Brazilian Journal of Biomotricity ISSN: 1981-6324 marcomachado@brjb.com.br Universidade Iguaçu Brasil Maté Heineck, Lewis; Moro, Vanderson Luis; Fuke, Kenji; Corrêa Matheus, Silvana COMPARAÇÃO ENTRE DIFERENTES TESTES DE CAMPO PARA A VERIFICAÇÃO DO CONDICIONAMENTO FÍSICO DE ATLETAS DE FUTSAL Brazilian Journal of Biomotricity, vol. 5, núm. 4, 2011, pp. 239-247 Universidade Iguaçu Itaperuna, Brasil Disponible en: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=93021532003 Cómo citar el artículo Número completo Más información del artículo Página de la revista en redalyc.org Sistema de Información Científica Red de Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal Proyecto académico sin fines de lucro, desarrollado bajo la iniciativa de acceso abierto
ARTIGO ORIGINAL (ORIGINAL PAPER) COMPARAÇÃO ENTRE DIFERENTES TESTES DE CAMPO PARA A VERIFICAÇÃO DO CONDICIONAMENTO FÍSICO DE ATLETAS DE FUTSAL COMPARISON BETWEEN DIFFERENT FIELD TESTS TO VERIFICATION OF THE PHYSICAL CONDITIONING OF INDOOR SOCCER PLAYERS Lewis Maté Heineck 1, Vanderson Luis Moro 2, Kenji Fuke 3, Silvana Corrêa Matheus 1 1 Laboratório de Cineantropometria, Centro de Educação Física e Desportos, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil. 2 Laboratório de Biomecânica, Centro de Desportos, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. 3 Instituto Federal de Santa Catarina, Criciúma, Santa Catarina, Brasil. Autor Correspondente: Lewis Mate Heineck. Laboratório de Cineantropometria, Centro de Educação Física e Desportos, Universidade Federal de Santa Maria. Avenida Roraima, 1000 Cidade Universitária, Prédio 51, Bairro Camobi, Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil, CP 97.105-900 Submitted for publication: Jun 2011 Accepted for publication: Oct 2011 RESUMO HEINECK, L. M.; MORO, V. L.; FUKE, K.; MATHEUS, S. C. Comparação entre diferentes testes de campo para a verificação do condicionamento físico de atletas de futsal. Brazilian Journal of Biomotricity. v. 5, n. 4, p. 239-247, 2011. O objetivo deste estudo foi avaliar o condicionamento físico de atletas de futsal por meio do Multistage Fitness Test (MSFT) e Yo-Yo Intermitent Recovery Test Level 1 (Yo-Yo IR1). Participaram desse estudo 12 atletas profissionais de futsal com idade média de 21,75 ± 3,82 anos, estatura média de 175,67 ± 4,81 cm e percentual de gordura médio de 10,22 ± 1,37 %. O MSFT e o Yo-Yo IR1 foram utilizados para determinar a frequência cardíaca máxima (FC máx ), frequência cardíaca de recuperação (FC rec ), distância total, tempo total (T total ) e velocidade máxima (V máx ). O teste t de Student para amostras pareadas e ANOVA para medidas repetidas completadas com o post hoc de Tukey foram utilizadas para análise de dados (p<0,05). Os resultados apresentam diferenças estatisticamente significantes nas variáveis FC rec 5 min, T total e V máx ao comparar o Yo-Yo IR1 com o MSFT. Os nossos resultados sugerem que o Yo-Yo IR1 mostrou-se mais apropriado para a avaliação do condicionamento físico de atletas de futsal devido as suas características intermitentes. Salienta-se que a FC rec 5 min mostrou-se um bom indicador da capacidade de recuperação física pós exercício máximo. Palavras-Chave: Atletas, Futsal, Avaliação de Desempenho.
