. A palavra licitação comporta várias concepções, todas vinculadas à idéia de oferecimento, ou de arrematação, ou mesmo de disputa ou concorrência sobre melhor oferta de preço da coisa. Afinal, a palavra licitação deriva da palavra latina licitarone, que significa o ato ou efeito de licitar, a oferta de lances num leilão ou hasta pública. Segundo Mello (1994), a licitação visa proporcionar às entidades governamentais possibilidades de realizarem o negócio mais vantajoso e assegurar aos administrados ensejo de disputarem a participação nos negócios que as pessoas administrativas entendam realizar com particulares. O procedimento licitatório permite que a Administração contrate aqueles que reúnam as condições necessárias para o atendimento do interesse público, levando em consideração aspectos relacionados à capacidade técnica e econômico-financeira do licitante, à qualidade do produto e ao valor do objeto.

5 A licitação veio prevenir eventuais condutas de improbidade por parte do administrador, algumas vezes curvados a acenos ilegítimos por parte de particulares, outras levados por sua própria deslealdade para com a Administração e a coletividade que representa. Daí a vedação que se lhe impõe, de optar por determinado particular. Seu dever é o de realizar o procedimento para que o contrato seja firmado com aquele que apresentar a melhor proposta. Nesse ponto, a moralidade administrativa se toca com o próprio princípio da impessoalidade, também insculpido no artigo 37, caput da Constituição, porque, quando o administrador não favorece este ou aquele interessado, está, ipso facto, dispensado tratamento impessoal a todos. A licitação veio contornar eventuais riscos. Sendo um procedimento anterior ao próprio contrato, permite que várias pessoas ofereçam suas propostas, e, em consequência, permite também que seja escolhida a mais vantajosa para a administração. O dinheiro público resultante da contribuição sofrida dos cidadãos, mediante tributos que lhes são impostos, não pode ser gasto fora dos parâmetros do bem comum. Uma pessoa investida da autoridade do poder público tem que estar sempre muito atenta para que possam comprometer a moral imprescindível do exercício da autoridade. São modalidades de licitação, de acordo com o artigo 22 da Lei nº. 8.666/93, a concorrência, a tomada de preços, o convite, o concurso e o leilão, havendo sido acrescida uma nova modalidade dada pela Lei nº. 10.250/02: o pregão. A Concorrência é a modalidade de licitação adequada a contratações de grande vulto. O Estatuto estabelece duas faixas de valor: uma, para obras e serviços de engenharia, e outra para compras e serviços (artigo 23, I, c e II, c ). A partir de tais limites, a contratação exigirá a concorrência (CARVALHO FILHO, 1997, p.174). 1 Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados previamente cadastrados nos registros dos órgãos públicos e pessoas administrativas, ou que atendam a todas as exigências para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas (artigo 22, 2º, Estatuto). Convite é a modalidade de convite é que comporta menor formalismo, e isso porque se destina a contratações de menor vulto (as faixas de valor estão no artigo 23, I, a e II, a ). Concurso, previsto no artigo 22, 4º do Estatuto, é a modalidade de licitação que visa à escolha de trabalho técnico, artístico ou cientifico. Trata-se, pois de aferição de caráter eminentemente intelectual (CARVALHO FILHO, 1997, p.178). 1 Vale a pena relembrar que os valores fixados, de modo absoluto, na lei, sofrem periódicas atualizações pelo Poder Executivo federal, ex vi do artigo 120 da lei licitatória.

6 Na modalidade de leilão, a Administração pode ter três objetivos: 1º) vender bens móveis inservíveis; 2º) vender produtos legalmente apreendidos ou penhorados; e 3º) alienar bens imóveis adquiridos em procedimento judicial ou através de dação em pagamento, como o permite o artigo 19 do Estatuto. Tem direito à compra o candidato que oferecer o maior lance, devendo este ser igual ou superior à avaliação (artigo 22, 5º). Essa é a regra geral (CARVALHO FILHO, 1997, p.178). Com a edição da Medida Provisória nº 2.026/2000, o Governo Federal instituiu no âmbito da União uma nova modalidade de licitação, denominada "pregão. Esta nova modalidade licitatória vem juntar-se às formas já conhecidas, fixadas e disciplinadas na Lei nº. 8.666/93. Portanto a sexta modalidade licitatória é o pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, qualquer que seja o valor estimado da contratação, em que a disputa pelo fornecimento é feita por meio de propostas e lances em sessão pública. O instituto do pregão não é novo quer no âmbito direito pátrio, quer no estrangeiro: por volta de 1.592, durante as Ordenações Filipinas, já eram encontradas as primeiras práticas de licitação pública, assumindo a forma do pregão. 3 COMPREENSÃO GERAL SOBRE O SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS 3.1 Definições O sistema de registro de preços tem sido uma boa opção para que a Administração Pública possa economizar nas suas aquisições, não necessitando providenciar grandes áreas para armazenagem de materiais, e ainda, soluciona seu problema quando se torna inviável prever o que comprar e em que quantidade entre outros benefícios. Além disso, emprega recursos humanos suficientes ao controle dos estoques em outras áreas da Administração. Leão (1999) recomenda a adoção do Sistema de Registro de Preços, sustentando que: Por este apresentar uma agilidade e qualidade no atendimento das necessidades de aquisição das diversas Unidades Administrativas, além do intuito de resolver questões diárias de compras que demandam, sistematicamente, em procedimentos licitatórios que ocasionam, não por culpa da administração, mas de um modo geral em decorrência dos prazos e procedimentos que devem ser conseguidos, resultando em um grande número de licitações para um mesmo objeto, dispêndio de tempo e recursos públicos ou, ao revés, a contratação direta por motivo de urgência ou outra qualquer que a justifique.

