htt://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.as?codigo=269 Página 1 de 5 b 5 DIGESTIVOS Segunda-feira Artes Internet Terça-feira Teatro Televisão Quarta-feira Cinema Música Quinta-feira Além do Mais Gastronomia Sexta-feira Imrensa Literatura Newsletter o seu e-mail aqui OK * or Julio Daio Borges COLUNAS Segunda-feira Marcelo Maroldi Marcelo Miranda Terça-feira Luis Eduardo Matta Marcelo Salding Quarta-feira Ana Elisa Ribeiro Guilherme Conte Quinta-feira Adriana Baggio Fabio Silvestre Cardoso Sexta-feira Eduardo Carvalho Julio Daio Borges ENSAIOS Ensaístas Convidados >>> Lauro Machado Coelho >>> Luís Antônio Giron >>> Furio Lonza >>> Ricardo Freire >>> Sérgio Augusto FÓRUM Mais Acessados >>> A crise dos 28 >>> 10 razões ara esquecer 2005 >>> Por que quero sair do Orkut (mas não consigo) >>> Orkut Ano Dois >>> O feitiço das letras >>> Orkut: fim de caso >>> Orkut, ame-o ou deixeo >>> Orkut, um sonho imossível? >>> Sua majestade, o ator EDITORIAIS COLUNAS Terça-feira, 6/11/2001 Um álbum que eu queria ter feito Rafael Lima + de 1900 Acessos + 1 Comentário(s) Maurício de Souza meio que desmoralizou a exressão quando disse, na orelha do álbum Quadrinhos em Fúria, que Luiz Gê fez as histórias que ele gostaria de ter feito, afinal, até hoje ninguém conseguiu entender direito or que alguém que queria fazer histórias adultas de vanguarda em reto e branco acaba desenhando gibis coloridos ara crianças. Mesmo assim, acredito que ela ainda esteja no razo de validade ara que eu ossa utilizá-la aqui de novo: Jano fez o álbum que eu gostaria de ter feito. Acho que a maneira mais fácil de aresentar Jano é simlesmente dizer que ele é o ídolo do Angeli. Não, o Angeli nunca reconheceu isso, mas já o vi numa entrevista na Tv listando as semelhanças: são da mesma geração, têm influência do underground norte-americano, fazem quadrinhos como se fosse rock n roll. A diferença, que ele não disse, conto eu aqui: Jano é francês, enquanto Angeli é aulista. Motivo suficiente ara dar a uma história ares de mito, que troco de arágrafo ara contar. Diz que um belo dia Jano abriu o jogo com seu editor: andava insatisfeito com suas histórias em quadrinhos, estava recisando de uma reciclagem, seria bom dar uma arada. O editor achou razoável e enviou-o ara uma viagem de férias de 6 meses na África. Ao fim dos quais, Jano retornou à França, criou um ersonagem novo, Keubla, equeno contrabandista envolvido nas vicissitudes da sobrevivência entre as miseráveis aldeias alfricanas, e, mais imortante: fez uma série A Anúnc Noss Fátim Saiba foto d choro Orlea www.d Anunc LAN O Mel P Ca Be Uma av Zyg educa J
htt://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.as?codigo=269 Página 2 de 5 FAQ erguntas mais freqüentes Quem Somos a história e as histórias Modus Oerandi como funciona e se divide Audiência quem lê e como lê Anúncios & Parcerias como anunciar & ser arceiro de ranchas em aquarela catando aisagens humanas observadas em sua viagem, que acabou sendo ublicado como o rimeiro dos Carnets de Voyage de Jano: Carnet d Afrique. Vendeu, foi um sucesso, e acabou transformando-o num desenhista globe-trotter, que assa arte de sua vida caçando imagens ara seus cadernos de viagem (Hugo Pratt já fizera coisa semelhante muitos anos antes ara comor as aventuras de Corto Maltese, rimeira referência quando se fala em viagens e quadrinhos). E o Angeli? Teve que se resignar em não desgrudar a bunda da rancheta or mais de uma semana, que dirá seis meses na África, orque o mercado brasileiro de quadrinhos nem de erto se comara ao francês... Acelerando um ouco a história, deois da África Jano veio a assar 3 meses viajando ela Índia, em comanhia dos também cartunistas Dodo e Ben Radis, com quem criou Bonjour Les Indes, contendo texto e tiras em quadrinhos, ao invés de aenas ilustrações, no final dos anos 80. Por volta dessa éoca, seus únicos trabalhos ublicadas no Brasil eram as rimeiras histórias curtas de Kebra (de 78 a 82), ainda em arceria com Tramber, ela revista Animal. Aenas em 1991, com o lançamento de Wallaye! - que reúne as rinciais histórias de Keubla - ela editora Abril e a lindíssima exosição Ça, C est la France en Bande Dessineé, or ocasião da 1ª Bienal Internacional de Quadrinhos, é que vim a conhecer direito o trabalho de Jean Leguay, dito Jano. Dois anos deois, a embaixada francesa traria uma exosição deslumbrante ainda