ABSTRACT HEINECK, L. M.; MORO, V. L.; FUKE, K.; MATHEUS, S. C. Comparação entre diferentes testes de campo para a verificação do condicionamento físico de atletas de futsal. Brazilian Journal of Biomotricity. v. 5, n. 4, p. 239-247, 2011. The aim of this study was to evaluate the physical conditioning of indoor soccer players through the Multistage Fitness Test (MSFT) and Yo-Yo Intermittent Recovery Test Level 1 (Yo-Yo IR1). 12 professional athletes indoor soccer with a mean age of 21.75 ± 3.82 years, mean height of 175.67 ± 4.81 cm and average fat percentage of 10.22 ± 1.37% participated in this study. The MSFT and Yo-Yo IR1 were used to determine maximum heart rate (HR max ), heart rate recovery (HR rec ), total distance, total time and maximum speed. The Student s paired t test and analysis of variance (ANOVA) for repeated measures completed with Tukey s post hoc test were used for data analysis. The results showed statistically significant differences in variables HR rec 5 min, total time and maximum speed when comparing the Yo-Yo IR1 with MSFT. Our results suggest that the Yo-Yo IR1 appears to be more appropriate for assessing the physical conditioning of indoor soccer players due to their intermittent characteristics. We emphasize that the HR rec 5 min shown a good indicator of the capacity for physical recovery after maximal exercise. Key words: Athletes, Indoor soccer, Physical Evaluation. INTRODUÇÃO O futsal caracteriza-se por exigir uma movimentação constante e intensa de todos os atletas, acarretando dessa forma em um grande gasto energético, uma elevada exigência metabólica e neuromuscular (CYRINO et al., 2002). Segundo estimativa de Dogramaci e Watsford (2006) os jogadores movimentam-se em alta intensidade durante 26% do tempo ou da distância total de jogo. O perfil de atividade (marcação, ataque e contra-ataque) e as exigências e respostas físicas (intensidade, sprints, saltos) de muitos esportes envolvendo exercícios intermitentes como o futsal, tem sido amplamente estudado na última década (BANGSBO et al., 2008). Essas ações intermitentes são especificidades esportivas acíclicas e mistas (aeróbia anaeróbia), sendo intercaladas fases de exercícios em diferentes intensidades com pausas de recuperação ativas e incompletas durante um longo período de tempo (ALVAREZ et al., 2004; BARBERO e BARBERO, 2004; SÁNCHEZ et al., 2005). Sendo assim, o conhecimento desse perfil de atividade do futsal se torna tão importante quanto à necessidade de avaliar os aspectos morfológicos e físicos envolvidos nesse processo. Essas avaliações se fazem extremamente necessárias em qualquer modalidade coletiva, pois visam verificar se os objetivos anteriormente traçados estão sendo alcançados (FUKE et al., 2009). Uma das limitações no processo de testagem em desportos coletivos é a dificuldade em reproduzir os gestos específicos de cada desporto. Visto isso, cada vez mais pesquisadores tentam criar protocolos semelhantes às modalidades praticadas, no intuito de obter resultados mais próximos da realidade das exigências físicas requeridas durante uma partida, assim como estudar as demandas energéticas que envolvem as mesmas (CASTAGNA et al., 2009). O Multistage Fitness Test (MSFT) e Yo-Yo Intermittent Recovery Test Level 1 (Yo-Yo IR1) são alguns dos testes de campo frequentemente utilizados para a avaliação do condicionamento físico de atletas de futebol. No entanto, Da Silva et al. (2011), por meio de uma revisão de literatura, mostram que MSFT não é o teste mais adequado para verificar os efeitos do treino em atletas de futebol, uma vez que é um teste com características contínuas, as quais reduz a especificidade para as modalidades intermitentes. Em contrapartida, esses mesmos autores afirmam que o Yo-Yo IR1 é uma alternativa válida para a avaliação da performance de atletas de futebol, pois contempla a avaliação da aptidão aeróbia-anaeróbia em apenas um teste específico. Apesar do futebol e futsal serem modalidades similares em seus gestos esportivos, existe