7 Fernandes (1998) salienta que: No sistema de registro de preços há licitação- e, alias, na modalidade mais complexa exatamente porque é a que garante a maior participação; por conseguinte, a menos restritiva à competição. A característica singular dessa concorrência é que não obriga a Administração Pública a promover as aquisições (artigo 7º do Decreto 2.743/98). Nesse contexto, o Sistema de Registro de Preços é sui generis procedimento da licitação, porque a Administração vincula-se, em termos, à proposta do licitante vencedor, na exata medida em que, juridicamente, ele o licitante também se vincula. Desse modo: - a Administração não está obrigada a comprar; - o licitante tem o dever de garantir o preço, salvo supervenientes e comprovadas alterações dos custos e insumos; - a Administração não pode comprar de outro licitante que não seja aquele que ofereceu a melhor proposta; - o licitante tem a possibilidade de exonerar-se do compromisso assumido, na ocorrência de caso fortuito ou força maior, na forma preconizada, inclusive no 2º, artigo 13 do Decreto. Há no conjunto uma reciprocidade de obrigações que tanto flexibiliza o negócio, como lhe dá eficácia. Essa engenhosa harmonia cria um eficiente sistema de equilíbrio. Mesmo estando previsto na legislação que regulamenta os processos de aquisição do poder público, artigo 15 da Lei nº. 8.666/93, a bibliografia para a fundamentação teórica do assunto proposto é muito restrita e só dois autores debateram o assunto, Leão (1999) e Fernandes (1998). Através da Lei nº. 8.883/94 foi que o Sistema de Registro de Preços passou a constar do Ordenamento Jurídico Brasileiro, destinado às licitações para compras e contratos de fornecimento, cujas normas trouxeram uma grande inovação com intuito de agilizar as atividades do poder público. Leão (1999) faz as seguintes considerações gerais sobre o Sistema de Registro de Preços: O sistema consiste num procedimento especial de licitação e contratação, a ser adotado para compras cujos objetos sejam materiais, produtos ou gêneros de consumo frequente pelo Poder Público. Possibilita a agilização das aquisições na área pública, permitindo que estas, bem como os fornecimentos delas decorrentes, sejam feitas sem grandes entraves burocráticos. Para a autora o que norteia a utilização do sistema é a necessidade de aquisições frequentes, ou seja, de compras reiteradas do mesmo objeto em espaços temporais relativamente curtos... e, citando Justem Filho, afirma que a primeira grande vantagem do sistema de registro de preços reside na supressão da multiplicidade de licitações contínuas e seguidas, versando sobre objetos semelhantes e homogêneos.

8 Em 19 de setembro passado, por meio do Decreto nº. 3931, o Sistema de Registro de Preço sofreu nova regulamentação, e o inciso I do Parágrafo único do artigo 1º passou a dispor da seguinte redação: Para os efeitos deste Decreto, são adotadas as seguintes definições: I Sistema de Registro de Preços SRP conjunto de procedimentos para registro formal de preços relativos à prestação de serviços, aquisição e locação de bens, para contratações futuras. Para a implementação do sistema adotado na Administração Pública estadual, isto é, para que suas aquisições se efetivassem por meio do Registro de preços, buscou-se debater, de forma cristalina com a sociedade e com os usuários em potencial do sistema, critérios, normas e diretrizes em conformidade com o disposto na Lei nº. 8.666/93, oferecendo desse modo, um comprometimento de todos os envolvidos nos processos e um maior controle e clareza para toda a sociedade, que tem se mostrado mais participativa nos processos de decisões do Poder Público, fazendo com que a administração recorra formas mais eficientes e modernas que maximizem os resultados na administração dos bens públicos e desenvolvimento regional. A compra de materiais, bens e serviços exigiam novos métodos, que atendesse não só às necessidades das Unidades Administrativas, mas também às exigências dessa sociedade. 3.2 O registro dos preços Conforme Fernandes (2006), antes do Decreto 2.743/98, podiam ser registrados vários preços para o mesmo material, em função da capacidade de fornecimento ou outro critério previsto no edital da concorrência, observado o limite máximo estabelecido. Paiva (2007, p.24) escreve que: No entanto, na vigência do Decreto acima só se admitia um preço por registro. Após definido o licitante vencedor, a Administração consultava os demais fornecedores para, no caso de aceitarem fornecer pelo preço do primeiro colocado, registrá-los até atingir a quantidade máxima do edital. O mesmo autor, escreve ainda que: O Decreto 3.931/01 permitiu expressamente a adoção desse sistema quando dispôs que, excepcionalmente, o órgão gerenciador, poderá registrar os outros preços ofertados quando a quantidade do primeiro colocado não atender às demandas estimadas. Para isso, os objetos deverão ser de qualidade ou desempenho superior aos do vencedor, a Administração deverá justificar e comprovar a suas vantagens e os preços ofertados deverão ser inferiores ao máximo admitido (PAIVA, 2007, p.24).

