3.2.1 Características da Paisagem



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Transcrição:

3.2.1 Características da Paisagem O litoral do totaliza 24 km divididos em nove praias de geomorfologia e padrões de uso e ocupação variados. As características descritas nesta seção focam uma breve descrição geográfica e geomorfológica das praias, os ecossistemas associados, os aspectos de drenagem e erosão, a poluição e os padrões de ocupação e usos do solo. Os trechos de orla identificados e tratados nesta seção também fazem uma breve descrição das áreas estuarinas, porém com menor detalhamento. Estuário dos Rios Jaboatão e Pirapama A embocadura do estuário do Rio Jaboatão mede cerca de 1 km e apresenta uma área de assoreamento na retaguarda da Praia do Paiva. Não há sinais de ocupação na embocadura, na margem contida no município do Cabo, e por cerca de mais de 2 km adentrando o Rio, onde ele se divide em Rios Jaboatão e Pirapama. A área total de manguezais nessa Zona equivale a 1.284 ha (Gama, 1999) e se estende até os distritos de Pontezinha e Ponte dos Carvalhos. O ecossistema manguezal cobre toda margem do Rio a partir de sua zona mais protegida, ou seja, a área por trás da barra. Dentre as atividades praticadas naquele trecho, destacam-se a pesca e atividade marisqueira. Esses rios têm uma história de agressão contra eles por conta da poluição. Isso se deve ao fato de, às suas margens ou adjacências dessas, existir um número de indústrias que estão instaladas dentro do Distrito Industrial do Cabo. Essa situação já vem se revertendo há alguns anos por conta da fiscalização mais assídua, tanto por parte dos órgãos públicos como por parte da população. Para maiores detalhes ver seção 3.2.2.2 Estuários e Manguezais. 26

Praia do Paiva Localizada no extremo norte do município, a Praia do Paiva se estende por um trecho de aproximadamente 7,8 km desde a embocadura do Rio Jaboatão, ao Norte, até a praia de Itapuama, ao Sul. É uma praia levemente arqueada com pequenos trechos lineares, totalmente exposta a ação do mar e com grau de ocupação baixíssimo. Na maré baixa é possível ver piscinas naturais formadas por recifes de corais que se estendem por cerca de 1,9 km. Os ecossistemas vistos no local foram o de restinga, entre a faixa de praia e um remanescente de Mata Atlântica ao fundo. A maior parte da vegetação é rasteira e arbustiva, destacando-se as gramíneas. Outras espécies vegetais encontradas em abundância na área foram o coco-da-baía (Cocos nucifera) e o cajueiro (Anacardium occidentale). Ao longo do e adjacente à embocadura do Rio Jaboatão, há um extenso manguezal que completa os ecossistemas identificados no local. Na faixa de antepraia (faixa sob ação das marés), o ecossistema de arrecifes totaliza aproximadamente 60 ha. Verificou-se a existência de um pequeno canal de drenagem localizado no lado da praia. O relevo do local nos leva a presumir que há outras linhas naturais de drenagem não visíveis por conta da falta de chuvas à época e por conta da cobertura vegetal. Os poucos imóveis existentes são de alto padrão. Estes são utilizados como segunda moradia/veraneio. Os imóveis mais simples são ocupados por moradores da área que já trabalharam ou trabalham nas jazidas de caulim do Grupo Brennand. Os esportes praticados na área são a pesca amadora, o mergulho e o surfe, este último sendo praticado mais próximo à praia de Itapuama devido ao problema de ataques de tubarão a surfistas na embocadura do Rio Jaboatão. Foto: CPRH Não notou-se indícios de poluição nessa área. Praticamente todos os imóveis dispõem de água proveniente de poços artesianos e despejam seus resíduos líquidos em fossas. O local é servido pelos serviços de limpeza da 27