uma grande discrepância nas dimensões físicas em que são praticadas. Isso acarreta em uma maior adaptação dos atletas do futsal ao exercício anaeróbio, bem como melhor adaptação por parte desses atletas do futebol ao exercício aeróbio (LEAL JUNIOR et al., 2006). Por isso, a escolha do teste a ser utilizado para avaliação de atletas de futsal deve ser a mais específica possível. Na literatura existe um grande número de estudos (IMPELLIZZERI et al., 2005; KRUSTRUP et al., 2005; MOHR et al., 2003) que buscam avaliar o condicionamento físico em atletas de futebol por meio de diferentes testes de campo. Entretanto, existe escassez de estudos com o mesmo objetivo envolvendo atletas de futsal. Visto isso, o presente estudo tem como objetivo avaliar o condicionamento físico de atletas de futsal por meio do MSFT e Yo-Yo IR1. A hipótese de que atletas de futsal apresentam um melhor desempenho físico em testes intermitentes foi testada na atual investigação. MATERIAL E MÉTODOS Grupo de estudo A amostra intencional (não-probabilística) foi composta por 12 salonistas profissionais do sexo masculino, com idade média de 21,75 ± 3,82 anos, estatura média de 175,67 ± 4,81 cm, percentual de gordura (%G) médio de 10,22 ± 1,37 % e tempo médio de prática de 9,2 ± 3,1 anos, pertencentes a uma equipe de futsal profissional da divisão especial de futsal do Campeonato Catarinense - Brasil, na temporada de 2009. Instrumentos e Procedimentos Os atletas assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido autorizando os pesquisadores a prosseguirem com o estudo. Foram seguidas as normas de pesquisa envolvendo seres humanos estabelecidos pela declaração de Helsinki e diretrizes da resolução 196/96, do conselho nacional de saúde (CAAE nº 0126.0.243.000-09). Após um período de transição (férias) de 45 dias, os atletas foram submetidos às avaliações antropométricas (estatura, massa corporal e dobras cutâneas) com a finalidade de caracterizar o grupo estudado. Para a obtenção dos valores das medidas antropométricas utilizou-se as padronizações descritas por Petroski (2007). A massa corporal foi obtida por meio de uma balança digital da marca Líder, com resolução de 100 g. Para as medidas de estatura foi utilizado um estadiômetro vertical de madeira, com extensão de 220 cm, com uma escala de 1 mm de resolução. Também foi utilizado um compasso (Cescorf científico, resolução 0,1 mm), uma fita métrica (Mabbis, resolução 1 mm) e um paquímetro de pontas rombas (precisão de 0,5 mm) para medir as dobras cutâneas, perímetros corporais e diâmetros ósseos, respectivamente. Para obter a densidade corporal (DC) foi utilizado a equação de Jackson e Pollock validada para atletas de futebol (FONSECA et al., 2007), a qual emprega sete dobras cutâneas (peitoral, axial média, tricepital, subescapular, abdominal, suprailíaca anterior e coxa média). O %G foi calculado seguindo a equação proposta por Siri (1961). As equações seguem abaixo:
DC = 1,112 0,00043499 (Σ7) + 0,00000055 (Σ7) 2 0,00028826 (idade) %G = [(4,95 / DC) 4,50] * 100 O teste intermitente máximo (Yo-Yo IR1) proposto por Krustrup et al. (2003) e o teste progressivo máximo (MSFT) proposto por Ramsbotton e Brewer (1988) foram realizados no período da manhã (entre 10 e 12 h) em duas etapas distintas com um intervalo de recuperação de 48 horas. Durante o intervalo de recuperação entre as etapas os atletas permaneceram sem treinar. A ordem de início dos testes foi determinada por um sorteio simples para garantir a aleatoriedade na realização do experimento. O MSFT foi realizado com a utilização de um CD-ROM que contêm o protocolo que determina a velocidade e mudança dos estágios a partir da emissão de sinais sonoros. Foram demarcadas duas linhas distantes 20 m entre elas. O avaliado (1 atleta por vez) ao ouvir o sinal sonoro emitido por um CD-Player corria até a linha oposta. Ao novo sinal sonoro retornava à linha de partida e assim sucessivamente até não conseguir realizar o percurso dentro do tempo pré-determinado dos estágios ou abandonasse a prova voluntariamente. Os resultados foram registrados