9 No que pese essa possibilidade, o Decreto 3.931/01 preferiu definir, como regra, idéia nova, diversa dos Sistemas de Registros de Preços. De acordo com o artigo 6º, ao preço do primeiro colocado poderão ser registrados tantos fornecedores quantos necessários para que, em função das propostas apresentadas, seja atingida a quantidade total estimada para item ou lote, assim, a Administração estará sempre comprando pelo menor preço, sujeitando-se os interessados à proposta mais vantajosa. Admite-se o registro dos preços até a quantidade esperada pela Administração (FERNANDES, 2006). 3.3 O objeto do Sistema de Registro de Preços Ao se referir ao processamento do sistema, a Lei fala em compras, com isto eliminando a viabilidade de por ele serem realizadas as contratações de obras e serviços. No artigo 6º, inciso III, a Lei nº 8.666/93 define compra como sendo:... toda aquisição remunerada de bens para fornecimento de uma só vez ou parceladamente. No Decreto 29.347/90, do município de São Paulo (artigo 3º), encontramos especificados alguns fatores a serem levados em conta para a adequação do sistema a cada caso, a saber: Artigo 3º. O procedimento de registro de preços será utilizado, quando conveniente, para materiais e gêneros de consumo frequente, que tenham significativa expressão em relação ao consumo total ou que devam ser adquiridos para diversas Secretarias Municipais, bem como para os serviços habituais ou que possam ser prestados a diversas unidades. Ignorada a parte final do dispositivo, que se refere a serviços, e, pelos motivos já alegados, deve ser tida como revogada pela Lei Federal em vigor, verifica-se que, pelo mecanismo de registro de preços, podem ser efetuadas pelo Poder Público as aquisições de objetos de consumo frequente, vale dizer, de produtos, materiais ou gêneros, em geral perecíveis ou de duração limitada, por ele utilizados reiteradamente. A própria Lei Federal, em seu artigo 24, XII, ao facultar a dispensa de licitação para a compra de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, estabelece que a medida será permitida apenas no tempo necessário para a realização dos processos licitatórios correspondentes. Neste caso, mesmo não dizendo expressamente, mas em função do tipo dos objetos, a Lei sugere, implicitamente, a realização da respectiva aquisição pelo sistema de registro de preços, até porque, por exemplo, não há o menos cabimento para a compra de uma enorme quantidade de pão por concorrência comum, ainda que para fornecimento parcelado,

10 porque com isto nunca poderá ser comprada a quantia realmente necessária do produto, podendo, em alguns casos, sobrar ou faltar em relação ao número exato. Não é passível de sentido, por outro lado, a existência de uma ata de registro de preços para a compra de um produto ou material de uma só vez, sem que haja necessidade de posteriores aquisições. O artigo do Decreto do município de São Paulo, há pouco transcrito, exige também, para a utilização do procedimento de registro de preços, que os materiais a serem adquiridos sejam: De significativa expressão em relação ao consumo total ou que devam ser adquiridos para diversas Secretarias Municipais. O sistema de registro de preços é, de fato, próprio para as compras de grandes quantidades, mas entendemos que também pode servir de base para aquisições menores, em especial porque a Lei Federal se refere apenas a compras ao fazer a indicação das hipóteses passiveis de processamento por ele, não exigindo quantidades máximas, ou mínimas, para tanto (artigo 15). Martins (1996, p.32) afirma que: Não há possibilidade de celebração de ata de registro de preços para fornecimento de produto ou material exclusivo de uma empresa, porque em primeiro lugar, não será cabível, no caso, a realização da licitação previa exigida por lei, uma vez que a exclusividade do produtor constitui hipótese legalmente considerada como de inexigibilidade do procedimento licitatório (Lei nº. 8.666/93, artigo 25, inciso I) à vista da inviabilidade de competição. Suponha-se, por outro lado, que, desavisadamente, a Administração insista na realização do certame e posterior celebração da ata. Acreditamos que a própria empresa detentora da exclusividade de um produto ou material não se interesse, porque na sua condição de única, seria a controladora dos preços de mercado, não sendo, por isto, da sua conveniência fixar preço do produto em uma ata para fornecimento por aproximadamente um ano. Pelas razões enunciadas, que deverá, a Administração, nas hipóteses de exclusividade de produto, ou material, adquiri-los diretamente do fabricante ou produtor exclusivo, como faculta o já referido artigo 25, inciso I da Lei Federal. A realização de uma concorrência para registro de preços e posterior lavratura de ata para aquisição de apenas um equipamento altamente sofisticado é até possível em termos, uma vez que para esse tipo de compra, pelo Poder Público, existem outros meios mais próprios, como, por exemplo, a dispensa ou, inexigibilidade de licitação, conforme o caso. Além do mais, o sistema de registro de preços não é conveniente para a aquisição de um único