Prefeitura e o lixo é coletado. A área também tem espalhado uma série de lixeiros. A extração de caulim que é uma atividade realizada distante da faixa de praia, aparentemente não provoca impactos de poluição ambiental que se reflitam na orla. Entretanto, durante a atividade de transporte desse material, realizada em caminhões basculantes que trafegam pelas vias de acesso, geram nuvens intensas de poeira que provocam incomodo a população e ao comércio local. Além disso, esse tráfego intenso põe em risco a segurança dos pedestres que, na ausência de passeios públicos, transitam nas mesmas vias dos veículos. Não foi visto qualquer indício de desmatamento na área. As únicas ocorrências de retirada de cobertura vegetal notadas foram com o propósito paisagístico em áreas de moradia. A exposição das raízes dos coqueiros na faixa de praia demonstrou um grau leve de erosão da pós-praia. Essa erosão decorre de processos naturais (ou seja, não decorre da retirada de material arenoso) e pode está associada às mesmas razões que causam a erosão das praias de Candeias e Piedade no município de Jaboatão dos Guararapes. A pesca praticada no local é feita com apetrechos tais como rede de espera, tarrafa, linha e mergulho. Segundo depoimentos de alguns cidadãos locais, a prática da pesca predatória com a utilização de produtos químicos (cloro e água sanitária) são realizadas nos recifes de corais para pesca do polvo. Apesar desta denúncia, a equipe de consultores não testemunhou tal fato devido à maré alta durante a visita. 28

Praia de Itapuama A praia de Itapuama, ou pedra bonita em tupi-guarani, está localizada entre a praia do Paiva e a praia da Pedra do Xaréu. É uma praia com uma faixa de areia de conformação linear que se estende por cerca de 700 metros partindo do Paiva até a estrutura inacabada e abandonada do antigo hotel, a partir de onde a praia se constitui de afloramentos rochosos de origem vulcânica, e se estende por cerca de 1.300 metros, onde se confunde com a Praia da Pedra do Xareú, totalizando cerca de 2 km. No geral, é uma praia arqueada podendo ser considerada uma enseada por conta de sua morfologia. Devido à ação das ondas, não pode ser considerada, em seu trecho de areia, como uma praia abrigada. No lado rochoso, a vegetação notada também foi a de restinga em alguns trechos onde as rochas se confundiam com solos mais granulados, mas predominantemente vegetação de rochas como orquídeas e bromélias e vegetação arbustiva. Foto: CPRH No trecho de areia, o ecossistema predominante é o de restinga e, mesmo assim, num grau de cobertura mínimo. A maior parte da vegetação é rasteira e arbustiva. A faixa de pós-praia é densamente ocupada com imóveis de padrões variados que vão desde a pequena edificação de baixa renda até imóveis de alto padrão utilizados para veraneio (residencial) e como unidades de hospedagem esporádica como pousadas e chalés (comercial). Os imóveis mais simples são ocupados por moradores da área, geralmente por populações locais de pescadores ou pequenos comerciantes. Já na faixa de praia propriamente dita, existe um padrão de ocupação caracterizado por bares/restaurantes construídos em madeira, sem abastecimento de água e esgotamento sanitário. Na faixa mais distante da orla, constatou-se um assentamento irregular (loteamento informal de baixa renda) numa área pública. Neste local, segundo informações da Gerência Regional, há obras de saneamento e drenagem. Ver seção 3.2.4 Características da Infra-estrutura e Saneamento Ambiental para outros detalhes. 29

Os esportes praticados na área são o surfe e o mergulho. Em sua faixa de areia, apesar dos imóveis, em sua maioria, disporem de sistemas de eliminação dos resíduos líquidos, verificou-se sinais de poluição tanto nos dois canais de drenagem natural identificados nessa área. Praticamente todos os imóveis dispõem de água proveniente de poços artesianos. O local é servido pelos serviços de limpeza da Prefeitura e o lixo é coletado. A área também tem espalhado uma série de lixeiros. No trecho de areia, não foi visto qualquer indício de desmatamento na área porque não há mais grandes aglomerados de vegetação para isso, exceto pelos remanescentes de restinga já discutidos. Nos trechos próximos aos afloramentos rochosos, também não se registrou qualquer desmatamento, exceto pela retirada da cobertura para o plantio de mandioca. Não se verificou indícios de erosão da faixa de orla em toda sua extensão. A pesca praticada no local é feita com apetrechos tais como rede de espera, linha e mergulho. As espécies capturadas, dentre várias outras, são a serra, o beijupirá (Rachycentrus canadus) e o xaréu (Caranx sp.). 30

