Reunião Aberta da Câmara Infantojuvenil

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Notas Taquigráficas Reunião Aberta da Câmara Infantojuvenil Conselho Curador Data 26 de junho de 2013 Hora 9h Local Sede da EBC CONSELHEIRA ANA LUIZA FLECK SAIBRO (Presidente do Conselho Curador) Bem-vindos. Vou fazer uma breve introdução, dando as boas-vindas a todos. Para o conselho curador é um momento importante, em que vamos discutir e ouvir a opinião das pessoas sobre a programação infantil da TV Brasil. Passo de imediato a palavra para a Conselheira Ima Vieira, que vai fazer a coordenação dos trabalhos. A SRA. COORDENADORA (Conselheira Ima Célia Guimarães Vieira) Gostaria de saudar a todos os presentes, aqui na reunião estendida da Câmara Infantojuvenil. A ideia é conversarmos com os jovens sobre a programação que é feita para eles.

Estamos aguardando a presença do Professor Murilo, que já mandou nos dizer que vai se atrasar, faz parte da câmara e é importante que esteja aqui. Mas ao longo da reunião ele chega. Essa reunião está sendo transmitida via internet. É possível que todos acompanhem pelo link www.conselhocurador.ebc.com.br/transmissaoaovivo. Sempre que discutimos temas importantes como esse nas câmaras temáticas, algumas vezes é necessário que estendamos as discussões para um público maior. Essa ideia surgiu na câmara temática, e o conselho trabalha com câmaras temáticas discutindo o conteúdo da programação. Nas discussões, inúmeras, que fizemos na Câmara Infantojuvenil, sentimos a necessidade de ouvir a opinião dos jovens com relação à programação que é feita para eles. Durante várias reuniões, os conselheiros que fazem parte do GT pautou essa discussão e finalmente conseguimos realizar hoje. E durante essas discussões ficou bem claro, para nós, da câmara, que a programação deve mudar, para ser mais brasileira, inclusive, educativa, cultural. Mas de que forma? Discutir essa forma, estabelecer diretrizes para que a diretoria da empresa possa caminhar na direção da implementação de uma política editorial para conteúdos voltados para esse público. E a partir dessas discussões então entendemos que era importante ouvirmos o público-alvo. Decidimos pela elaboração de uma reunião aberta. Aqui estão presentes membros da diretoria da EBC, membros da Câmara Infantojuvenil, membros do conselho como um todo temos representantes de outras câmaras do conselho e os jovens que aqui estão vindo para discutir conosco essa temática. Temos, também, a presença de organizações não governamentais que discutem a questão da juventude, políticas públicas, programação infantil e juvenil.

Depois que discutirmos exaustivamente esse tema, a ideia é voltar à câmara para reunir essas contribuições, discutir no âmbito da câmara e produzir um documento que chamamos de documento de orientação, de diretrizes sobre a programação juvenil para as emissoras da EBC. Essa é a ideia central dessa discussão. Além de colher propostas e avaliações da programação, esperamos, durante o dia de hoje, receber dos presentes outras sugestões para atuação do conselho, para atuação da câmara, especificamente em relação à juventude e aos temas de seu interesse. Para facilitar a análise dos programas, a EBC exibirá pequenos vídeos da faixa juvenil, durante a manhã, e alguns participantes terão uma fala inicial, convidados pelo conselho, que é o Alex Pamplona, da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadores Renajoc, de Belém, também coordenador da Comissão de Comunicação do Conselho Nacional da Juventude, Conjuv. Também a Lilian Romão, diretora da Viração Educomunicação de São Paulo. Suzana Varjão, coordenadora do Núcleo de Qualificação e Relações Acadêmicas da ANDI, de Brasília. E o Eduardo Castro, Diretor Geral da EBC. Na dinâmica, vamos ter a fala inicial dos debates, por quinze minutos, que eu vou controlar. Na ordem, não sei o Alex quer passar para as mulheres primeiro, mas na ordem está ele. Então, vamos passar para a Lilian, para que ela faça, por quinze minutos, a sua apresentação.

A SRA. LILIAN ROMÃO Bom dia a todos. Sou Lilian Romão, jornalista, Educomunicadora. Integro a equipe da Viração como Diretora Executiva. Venho aqui falar de um lugar, de uma organização que atua com a comunicação feita por adolescentes, para adolescentes e pelos adolescentes. A gente procura sempre tentar usar todas essas preposições porque a Viração agora tem dez anos trouxe algumas para serem distribuídas, não sei se é possível fazer isso de existência. Ela surgiu como uma revista voltada para adolescentes e para jovens, dentro de uma perspectiva de produção pelos próprios adolescentes e jovens sair de um lugar em que as revistas tentavam se comunicar com crianças e adolescentes para desenvolver um processo em que de fato a revista pudesse ser feita por eles, e isso aconteceu, pois hoje jovens de 22 estados brasileiros têm conselhos em seus estados e são eles que mensalmente, por meio de um mediador debatem as pautas, debatem a matéria de capa, debatemos entrevistados, os conteúdos. E anualmente, em um encontro nacional, eles avaliam a revista, trazem novas perspectivas, falam de editorias, ou da diagramação, da proposta visual. Muito mais do que o material, a Revista Viração, hoje é um processo; é um processo educomunicativo, é um processo construído de uma forma diferenciada, e é isso que costumamos trazer como diferencial, porque às vezes ainda ficamos na ideia, com a concepção de que o que é feito por adolescente, por jovem, por criança, é material ruim ou não precisa ser de muita qualidade; e ficamos naquela, ah, tudo que criança e adolescente faz é tudo bonitinho. Mas a concepção da Viração não é essa, é mostrar que podem e querem fazer. Então, dentro de uma perspectiva de atuação, de posicionamento no mundo em que eles não precisam que deem voz para eles, eles têm voz, só precisam de espaço. São os espaços que

