fls. 106 Registro: 2016.0000239471 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 1056413-22.2014.8.26.0100, da Comarca de São Paulo, em que são apelantes ALEXANDRE SILVA D AMBROSIO e CINTHYA CAROLINE HARBAR D AMBROSIO, é apelado JUÍZO DA COMARCA. ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 8ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores SILVÉRIO DA SILVA (Presidente) e PEDRO DE ALCÂNTARA DA SILVA LEME FILHO. São Paulo, 12 de abril de 2016. Salles Rossi Relator Assinatura Eletrônica
fls. 107 Voto nº 34.281 Apelação Cível nº 1056413-22.2014 Comarca: São Paulo (F. Central) 9ª Vara 1ª Instância: proc. n. 105641322/2014 Aptes.: Alexandre Silva D'Ambrosio e outra Apdo.: Juízo da Comarca VOTO DO RELATOR EMENTA CASAMENTO ALTERAÇÃO DE REGIME DE BENS (separação total para comunhão universal) Decreto de procedência Recurso interposto pelos autores, pleiteando que a alteração retroaja à data da celebração do casamento Inadmissibilidade Modificação de regime de bens que possui efeito ex nunc Inteligência do art. 1.639, 2º, do Código Civil Precedentes, inclusive do C. STJ Sentença mantida Recurso improvido. Cuida-se de Apelação interposta contra a r. sentença proferida em autos de Ação de Alteração de Regime de Bens, julgada procedente para alterar o regime de bens estabelecido pelas partes, quando do matrimônio, para o da comunhão universal, modificação que alcança os bens adquiridos após o trânsito em julgado. decisão de fls. 77. desacolhidos, conforme fls. 82. Embargos de declaração às fls. 74/76, rejeitados pela r. Novos embargos declaratórios às fls. 79/81, igualmente Inconformados, apelam os autores (fls. 84/91), sustentando a necessidade de reforma parcial da r. sentença recorrida, no que Apelação nº 1056413-22.2014.8.26.0100 -Voto nº 34.281 2
fls. 108 tange aos efeitos da alteração que, segundo sustentam e também de acordo com o disposto no artigo 1.667 do Código Civil, devem retroagir à data da contração do matrimônio. Prosseguem os recorrentes dizendo que a finalidade da ação ajuizada é exatamente a comunicação de todos os bens presentes existentes. Aguardam o provimento recursal, a fim de que a alteração de regime de bens tenha efeito sobre todos os bens atuais do casal, independentemente da data de aquisição. O recurso foi recebido pelo r. despacho de fls. 93. É o relatório. O recurso não comporta provimento. Em que pesem os reclamos dos apelantes, reputo correta a r. sentença ao consignar, em sua parte dispositiva, que a alteração do regime de bens deferida possui eficácia a partir do trânsito em julgado. Com efeito, descabido que a alteração retroaja à data da celebração do casamento, como pretendem os recorrentes, haja vista que a sentença de procedência, em casos tais, gera efeitos ex nunc. Possui, portanto, efeito prospectivo, de sorte que não incide sobre o patrimônio já constituído. Essa a exegese do artigo 1.639, 2º, do Código Civil. Em comento ao referido dispositivo legal, NELSON NERY JÚNIOR e ROSA MARIA ANDRADE NERY, na Obra Código Civil Comentado, 10ª edição, Editora Revista dos Tribunais, às págs. 1.429/1.430, ensinam que: Eficácia da modificação. O novo regime de bens passa a produzir efeitos a partir do trânsito em julgado da autorização do Juiz, entre os cônjuges. Após a averbação no assento de casamento e nos registros respectivos fundamentais ao resguardo dos interesses de Apelação nº 1056413-22.2014.8.26.0100 -Voto nº 34.281 3
fls. 109 terceiro (registro imobiliário, junta comercial, registro de pessoa jurídica, etc.), passa a ter eficácia erga omnes. Nesse sentido, recente julgado da 7ª Câmara de Direito Privado, extraído dos autos do Agravo de Instrumento n. 2076301-32.2015, que teve como Relator o Desembargador MIGUEL BRANDI e aqui, possui inteiro enquadramento: Agravo de Instrumento Alteração de regime de bens (comunhão parcial para separação de bens) Decisão que determinou a juntada de documentos que comprovem todos os bens havidos em comum, retificando-se o valor da causa para corresponder à soma desses bens Recurso dos interessados Alegação de que os efeitos da sentença que altera o regime de bens são prospectivos, não havendo pretensão econômica na demanda que possa ser aferida Cabimento Modificação de regime de bens que possui eficácia ex nunc Precedente desta Câmara -... Decisão reformada AGRAVO PROVIDO. Referido julgado cita precedente do C. STJ que aqui, também merece transcrição: RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. DISSOLUÇÃO DO CASAMETNO. ALTERAÇÃO DO REGIME DE BENS, TERMO INICIAL DOS SEUS EFEITOS. EX NUNC. (...). 1 - Separação judicial de casal que, após período de união estável, casou-se, em 1997, pelo regime da separação de bens, procedendo sua alteração para o regime da comunhão parcial em 2007 e Apelação nº 1056413-22.2014.8.26.0100 -Voto nº 34.281 4
fls. 110 separando-se definitivamente em 2008. 2 Controvérsia em torno do termo inicial dos efeitos da alteração do regime de bens do casamento ('ex nunc' ou 'ex tunc') e do valor dos alimentos. 3 Reconhecimento da eficácia 'ex nunc' da alteração do regime de bens, tendo por termo inicial a data do trânsito em julgado da decisão judicial que o modificou. Intepretação do art. 1639, 2º, do CC/2002 (...) 6 RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO (STJ, 3ª, T., REsp 1.300.036/MT, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 13.05.2014). Fica, pois, mantida a r. sentença guerreada, em seus inteiros termos. Isto posto, pelo meu voto, nego provimento ao recurso. SALLES ROSSI Relator Apelação nº 1056413-22.2014.8.26.0100 -Voto nº 34.281 5