NOVAS MEDIDAS PARA A REFORMA DO SISTEMA DE JUSTIÇA Plano de descongestionamento dos tribunais Melhor serviço público aos cidadãos e melhores condições para o trabalho nos tribunais 26/09/2005
Descongestionar os tribunais Os tribunais estão colonizados por acções para cobrança de dívidas e pequenas causas, que não se justifica serem resolvidas por um juiz. Um exemplo: há 25.000 processos para pagamento de dívidas de seguros. 70% destes processos são dívidas de valor inferior a 500. Esta é uma das principais causas da morosidade judicial. Estes litígios podem ser evitados ou melhor resolvidos fora do tribunal. Plano de descongestionamento dos tribunais - 26/09/2005
Descongestionar os tribunais para prestar melhor serviço aos cidadãos e às empresas O descongestionamento dos tribunais não é um fim em si mesmo. Descongestionar significa prestar um melhor serviço judicial: Com menos processos os tribunais ganham tempo para prestar um melhor serviço aos cidadãos e às empresas. Com menos processos garante-se um serviço mais célere e de melhor qualidade. Plano de descongestionamento dos tribunais - 26/09/2005
Descongestionar para melhorar as condições de quem trabalha nos tribunais Descongestionar os tribunais é também melhorar as condições de trabalho. Os magistrados e oficiais de justiça ficam com mais tempo para os processos mais complexos; Menos tempo de trabalho burocrático; Mais tempo para o estudo dos processos; Mais tempo para ouvir as partes; Mais tempo para preparar as decisões; Isto é, mais tempo para decidir bem. Plano de descongestionamento dos tribunais - 26/09/2005
Descongestionar para melhor gerir os tribunais Só é possível introduzir mudanças na administração e gestão dos tribunais depois de o sistema judicial ser liberto do que não lhe deve pertencer. Primeiro deve-se descongestionar o sistema judicial, para depois racionalizar a administração judiciária e a gestão do sistema judicial. Por exemplo, só é possível saber onde faltam recursos humanos e onde existem a mais depois de se ter retirado do sistema judicial o que lá não deve estar. Plano de descongestionamento dos tribunais - 26/09/2005
O que já fez o Governo: eliminou as transgressões e contravenções O Governo converteu finalmente as transgressões e contravenções em contra-ordenações. Há mais de vinte anos que se tentava fazê-lo. As transgressões e contravenções eram pequenas infracções, como andar de metro sem pagar bilhete ou não pagar uma portagem. Era um tribunal que julgava estas infracções. Agora passam a ser entidades administrativas, como acontece nas coimas de trânsito. Deixam de ser julgados nos tribunais cerca de 10.000 processos penais: 8% a 13% dos litígios penais. Plano de descongestionamento dos tribunais - 26/09/2005
O que já fez o Governo: reduziu os litígios sobre dívidas de prémios de seguro O Governo decidiu que os seguros só produzem efeitos se o prémio for pago antes da sua renovação. O pagamento passa a fazer-se sempre antecipadamente. Eliminam-se os riscos de haver litígios, actua-se contra os devedores profissionais e protege-se o consumidor. Podem evitar-se 25.000 processos em tribunal, que correspondem a 12% dos processos declarativos cíveis em primeira instância. Plano de descongestionamento dos tribunais - 26/09/2005
O que já fez o Governo: alargou a utilização da injunção para dívidas até 14.963,94 Um procedimento de injunção para cobrança de dívidas é muito mais rápido que uma acção judicial. A maioria das injunções é resolvida em 2 meses. A injunção é um procedimento célere para obter o reconhecimento de uma dívida, que passa a estar em condições de ser executada. A injunção passou a poder ser utilizada para dívidas até 14.963,94. Antes só podia ser utilizada para dívidas até 3.740,98. Isto permite que cerca de 15.000 processos passem a poder ser tramitados como processos de injunção. Portanto, cerca de 7% dos processos cíveis em primeira instância passam a poder ser resolvidos em cerca de 2 meses. Plano de descongestionamento dos tribunais - 26/09/2005
O que já fez o Governo: aumentou o valor da descriminalização do cheque sem provisão A emissão de cheque sem provisão era crime, excepto para cheques de valor inferior a 62,35. O Governo aumentou este valor. Agora o cheque sem provisão só é crime para cheques de valor superior a 150. Reduz-se o número de processos penais por cheque sem provisão. Só na comarca de Lisboa, em 2003 foram abertos 7.110 inquéritos penais por emissão de cheque sem provisão. Plano de descongestionamento dos tribunais - 26/09/2005
Nove novas medidas para a reforma do sistema de justiça O Governo apresenta agora nove novas medidas para descongestionar os tribunais e continuar a reforma do sistema de justiça.