não são dados. A gente não precisa dar a voz, precisamos dar o espaço. E mais do que isso. O Alex vem desse lugar e vai falar muito mais sobre isso, mas eles não apenas se posicionam no mundo como cidadão produzindo a comunicação, mas também passaram a debater a comunicação, debater política de comunicação, debater comunicação como direito humano. Isso traz outra perspectiva de atuação, de aprendizado, de educação, de cidadania por meio da comunicação. Quando eu fui convidada para vir até aqui, veio na proposta de fala algumas provocações muito fortes, assim, de análise, demandas, perspectivas, propostas e expectativas com relação à programação infantojuvenil da EBC. É muito difícil falar isso. Antes de tudo eu acho que é um grande avanço, e é uma perspectiva inovadora fazer uma reunião como essa; instalar um espaço específico infantojuvenil no conselho curador. Isso já é um avanço, uma nova perspectiva de diálogo com relação ao que se faz para a juventude, pela juventude e com a juventude. Isso já é uma primeira perspectiva que pode trazer novos horizontes, para que também outros veículos, outros meios de comunicação também comecem a se preocupar com esse espaço do jovem. É impossível não falar do momento das manifestações pelo Brasil todo. Não quero entrar na polêmica da manifestação, mas quero dizer que sem a comunicação isso de fato não existiria. Então, é um momento de análise muito intenso, muito forte que também traz muitas interrogações para nós que somos comunicadores, jornalistas, educomunicadores; também traz todas essas indagações no sentido de se estamos representando, estamos conseguindo conversar com eles ou estão esquecendo de nós e conversando com eles próprios, do jeito deles. Acho que nem uma coisa e nem outra.

Mas analisando um pouco do plano de trabalho da EBC, traz algumas conquistas de 2012 e algumas propostas para 2013. O que eu vi de específico foi um prêmio que foi dado, o Prêmio Tim Lopes, inclusive uma iniciativa da ANDI, mas que foi um prêmio na área de jornalismo para investigação do turismo sexual. Teve um ponto muito forte nesse relatório referente a 2012, que foram as conquistas na internet. Acho que um avanço muito grande, de seguidores nas redes sociais, toda uma proposta de reformulação do site de comunicação, das pessoas acessarem os programas, de as pessoas poderem acessar. Não vou citar números, porque é impossível falar de números, são muitos números do relatório. Mas o relatório está no site da EBC. Esse é um lugar inicial que é o momento de se pensar como a EBC propicia a participação da juventude, abre outros canais, fortalecendo a rede no espaço virtual. Alguns estudos já apontam as redes e a própria internet como também um lugar em que o adolescente, o jovem procura para assistir a programação normal, da TV. Então, precisamos, dentro desse espaço, pensar em construir também, a forma como vamos construir na internet, outras possibilidades de diálogo, de comunicação e de construção de uma programação relacionada a esse público. Para 2013, o que eu vi é que existem novos recursos direcionados para isso. É fundamental para se pensar em construir uma programação para esse público. Eu vi especificamente a proposta de comprar novos conteúdos, de lançar editais para também conseguir ter produções de jovens e adolescentes. E novas metas também com relação à internet. Então, isso daí vem para 2013. E isso é muito bacana, porque mostra uma perspectiva que já vem dessa reunião, uma abertura para se dialogar sobre isso e passos que serão implementados parcialmente em 2013, porque também não

podemos ficar com a pretensão de que em 2013 conseguiremos trazer todas as conquistas com relação a essa programação. Mas, pelo menos uma parte é possível, sim implementar. Acho que uma das demandas que temos é pensar na criança, no adolescente e jovem, nas diversas áreas da comunicação. Quando falo disso é pensar no entretenimento, é pensar na publicidade, é pensar nas informações, no meio jornalístico mesmo, e pensar nas produções, porque eles também são produtores de comunicação. Então, não colocar em um lugar ou outro. Hoje a lista da programação que foi passada para que eu pudesse olhar, tem muitas produções compradas de outros países, produções com qualidade sem dúvida, mas também a necessidade de trazer para esse lugar nacional, esse lugar da produção daqui que representa o jovem daqui, o adolescente daqui, que vai trazer, colmo nas paredes que nos trazem a esse auditório, a questão da cidadania, da diversidade, de conseguir de fato representar. Acho que isso daí, muito mais do que qualquer outra coisa, é um avanço também nesse processo do jovem, do adolescente se identificar com a EBC, dentro dessa programação, de ter um link direto para ele nessa programação. Uma coisa que na Viração a gente experimenta o tempo todo, mas que é sempre um desafio, e não sei se isso existe, de ter crianças, adolescentes e jovens no conselho curador. Eu acho que isso é uma demanda, sair do espaço de comunicadores que falam para crianças, adolescentes e jovens é fundamental. Essa fórmula pode dar certo em alguns casos, mas não é uma fórmula que vem de fato dando certo ao longo dos anos. Essa perspectiva de trazer adolescentes, crianças e jovens para vir debater é fundamental, fazer parte do conselho curador trazendo ideias é sempre uma experimentação inovadora numa sociedade adultocêntrica a palavra final está nas mãos dos adultos. Então, quebrar a nossa própria

barreira cultural entendendo esses espaços é uma demanda que vem sendo apresentada pelo jovem, pela criança, pelo adolescente. E isso nos diversos espaços, na escola, na família, são várias outras experiências que estão nos mostrando como de fato sair desse lugar de falar para e vir falar com. Eu acho que uma demanda muito forte que vem dos últimos anos é conseguir estar conectado com as regulamentações que partem das conferências. Isso é uma demanda muito forte dos veículos. A Conferência de Comunicação, especificamente, trouxe toda uma nova perspectiva de construção da comunicação no Brasil, e, dentro desse processo tem muita fala de adolescente e de jovem, que foi feita pela Viração, pela Renajoc, com jovens de todo Brasil, para que jovens pudessem acompanhar as conferências de comunicação nos seus estados. É muito difícil conversar com criança, adolescente e jovem sobre comunicação, sobre política de comunicação é extremamente difícil. É bem aquela coisa, meu deus, mas o que é isso, que coisa chata, mas por que vamos falar sobre isso. E o processo da conferência trouxe muitas outras ideias e muitas outras experiências, porque eles se propuseram a ir e colocar pautas da juventude na conferência. E eles participaram, fizeram a cobertura, jovem da conferência, produziram vídeos, produziram textos; e a Renajoc tem essa proposta de debater comunicação com a juventude. Só que não apenas da conferência da juventude, acho que temos também o espaço da conferência da criança e do adolescente e tem o espaço da conferência da juventude. Da criança e do adolescente, eu não consigo contextualizar muito bem, mas a Viração, no ano passado, foi o primeiro ano em que conseguimos fazer uma cobertura da Conferência da Criança e do Adolescente em praticamente todos os estados do Brasil e a nacional, feita por criança