Praia da Pedra do Xaréu Essa praia se confunde com a Praia de Itapuama, pois, segundo depoimentos de cidadãos locais, esse trecho faz parte da mesma. A razão pela qual hoje é conhecida, e aceita, por esse nome é porque o conjunto de pedras que se inicia na ponta da enseada é considerado um ótimo pesqueiro para a captura do peixe chamado xaréu (Caraxn sp.). Assim sendo, parte de sua descrição foi feita na seção sobre a Praia de Itapuama. A praia está localizada ao sul da Praia de Itapuama, limitada pela Praia da Enseada dos Corais. É uma praia caracterizada por afloramento rochoso de origem vulcânica com vegetação esparsa e pequenos trechos de areia. A ocupação das faixas de praia e pós-praia está dividida em dois trechos. Verificou-se a existência de poucos imóveis de padrão médio utilizados para veraneio na pós-praia. Na faixa de praia, tanto num trecho como no outro, registrou-se um padrão de ocupação caracterizado por bares construídos em madeira e/ou alvenaria. Além de sua função comercial, esses estabelecimentos também servem como moradia para os seus proprietários. Verificou-se trechos de mata misturados a uma faixa de restinga. As atividades de lazer praticadas na área se limitam ao mergulho e pesca amadora. O local dispõe de vários lixeiros os quais são esvaziados pelo serviço público periodicamente. Apesar disso, verificou-se sinais de poluição por resíduos sólidos (resto de embalagens, copos, pratos e sacos plásticos, pilhas, papel e garrafas pet, decorrentes do que aparentou ser lixo de pessoas que acamparam no local). Foto: DBF No extremo sul dessa praia, verificou-se a existência de um maceió, cuja água provém das matas a montante daquela área, e que serve como principal coletor natural da drenagem das águas de chuva. Segundo informações de uma proprietária de um bar no local, o maceió, nas épocas de chuvas em decorrência do maior volume das águas drenadas, entra em contato com o mar, notando-se a presença de camarões e peixes. Já durante o verão, esse contato é interrompido pelo sedimento na faixa de praia isolando-os. Ainda nesse local, 31

verificou-se a existência de construções às margens do maceió. Não se registrou qualquer desmatamento, exceto pela retirada da cobertura para o plantio de mandioca. Verificou-se sinais de erosão (raízes de coqueiros expostas e enrocamento de casas danificado) da faixa de orla em determinados trechos, principalmente no trecho mais próximo à Praia de Itapuama. 32

Praia da Enseada dos Corais Localizada entre a praias da Pedra do Xaréu e Gaibu, a Praia da Enseada dos Corais, outrora chamada de Praia do Boto, se estende por um trecho de aproximadamente 2,5 km. É uma praia levemente arqueada com baixa concavidade. Do total, cerca de 1,7 km dessa orla pode considerada exposta e os cerca de 800 metros restantes semi-abrigado por conta da formação dos arrecifes em sua antepraia. Na maré baixa é possível ver piscinas naturais formadas pelos arrecifes. A ocupação do local é adensada na sua faixa de orla e caracterizada por imóveis com padrão alto e distribuídos em sua maioria por casas de veraneio. Verificou-se, em vários pontos, ocupação da faixa de praia provocando restrições de deslocamento e acesso durante as marés altas de maior amplitude. Os ecossistemas vistos no local foram áreas mínimas de restinga com a maior área no extremo norte já na divisa com a Praia da pedra do Xaréu. A maior parte da vegetação é rasteira e arbustiva, destacando-se as gramíneas. O resto da vegetação existente identificada foi plantada com fins urbanísticos. No trecho de antepraia ao sul, o ecossistema existente é o de recifes. Nesse trecho de orla, registrou-se sérios problemas de drenagem por conta da ocupação desordenada no Loteamento Enseada dos Corais. A drenagem dos Riachos Arrombados e Zumbi estão seriamente comprometidas, o que tem resultado em inúmeros alagamentos de lotes afetando o acesso e possibilitando a multiplicação de doenças. Outro aspecto de importância é o processo de erosão das faixas adjacentes às canaletas de drenagem. Há exemplos de imóveis construídos de tal forma que a canaleta de drenagem passa por baixo da casa. Essa informação corrobora as observações feitas no Relatório Preliminar de outubro de 2002, pela Equipe da FADE, contratada para realizar o Diagnóstico Ambiental e Plano de Recuperação Ambiental dos Riachos das Praias de Gaibu e Enseada dos Corais. Foto: DBF Os esportes praticados na área são o surfe e o mergulho, além de atividades náuticas envolvendo embarcações motorizadas e a vela. 33

