34 ÀREA DE CONHECIMENTO 7 - TECNOLÓGICOS
35 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DENGUE: ANÁLISE DO PARQUE ECOLÓGICO DE VÁRZEA PAULISTA, SÃO PAULO BRASIL Orientadora: Profa. Ms. Juliana Rink Bolsista: Diego Meleiro Novaretti INTRODUÇÃO: Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a dengue é um dos principais problemas de saúde pública no mundo. As condições socioambientais favoráveis à expansão do Aedes aegypti possibilitaram a dispersão do vetor e avanço da doença no país desde sua reintrodução em 1976. Sabe-se que o setor de saúde, por si só, não consegue derrubar tal cenário. Entra em cena, então, a Educação Ambiental (EA). Considerada desde 1965 como medida sócio-educativa para melhoria da qualidade ambiental (BRASIL, 2011), a EA está vinculada a todos os objetivos de proteção ao meio ambiente e desenvolvimento sustentável por ser capaz de proporcionar o aumento da consciência pública, envolvendo a comunidade na busca por soluções para os problemas existentes. É de extrema importância propor ações de EA que façam intervenção em populações locais, a fim de provocar uma mudança de atitude da população que combata o panorama atual da doença. A esse respeito citamos os trabalhos de Chiaravalloti Neto et al. (1998) e Chiaravalloti et al (2002), que mostram que mesmo que os conhecimentos sobre a dengue e os vetores sejam incorporados pelos indivíduos, não haverá necessariamente uma mudança de hábitos e a redução do número de criadouros a ponto de evitar a transmissão da doença. Assim, acredita-se que o estudo das concepções e percepções socioambientais da comunidade de entorno do Parque Ecológico Chico Mendes seja essencial para o planejamento de ações de EA, no que tange ao controle da dengue. OBJETIVO: O objetivo geral do trabalho é identificar, mapear e categorizar as concepções e percepções socioambientais dos moradores do entorno do Parque Ecológico Chico Mendes (Várzea Paulista/SP) a respeito da dengue, com ênfase no vetor Aedes aegypti. MATERIAL E MÉTODO: A pesquisa possui cunho quali-quantitativo, baseando-se na análise de questionários semi-estruturados, aplicados aos moradores do entorno do Parque. Optou-se pela realização de uma amostragem piloto, para qual foi selecionada a área considerada mais degradada e que recebe maior impacto antrópico (FRANCO & RINK, 2011). A amostra foi realizada em 50 domicílios, iniciando-se em cada rua à partir da primeira casa mais próxima ao Parque, alternando-se linearmente uma casa sim, e outra não, de acordo com a recepção dos moradores. Após a aplicação dos questionários, as respostas foram tabuladas. Para análise das percepções sobre os conceitos de Meio Ambiente tomaremos como referencial as categorias sugeridas por Sato (2001). RESULTADOS: Em relação à pergunta O que é dengue?, 80% respondeu que a mesma é um mosquito. Isso mostra que a percepção predominante dos moradores associa a doença ao mosquito e à sua picada, considerando a doença como sendo o próprio vetor. Mediante a questão Como se contrai dengue?, a maioria relacionou o contágio com a água parada/acumulada, não citando a picada do vetor (72%). Ainda, 4 indivíduos (8%) afirmaram que a doença pode ser transmitida por contágio direto. Na pergunta Você sabe explicar por que eliminar a água parada é tão importante para a prevenção doença?, as respostas revelam uma série de concepções errôneas relativas ao ciclo de vida do vetor, além de evidenciar o desconhecimento da fase de ovo no ciclo reprodutivo do agente. O uso indiscriminado de inseticidas também apareceu em várias respostas dadas. Por fim, a questão Você acha que existe alguma relação entre lixo (resíduos sólidos) e a dengue? Se sim, qual? teve resultados preocupantes. Apenas 20% dos entrevistados afirmaram que os resíduos
36 acumulariam água e poderiam se tornar criadouros do vetor. Quatorze por cento dos moradores declararam que não havia relação, já que o mosquito se cria em água e não em lixo. CONCLUSÃO: Apesar de a pesquisa contar com dados preliminares, a análise qualitativa e quantitativa efetuada permite traçar indicativos sobre as concepções e percepções sobre a dengue e seu vetor no local. Tal como em Lefrève (2007), é possível afirmar que os conhecimentos sobre os aspectos revelados da doença são equivocados e fortemente influenciado pela mídia. Ainda, a baixa escolaridade dificulta o acesso e a compreensão das informações veiculadas campanhas e iniciativas no combate à doença. O desconhecimento do ciclo reprodutivo do vetor eleva o risco de proliferação do vetor na localidade. A intensa fragmentação dos conhecimentos por parte dos entrevistados, como a água, vegetação do Parque, mosquitos, vírus, lixo, resíduo, indica reprodução de discursos apreendidos por meio de diversas fontes, sem mudança conceitual efetiva por parte do cidadão. Os resultados indicam a necessidade de ações planejadas de EA que levem em conta tais representações e conhecimentos prévios dos indivíduos. Ao levar o mapeamento das percepções dos moradores para os gestores públicos, será possível criar e executar um programa de EA que tenha possibilidades mais reais de provocar mudança na realidade local. PALAVRAS CHAVES: educação ambiental, concepções e percepções, saúde pública.