11 objeto, já que uma das suas vantagens é propiciar um consumo frequente do objeto por prazo razoavelmente longo. 3.4 Não-obrigatoriedade de aquisição do objeto pela Administração À vista da faculdade conferida à Administração pela Lei Federal, no artigo 15, 4º, no sentido de não ser obrigada a adquirir produtos ou materiais com preços registrados, constatase uma incontestável diferença entre as concorrências para registro de preços e as demais licitações, sendo que, em relação a estas últimas, a Lei Federal determina, no artigo 50: Artigo 50. A Administração não poderá celebrar o contrato com preterição da ordem de classificação das propostas ou com terceiros estranhos ao procedimento licitatório, sob pena de nulidade. Nos procedimentos das licitações comuns, em virtude da adjudicação, se o Poder Público pretender o contrato, será obrigado a fazê-lo com a empresa adjudicatária. O mesmo, porém, não ocorre nas hipóteses de registro preços, em que, durante o prazo de vigência da ata, a Administração poderá adquirir o mesmo objeto por outros meios, sendolhe possível até mesmo realizar outras licitações para tanto, na modalidade compatível com o valor da quantidade a ser adquirida na ocasião. Nestes casos, se o vencedor do certame apresentar um preço inferior ao registrado, a ele será adjudicado o objeto, porém, se o preço for igual ou superior ao registrado em ata, a licitação deverá ser revogada e o material, produto ou gênero, adquirido da detentora. Martins (1996, p.34) aponta que: Se o preço obtido em uma licitação durante a vigência da ata for inferior, em poucos centavos por unidade, ao registrado, é evidente que a Administração deverá adquirir o objeto diretamente da detentora, e isto, até por uma questão de bom senso, pois a compra, se diretamente da vencedora da licitação, implicará numa série de providencias representativas de gastos para a Administração, e, assim, será mais conveniente comprar por intermédio data existente, a qual, por já possuir estrutura completa em termos procedimentais, proporcionará uma certa economia para o Poder Público, em termos de providencias exigidas para a formalização da transação, mesmo que o seu preço seja ligeiramente superior ao da empresa vencedora do certame. Durante o prazo de validade do instrumento de registro, a ocorrência de outra licitação para a compra do mesmo produto é, por vezes, conveniente, e isto, em função, também, da possibilidade de comparação dos preços registrados com os de mercado. É evidente que este

12 procedimento não deve ser adotado como hábito durante a vigência da ata, porque, se assim for, perderá esta a sua razão de ser, mas, realizado esporadicamente, poderá trazer benefícios, permitindo que, de vez em quando, por intermédio de uma nova licitação com o mesmo objeto, sejam cotejados os preços registrados com os de mercado. 3.5 Obrigatoriedade do registro de preços Conforme o artigo 15 da Lei de Licitações, a seguir transcrito, as compras, sempre que possível, deverão ser processadas através do SRP. Lei 8.666/93 Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão: I [...] II - ser processadas através de sistema de registro de preços; III - [...] IV - [...] V - [...] 1º O registro de preços será precedido de ampla pesquisa de mercado. 2º Os preços registrados serão publicados trimestralmente para orientação da Administração, na imprensa oficial. 3º O sistema de registro de preços será regulamentado por decreto, atendidas as peculiaridades regionais, observadas as seguintes condições: I - seleção feita mediante concorrência; II - estipulação prévia do sistema de controle e atualização dos preços registrados; III - validade do registro não superior a um ano. 4º A existência de preços registrados não obriga a Administração a firmar as contratações que deles poderão advir, ficando-lhe facultada a utilização de outros meios, respeitada a legislação relativa às licitações, sendo assegurado ao beneficiário do registro preferência em igualdade de condições. 5º O sistema de controle originado no quadro geral de preços, quando possível, deverá ser informatizado. Bittencourt (2003) afirma que o Sistema de Registro de Preços não é opção e sim uma imposição legal no uso da sistemática como regra, adotando outras formas somente em situações excepcionais. Tolosa (apud BITTENCOURT, 2003) afirma que, pela falta de conhecimento jurídico de alguns gestores, interpreta-se a redação do caput do artigo 15 como opcional ou facultativa, restringindo a expressão sempre que possível. A correta interpretação do texto em exame, ao contrário, revela a determinação do legislador em estabelecer o sistema de registro de preços como regra exigível, e, em casos excepcionais, a adoção de outras formas legalmente estatuídas, mediante justificativa plausível, a ser inserida no processo administrativo correspondente.