Objectivo: evitar que os tribunais sejam meros certificadores de dívidas das empresas Em muitos casos, a empresa que propõe uma acção por dívidas já não espera cobrar o que não foi pago. Apenas pretende que o processo termine para poder recuperar o IVA que já pagou, porque a dívida só se considera incobrável no fim do processo. Os tribunais não são centros de certificação de dívidas. Os tribunais servem para resolver os verdadeiros litígios. O Governo aprovou medidas para evitar esta situação.
1.ª nova medida: recuperação fiscal para quem desista de acções em 2006 Em primeiro lugar, quem desista de acções pendentes nos tribunais tem um benefício: Pode considerar o crédito como incobrável, para efeitos de IVA, IRC e IRS (cat.b com contabilidade organizada); Fica isento do pagamento das custas que ainda teria de pagar.
1.ª nova medida: recuperação fiscal para quem desista de acções em 2006 Em sede de IVA, a dedução do imposto é para as acções de valor inferior a 10.000 ou 7.500, consoante o demandado seja: particular ou sujeito passivo que realize exclusivamente operações isentas que não confiram direito a dedução; ou, sujeito passivo com direito à dedução. Esta medida é excepcional e transitória: só se aplica para processos instaurados até 15 de Setembro de 2005, e só vigora durante o ano de 2006.
1.ª nova medida: recuperação fiscal para quem desista de acções em 2006 Esta medida não é uma amnistia. Esta medida não visa beneficiar quem não paga dívidas. Aqueles que utilizaram os tribunais porque só assim podiam recuperar o imposto de facturas emitidas e não cobradas, devem utilizar esta medida e desistir dos processos que propuseram. Mas aqueles que utilizaram os tribunais para condenar o devedor a pagar as dívidas não devem desistir da acção. Esta medida não é para eles.
1.ª nova medida de descongestionamento: recuperação fiscal para quem desista de acções em 2006 Existem cerca de meio milhão de acções cíveis pendentes que podem ser objecto desta medida. A desistência das acções depende apenas da decisão das empresas.
Objectivo: recuperação do imposto fora dos tribunais Mas o Governo não tomou apenas medidas para retirar dos tribunais os processos pendentes para cobrança de dívidas. Também tomou medidas para evitar que, no futuro, se volte a utilizar o tribunal para certificar que certas dívidas sejam incobráveis para efeitos fiscais.
2.ª nova medida: recuperação do IVA pelo decurso do tempo Elevou-se o montante até ao qual a dívida pode ser considerada incobrável para efeitos fiscais pelo decurso do tempo (6 meses), sem necessidade de propor uma acção judicial: Passa a ser possível fazê-lo para dívidas até 750; Até agora, só as dívidas até 349,16 podiam ser consideradas incobráveis quando existisse atraso no pagamento em mais de seis meses. Esta medida pode evitar dezenas de milhar de processos e injunções.
3.ª nova medida: recuperação do IVA através do registo informático de execuções Os credores passam a poder utilizar o registo informático de execuções para verificar se o devedor não tem bens penhoráveis. Se constar desse registo que não tem bens penhoráveis, o crédito é logo considerado incobrável para efeitos fiscais, sem ser necessária uma acção judicial. Esta regra aplica-se para dívidas entre 750 e 8.000. Actualmente existem centenas de milhar de processos e injunções entre estes valores. Muitos podem ser evitados com esta medida.
4.ª nova medida de descongestionamento: recuperação do IVA através da injunção Os credores passam a poder utilizar o procedimento de injunção para considerar os créditos como incobráveis num maior número de situações. Até agora, só para créditos entre 349,16 e 4.987,98 era possível utilizar este procedimento para considerar o crédito como incobrável. Agora, passa a ser possível utilizá-lo para créditos entre 750 e 8.000. Passa a ser possível considerar créditos incobráveis através da utilização da injunção, que demora, em média, 2 meses.
5.ª nova medida: desistência de acções executivas para cobrança de custas. Existem dezenas de milhar de acções executivas pendentes para cobrança de custas judiciais pelo Estado. O Estado gasta muito mais para cobrar estas pequenas dívidas do que o valor que iria recuperar. Em muitas destas acções o Estado não conseguiria recuperar o valor das custas em dívida. Actualmente, em cerca de 90% das acções executivas para cobrança de custas, o Estado não consegue recuperar a totalidade do crédito.
