As influências do contencioso administrativo no contencioso tributário Faculdade de Direito da Universidade do Porto 29 de Março de 2017
Hierarquia das Fontes das Normas Jurídico-Tributárias CRP Direito UE e Tratados Internacionais LEI GERAL TRIBUTÁRIA CIRS CIRC CIVA RGIT CPPT CPA CPTA ETAF CC CPC
Princípios Gerais Da relação jurídico-tributária: Princípio da legalidade fiscal artigo 103.º, n.º 2 da CRP e artigo 8.º da LGT; Princípio da capacidade contributiva artigos 13.º, 103.º, n.º 1 e 104.º, n.º 1 da CRP e artigo 4.º, n.º 1 da LGT; Princípio da estabilidade/previsibilidade e não retroactividade das normas fiscais artigos 1.º e 103.º, n.º 3 da CRP;
Princípios Gerais Do procedimento tributário: Princípio da legalidade da actuação administrativa artigo 266.º, n.º 2 da CRP e artigo 55.º da LGT; Princípio da verdade material artigos 55.º e 58.º da LGT; Princípio do inquisitório artigo 58.º da LGT; Princípio da participação artigo 267.º, n.º 5 da CRP e artigo 60.º da LGT;
Princípios Gerais Do processo judicial tributário: Princípio do acesso à justiça tributária artigo 20.º, n.º 1 e 268.º, n.º 4 da CRP e artigo 9.º da LGT; Princípio da celeridade da justiça tributária artigo 20.º, n.º 4 da CRP e artigo 97.º da LGT; Princípio da igualdade de meios processuais artigo 13.º da CRP e artigo 98.º da LGT; Princípio da impugnação unitária artigo 54.º do CPPT e artigo 66.º da LGT; Princípio do inquisitório artigo 99.º da LGT e artigo 13.º, n.º 1 do CPPT.
Contencioso tributário: meios procedimentais e processuais Procedimento Tributário: Reclamação Graciosa; Pedido de Revisão Oficiosa; Recurso Hierárquico; Processo Judicial Tributário: Impugnação Judicial; Pedido de Pronúncia Arbitral; Acção Administrativa; Oposição à Execução Fiscal; Reclamação do Acto do Órgão de Execução Fiscal;
Contencioso tributário: meios procedimentais e processuais
Contencioso tributário: meios procedimentais e processuais Pedido de revisão oficiosa do acto tributário (artigo 78.º, da LGT): Pode existir por iniciativa do sujeito passivo ou da AT; Por iniciativa do sujeito passivo: no prazo da reclamação administrativa; com fundamento em qualquer ilegalidade; Por iniciativa da AT: se o tributo tiver sido pago: no prazo de 4 anos após a liquidação; se o tributo não tiver sido pago: a todo o tempo; com fundamento em erro imputável aos serviços. Entendimento Jurisprudência: a revisão oficiosa por iniciativa da AT pode ocorrer a pedido do sujeito passivo, no prazo de 4 anos; Utilizado como válvula de escape (após decurso dos prazos de RG/IJ); Caso particular da autoliquidação: revogação do n.º 2 do artigo 78.º, da LGT pela LOE 2016.
Contencioso tributário: dicotomia estrutural Objecto: Impugnação Judicial Objecto: Acção Administrativa actos de liquidação de tributos (incluindo parafiscais, autoliquidação, retenção na fonte e pagamento por conta). Contagem do prazo da IJ: A utilização de meios de impugnação administrativa interrompe o prazo de impugnação contenciosa do acto tributário. Contencioso de mera anulação: Limitação dos poderes de pronúncia do Tribunal: declaração de nulidade ou de inexistência ou anulação do acto impugnado (embora também se admita condenação da AT ao pagamento de juros indemnizatórios e de indemnização por garantia indevidamente prestada). indeferimento total ou parcial ou da revogação de isenções ou outros benefícios fiscais, quando dependentes de reconhecimento da AT; outros actos administrativos relativos a questões tributárias que não comportem apreciação da legalidade do acto de liquidação. Contagem do prazo da AA: A utilização de meios de impugnação administrativa suspende o prazo de impugnação contenciosa do acto em matéria tributária, que só retoma o seu curso com a notificação da decisão proferida sobre a impugnação administrativa ou com o decurso do respectivo prazo legal, consoante o que ocorra em primeiro lugar. Contencioso de plena jurisdição: Poderes de pronúncia do Tribunal incluem: a declaração de nulidade ou de inexistência ou anulação do acto impugnado; e a condenação da AT à prática do acto devido.