e por adolescente. Então, foi composto um grupo com cerca de 50 crianças e adolescentes do Brasil todo, que fizeram a cobertura da conferência. Mas é um espaço em que a comunicação ainda é um eixo muito inicial dentro de todas as demandas, dentro de todas as ações que as organizações dessa área têm. Da juventude eu consigo citar uma proposta que foi de fato colocada como eixo entre as prioridades do conselho da juventude. Uma a gente conseguiu que fosse a de comunicação, porque depois teve vários outros embates políticos e é um processo natural de um conselho. Mas uma prioridade do conselho foi relacionada à comunicação e juventude. Isso é um ganho. Conseguir esse espaço na segunda conferência é um ganho, porque na primeira conferência os jovens apenas fizeram a cobertura, não debateram política de comunicação como um eixo da conferência; e agora em um espaço específico. Não vou detalhar muito isso de novo, Alex. A outra demanda é, sem dúvida, a de reduzir os estereótipos. A mídia ainda traz um estereotipo de adolescência e de juventude muito tradicional, muito focado em coisas da juventude muito específicas que estão relacionadas a comportamento, à sexualidade, à moda, à fascinação que tem por atores e tudo o mais. Mas isso não é de fato a representação da juventude brasileira. Eu não preciso entrar em detalhes, mas quando falamos que daqui a duas semanas estaremos em São Paulo com cerca de cem adolescentes e jovens de todo Brasil debatendo propostas futuras da juventude para a área de comunicação, e, também fazendo o seminário de juventude e comunicação. Convido a todos para estarem participando conosco lá. Eles estão organizando, tem todo um processo de debate com eles para organização desses momentos; vai ser uma semana lá em São Paulo e entre esses jovens, por exemplo, vem a jovem do Amazonas que leva três dias para chegar

até Manaus, de barco, e de Manaus ela vai para São Paulo. Então, ela tem que sair cinco dias antes de sua casa. E quando a gente fala de quebrar estereótipos é isso, é essa jovem olhar para a EBC e conseguir se ver representada, um jovem que se manifesta, um adolescente que tem dúvidas, que debate sexualidade, sim, mas que quer debater o espaço da escola, que quer falar do ensino médio, que quer falar sobre relações com amigos e tal. Uma juventude normal, mas que quer se ver representada. Algumas perspectivas. Na verdade eu trouxe uma perspectiva nesse sentido da programação, que é uma palavra que não tem no dicionário, mas a Viração, como organização se chama Viração Educomunicação. Uma perspectiva de se pensar essa programação para crianças, adolescentes e jovens é a educomunicação, que traz outra forma, outro pensar a comunicação, um outro construir e que tem vários níveis, várias etapas, mas que é esse de você se propor a fazer junto, a fazer com, a abrir o debate, a fortalecer momentos de debate, a abrir a programação e conseguir ir ponto por ponto conversado com esse público com o qual se quer falar. Eu acho que nessa ideia de construir é fundamental que a gente pense nesse lugar em que fora das câmeras, os produtores, os jornalistas, os comunicadores terão outras instâncias de diálogo com essas crianças e adolescentes. Mas não apenas. Eu também cito aqui organizações que trabalham com comunicação e juventude, e também outras instâncias como Unicef, instâncias que estão nesse processo de debate de direitos da criança e do adolescente e que inserem o direito humano à comunicação como mais um desses. Então, outras organizações que também têm um histórico e têm muito a contribuir com esse aspecto da construção. Com relação à internet, é muito importante traçar um perfil desse público que está acessando a EBC pelas redes sociais,

que está entrado no site, que está indo até as redes sociais; identificar o quanto de jovens está representado aí nesse meio; e criar outros momentos de diálogo também por essas redes, para que eles possam opinar, que seja convidativo a que eles opinem, que falem sobre a programação, que eles participem. E não apenas na série que fala especificamente sobre adolescente, mas que fale também no jornalismo. Eu me vejo representado no jornalismo da EBC? Como que se vê? Eles me dão voz, eu tenho espaço para falar? Quando se fala de adolescência, alguém procura me entrevistar, ou eu sou sempre o assunto e nunca me escutam? Então, essa ideia de ser, mas traçando um perfil anterior, e não sair do nada, ver quem são as pessoas que estão acessando as redes sociais da EBC; e também ver de que forma a EBC pode trazer esse público, mobilizar esse público. É fundamental identificar produtores. Tem muitos adolescentes, crianças e jovens que produzem comunicação, que produzem comunicação com qualidade, coletivos jovens que já veem a comunicação como uma forma de empreendedorismo. Então, identificar esses produtores e, também, como foi colocado no plano de trabalho, abrir editais, mas abrir a programação para essas produções. Isso já aconteceu em 2012, tem uma proposta para 2013 e é uma proposta muito bacana, de as pessoas também se verem e se sentirem na EBC como produtores. Olha, eu consigo fazer isso. E nesse sentido, eu queria falar de uma iniciativa da Viração, porque além da revista, temos a Agência Jovem de Notícias, que é o espaço da produção da juventude na internet, tem outros projetos e um deles se chama Quarto Mundo, que é um programa feito por adolescentes de São Paulo, de várias comunidades de São Paulo, de escolas públicas e de escolas particulares em parceria com a TV USP e que durante um ano estamos na sexta edição, já são seis anos desse projeto um grupo de dezesseis adolescentes fica na