que equena, com alguns originais dos Carnets africano e indiano. Foi ali que eu fiquei articularmente imressionado com a imagem tocante de um equeno ovoado africano assistindo a televisão, e uma assustadora uma estação de trem indiana ainhada de essoas dormindo, às vistas de dois imotentes oliciais. Até um burro tinha na estação. Durante os quase dez anos que se seguiram, ouco ouvi falar em Jano; soube que ele esteve na 2ª Bienal, em 93, quando odia ser encontrado mais facilmente no boteco em frente do que no avilhão rincial; soube que ele voltou ara a terceira edição, já em Belo Horizonte, 1997, e mais nada. Mal sabia que, nesse meio temo, os Carnets continuaram com Paname, um álbum comleto sobre a cidade em cujo subúribio mora: Paris, rovando que na sua casa de ferreiro o eseto não era de au. Em Paname ele consegue a difícil tarefa de conjugar recantos ineserados com alcos mais tradicionais de Paris: tem crianças brigando em frente ao laguinho do Jardim de Luxemburgo num domingo de sol, tem uma tentativa de rave numa catacumba, tem namorados fazendo iquenique no extremo da Îlle da la Cité, tem os engolidores de fogo que ficam na frente do Centro Georges Pomidou, tem as bancas que vendem livros antigos na Rive Gauche do Sena. Deois, do nada, ouvi dizer que Jano estava vindo ara o Rio de Janeiro registrar imagens da cidade ara um álbum, com atrocínio da refeitura. Seria ossível que justo a minha cidade natal viraria mais um Carnet de Voyage? Notícias erdidas na imrensa, ao longo de 2000, avisavam que Jano tinha efetivamente se mudado ara um casarão em Santa Teresa, onde ele moraria or algum temo... Qual não foi minha surresa quando vi, agora em outubro, numa livraria em Paris, o álbum Les Carnets de Voyage de Jano - Rio de Janeiro. Ele tinha feito. Não é reciso mais do que a À Es A ho G Crít Je Im de D F O e A revolu D O
htt://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.as?codigo=269 Página 3 de 5 caa da edição francesa ara ver o estilo adotado: ao enquadrar o Pão de Açúcar no ôr do sol visto da raia do Flamengo, não deixou de fora a imundice que os banhistas deixam na areia, o catador de latas assediando aquele restinho de cerveja já quente tomado or uma mulher enrolada na bandeira do Brasil. Existe uma característica criticável nesse estilo que é um jeito meio Sebastião Salgado de ficar glamourizando o lado mais obre das cidades raros são os cartões ostais que ele reroduz, e ainda assim, os que aarecem vêm sob ótica inusitada: escadores noturnos se rendendo à oluição no bruxuleante cenário noturno da Lagoa Rodrigo de Freitas. E dá-lhe desenho de oulares em Madureira, le banlieu rofonde, das favelas de São Carlos e do Vidigal, do Morro da Mangueira (visitado ela rimeira vez ainda em 93). Até ara o Burro-sem-rabo, catador de aéis, e Sem teto uma das 30 imagens foi reservada. Mas há coisas inacreditáveis ali, e não falo do lano do anel interno do Maracanã a artir da torcida do Flamengo em dia de decisão. É quando ele catura certo tio de riquíssima cena cotidiana que ode assar desercebida ao turista mais desatento (ou mais reocuado com as aisagens de cartão ostal), fotografando o que talvez seja o esírito das ruas do Rio de Janeiro: a vitrine de uma loja em Madureira, no melhor estilo dos comerciantes do Saara; um engarrafamento no centro da cidade onde se nota o nome do Ota, um de seus rinciais anfitriões em 93, ichado em um muro onde a quantidade de vezes que os motoristas faziam o sinal de tudo bem com o olegar levantado o imressionou; um autêntico botequim é sujo, refúgio da madrugada; os recantos de Pedra de Guaratiba e da Floresta da Tijuca; uma Paquetá irreal, que arece arada no temo; os antigos rédios em estilo colonial ortuguês do Catete; o bonde de Santa Teresa, sobre cujos trilhos os bêbados voltam a cantar aós uma festança; a feira de São Cristóvão. A roriedade com que Jano seleciona e reroduz os detalhes de cada uma dessas aisagens é de surreender os nativos da cidade. Is A Ros Manuel Os cr A No Bru PA Na introdução, Wolinski, o Jaguar francês, que veio ao Rio com Jano em 93, conta como começou a história toda, fazendo um aelo: É genial ter uma amigo que aquareliza suntuosamente seus souvenirs confusos. Não me deixe jamais em todas as minhas viagens ara imortalizar minhas lembranças e minhas emoções. Nem as nossas, nativos e moradores dos lugares que você visita, Jean.