Procedimento de Liquidação Facto Tributário Apuramento da matéria tributável Acto tributário (Autoliquidação / liquidação) Cobrança....
Procedimento de Liquidação Acto tributário Apuramento da Facto Tributário (Autoliquidação/ matéria tributável liquidação) Cobrança Processo de Execução Fiscal.
Legalidade vs. Exigibilidade da Dívida Fundamentos: Impugnação Judicial Fundamentos: Oposição à Execução Fiscal Qualquer ilegalidade; Exemplos: a) falta de fundamentação; b) erro na aplicação do direito. Relacionados com a legalidade da dívida. Tipo de prazo: não judicial; o prazo de 3 meses para apresentação da IJ não é judicial; não é possível apresentar IJ com multa; mas se prazo terminar em dia em que os tribunais estejam encerrados, passa para o 1.º dia útil seguinte. Apresentação: Tribunal Tributário competente SITAF. Taxativamente previstos na lei (artigo 204.º, do CPPT); Exemplos: a) prescrição da dívida tributária; b) ilegitimidade da pessoa citada; Relacionados com a exigibilidade da dívida. Tipo de prazo: judicial; o processo de execução fiscal é judicial; o prazo para deduzir oposição é judicial; pode ser apresentado com multa. Apresentação: Junto do SF competente que depois remete para o Tribunal Tributário competente.
Responsabilidade tributária subsidiária Efectivada através da Reversão do Processo de Execução Fiscal (artigo 23.º, da LGT): Quem? O quê? Porquê? Gerente /Administrador de Facto Dívidas Tributárias + Conexão Temporal 1) Inexistência/Insuficiência Bens Penhoráveis; 2) Gerência/Administração de Facto; 3) Culpa na Insuficiência do Património.
Responsabilidade tributária subsidiária Efectiva-se através da Reversão do Processo de Execução Fiscal: Projecto de Reversão; Audição Prévia; Citação: Declaração Fundamentada dos Pressupostos e Extensão da Reversão Artigo 23.º, n.º 4, da LGT; Elementos Essenciais da Liquidação e respectiva Fundamentação Artigo 22.º, n.º 5, da LGT.
Outros actos lesivos praticados pelo Órgão de Execução Fiscal Podem ser sindicados através da Reclamação do Acto do Órgão de Execução Fiscal (artigos 276.º e seguintes do CPPT); Objecto: quaisquer actos do processo de execução fiscal que afectem os direitos e interesses legítimos do executado ou de terceiro; ex.: indeferimento de pedido de pagamento em prestações; acto de penhora; Prazo: 10 dias; Apresentação: junto do Serviço de Finanças competente (embora dirigido ao tribunal tributário competente); Tem efeito de suspender o processo de execução fiscal (segundo jurisprudência pacífica).
Caso Prático 1 O Senhor A foi notificado de uma liquidação adicional de IRS, no valor de 3.500,00. Não concordando com os fundamentos da liquidação invocados no Relatório de Inspecção Tributária, e não obstante ter pago o montante de imposto liquidado adicionalmente, apresentou reclamação graciosa, tendo invocado o vício de falta de fundamentação. A reclamação graciosa foi indeferida, tendo o Senhor A, nessa sequência, apresentado impugnação judicial. Em sede de impugnação, além do vício de falta de fundamentação, o Senhor A invocou o vício de erro na aplicação do Direito, por considerar que a AT estava a interpretar erradamente o conceito de residência fiscal. 1) Qual terá sido o pedido formulado em sede de reclamação graciosa? 2) Pode o Senhor A invocar vícios diferentes, relativamente ao mesmo acto tributário, em sede de reclamação graciosa e de impugnação judicial? 3) Que outros meios tinha o Senhor A ao seu dispor para contestar este acto de liquidação?