TV USP, semanalmente vai uma vez para a USP, uma vez para a Viração. Lá eles aprendem a filmar, a produzir, aprendem a editar, e, depois de um primeiro momento, aprendendo ferramentas, eles passam a produzir o seu programa, que é o programa Quarto Mundo. São eles que produzem mesmo, são eles que filmam, são eles que fazem todo processo, assim como a revista. Há dois anos esse programa foi eleito o melhor programa da TV universitária brasileira. Não estou falando de um programa legalzinho, porque é feito por adolescentes e tal. Não, é um programa com qualidade, feito por adolescentes. É uma experiência, entre muitas outras que tem. Só para finalizar, acho que esses diálogos não podem ser pontuais, que seja um diálogo permanente nesse sentido, que não seja uma conversa que vá direcionar tudo, mas que essa conversa estarte vários outros momentos de diálogo com adolescentes, com jovens e com esses coletivos. Eu acho que as regulamentações da publicidade, os espaços publicitários e tal, é sempre algo importante, mas também não vou entrar nesse detalhe; mas cativar esses outros lugares de fala. Por último, para encerrar mesmo, as expectativas que se podem ter com isso. A princípio está muito relacionado a essa ideia de direito humano à comunicação e à democratização da comunicação e o papel da EBC em todo esse processo no Brasil, em todo esse debate. São expectativas muito boas, de se construir a comunicação de outra forma. Temos muitos padrões, muitos padrões que são positivos, muitos padrões que são negativos, e que de verdade a gente precisa transformar, construir, reconstruir de acordo com a nossa realidade agora.

Eu acho que diversidade, além de falar de diversidade racial, incluir o jovem também é de fato trazer a diversidade. Nesse caso a diversidade de idades, mas que quebrar as nossas próprias barreiras culturais de pensar o adolescente, a criança em lugares muito específicos que não esses que temos que cultivar, temos que trazer para que de fato tenham espaço para falar, para manifestar a sua voz. Acho que é isso. Eu passei um pouco, mas tentei não ultrapassar muito e devolvo a palavra. A SRA. COORDENADORA (Conselheira Ima Célia Guimarães Vieira) Muito bom. Muito obrigada, Lilian. Logo mais, ao final de todas as falas, vou tentar fazer um resumo do que foi colocado aqui como análise. Lilian apresenta primeiramente uma análise do plano de trabalho, de como ela percebe a programação atual da EBC. Depois ela apresenta uma série de demandas e perspectivas com relação à inserção da questão da juventude nessa programação. Foi muito interessante ouvir e acompanhar todas essas demandas que aqui foram colocadas e mais do que isso, as perspectivas que o setor tem para que a gente discuta e implemente uma programação diversa, diversa do ponto de vista também, que eu achei bastante interessante, de incluir a idade. Diversa do ponto de vista da idade, porque a gente sempre pensa no racial, geográfica e tudo. Mas achei importante. Com relação à participação dos jovens no conselho, nós havíamos discutido, na câmara técnica, a possibilidade de montar um conselhinho. Estávamos pensando em montar um conselhinho para subsidiar essa câmara técnica nas discussões que são muito importantes nessa temática. Depois isso vai à discussão do pleno e verificaremos de que forma isso vai ser conduzido, mas acredito que seja uma excelente ideia ter a participação do jovem ou na câmara

técnica ou mesmo no conselho. amplamente. Depois discutiremos isso mais Pois não, Regina? A SRA. REGINA LIMA (Ouvidora-Geral) Na verdade, só relembrar, porque está previsto, inclusive na norma da Ouvidoria, a criação de comitê de usuário, que seria um encaminhamento feito pelo conselho curador e com apoio da Ouvidoria. De repente poderíamos pensar um comitê de jovens, não sei se dentro da própria EBC; pensar uma metodologia melhor de como poderíamos ter esse comitê, ou por região, ou agrupar. E é uma proposta que já temos algum tempo e até por questões estruturais a gente não consegue implementar. E aí poderíamos pensar ume metodologia melhor, se vamos criar comitês de jovens, comitê por gênero. Enfim, acho que precisamos implementar isso, que é uma proposta para implementação pelo conselho curador. Aí teríamos, depois, só que sentar e ver que metodologia e de que maneira podemos implementar. A SRA. COORDENADORA (Conselheira Ima Célia Guimarães Vieira) Vamos passar à Suzana Varjão, coordenadora do Núcleo de Qualificação e Relações Acadêmicas da ANDI, que terá quinze minutos para sua apresentação. A SRA. SUZANA VARJÃO Obrigada. Bom dia a todas e todos. Quero, em primeiro lugar, agradecer pelo convite para participar dessa iniciativa extraordinária, de extrema relevância para a construção da cidadania, a construção do nosso País. Quando fui convidada, eu vim com uma grande dúvida sobre se a EBC tinha uma política de comunicação específica para

esse grupamento; vim, inclusive, na perspectiva de propor que se discutisse prioritariamente fundamentalmente essa política, ao invés de programas específicos, e fiquei muito contente com o encaminhamento da reunião, porque ela está indo nessa direção o que me deixa bastante à vontade. A fala da primeira oradora foi extraordinária. Nela nós conseguimos enxergar muitos dos parâmetros necessários à estruturação dessa política; e me deixa à vontade, inclusive, para tentar aprofundar outros aspectos, ratificar; como dizem os educadores, o ato da educação é um ato repetitivo, então vou me sentir à vontade para repetir algumas das questões que já foram colocadas. Gostaria de dizer que vou centrar minha fala na discussão de alguns parâmetros mais do que em alguns produtos, apesar de que podemos, sim e acho que vamos fazer isso pelo que vi da metodologia, discutir esses parâmetros, esses critérios, a partir de narrativas midiáticas, a partir de produtos, a partir de programas. De antemão quero dizer que prestei atenção a uma proposta recente que está sendo construída a partir da Central Única de Favelas e que é extraordinária. Meus parabéns, acredito que a EBC esteja com um pensamento bastante consistente em relação à estruturação dessa política específica de comunicação para esse segmento. Outra coisa que nos dizem os especialistas é que estamos avançando no debate sobre políticas de comunicação específicas para crianças, mas que o debate ainda está muito frágil em relação a adolescentes e jovens. Um dos pontos que considero mais importantes no debate sobre a estruturação de uma política de comunicação específica para esse grupamento é não perder de vista este lugar. É não perder de vista o lugar da nossa fala, o lugar que está pretendendo construir essas narrativas, que é o lugar de um sistema público de