13 O Acórdão 56/99 Plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) recomenda que o Sistema de Registro de Preços deve ser regra: sempre que presente uma das hipóteses permissivas, processar, preferencialmente, as aquisições de bens por intermédio do Sistema de Registro de Preços. Nesse sentido, a adoção do SRP nas compras e contratação de serviços da Administração Pública deve ser regra, excluindo-se somente os materiais e os serviços que não se enquadrem no conceito de bens e serviços freqüentes, como estabelece o artigo 2º do Decreto 3.931/01, a seguir transcrito: Decreto 3.931/01 Art. 2º Será adotado, preferencialmente, o SRP nas seguintes hipóteses: I - quando, pelas características do bem ou serviço, houver necessidade de contratações freqüentes; II - quando for mais conveniente a aquisição de bens com previsão de entregas parceladas ou contratação de serviços necessários à Administração para o desempenho de suas atribuições; III - quando for conveniente a aquisição de bens ou a contratação de serviços para atendimento a mais de um órgão ou entidade, ou a programas de governo; e IV - quando pela natureza do objeto não for possível definir previamente o quantitativo a ser demandado pela Administração. Parágrafo único. Poderá ser realizado registro de preços para contratação de bens e serviços de informática, obedecida a legislação vigente, desde que devidamente justificada e caracterizada a vantagem econômica. 3.6 O procedimento do registro de preços O procedimento do registro de preços começa, necessariamente, com a realização de uma concorrência, não importando o valor do objeto licitado, já que a referida modalidade licitatória deve ser adotada em virtude de imposição legal (Lei nº. 8.666/93, artigo 15, 3º, I). A entidade pública administradora da ata, porém, não se obrigará, de forma alguma, a adquirir a quantidade estimada no edital e no instrumento de registro, seja em termos parciais, seja em sua totalidade, porque poderá até mesmo não comprar nada durante o período de validade da ata, sendo esta hipótese, porem, de difícil utilização adequada às compras, em grandes quantidades, de produtos de consumo continuado, quando uma entidade licitadora decide pela adoção do seu procedimento, ao invés da realização de uma licitação comum, geralmente isto significa uma real intenção de adquirir o objeto em quantias significativas por reiteradas vezes. A indefinição quantitativa do objeto, caracterizadora da concorrência que antecede a ata de registro de preços e, também, desta última, é um elemento de vantagem para a

14 Administração. Por exemplo, se o Poder Público necessitar de tomada para eletricidade a serem colocadas em diversos edifícios públicos e, a quantidade exata destas puder ser calculada de antemão, não haverá por que ser efetuado o procedimento da sua aquisição pelo sistema de registro de preços. O correto, nessa circunstancia, será a abertura de uma licitação, na modalidade cabível, para obtenção do objeto na quantidade necessária, ainda que para utilização não imediata. Nesta mesma hipótese, porém, se a Administração, por seus técnicos, apenas puder calcular em termos aproximados o número de tomadas a serem instaladas nos prédios durante um certo período, impor-se-á, por razoes de conveniência e praticidade, a aquisição por intermédio do método de registro de preços, que possibilitará o fornecimento dos equipamentos elétricos nas quantidades e épocas necessárias. A quantidade do objeto para fornecimento mensal, colocada na ata em termos aproximados, será obrigatória para a empresa detentora, também em termos aproximados, se solicitada pela Administração durante o prazo de vigência do instrumento, e o não cumprimento desta imposição poderá acarretar as sanções legais cabíveis, considerada, para tanto, a ata de registro de preços na sua função de instrumento obrigacional unilateral, a cujas imposições se submeteu fornecedor que nele tem seu preço anotado. Se houver necessidade, por parte da Administração, de uma quantia mensal maior do que a estabelecida, embora apenas de maneira próxima, no edital e na ata a ele subsequente, o fornecimento além do limite poderá ser negociado com a empresa detentora e, eventualmente, por ela efetuado, mas por mera liberalidade. É possível o registro, na mesma ata, de mais de um preço e assim, se esgotada a capacidade de fornecimento mensal da detentora com o preço registrado em primeiro lugar, aquisição poderá ser obtida e da terceira detentoras com preços também registrados, se houver, vigorando sempre, quando ao pagamento pela Administração, os valores por estas apresentadas em suas propostas na concorrência e, após, registrados em ata. A disposição contida no artigo 64, 2º da Lei nº. 8.666/93, não incidirá neste caso, aplicando-se somente quando a licitante titular da proposta classificada em primeiro lugar no certame anterior ao registro se recusar a assinar a ata para ser sua detentora com preço registrado em primeiro lugar e, assim por diante. Quando em vigor uma ata de registro de preços, o verdadeiro contrato de fornecimento será cada uma das aquisições dela decorrentes, representadas pela nota de empenho, ou instrumento equivalente, de acordo com a entidade pública interessada. Nos termos do artigo 15, 4º, da Lei Federal e de acordo com o princípio da isonomia, ou da igualdade, que norteia todos os atos da Administração, uma empresa detentora de ata de