Praticamente todos os imóveis dispõem de água proveniente de poços artesianos e despejam seus resíduos líquidos em fossas. O local é servido pelos serviços de limpeza da Prefeitura e o lixo é coletado. Apesar disso, verificou-se a presença de lixo espalhado tanto nos canais de drenagem como nas ruas. A exposição das raízes dos coqueiros na faixa de praia demonstrou um certo grau de erosão da pós-praia. A pesca praticada no local é feita com apetrechos tais como rede de espera, tarrafa, linha e mergulho. 34

Praia de Gaibu A Praia de Gaibu ou Aybu (Vale do Olho D água) em tupi-guarani foi um antigo porto negreiro. Hoje é uma das praias mais movimentadas do município. Está localizada entre as Praias da Enseada dos Corais e Calhetas e se estende por cerca de 2 km. É um trecho de orla arqueado, mas que não chega a ser uma baía. No seu extremo norte, há um trecho semi-abrigado pela continuação dos arrecifes que se iniciam na praia da Enseada dos Corais. No outro extremo, a orla se torna mais côncava e protegida com um afloramento rochoso que se estende até a praia das Calhetas. No trecho mediano, a orla é exposta e sofre a ação de ondas fortes. A ocupação do local é adensada na sua faixa de orla e caracterizada por imóveis com padrão variado distribuídos em sua maioria por residências. Cerca de 75% do trecho de praia de areia é ocupado pelos Loteamentos Jardim Gaibu e Praia de Gaibu. Segundo levantamento realizado pela Coordenação de Cadastro Urbanístico da PMCSA em 2001, verificou-se que vários imóveis avançam na faixa de praia de domínio público provocando restrições de acesso durante as marés altas de maior amplitude. Outro nível de ocupação é o de barracas na faixa de praia. A maioria dessas barracas já foram cadastradas e a PMCSA já tem planos para ordenar e regularizar o comércio informal (Projeto Pólo Litoral Sul, 2001). No extremo norte, o ecossistema visto na antepraia foi de arrecifes. Ao sul, verificou-se pedaços de mata que se estendem por traz do afloramento rochoso que divide Gaibu e Calhetas. A drenagem natural ocorre principalmente através do Riacho Gaibu que se encontra em estado avançado de assoreamento e outros afluentes menores. Essa informação também corrobora com o Relatório Preliminar elaborado pela FADE em outubro de 2001. Foto: CPRH A praia é utilizada por banhistas, praticantes do surfe e mergulho. Outra atividade é a caminhada pelos morros de pedras que dão acesso a Praia de Calhetas. 35

Nos trechos onde a orla é exposta, há pequenos segmentos com sinais de processos erosivos na pós-praia, porém num grau e escala pequenos. A atividade pesqueira aqui é forte e significativa. A Colônia de Pescadores Z-8 conta com associados que variam de pescadores de mar à pescadeiras em Ponte dos Carvalhos. A pesca praticada no local é feita com apetrechos tais como rede de espera, linha e mergulho. 36