comunicação; um lugar que tem como uma das funções contrapor hegemonias de determinados discursos, notadamente os discursos que são construídos a partir do interesse comercial. Se todos nós, do campo da comunicação, temos que ter esse compromisso com a esfera pública, um sistema público de comunicação deve ter maior atenção ainda a essa perspectiva. E o estado tem, como uma das principais missões harmonizar direitos na esfera social. E para harmonizar esses direitos, ele tem que notadamente atender, dar prioridade a grupamentos vulneráveis da população; e um sistema público de comunicação precisa estar alinhado com a missão do estado. Crianças, adolescentes e jovens, são sim grupamentos dos mais vulneráveis da população, mas dentro dessas categorias universalizadas, há os mais vulneráveis ainda. Há os adolescentes e jovens menos favorecidos em termos socioeconômicos, éticoculturais, ou étnico-raciais, há os excluídos, há os violentados. E gostaria de pinçar um exemplo de debate público que está sendo travado nesse momento em relação a um grupamento muito vulnerabilizado que é o dos adolescentes em conflito com a lei. Não quero parar nessa temática, porque é uma temática bastante quente, digamos assim, mas é preciso, sim se debruçar sobre isso. Estou trazendo esse debate como ilustração do caminho do qual o sistema público de comunicação não pode se afastar. Ele tem que chegar onde ninguém quer chegar, ele tem que discutir o que ninguém quer discutir. Nós presenciamos hoje, nesse momento, uma construção midiática perversa em relação a esse grupamento, uma construção midiática que não é verdade que esteja apenas refletindo o quadro social, está construindo um quadro social; está pautado por erros grosseiros em relação a esse grupamento e não está fazendo bem não apenas ao grupamento, mas à sociedade em geral. Ele está

contribuindo, as narrativas midiáticas estão contribuindo, inclusive, para o recrudescimento de um fenômeno. A ANDI Comunicação e Direitos, há algum tempo vem analisando a cobertura jornalística sobre esse assunto, e acaba de fazer a segunda pesquisa. A primeira está aqui nesse guia de cobertura. Esse guia de cobertura é um diálogo com os meios privados de comunicação, mas é pela primeira vez, porque integra uma série histórica da ANDI Comunicação e Direitos, pela primeira vez a gente abre um debate com o sistema público de comunicação. Não estamos vendo, dentro do sistema público de comunicação, em geral, a contraposição a esses discursos. Eu trouxe apenas alguns exemplos. Honestamente não tive braços para carregar mais, mas se a EBC assim o desejar, a ANDI pode disponibilizar depois, para todos os membros deste conselho. Outro ponto que é de extrema relevância a gente levantar num momento em que se debate a estruturação de uma política pública de comunicação para esse segmento é que, reforçando a fala da oradora que me antecedeu, essa política deve pensar não apenas numa programação voltada para, mas com adolescentes. É extremamente importante estimular a participação desses segmentos, tomando claro determinados cuidados, cuidados de não ultrapassar determinadas linhas; de não confundir, por exemplo, participação com presença, com ilustração, ou seja, seguindo velhos modelos da esfera privada de comunicação. E, também, não chegar perto notadamente em relação aos adolescentes, da questão da exploração do trabalho. É proibido em lei; se todos nós, comunicadores de qualquer esfera, temos que nos preocupar com isso, respeitar a lei, inclusive, num sistema público de comunicação, esse cuidado deve ser redobrado. E para que essa participação se dê de forma efetiva, os cuidados passam, sim pela estruturação de conselhos. Conselhos de

jovens, conselhos de adolescentes, conselhos de crianças, porque ali não estará apenas ilustrando uma produção de um adulto, ele estará ali ditando parâmetros para que o adulto produza trabalhos para que a sua voz seja ouvida. São apenas alguns cuidados que acredito que, pelo nível de maturidade que estou vendo aqui, que vejo sempre no debate da EBC, acredito que a EBC já deva estar bastante avançada nesse sentido. Além de uma política como essa precisar pensar para e com, também precisa pensar numa programação voltada sobre, na verdade, os grupamentos. Quero dizer que é preciso pensar, sim nas pessoas que são responsáveis nos sistemas, pessoas, famílias, sistemas de garantias de direitos, enfim que são responsáveis pela proteção a esse grupamento. É preciso discutir essas temáticas que dizem respeito a esse grupamento com bastante profundidade; temáticas sobre racismo, sobre violência sexual, saúde, educação, com, para, mas sobre também. É preciso pensar essa programação. E, concordando, mais uma vez, com a palestrante anterior, não se pode pensar apenas em uma ou outra estratégia de comunicação. A primeira coisa que se pensa quando se fala em programação para crianças, programação para adolescentes, programação para jovens, é entretenimento. Mas é preciso pensar em outras narrativas, jornalismo, publicidade etc. E plataformas também, diferentes plataformas, notadamente na era da tecnologia da informação. Por fim, um ponto extremamente importante é respeitar a legislação brasileira; e respeitar a Constituição brasileira, o que significa dizer, nesse caso, respeitar o art. 221 que fala sobre a questão da regionalização. Também é preciso pensar nisso, nessa política voltada a esse segmento específico, porque isso significa garantir qualidade. Quando a gente discute qualidade, estamos discutindo não o gosto, menos forma e mais conteúdo, não somente