5.ª nova medida: desistência de acções executivas para cobrança de custas. Estas acções executivas ocupam muito tempo aos magistrados judiciais, magistrados do Ministério Público e oficiais de justiça. O Estado não deve monopolizar o sistema de justiça, mas antes colocálo ao serviço dos cidadãos, das empresas e do desenvolvimento económico. Por isso, o Estado vai promover a desistência de todas as acções executivas por dívidas de custas judiciais até 400, instauradas antes de 15 de Setembro de 2005. Este é um investimento que o Ministério da Justiça faz para o bom funcionamento dos tribunais.
6.ª nova medida: promover a utilização da injunção A injunção é mais simples, mais rápida e mais barata que o processo judicial tradicional. Um procedimento de injunção para cobrança de dívidas dura em média 2 meses. O Governo propõe o incentivo à utilização da injunção através do sistema das custas judiciais. Hoje, o autor que vença uma acção judicial pode exigir do vencido o pagamento das custas que suportou. Com esta medida, o autor da acção deixa de poder exigir da parte vencida o pagamento das custas que suportou quando podia ter utilizado a injunção e não o fez.
7.ª nova medida: promover a utilização dos julgados de paz e dos meios alternativos de resolução de litígios Os julgados de paz e os centros de arbitragem permitem aos cidadãos e às empresas resolver litígios de modo mais próximo, mais rápido e mais informal. Um processo num julgado de paz demora, em média, 2 meses. Com esta medida, o autor da acção deixa de poder exigir da parte vencida o pagamento das custas que suportou quando podia ter utilizado estas instâncias e não o fez. Esta medida aplica-se: Nas causas em que o julgamento no julgado de paz é de maior proximidade para o cidadão; Apenas quando o cidadão possa utilizar gratuitamente um centro de arbitragem.
8.ª nova medida: proteger o consumidor e reduzir a litigância sistemática Os grandes litigantes promovem frequentemente acções nos tribunais onde lhes é mais conveniente e barato litigar. A litigância de massa concentra-se sempre nos mesmos locais, congestionando os tribunais nesses locais. Os consumidores são frequentemente obrigados a grandes deslocações para poder contestar essas acções. Para o evitar, o autor passa a ter de propor a acção no tribunal do domicílio do réu, excepto quando ambas as partes tenham sede/domícilio nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. Evita-se a concentração da litigância de massa e promove-se a proximidade entre o cidadão e a Justiça.
9.ª nova medida: regime especial e experimental de processo civil O actual processo civil é demasiado rígido e formalista para permitir que os tribunais assegurem uma resposta adequada, adaptável aos vários tipos de acções. Existem poucos mecanismos de flexibilidade processual e os que existem são pouco utilizados. O Governo propõe um regime especial e experimental de processo civil, que introduz vários mecanismos de agilização processual.
9.ª nova medida: regime especial e experimental de processo civil O juiz passa a poder: Adequar a tramitação do processo à complexidade da causa, de forma clara; Adoptar actos de massa nos processos de massa. O juiz poderá proferir despachos e sentenças genéricas, aplicáveis a vários processos; Decidir através de sentenças simples, por exemplo através de remissão para as razões invocadas pelas partes; Decidir a causa principal, logo no pedido cautelar quando esteja em condições de o fazer.
9.ª nova medida: regime especial e experimental de processo civil Este regime será aplicável a tribunais seleccionados, designadamente em função do perfil da sua litigância. Este regime é experimental: durante dois anos será avaliado nesses tribunais, para depois ser aperfeiçoado e alargado. Antes de entrar em vigor, será assegurada formação aos operadores que o irão aplicar.
Reformar com a participação dos utilizadores e operadores do sistema de Justiça Estas são importantes medidas para resolver os problemas de pendência processual, a utilização intensiva dos tribunais e para simplificar o regime processual. São medidas que criam condições para a prestação de um melhor serviço judicial e para melhorar o trabalho nos tribunais e com os tribunais.
Reformar com a participação dos utilizadores e operadores do sistema de Justiça O Ministério da Justiça apresenta medidas para descongestionar os tribunais, mas quer melhorá-las com o contributo de todos: operadores e utilizadores. Nas próximas 3 semanas qualquer interessado pode pronunciarse sobre as primeiras 8 medidas e nos próximos 2 meses sobre a 9.ª medida: o regime processual experimental.