por meio do número de estágios completados e da distância total percorrida pelo avaliado. O Yo-Yo IR1 também foi realizado com a utilização de um CD-ROM que contêm o protocolo e determina a velocidade e a mudança dos estágios a partir da emissão de sinais sonoros. Foram demarcadas duas linhas distantes 20 m entre elas, sendo que o avaliado (1 atleta por vez) ao ouvir o sinal sonoro emitido por um CD-Player, corria até a linha oposta. Ao novo sinal sonoro retornava à linha de partida e realizava uma recuperação ativa com duração de 10 s em uma distância (5 m) marcada anterior à linha de partida. O avaliado seguia assim sucessivamente até que não conseguisse realizar o percurso dentro do tempo pré-determinado dos estágios ou abandonasse a prova voluntariamente. Os resultados foram registrados por meio do número de estágios completados e da distância total percorrida pelo avaliado. Foi utilizado um frequencímetro (Polar FS1) para mensurar a frequência cardíaca (FC). As medidas de frequência cárdia máxima (FC máx ) foram obtidas imediatamente ao final do teste. As medidas de frequência cardíaca de recuperação (FC rec ) foram registradas a cada minuto, durante um período de cinco minutos de recuperação, sendo dois minutos iniciais com o indivíduo realizando recuperação ativa de baixa intensidade (caminhando) e nos três minutos seguintes com o indivíduo em recuperação passiva (sentado). Análise estatística Foi realizado o teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade dos dados. Para comparar as médias de FC máx, distância total (D total ), tempo total (T total ) e velocidade máxima (V máx ) dos atletas de futsal nos diferentes testes máximos de campo foi utilizado o teste t de Student para amostras pareadas. Foi utilizado a ANOVA para medidas repetidas completadas com o post hoc de Tukey para análise da FC máx e FC rec (1, 2, 3, 4, 5 min) em cada protocolo. O nível de confiança adotado foi de 95%. Utilizou-se o pacote estatístico SPSS for Windows versão 15.0 (SPSS Inc., Chicago IL, EUA). RESULTADOS A tabela 1 apresenta os valores de FC máx, FC rec (1º ao 5º minuto), D total, T total e V máx dos atletas nos diferentes testes de campo para a verificação do condicionamento físico.
Tabela 1 - Valores de média e desvio-padrão (DP) das variáveis frequência cardíaca máxima (FC máx ), frequência cardíaca de recuperação (FC rec ) a cada minuto, distância total percorrida (D total ), tempo gasto para a realização dos testes (T total ) e velocidade máxima (V máx ) obtidos no Yo-Yo Intermitent Recovery Test Level 1 (Yo-Yo IR1) e Multistage Fitness Test (MSFT). Variáveis Yo-Yo IR1 MSFT Média DP Média DP p-valor PO (%) FC máx (bpm) 189,6 7,93 185,6 6,82 0,179 30 FC rec 1 min (bpm) 160,7 9,71 158,8 9,31 0,507 9 FC rec 2 min (bpm) 138,3 9,77 136,8 7,06 0,657 7 FC rec 3 min (bpm) 122,7 6,67 122,5 6,52 0,940 5 FC rec 4 min (bpm) 107,4 7,45 112,2 6,46 0,085 41 FC rec 5 min (bpm) 94,3 11,1 107,8 5,97 0,005 89 D total (m) 1842 431,9 2058 279 0,027 63 T total (min) 14,74 3,23 10,63 1,19 0,0001 99 V máx (Km/h) 16,38 0,74 13,21 0,54 0,0001 99 PO: poder observado do teste (teste t de Student para amostras pareadas) Ao analisar a Tabela 1, observa-se que a FC rec (5º minuto) foi menor e estatisticamente significante (p<0,05) no Yo-Yo IR1 quando comparado ao MSFT. Para o T total e V máx foram encontrados valores superiores e estatisticamente significantes (p<0,01) no Yo-Yo IR1 quando realizado novamente essa comparação. A figura 1 apresenta o comportamento da frequência cardíaca (FC máx e FC rec ) do grupo de atletas no Yo-Yo IR1. Figura 1 - Comportamento da FCmáx e FCrec (1º ao 5º minuto) no Yo-Yo IR1. Letras diferentes indicam diferenças estatisticamente significantes (p<0,05) (ANOVA para medidas repetidas confirmadas com post hoc de Tukey). Como pode ser observada na figura 1, a FC apresentou diferença estatisticamente significante (p<0,01) em todos os seus períodos para o Yo-Yo IR1. O comportamento da frequência cardíaca (FC máx e FC rec ) do grupo de atletas no MSFT está representado na figura 2.