uma coisa, porque uma tem a ver com a outra. Mas quando discutimos qualidade, na verdade estamos discutindo a partir de um horizonte muito claro, que é respeito a direitos humanos, respeito a valores, o que significa dizer respeito aos diferentes sotaques, às diferentes etnias, às diferentes culturais, principalmente dentro de um sistema de comunicação do qual se espera que represente um país de dimensões continentais, como é o caso da EBC. Para garantir qualidade, dois pontos que toquei e vou reforçar. Primeiro a questão da regionalização e da participação das crianças e dos adolescentes. Nesse caso, dos jovens, porque ali é possível avançar com mais segurança nos significados, que são importantes para esses grupamentos. Temos aqui também uma publicação, Infância e Comunicação trouxe poucos exemplares, mas podemos disponibilizar mais, se for o desejo da EBC. Na verdade ali é feito um levantamento sobre iniciativas, nesse sentido, no sentido de uma política de comunicação voltada para esse segmento no mundo inteiro, Brasil, América Latina e algumas as democracias mais consolidadas do planeta; e dentro dessa publicação a gente discute temas como educação para a mídia, como estímulo à produção de conteúdos audiovisuais para grupamentos de crianças, adolescentes e jovens; política de incentivo à programação regional, participação de crianças e adolescentes na produção de conteúdo. Enfim, são dez temáticas que são priorizadas, onde se faz um levantamento de como essas questões estão sendo debatidas e efetivadas no mundo todo. Mais cedo, quando eu cheguei, pedi para colocar um spot que eu queria passar agora, apenas para chamar atenção para a necessidade, porque quando a gente fala em conteúdo pensamos logo em discurso tradicional, mas precisamos pensar, quando falamos em política de comunicação para determinados grupamentos, a consciência de que palavra é coisa muito séria, narrativa é coisa

muito séria, gera, afeta, constrói realidades, mas essas narrativas esses discursos, às vezes não são os tradicionais, os mais efetivos são subliminares. Então, é preciso conhecer bem as questões que se vai abordar para que se consiga o efeito desejado, qual seja o de construção de cidadania. Esse pequeno spot, não vou falar agora, falo rapidamente depois, mas ele traz, ele ilustra a construção de mecanismos invisíveis de produção de valores para além até da vontade objetiva daquele que está construindo a narrativa. Essa pequena narrativa foi construída por meninos e meninas de uma das agências da rede ANDI, a Ciranda, e traz mensagens muito claras. Ela não tem discurso verbal, mas ela, primeiro uma coisa que me chama atenção e gosto muito desse exemplo, isso que coloquei de que não tem narrativa neutra. Quem conhece aqui a problemática do abuso sexual, está enxertando o que esse discurso visual praticamente está dizendo. Está dizendo que o perigo não está propriamente na rua, que o perigo está dentro de casa, o perigo está na grande maioria das vezes perto daquele em quem a criança confiança, aquele que tem a chave da porta. Quem não conhece está absorvendo do mesmo jeito. Então, minha insistência para demonstrar que é preciso olhar para lugares difíceis, lugares que ninguém olha, porque para além da nossa vontade objetiva estão sendo, sim construídas, como é o caso dos adolescentes em conflito com a lei, realidades que são diferentes das desejadas por uma sociedade pautada pelo respeito aos direitos humanos, pela cidadania plena. E, também, que não há dificuldade, digamos assim, em se falar de temáticas extremamente complicadas, de forma lúdica, de forma a que atraia a atenção do espectador; e, mais ainda, de como a participação de crianças e adolescentes é possível de forma

competente, de forma consistente e de forma não simbolicamente violenta. Acabei. Muito obrigada. A SRA. COORDENADORA (Conselheira Ima Célia Guimarães Vieira) Eu vou agradecer à Suzana, por sua participação, muito importante nesse debate. Suzana tece considerações mito pertinentes com relação à formulação da política de programação para os jovens. E o que me chama atenção é que é colocado na forma de não somente para, mas com, com os segmentos. Depois podemos relatar. Também anotei aqui vários parâmetros, ela se deteve nos parâmetros que acha importante, que vem discutindo em sua organização para a estruturação dessa política. quinze minutos. Vamos, agora, passar ao Alex. Por favor, Alex, temos O SR. ALEX PAMPLONA Bom dia a todos e a todas. Meu nome é Alex Pamplona e integro a Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadores. Ouvindo eu fiquei pesando como a turma do conselho curador, como a turma que está aqui hoje consegue dormir, tamanha a responsabilidade que cada um e cada tema. Esse debate é um debate além de muito importante, ele também se atém a uma questão de participação, de evolução de participação que está sob nossas responsabilidades; e a EBC tem essa responsabilidade nessa questão da participação. Isso que a gente vivencia hoje, das manifestações, dessa ebulição do povo indo às ruas, talvez seja o povo já dando resposta a essa Ditadura que vivenciamos hoje. Hoje a gente vivencia uma Ditadura, que não é mais militar, que ela não é mais do aspecto da repressão por meio da

força e da morte, mas ela é cognitiva, onde prende as pessoas, onde esse exercício da participação desde a família, no caso da criança e do adolescente, do público infantojuvenil até a escola, é presente constantemente. Então, discutir uma política e não uma programação de comunicação que viabilize essa participação, se considerarmos o tempo que a criança e o adolescente passa na escola e o tempo que ele passa diante dos veículos de comunicação, essa responsabilidade nossa de se estender ao processo de educação e ao processo de dizer para essa pessoa, de construir com esse público, ele é um sujeito de direito, não só um sujeito que vai ser um telespectador, ou um sujeito que é mero receptor de uma programação que estamos pesando. E essa programação, como bem disse a companheira Suzana, não só no aspecto do entretenimento. E até pensando aqui, pois tenho duas filhas, uma de três e outra de sete anos, quando elas chegam da escola, depois de almoçar, o primeiro lugar que elas vão é para a televisão ou para ver algum desenho. Então, esse caráter interativo também deve ser apropriado por nós. Essa questão da participação infantojuvenil, no Brasil, ao mesmo tempo em que é recente, também tem algumas experiências muito produtivas e muito também como laboratório para nos apropriarmos de alguns aspectos. Essa programação, essa política de comunicação não necessariamente precisa ser um espaço com a presença do adolescente, com a presença do jovem, mas precisa ser um espaço que proporcione a esse público que estamos nos desafiando a discutir, a construção do conhecimento e do saber. Se considerarmos, por exemplo, que durante a Conferência de Comunicação, durante a Conferência de Juventude, durante a Conferência de Infantojuvenil para o Meio Ambiente, esse público que estamos trabalhando agora aqui, o adolescente e o