37 CONTROLE DE VETORES E IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS: PERCEPÇÕES DE UMA COMUNIDADE DE ENTORNO DA ETEJ EM JUNDIAÍ/SP Orientador: Profa. Ms. Juliana Rink (UNIANCHIETA) Bolsista: Afonso de Oliveira INTRODUÇÃO: Este trabalho tem por finalidade apresentar os resultados de um projeto de iniciação científica, desenvolvido junto aos moradores do Bairro Jardim Novo Horizonte (Jundiaí/SP). Realizada em parceria com o Centro de Controle de Zoonoses de Jundiaí-SP e com a Companhia de Saneamento de Jundiaí (CSJ); o estudo, iniciado em 2008, foi organizado em duas fases. A primeira (2008 e 2009) fez o diagnóstico de possíveis condições de procriação e desenvolvimento de vetores no local. Já a segunda fase, sobre a percepção ambiental dos moradores, foi iniciada em 2010. A percepção ambiental é tema que aborda a relação que a sociedade tem com seu meio natural e como ela está se relacionando com este meio, apresentando-se como um instrumento que pode ser usado de forma a identificar os aspectos positivos e negativos do homem em relação ao meio ambiente (PALMA, 2005). O bairro apresenta crescimento desordenado ao longo dos anos e, mesmo com a intervenção do poder público e de projetos sociais, situações como o acúmulo de resíduos sólidos não têm sofrido melhorias significativas. Isso reflete situações de risco socioambiental, tais como o aumento da incidência de animais sinantrópicos e outros problemas associados à saúde ambiental. Como em Mansano (2006), consideramos que o estudo da percepção ambiental contribui nos estudos de educação ambiental ao verificar o comportamento, valores e atitudes dos atores sociais em relação à realidade em que vivem e a partir daí buscar soluções em conjunto para os problemas detectadosqualquer projeto de educação ambiental que venha a ser implantado nessas áreas deve possuir um conhecimento prévio sobre as relações ali existentes. Ao unir a percepção ambiental com a educação ambiental é possível saber como os indivíduos com que trabalharemos percebem o ambiente em que vivem (PALMA, 2005). O direcionamento da pesquisa para a temática de vetores possibilitou a coleta de dados importantes para o futuro estabelecimento de projetos que poderão atender melhor as deficiências encontradas na comunidade de entorno da ETEJ. OBJETIVO: Investigar, mapear e categorizar as concepções e percepções ambientais dos moradores do bairro Jardim Novo Horizonte (Jundiaí/SP) sobre insetos, a fim de construir indicativos que auxiliem nas propostas de intervenção e de Educação Ambiental na localidade. MATERIAL E MÉTODO: A presente pesquisa possui cunho quali-quantitativo baseando-se principalmente na análise de questionários semiestruturados, aplicados aos moradores do bairro Jardim Novo Horizonte. Optou-se pela realização de uma amostragem piloto em 50 residências, tendo em vista que a área de abrangência do bairro é extensa e com ocupação irregular. A análise do piloto possibilitou a definição da amostra final de 200 residências. A aplicação final ocorreu entre maio e agosto de 2011. A metodologia usada foi a determinação de transectos, tomando-se por base o local onde estão as leiras de tratamento de esgoto da empresa. Assim, foram traçados 10 transectos (raios) e as casas que existiam na intersecção com as ruas foram marcadas com aparelho GPS e devidamente identificada. A área atingida pelo questionário é de aproximadamente 2,44 Km². Isso contribuiu para identificar o grau de variação e transição das respostas da comunidade investigada em relação com a distância e proximidade da empresa. Para análise das percepções tomou-se como referencial as categorias sugeridas por Sauvé (2005) e Sato (2001). RESULTADOS: Os dados indicam que o termo inseto é usado para designar organismos sistemática e taxonomicamente não
38 relacionados, além de ser usado para referenciar qualquer animal que seja associado à doença e condições precárias de saúde e moradia. Isso corrobora a hipótese de ambivalência entomoprojetiva (COSTA NETO, 1999). Mais da metade dos entrevistados considera ratos e cobras como insetos, enquanto que menos de 20% consideram que o acúmulo de resíduos favoreça a proliferação de vetores. CONCLUSÃO: A análise das respostas pode contribuir para o entendimento da percepção individual e coletiva dos moradores, além de auxiliar na construção de propostas de Educação Ambiental para o bairro. PALAVRAS CHAVES: educação ambiental, concepções e percepções, saúde pública.