htt://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.as?codigo=269 Página 4 de 5 Para ir além Les Carnets de Voyage de Jano Rio de Janeiro edição francesa (Albin Michel) Rio de Janeiro Cadernos de Viagem - edição nacional (Casa 21 e Sinase) A edição nacional (caa acima) recebeu recursos do consulado da França, do Hosital Pró-Cardíaco e da refeitura da cidade; o quadro escolhido ara a caa foi o do calçadão de Coacabana. Foi do editor Roberto Ribeiro a iniciativa de roduzir o álbum sobre o Rio, que acabou sendo ublicado também ela Albin Michel na França. O rojeto Cadernos de Viagem visa retratar cidades brasileiras or diversos artistas; ao álbum de Jano devem se seguir o do catalão Miguelanxo Prado sobre Belo Horizonte; o do ortuguês Luís Louro sobre São Paulo, e o do niteroiense Marcelo Gaú sobre Salvador. Rafael Lima Rio de Janeiro, 6/11/2001 Mais Rafael Lima (clique aqui) Mais Acessadas de Rafael Lima em 2001 01. Charge, Cartum e Caricatura - 23/10/2001 02. Um álbum que eu queria ter feito - 6/11/2001 03. Sobre o ato de fumar - 7/5/2001 04. Estereótios - 19/6/2001 05. Frank Miller vem aí, o bicho vai egar - 4/12/2001 Mais Colunas Recentes (clique aqui) * esta seção é livre, não refletindo necessariamente a oinião do site COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES 21/12/2001 1. Parabéns e um comlemento Roberto Ribeiro 19h31min 200.197.229.34 Olá Rafael, Tudo bem? Parabéns, a matéria é excelente, bem documentada, recheada de links e em erfeito acordo com o que deve ser um texto ara Internet. Eu sou o editor brasileiro do Cadernos de Viagem - Rio de Janeiro, do Jano. Eu fui um dos criadores da Bienal Internacional de Quadrinhos, realizada na cidade do Rio de Janeiro, em 1991. Atualmente, organizo um Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ) na cidade de Belo Horizonte. A últiva versão do Festival aconteceu em outubro de 2001. Nós desenvolvemos o rojeto "Cadernos de Viagem". O róximo álbum retratará a cidade de Belo Horizonte e será a vez do desenhista esanhol, Miguelanxo Prado e
htt://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.as?codigo=269 Página 5 de 5 estamos em negociações com Will Eisner ara desenhar São Paulo. Há muitos outros desenhistas revistos ara esta coleção. O livro do Jano foi um tal sucesso que a rimeira edição de 2.000 exemlares já foi esgotada. Na verdade, fomos nós que convidamos Jano e com os atrocínios conseguidos, financiamos toda a oeração. Neste caso, a Albin Michel só egou 'carona', assim como a editora do Miguelanxo Prado também o fará. O livro será igualmente editado na Esanha. Um abraço e, de novo, arabéns elo artigo. Roberto Ribeiro Casa 21 Ltda COMENTE ESTE TEXTO Nome: E-mail: Mensagem: Título: 0 (número de caracteres digitados até agora) ublicar este comentário no site Enviar Aagar * o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal; ** mensagens com tamanho suerior a 1000 toques, sem identificação ou ostadas or e-mails inválidos serão igualmente descartadas; *** tamouco serão admitidos os 10 tios de Comentador de Forum. b 5