15 registro de preços com um determinado objeto poderá, se quiser, durante o prazo de validade do instrumento, participar de outros procedimentos licitatórios eventualmente realizados para a obtenção do mesmo produto pelo Poder Público. Nada impedirá que ela, nesse caso, ofereça o mesmo preço constante da ata, ou outro, maior ou menor. Nos procedimentos licitatórios tendentes ao registro de preços, dependendo do objeto licitado, a Administração determinará, no edital, o critério a ser adotado para o registro, sempre de acordo com as suas conveniências, em função da quantidade estimada no edital e além da capacidade dos fornecedores. Quando da elaboração do editá-las autoridades competentes deverão prevenir uma eventual impossibilidade de fornecimento do total por apenas uma detentora e, por este motivo, fazer dele constar quais propostas classificadas que terão os seus preços registrados, podendo, essa opção, abranger desde só a primeira até a totalidade das ofertas efetuadas na licitação, para que a compra, de acordo com a capacidade de cada empresa fornecedora, atinja o total necessário ao Poder Público. Pode acontecer que, num determinado mês, durante a vigência data, o Poder Público necessite adquirir uma quantidade maior, além daquela estimada para o objeto da concorrência. Fará, ele, o pedido de fornecimento à detentora com o preço registrado em primeiro lugar. Se esta não puder fornecer além da quantidade periodicamente estimada, em termos aproximados, no edital, será feito o pedido do restante à detentora com preço registrado em segundo lugar e, assim por diante. É de se ressaltar que todas as empresas com os preços registrados fornecerão o material no valor destes, e não do preço apresentado pela empresa com preço registrado em primeiro lugar. A respeito da forma de processamento do registro de preços e, da quantidade do objeto a ser exigida, não existem normas estabelecidas, devendo cada entidade da Administração proceder de acordo com as respectivas necessidades e conveniências, previstas, estas, no competente instrumento regulamentador. Dentro do prazo de vigência da ata, a Administração desta, ou uma usuária autorizada, poderá num determinado mês, fazer um pedido de fornecimento abrangendo o total da quantidade do objeto estimada para consumo mensal ou com outra periodicidade, e, imediatamente após isso, não fazer nenhum pedido durante um certo tempo, ou mesmo solicitar apenas alguns fornecimentos de quantias irrisórias etc. ressalte-se que, apesar da variação quantitativa admitida para o fornecimento, deverá, este, obedecer as estipulações e condições determinadas no instrumento convocatório e, posteriormente, na ata desde que de acordo com o regulamento existente para o registro de preços na entidade licitadora.