jovem, eles foram protagonistas da construção do conhecimento. E, mais, durante a Conferência Infantojuvenil, que é uma referência que eu tenho na construção da informação, ela possibilitou fazer esse processo que estamos discutindo agora aqui, esse desafio que temos agora, de regionalizar uma pauta, de particularizar uma determinada informação. Essa política de comunicação voltada para esse público, temos diversos desafios, que um deles é a competição. A gente vive hoje numa competição com uma programação que é uma programação dos veículos privados e da TV aberta, que ela é desleal. Então, essa programação acaba, em determinados momentos, sendo um desserviço para essa construção do conhecimento, para essa valorização do sujeito enquanto sujeito de direitos. Não vamos discutir agora, mas é um ponto que precisamos nos ater, porque não estamos discutindo uma programação que vai ser amplamente aceita e acessada pela sociedade. Vivemos hoje num processo de disputa e esse processo de disputa também precisa ser considerado por esse conselho e por essa empresa. Quais são os mecanismos que temos? Não adianta formular uma política de comunicação para esse público, uma programação que não seja comprada, se a gente não conseguir também criar mecanismos de disseminação dessa estratégia adquirida, porque do contrário vamos continuar produzindo determinada programação ou política para um público setorizado e restrito. Então, precisamos pensar um pouco nisso também. Também essa programação, só reforçando, ela precisa considerar aspectos regionais. Se considerarmos o Brasil na sua amplitude geográfica, esses aspectos culturais são fundamentais para que haja uma apropriação. Então, não dá para criar uma política, ou uma ação para esse público que seja pensada a partir de um único

horizonte, a partir de uma único formato de fazer a comunicação, mas considerar além dos aspectos culturais de participação, também quais são as problemáticas de diferentes regiões. Se considerarmos o Norte, de onde eu venho, de Belém do Pará, aquela região vive hoje um conflito, não só hoje, mas que se acentua mais com a questão de Belo Monte. Então, esse público infantojuvenil, os seus direitos básicos, nós que estamos discutindo a questão da comunicação, estão sendo violados. Como também considerar essas questões nessa política de comunicação; de pensar de forma mais regionalizada, mais particularizada, dentro das regiões quais são as particularidades. Então, é importante refletir um pouco sobre isso. Também falamos numa produção independente. Se considerarmos essa questão da participação, os veículos de comunicação tradicionais repassam para o adolescente e o jovem, a responsabilidade de tudo que acontece de ruim no país, os crimes, a questão da violência. Mas se formos considerar, fazer uma pesquisa empírica básica nessas regiões, nesses bairros de determinadas capitais, sair com uma caneta e um papel na mão e entrar em determinado bairro que é dito pelos veículos de comunicação como perigoso, e fizermos uma pesquisa rápida das ações positivas e negativas que esse público anda fazendo, perceberemos que as ações positivas são infinitamente maiores do que as negativas. Então, por que mesmo sendo infinitamente maiores, os veículos de comunicação não conseguem trazer isso? Então, é importante discutir um pouco porque isso acontece. Nesse sentido também precisamos ter um mapeamento dessas produções independentes, dessas ações positivas que andam rolando Brasil afora, porque isso também pode servir para esse conselho aqui como base; essa reunião é importante porque vai ouvir algumas experiências, mas precisamos aprofundar um pouco mais

essas experiências. Se nos dedicarmos um pouco mais nessa construção da linha de base do que o público infantojuvenil, do que o adolescente vem produzindo no Brasil, teremos um material rico, com dinâmica, com metodologia, com programação, enfim com uma série de aspectos que vai facilitar o nosso entendimento em relação a esse tema. Outra questão importante para a gente refletir nessa política de comunicação, como bem disse a companheira que me antecedeu, é também pensar numa política para esse público que dialogue com as pessoas, com os sujeitos que diretamente trabalham com o público infantojuvenil. Então, se pensarmos nessa perspectiva que não necessariamente uma programação, ou uma política, mas precisa ter a presença, porque essa presença, às vezes, é feita muito para responder alguns questionamentos de que, olha, essa programação não tem isso. E aí acabamos trazendo o sujeito mais como um enfeite. Então, acho que é uma preocupação também de pensar no conselhinho, num conselho curador que integre aqui, pois estamos um pouco viciados nessa forma de participação os adultos. Então, se a gente traz para esse espaço aqui o adolescente e o jovem, talvez se corra o risco de engessarmos esse público. É preciso também pensar um pouco nessa dinâmica. Durante a Conferência dos Direitos da Criança e do Adolescente, a gente se desafiou, a Viração e a Renajoc, a fazer algo diferente. E que algo diferente era isso? Tratar a Conferência dos Direitos da Criança e do Adolescente, dar visibilidade a partir do olhar da criança e do adolescente. Em todos os estados, junto com a Ciranda também, onde ficamos responsáveis por construir essa dinâmica, essa metodologia, sempre tinha um grupo, que esse grupo ia construindo a informação a partir daquilo que ele estava vendo. Acho que isso também é importante refletir para esse momento aqui.