Figura 2 - Comportamento da FCmáx e FCrec (1º ao 5º minuto) no MSFT. Letras diferentes indicam diferenças estatisticamente significantes (p<0,05). Letras iguais não apresentam diferenças estatisticamente significantes (p>0,05) (ANOVA para medidas repetidas confirmadas com post hoc de Tukey). O comportamento da FC no MSFT, na maioria das comparações, apresentou diferenças estatisticamente significantes (p<0,01). Entretanto, na comparação entre a FC rec 4 min e FC rec 5 min não houve diferença estatisticamente significante (p>0,05). DISCUSSÃO O comportamento da FC rec foi similar em ambos os testes apresentando uma redução gradativa (Figura 1 e Figura 2). Segundo Perini et al. (1989), esta diminuição da FC pode ser ocasionado pela redução nos níveis de noraepinefrina na corrente sanguínea em um curto período de tempo. Apesar disso, acredita-se que nos momentos iniciais de recuperação, a atividade vagal é a principal responsável pela diminuição da FC (ALMEIDA e ARAUJO, 2003). Outro aspecto importante é a adaptação intrínseca de mecanismos corporais (ALMEIDA e ARAUJO, 2003) que ocorre devido à especificidade do treinamento, sendo que o período de recuperação total da FC pode levar até 24 h após realização de exercício intenso ou máximo (FURLAN et al., 1993). A comparação dos valores da FC rec entre Yo-Yo IR1 e MSFT apresentou resultados semelhantes até o terceiro minuto de recuperação (FC rec 3 min), porém a partir do quarto minuto (FC rec 4 min) foram observadas diminuições mais acentuadas na FC no Yo-Yo IR1 quando comparado ao MSFT. Entretanto, somente no quinto minuto (FC rec 5 min) de recuperação esta diminuição foi estatisticamente significativa quando confrontado os dois protocolos (Tabela 1). Isso pode ser explicado pela especificidade do desporto, que caracteriza-se como uma atividade intermitente (movimentos rápidos com diferentes tempos de recuperação) e pelas características do Yo-Yo IR1 que possibilitam ressintetizar boa parte da fosfocreatina em seus intervalos de recuperação (10 segundos) e, consequentemente, realizar um maior número de sprints, pois a fosfocreatina e a glicólise anaeróbia dão ao músculo a energia imediata para realização de esforços máximos (MEDINA et al., 2002). Na presente investigação não foram encontrados estudos comparando a FC rec 5 min de atletas de futsal nos Yo-Yo IR1 e MSFT no início da pré-temporada (período preparatório geral). Ainda assim é importante ressaltar que a existência das diferenças entre a
recuperação de um esforço máximo contínuo e um intermitente para o futsal torna-se importante para a busca de um melhor controle, prescrição e avaliação das capacidades físicas dos atletas. A D total, T total e V máx apresentaram diferença estatisticamente significante na comparação entre o Yo-Yo IR1 e MSFT. Essa diferença possivelmente ocorreu devido aos períodos de recuperação entre os esforços do Yo-Yo IR1, aos quais possibilitaram uma recuperação fisiológica e metabólica, permitindo alcançar maior velocidade e tempo de corrida. As características do Yo-Yo IR1 também podem ter colaborado para o melhor desempenho do T total e V máx (Tabela 1), uma vez que as demandas energéticas utilizadas para a realização do Yo-Yo IR1 são semelhantes às solicitações energéticas exigidas pelo futsal. Em relação às atividades intermitentes, a recuperação entre os esforços atuam diretamente no tempo de fadiga encontrado no Yo-Yo IR1. Sabendo que atletas de alto nível dispõem de uma capacidade recuperativa elevada, supõe-se que ocorra uma maior ressíntese dos fosfagênios