16 O Decreto 29.347/90, que disciplinou o sistema de registro de preços em termos procedimentais no munícipio de São Paulo, e o Instrumento Regulamentador de nº. 35.946/92, do estado de São Paulo, que teve idêntica finalidade, confundem o registro de preços com a adjudicação, sendo inadmissível, pelas razões que se seguem. Inicialmente é de se ressaltar que o registro, quando efetuado, não faz parte do procedimento licitatório que o antecede, correspondendo a ata, embora em aspectos apenas formais, aos contratos decorrentes das licitações comuns. Se o registro dos preços realmente se equiparasse á adjudicação do objeto ao vencedor do certame, jamais poderia ele ser efetivado fora do momento deste ultimo, como sucede, ou seja, na etapa a ele considerada posterior, nas licitações comuns, isto é, naquela em que se processa a celebração do ajuste, à qual, no sistema de registro de preços, corresponde a assinatura e subsequente vigência da ata. Por outro lado, se o registro significasse a adjudicação do objeto, a Administração seria obrigada a comprar apenas dos detentores das atas, e estaria impedida, neste caso, de se utilizar da faculdade a ela concedida pela Lei Federal no artigo 15, 4º, para, se julgar conveniente e oportuno, proceder à aquisição do mesmo objeto por outros meios. Verifica-se, assim, que o diploma municipal e o estadual, regulamentadores do sistema de registro de preços nas respectivas esferas de competência, por anteriores à Lei Federal, foram por esta revogados nesta parte. O registro dos preços é formalizado com a lavratura do respectivo instrumento, correspondente, analogicamente, à celebração de contrato subsequente a uma licitação comum. A proposta (ou as propostas) classificada para inscrição dos preços na ata, de acordo com o edital, deverá estar com o respectivo prazo de validade em vigor, ou prorrogado, para que seja possível o registro do seu preço, sendo nulo o instrumento que registrar valores ofertados em propostas com prazo de validade vencido. Após o registro, inicia-se outro prazo de validade referente aos mesmo preços, ou seja, o prazo de validade da ata, que não deve ser confundido com o lapso temporal em que vigorou a validade das propostas. Finalizando esta parte o procedimento do registro de preços, cumpre-nos lembrar que a lavratura da ata, assim como a formalização dos contratos subsequentes às licitações comuns, poderá não ocorrer, se incidente algum motivo ensejador da anulação ou da revogação do procedimento licitatório antecedente. A anulação do iter da concorrência realizada impor-se-á constatada, nele, alguma ilegalidade e, por outro lado, sua revogação se

17 dará em caso de decisão, pela autoridade competente, sobre a inconveniência ou superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta (Lei nº. 8.666/93, artigo 49). 3.7 Vantagens do Sistema de Registros de Preços A implementação do Sistema de Registro de Preços possibilita a evolução significativa da atividade de planejamento, motivando a cooperação entre as mais diversas áreas. O Sistema de Registro de Preços é vantajoso, as margens de fatores imprevisíveis no consumo são amplamente toleráveis, podendo ficar muito aquém do limite mínimo permitido ou ir até aos 25% previstos em lei. (FERNANDES, 2006). Segundo Paiva (2007, p.43): O referido sistema beneficia para a eliminação dos fracionamentos de despesa, irregularidade frequente apontada pelos órgãos de controle interno e/ou externos. Esse problema deixa de existir, já que o órgão pode realizar uma ampla licitação, nas modalidades concorrência ou pregão, para aquisição de tudo que necessita para o exercício, enquadrando o que faltar na modalidade pertinente de licitação ou de dispensa. Mais uma vantagem do SRP em relação à licitação convencional, é que nesta Administração e o licitante ficam obrigados à manutenção do preço adjudicado no processo. Naquele, pode ser previsto o modo de atualização dos preços de forma periódica, como dispõe o inciso II do 3º do artigo 15 da Lei de Licitações, a fim de garantir a sazonalidade dos preços, além de ofertas e promoções (PAIVA, 2007, p.46). O Sistema de Registro de Preços beneficia a participação das pequenas e médias empresas nas licitações, isso devido ao parcelamento nas compras, obras e serviços, que passou a ser regra obrigatória, desde o advento da Lei 8.666/93. Com isso, a Administração ganha com a ampliação da competitividade. Leão (2001) afirma que a utilização do SRP: [...] agiliza incrivelmente as aquisições na área pública, permitindo que estas sejam efetuadas sem grandes entraves burocráticos. Além disso, constitui ele um método eficaz para a adaptação, às contingências da vida moderna, dos princípios constitucionais e legais norteadores das atividades da Administração, contribuindo para tanto com a eliminação de uma série de medidas supérfluas e desnecessárias.