Praia de Calhetas A Praia de Calhetas é uma pequena baía irregular com um perímetro de aproximadamente 700 metros. Localiza-se entre as praias de Gaibu e Santo Agostinho. Esse trecho de orla é bem peculiar, pois é composta de afloramento rochoso com um segmento de areia com cerca de 100 metros. Por conta de sua configuração abrigada, várias embarcações são ancoradas aí. Calhetas está inserida no perímetro do Parque Armando Holanda Cavalcanti, Para outros detalhes, ver a Seção 3.2.3.1 Parque Metropolitano Armando Holanda Cavalcanti. A praia é cercada por um resquício de mata, enquanto a vegetação da baía é composta predominantemente por coqueirais. A ocupação do local é desordenada, caracterizada por ocupações nas encostas por residências e avanço na faixa de praia por estabelecimentos comerciais (bares e restaurantes). Ver a Seção 3.2.3 Usos Atuais da Orla para outros detalhes.. O local é freqüentado por pescadores amadores e artesanais (locais). Estes ancoram suas embarcações no porto seguro que a tipologia da orla oferece. O local também é freqüentado por banhistas e praticantes do surfe (no Arrisca pico localizado na saída da baía). Na faixa de praia, há pequenos segmentos com sinais leves de erosão. Foto: CPRH Para dados sobre o abastecimento de água e a coleta de resíduos líquidos e sólidos, ver seção 3.2.5 Características da Infra-estrutura de Saneamento Ambiental. 37

Praia de Santo Agostinho A Praia de Santo Agostinho é um costão rochoso formado por afloramentos graníticos e está localizada entre as praias de Calhetas e Paraíso. A sua orla se estende por cerca de 2 km a partir da saída de Calhetas até a linha de arrecifes de Suape. O Cabo está inserido dentro do Parque Metropolitano Armando Holanda Cavalcanti. Além da bela paisagem que esse promontório proporciona, ele agrega um valor histórico patrimonial que data do XVI. Para outros detalhes, consultar a seção 3.2.3.1 Parque Metropolitano Armando Holanda Cavalcanti. A sua faixa de praia é composta exclusivamente por pedras graníticas, (com aproximadamente 100 milhões de anos). A orla é totalmente exposta e sob regime de ondas fortes. Não existe ocupação de imóveirs no local. As ocupações existentes estão dentro e nos arredores da Vila Nazareth, distante cerca de 1 km da linha d água. As atividades praticadas na orla são a pesca com rede de espera e linha. Foto: DBF 38

Praia do Paraíso Com cerca de 1 km de extensão, a Praia do Paraíso, segundo depoimentos era considerada praia de Suape. Está localizada entre a Praia de Santo Agostinho e Suape. A orla está caracterizada por afloramento rochoso em toda sua extensão. Este trecho pode ser considerado como abrigado, pois encontra-se numa enseada com proteção externa da linha de arrecifes. A ocupação é relativamente desordenada e caracteriza-se por imóveis de padrão variado constituídos por uma mescla de residências permanentes (de populações locais) e para veraneio. O local também apresenta uma série de ocupações irregulares da faixa de orla caracterizadas por construções sobre as rochas e, algumas, sobre o mar. Os sinais de erosão nesse trecho foram notados na margem na via de acesso de veículos e num pequeno trecho de área da faixa de praia. Ver a seção 3.2.4 Características da Infra-estrutura e Saneamento Ambiental. Foto: DBF 39

Praia de Suape A Praia de Suape encontra-se na Baía de Suape, se estende por cerca de 1,3 km, sendo a última praia da zona costeira do Cabo. É levemente arqueada e relativamente abrigada por conta dos arrecifes existentes. Esse trecho de orla está caracterizado por praia de areia. Apesar de está protegida, registrou-se sinais de erosão evidenciados por um conjunto de gabiões de enrocamento construídos e um trecho da praia e do calçadão em estado avançado de erosão. A principal ocupação do local se dá pela existência do Resort Blue Tree Park que ocupa uma grande área. O resto da ocupação é de imóveis de padrão variado usados como moradia e para o veraneio. Notou-se a existência de vários bares e restaurantes. Afora as atividades relacionadas ao turismo, a pesca é responsável pela sobrevivência de parte da população local. O lazer náutico também pode ser considerado outra atividade no local. A hidrografia é fortemente influenciada pelo Rio Massangana que é abastecido por outros pequenos riachos. O principal ecossistema existente é constituído por imensas áreas de manguezais que ocupam o perímetro das entrâncias do Rio Massangana, seguindo o riacho Algodoais passando pela Ilha das Cobras até chegar no Porto Verde. Foto: DBF 40