entre os esforços seguintes (BERGAMASCO et al., 2005). Outra afirmativa é de que ocorre um declínio nos níveis de oxi-hemoglobina, na realização de esforço progressivo, sendo que no exercício intermitente de alta intensidade e curta duração, esse declínio é significativamente mais baixo (CHRISTMASS et al., 1999; DUPONT et al., 2004). Sendo assim, a recuperação ativa facilita que o oxigênio armazenado nas mioglobinas possa ser reposto antes do início do próximo esforço (SPENCER et al., 2008), servindo como auxílio na ressíntese de fosfato de creatina, já que essa ressíntese depende da quantidade de oxigênio presente entre uma série e outra (CHRISTMASS et al., 1999). Entretanto, as principais limitações do presente estudo foram a não utilização de análises de sangue, dos metabólitos, das enzimas dos músculos e de variáveis ventilatórias. Os resultados dessas análises poderiam esclarecer o momento da mudança do sistema aeróbio para anaeróbio e a demandas energéticos durante testes de campo de diferentes intensidades. CONCLUSÃO Com base nos resultados encontrados pode-se concluir que o teste intermitente máximo (Yo-Yo IR1) mostrou-se mais apropriado para a avaliação do condicionamento físico de atletas de futsal devido as suas características intermitentes, apresentando melhor desempenho físico e uma recuperação física pós exercício máximo mais rápida. APLICAÇÕES PRATICAS O Yo-Yo IR1 pode ser utilizado para avaliação, prescrição e controle do desempenho físico dos salonistas, pois é mais específico para o futsal. A FC rec 5 min pode ser utilizada como um indicador de recuperação física pós exercício máximo. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. B.; ARAÚJO, C. G. S. Efeitos do treinamento aeróbico sobre a frequência cardíaca. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 9, p. 104-112, 2003. ALVAREZ, J. C. B.; VERA, J. G.; HERMOSO, V. M. S. Análisis de la frecuencia cardíaca durante la competición en jugadores profesionales de fútbol sala. Apunts: Educación
Física y Deportes, v. 77, p. 71-78, 2004. BANGSBO, J.; IAIA, F. M.; KRUSTRUP, P. The yo-yo intermittent recovery test: a useful tool for evaluation of physical performance in intermittent sports. Sports Medicine, v. 38, p. 37-51, 2008. BARBERO, J. C.; BARBERO, V. Relación entre el consumo máximo de oxigeno y la capacidad para realizar ejercicio intermitente de alta intensidad en jugadores de fútbol sala. Revista de Entrenaminento Desportivo, v. 2, p. 14-23, 2004. BERGAMASCO, J. G. P.; BENCHIMOL, L. F.; ALMEIDA FILHO, L. F. M.; VARGAS, P.; CARVALHO, T.; MORAES, A. M. Análise da frequência cardíaca e do VO2 máximo em atletas universitários de handebol através do teste do vai-e-vem 20 metros. Movimento e Percepção, v. 5, p. 146-62, 2005. CASTAGNA, C.; D OTTAVIO, S.; VERA, J. G.; BARBERO ALVAREZ, J. C. Match demands of professional futsal: a case study. Journal of Science and Medicine in Sport, v. 12, p. 490-94, 2009. CHRISTMASS, M. A. B.; DAWSON, B.; PASSERETTO, P.; ARTHUR, P. G. A comparison of skeletal muscle oxygenation and fuel use in sustained continuous and intermittent exercise. European Journal of Applied Physiology, v. 80, p. 423-35, 1999. CYRINO, E. S.; ALTIMARI, L. R.; OKANO, A. H.; COELHO, C. F. Efeitos do treinamento de futsal sobre a composição corporal e o desempenho motor de jovens atletas. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 1, p. 41-46, 2002. DA SILVA, J. F.; DITTRICH, N.; GUGLIELMO, L. G. A. Avaliação aeróbia no futebol. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, v. 13, p. 384-91, 2011. DOGRAMACI, S. N.; WATSFORD, M. L. A comparison of two different methods for timemotion analysis in team sports. International Journal of Performance Analysis in Sport, v. 6, p. 73-83, 2006. DUPONT, G.; WASSIM, M.; COMLAVI, G.; AHMADI, S.; BERTHOIN, S. Passive versus active recovery during high-intensity intermittent recovery exercises. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 36, p. 302-08, 2004. FONSECA, P. H. S.; MARINS, J. S. B.; DA SILVA, A. T. Validação de equações que estimam a densidade corporal em atletas profissionais de futebol. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 13, p. 153-6, 2007. FUKE, K.; DAL PUPO, J.; MATHEUS, S. C. Evaluación de la composición corporal y de la flexibilidad en futebolistas profissionales en diferentes etapas del ciclo de entrenamiento. Archivos de Medicina del Deporte, v. 129, p. 357-64, 2009. FURLAN, R.; PIAZZA, S.; DELL ORTO, S.; GENTILLE, E.; CERUTTI, S.; PAGANI, M.; MALIANI, A. Early and late effects of exercise and athletic training on neural mechanisms controlling heart rate. Cardiovascular Research, v. 27, p. 482-88, 1993. IMPELLIZZERI, F. M.; RAMPININI, E.; MARCORA, S. M. Physiological assessment of aerobic training in soccer. Journal of Sports Science, v. 23, p. 583-92, 2005. KRUSTRUP, P.; MOHR, M.; AMSTRUP, T.; RYSGAARD, T.; JOHANSEN, J.; STEENSBERG, A.; PEDERSEN, P.; BANGSBO, J. The yo-yo intermittent recovery test: physiological response, reliability, and validity. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 35, p. 697-705, 2003. KRUSTRUP, P.; MOHR, M.; ELLINGSGAARD, H.; BANGSBO, J. Physical demands of
elite female soccer games: importance of training status. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 37, p. 1242-8, 2005. LEAL JUNIOR, E. C. P.; SOUZA, F. B.; MAGINI, M; MARTINS, R. A. B. L. Estudo comparativo do consumo de oxigênio e limiar anaeróbio em um teste de esforço progressivo entre atletas profissionais de futebol e futsal. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 12, p. 323-26, 2006. MEDINA, J. A.; SALILLAS, L. G.; MARQUETA, P. M.; VIRÓN, P. C. Necesidades cardiovasculares y metabólicas del fútbol sala: análisis de la competición. Apunts: Educación Física y Deportes, v. 67, p. 45-53, 2002. MOHR, M.; KRUSTRUP, P.; BANGSBO, J. Match performance of high standard soccer players with special reference to development of fatigue. Journal of Sports Science, v. 21, p. 519-28, 2003. PERINI, R.; ORIZIO, C.; COMNDÉ, A.; CASTELLANO, M.; BESCHI, M.; VEIESTEINAS, A. Plasma norepinephrine and heart rate dynamics during recovery from submaximal exercise in men. European Journal of Applied Physiology, v. 58, p. 879-83, 1989. PETROSKI, E. L. Antropometria: técnicas e padronizações. Porto Alegre: Pallotti, 2007. RAMSBOTTOM, R.; BREWER, C. W. A progressive shuttle run test to estimate maximal oxygen uptake. British Journal of Sports Medicine, v. 22, p. 141-44, 1988. SÁNCHEZ, J. M.; HERNÁNDEZ, F. B.; MARTÍN, A. G.; CABEZÓN, J. M. Y. La resistencia a la velocidad como factor condicionante del rendimiento del futbolista. Apunts: Educación Física y Deportes, v. 81, p. 47-60, 2005. SIRI, W. E. Body composition from fluid spaces and density. In: BROZEK, J.; HENSCHEL, A. (editors). Techniques for measuring body composition. Washington DC: National Academy of Science; 1961. p 223-44. SPENCER, M.; DAWSON, B.; GOODMAN, C.; DASCOMBE, B.; BISHOP, D. Performance and metabolism in repeated sprint exercise: effect of recovery intensity. European Journal of Applied Physiology, v. 103, p. 545-52, 2008.