E só para ilustrar isso que eu falei em relação a essa preocupação de montar esse conselho para balizar nossas ações, lembro que um dos estados que acompanhei a conferência, teve o momento da Conferência da Criança e do Adolescente, onde a turma montou a proposição e tal; eram três dias de conferência e no primeiro dia foi só dedicado a esse público; e no final do primeiro dia, onde a turma se reuniu e montou toda a programação, todas as propostas, a turma que se considerava lá da conferência, maior e tal, foi votar o regimento, e aí a turma começou, não, mas como a gente é parte integrante dessa conferência, discute, elabora propostas junto, a gente reúne antes, e a final quando terminamos de conversar, terminou de construir, vocês vão pensar no regimento? Então, isso tem alguma coisa errada. Essa também é uma questão que precisamos nos ater bem para não cometermos os mesmos erros. Acho que essa questão do conselho aqui, precisamos pensar nesses aspectos, mas também precisamos pensar em como dialogar com outros veículos de comunicação. E esses outros veículos de comunicação que digo, não necessariamente veículos de comunicação abertos, mas esses veículos que produzem comunicação, que produzem informação. Agora há pouco vi o companheiro Enderson, da Bahia, e outras experiências pelo Brasil afora, que tem um conjunto de produções. Acho que também seria o caso de dialogarmos com essas produções, para que essas produções pudessem também ser veiculadas nessa programação nossa. Isso também seria, além de valorizar essa produção, um espaço para nos apropriarmos dessas novas dinâmicas. Hoje, no Brasil, a gente vive um novo modelo de participação. Então, esses novos modelos de organização, esses novos discursos, se também não nos apropriarmos desses novos discursos, corremos o risco de pensar um novo com base no velho.

Esse novo, que a gente acha que é novo, essa nova dinâmica, essa metodologia que pensamos que é atual, que vai responder, pode ir na contramão daquilo que os grupos estão pensando, naquilo que os grupos estão fazendo. Então, considerar e trazer para perto, para esse espaço do conselho aqui da EBC esses grupos que dialogam e que produzem informação, isso também precisa ser uma diretriz dessa política de comunicação que estamos pensando. Tanto a Viração quanto a Renajoc, essa questão da comunicação não é somente isso precisa ser discutido com a gente um instrumento de comunicação, não vamos pensar somente a comunicação, mas essa dinâmica agora que a Lilian falou, de educomunicação, e isso que estamos discutindo agora, precisa ser uma diretriz dessa política de comunicação. Não é só transmitir informação e também não é só produzir informação, mas essa questão da educomunicação é um processo de libertação, ela é um processo onde vamos construir uma ação com esse público que vai permitir não somente dialogar, como acabei de falar, essa questão da comunicação em si, mas a política, porque a comunicação passa a ser um instrumento e esse instrumento também precisa ser uma base de compreensão de nós que estamos aqui. Ela não é só um instrumento de comunicação, mas ela é uma metodologia de comunicação e essa metodologia precisa ser entendida, precisa ser estudada, precisa ser tratada como tal. Só para também ilustrar isso que eu falo do instrumento de comunicação e metodologia de comunicação, quando eu trabalhava na UNIPOP, que é uma ONG lá do Pará, de Belém, fomos dar uma oficina na Ilha do Marajó acho que todos aqui já ouviram falar e em uma das cidades pequenas na beira do Marajó, onde provavelmente não devia mais de 1.500 habitantes, a quatro horas de barco, sem energia elétrica, quando eu cheguei lá, na minha

infinita inteligência, porque educador e tal, o que foi que eu percebi? O que foi que minha análise de pessoa inteligente fez bem rapidinho? Então, era um lugar que não tinha energia, que a escola mais próxima estava a duas horas de barco pequeno, o hospital só em Belém, a quatro horas, não tinha água encanada. O que eu fui fazer lá? Fomos dar uma oficina de fanzine, e nessa oficina a gente ia trabalhar os métodos de produção do fanzine e também quais eram as demandas daquela comunidade. O que foi que eu pensei? Provavelmente a comunidade vai colocar essas coisas que estou percebendo. Então, no último dia da oficina, a turma ficou sozinha, e na hora da turma apresentar o informativo que tinham construído, a preocupação principal dessa localidade, com essas características, era com segurança pública. E aí a gente fica pensando, como dormimos com todo aberto, como uma comunidade dessas, com menos de 1.500 habitantes, vai se preocupar com segurança pública. Então, tem outras coisas mais importantes. E aí a turma foi justificar: olha, a principal renda daqui, a principal movimentação dessa localidade é com a pesca. Quando as famílias saem para pescar, são atacados por piratas. Então, o que essa historinha nos mostra? Que essa questão da comunicação, que esse conselho, que o trabalho que a ANDI, que a Viração, que a Renajoc faz é muito mais no sentido do que informar, mas é no sentido também de construir essas coisas, trazer para essa rodada quais são essas demandas, quais são de fato essas necessidades, o que de fato a juventude quer, o que de fato a criança e o adolescente está discutindo, porque do contrário, se não fizermos esse exercício e se não compreendemos isso que temos, essa empresa, se esse conselho não compreender que é muito mais do que um instrumento, uma metodologia, vamos continuar fazendo reuniões, continuar pesando numa programação interativa, inclusiva,

mas sem considerar a comunicação enquanto espaço de construção de direitos e de aproximação também. Como diz a Lilian, não dá para conversar nesse momento sem falar nessa história das mobilizações. Essas mobilizações, além de representar o poder que as redes sociais têm, também representa essa necessidade de participação. Então, os veículos de comunicação precisam ser esses espaços de participação, precisam ser esses espaços de construção do conhecimento a partir do sujeito, a partir das suas particularidades. E aí é um desafio que temos, porque se formos pensar em regionalização não dá para pensar nas particularidades apenas das regiões, porque até mesmo dentro de uma região tem especificidades que precisam ser discutidas, dentro das regiões, dos estados. É um desafio grande que temos. Essa política precisa considerar isso. Acho que é um bate papo que precisamos ter hoje, trazer novos atores, novas manifestações de participação no campo da comunicação, no campo dos direitos para que a gente possa também construir uma política baseada no mais próximo do real e do ideal que temos para participação. Obrigado. A SRA. COORDENADORA (Conselheira Ima Célia Guimarães Vieira) Obrigado, Alex. Alex também nos trouxe uma série de desafios e, principalmente, ligados a essa questão da construção de um espaço que leve em consideração essas particularidades e diferenças com relação às demandas e os problemas da população. Agora, nessa etapa, temos a participação do Eduardo, que terá também quinze a vinte minutos para sua apresentação. favor, Eduardo. Por