Caso Prático 2 Parte I O Senhor B foi notificado de uma liquidação adicional de IVA, no valor de 5.000,00, que pagou dentro do prazo indicado para o efeito. Tendo ficado muito aborrecido com esta liquidação inesperada, depois de pagar o imposto, e apesar de discordar da liquidação, preferiu, durante algum tempo, não pensar mais neste assunto. Quando finalmente decidiu dirigir-se ao escritório de um advogado para saber como podia contestar a liquidação, este informou-o de que os prazos de impugnação judicial e de reclamação graciosa já se haviam esgotado. 1) Haverá alguma outra forma de o Senhor B conseguir contestar o acto de liquidação? 2) Em que prazo?
Caso Prático 2 Parte II O Senhor B apresentou pedido de revisão oficiosa da liquidação adicional de IVA. Contudo, a AT decidiu indeferir o pedido de revisão oficiosa, com base na sua intempestividade, por considerar que apenas a AT pode beneficiar do prazo de 4 anos para rever oficiosamente os actos tributários por sua iniciativa. Os sujeitos passivos apenas podem requerer esta revisão no prazo da reclamação graciosa. 3) Como poderá o Senhor B reagir a esta decisão?
Caso Prático 3 O Senhor C foi notificado de uma liquidação de IUC relativamente a um veículo de que já não é proprietário. Revoltado, dirigiu-se ao Serviço de Finanças da sua área de residência, onde foi informado que poderia apresentar reclamação graciosa oralmente, o que fez. Nessa sequência, foi notificado da decisão, na qual se podia ler apenas que Fica por este meio notificado da decisão de indeferimento da reclamação graciosa acima mais bem identificada, com a fundamentação que se anexa. Recordando-se que o funcionário do Serviço de Finanças havia dito que mesmo se a reclamação fosse indeferida, haveria mais meios de reacção ao seu dispor, e nada dizendo a notificação, consultou um advogado a este respeito. 1) O que terá dito o advogado ao Senhor C? Na sequência desta decisão, o Senhor C constituiu o Senhor Advogado como mandatário e interpôs recurso hierárquico do indeferimento da reclamação graciosa. Antes, porém, inquiriu o Senhor Advogado sobre quanto tempo demoraria a decisão, tendo o Senhor Advogado respondido que não podia prever. O Senhor C questionou então o Senhor Advogado sobre a existência de algum meio de reacção ao silêncio da AT. 2) Qual terá sido a resposta do Advogado? Decorrido um ano, o Senhor C foi notificado da decisão de indeferimento do recurso hierárquico, que entregou ao Senhor Advogado. 3) Esta notificação é regular?
Caso Prático 4 O Senhor D foi citado em reversão no âmbito de um processo de execução fiscal em que é devedora originária a sociedade Direito Fiscal, Lda., da qual afirma nunca ter sido gerente de facto. A AT, contudo, alega que o seu nome consta da certidão de registo comercial desta sociedade, e que o Senhor D até esteve presente na realização de uma escritura de um imóvel adquirido pela sociedade, pelo que se encontram reunidos os pressupostos de que depende a responsabilidade tributária subsidiária. 1) Como pode o Senhor D defender-se em face desta citação? 2) Que fundamentos pode invocar?
Caso Prático 5 O Senhor E foi contactado telefonicamente pelo seu Cliente X, que o informou ter recebido uma notificação de penhora de créditos da AT, no âmbito de um processo de execução fiscal referente a uma dívida de IVA, nos termos da qual, em vez de pagar os montantes que devia ao Senhor E, deveria entregá-los à AT. O Senhor E respondeu dizendo Isso é impossível, porqueeu contestei essa dívida. 1) A contestação da dívida impede a prática de actos de penhora? 2) Como pode o Senhor E reagir ao acto de penhora de créditos?
Muito obrigada pela atenção. Sara Soares Advogada sara.soares@abreuadvogados.com