18 Fernandes (2006) corrobora com esse entendimento e classifica o tempo recorde de aquisições como uma das vantagens do SRP. Para finalizar, como a maior vantagem do SRP, Fernandes aponta a previsão do artigo 8º do Decreto 3.931/01, que permite aos órgãos não participantes (caronas) do Sistema de Registro de Preços, atendidos os requisitos dessa norma, comprarem sem licitação convencional dos fornecedores e prestadores de serviços com preços registrados, abrindo aos fornecedores uma importante porta de acesso às contratações com o serviço público. Essa previsão é vantajosa tanto para a Administração, quanto para o fornecedor (PAIVA, 2007, p.46). Decreto 3.931/01 Art. 8º A Ata de Registro de Preços, durante sua vigência, poderá ser utilizada por qualquer órgão ou entidade da Administração que não tenha participado do certame licitatório, mediante prévia consulta ao órgão gerenciador, desde que devidamente comprovada a vantagem. 1º Os órgãos e entidades que não participaram do registro de preços, quando desejarem fazer uso da Ata de Registro de Preços, deverão manifestar seu interesse junto ao órgão gerenciador da Ata, para que este indique os possíveis fornecedores e respectivos preços a serem praticados, obedecida a ordem de classificação. 2º Caberá ao fornecedor beneficiário da Ata de Registro de Preços, observadas as condições nela estabelecidas, optar pela aceitação ou não do fornecimento, independentemente dos quantitativos registrados em Ata, desde que este fornecimento não prejudique as obrigações anteriormente assumidas. 3o As aquisições ou contratações adicionais a que se refere este artigo não poderão exceder, por órgão ou entidade, a cem por cento dos quantitativos registrados na Ata de Registro de Preços.(Incluído pelo Decreto nº 4.342, de 23.8.2002). Frise-se que a possibilidade acima diminui significativamente o número de licitações, caso o gestor opte por solicitar adesão às Atas de Registro de Preços de outros órgãos, como prevê o artigo acima citado (PAIVA, 2007, p.47). O SRP é muito vantajoso para a Administração Pública como visto neste subitem. Para Bittencout (2003) a adoção do SRP determina, com absoluta certeza, flagrante economia, além de ganho em agilidade e segurança, com pleno atendimento ao princípio da eficiência, recentemente elevado a princípio constitucional da Administração Pública. E ainda Fernandes (2006) afirma que é unânime entre os administradores públicos, após conhecer as vantagens do Sistema de Registro de Preços, o interesse em proceder à sua implantação.

19 4 CONCLUSÃO Este trabalho objetivou realizar um estudo acerca do funcionamento do Sistema de Registros de Preços, os procedimentos para a sua implementação, as caraterísticas, mostrando os seus benefícios e ainda, demonstrar como o sistema tem tornando as aquisições públicas muito mais eficientes para a Administração Pública. Num enfoque bastante superficial, pode-se afirmar que o sistema de registro de preços consiste na realização de uma única licitação. Com a Lei nº. 8.666/93, ao regulamentar o artigo 37, inciso XXI da Constituição Federal de 1988, tornou obrigatório, sempre que viável, o uso do Sistema de Registros de Preços nas aquisições efetuadas por parte da Administração Pública, tendo em vista o inciso II do artigo 15 da referida lei. Este método de aquisição permitido ao Poder Público tem grande vantagem sobre a realização de licitação, ou, até mesmo de processos dispensa destas. O Sistema de Registros de Preços é a primeira vista de difícil compreensão, todavia, na prática, seu mecanismo se apresenta extremamente fácil e representa uma grande agilização do procedimento obrigatório para as aquisições pelo Poder público, seja no que diz respeito a este último, seja quanto aos seus fornecedores. RECORD PRICES AND ECONOMY ON PURCHASES BY PUBLIC ADMINISTRATION ABSTRACT This work searchs a general understanding on the register of prices and the economy in the acquisitions on the part of the Public Administration. The foreseen licitatório procedure in the Constitution Federal of 1988 and regulated by the Law of Licitations and Contracts (Law 8,666/93) has for objective to take care of main objective of the Public Administration, any administrative act and, the public interest maker all, beyond promoting the equality of conditions to the interested parties in vender or buying of the State. The System of Registers of Prices is the set of procedures for the formal register of prices, for future acts of contract, being of special utility in the search of efficiency in the Public Administration. Word-Key: System of register of prices. Licitation.

20 REFERÊNCIAS BITTENCOURT, Sidney. Licitação de registro de preços. Rio de Janeiro: Temas & Idéias, 2003. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. São Paulo: Saraiva, 1997. CARVALHO, Marco Vinicius Pereira de. SILVA, Jeferson Valdir da. Registro de preços, uma alternativa inteligente para economizar. Rio Grande, 92, 01/09/2011. Disponível em:<http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10260>. Acesso em: 02 abr. 2012. FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Compras pelo sistema de registro de preços. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 1998. FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Contratação direta sem licitação. Brasília: Brasília Jurídica, 1995. FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Sistema de registro de preços e pregão presencial e eletrônico. 2. ed. rev. e ampl. 2. tiragem. Belo Horizonte: Fórum, 2006c. LEÃO, Eliana G. O Sistema de registro de preços: uma revolução nas licitações. Campinas: Brookseller, 1996/1997. MAURANO, Adriana. A instituição do pregão para aquisição de bens e contratação de serviços comuns. Jus Navigandi, Teresina, a. 8, n. 235, 28 fev. 2004. Disponível em: <http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=4879>. Acesso em: 1 abr. 2012. MELLO, Celso Antônio B. de Mello. Curso de direito administrativo. 2003. PAIVA, Juliana A. de C. Sistema de registro de preços. Publicado em 2007. Disponível em: <http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/3645/sistema_preco_paiva.pdf?seque nce=1>. Acesso em: 7 de abr. 2012.