39 ESTUDO DA PRODUÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA DE CORANTE NATURAL A PARTIR DE AÇAÍ Orientador: Profa. Dra. Nilva Aparecida R. Pedro (UNIANCHIETA) Bolsista: Janaina Ressineti Ruocco INTRODUÇÃO: Açaí é o nome dado tanto ao fruto do açaizeiro (Euterpe edulis Martius) como à bebida oriunda da extração deste fruto. Os frutos são globulosos e apresentam-se em cacho, porém seu consumo não ocorre na forma in natura, necessitando ser processado. [1, 2]. O açaí vem sendo muito utilizado não só como uma fonte de alimentação, mais também como uma fonte natural de corante, pois muitos corantes sintéticos vêm sendo proibidos, principalmente os que apresentam efeitos cancerígenos. Os frutos do açaizeiro possuem um teor de pigmentos antocianinas que são flavonóides, ou seja, possuem o núcleo flavano como estrutura básica e caracterizam se por serem compostos hidrossolúveis responsáveis pela coloração vermelha, azul, violeta e rosa de frutas, hortaliças e flores. [1]. OBJETIVO: Extração do corante do fruto do açaizeiro, utilizando extração por solvente e purificação por cromatografia em papel. MATERIAL E MÉDTODO: Devido a dificuldade de se obter os frutos do açaizeiro para extração dos pigmentos, foi utilizada a polpa do fruto congelada encontrada no mercado de Jundiaí. Dozentos gramas de polpa congelada foi extraido com solução de HCl 0,1% em etanol [3, 4]. Os extratos foram filtrados, concentrados a pressão reduzida e a temperatura de 52 54ºC e armazenados na geladeira em ausência de luz.o extrato concentrado foi cromatografado em papel Whatman n o 3 com HCl a 1% [3]. Obteve-se a separação em duas zonas, ambas com coloração vermelha, que foram eluídas em metanol, concentradas a vácuo á 38-39 ºC, novamente cromatografadas em papel Whatman n o 3 usando como solvente uma mistura de butanol, ácido acético e água na proporção 6:1:2 v/v. RESULTADOS: Obteve-se a extração do corante do açaí (antocianinas) em duas porções, purificadas por cromatografia em papel. Identificou-se as antocianinas utilizando espectroscopia na região do visível onde se obteve picos de 528 e 530 nm, que por referências bibliográficas são identificadas como cianidina-3-arabinosídeo e cianidina-3- arabinosil-arabinosídeo. Não houve possibilidade de uma melhor identificação das antocianinas e transformação do extrato em pó, devido a falta de equipamentos adequados. Os extratos foram armazenados por dois meses em geladeira e ausência de luz, sendo que foram estáveis durante este tempo.conclusão: Devido à alta quantidade de antocianinas na polpa do açaí e, segundo a literatura, ausência de efeitos tóxicos em seus extratos aquosos, pode se concluir que o fruto do açaizeiro possui grande potencial para uso como corante natural. PALAVRAS CHAVES: Açaí, antocianina, corante natural, extração.