ILUMINISMO (Séc. XVII e XVIII)

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Transcrição:

ILUMINISMO (Séc. XVII e XVIII) Corrente política, intelectual e filosófica de clara influência burguesa que se desenvolveu, inicialmente, na Inglaterra do século XVII e, posteriormente, atingiu toda a Europa a partir do século XVIII ganhando fértil terreno na França dos Bourbon por significar notório contraste com o modelo centralizado francês: símbolo-mor do Antigo Regime; Encarnava os valores de uma burguesia ascendente, a qual se voltava à defesa do: Liberalismo (político, jurídico e econômico) Pressupondo a participação política, paridade jurídica, além do desenvolvimento econômico a partir das práticas comerciais e do próprio capitalismo traduzindo ideias ligadas às liberdades individuais, à diminuição do Estado frente a sociedade e à valorização da propriedade privada; Racionalismo significando o abandono das velhas práticas medievais - que creditavam às ações mágicas e metafísicas as explicações para os fenômenos físicos e sociais e adotando uma postura voltada ao uso da razão; Cientificismo Concebendo na ciência a resposta para todas as perguntas da humanidade, sendo ela a base da compreensão humana a partir da lógica e baseada em Leis Naturais; Humanismo buscando o desenvolvimento das massas através da educação e do intelecto como instrumentos para o fim das mazelas sociais; 1

Os precursores do movimento iluminista foram conhecidos como Philosophes e, entre eles, destacam-se: René Descartes matemático e filósofo francês, é considerado um dos fundadores do racionalismo moderno. Defendia, em termos básicos, que somente através de métodos lógicos e racionais o homem poderia atingir o conhecimento científico. Para ele, a única verdade inquestionável era a existência dos próprios pensamentos. Daí sua célebre frase: Penso, logo existo. Isaac Newton cientista inglês, descobriu leis físicas aplicáveis ao universo, como a lei da gravidade e demais leis denominadas Naturais. Considerava que era função da ciência descobrir leis universais e formulá-las de modo preciso e racional, desenvolvendo uma visão mecanicista 1 do universo. Não excluía a idéia de Deus, mas não o considerava um ser tirânico capaz de fazer parar o Sol ou desviar as estrelas de sua trajetória. Para Newton, Deus manifestava-se nas próprias leis universais. 1 A CONCEPÇÃO DE QUE O UNIVERSO ERA COMO UM GRANDE MECANISMO O QUAL OS FENOMENOS NATURAIS PODEM SER EXPLICADOS DENTRO DE UMA PERSPECTIVA DE CAUSA/EFEITO; DEUS COMO O GRANDE RELOJOEIRO; 2

John Locke filósofo inglês, é considerado por muitos como o pai do Iluminismo. Em uma de suas obras: Ensaio sobre o entendimento humano (An Essay concerning Human Understanding) de 1690, afirma que nossa mente é como uma tábua rasa, sem nenhuma idéia. Para ele, os conhecimentos adquiridos provêm da experiência e nossas primeiras ideias vêm à mente através dos sentidos. Depois, combinando e associando as primeiras ideias simples, a mente forma ideias cada vez mais complexas. Em resumo, todo o conhecimento humano chega à nossa mente através dos sentidos - corrente filosófica denominada: empirismo - e, depois, desenvolve-se pelo esforço da razão. Em termos políticos, Locke condenou o absolutismo monárquico, revelando sua grande preocupação em proteger a liberdade individual do cidadão além da propriedade privada, quando escreveu: Dois Tratados sobre o Governo (Two Treatises of Government), de 1681, que concebia direitos universais e inalienáveis aos cidadãos (vida, liberdade e propriedade) - Base do Liberalismo Jurídico. Condenava a ideia do Direito Divino dos Reis (Inatismo); A Ilustração como um processo de transformações de caráter político, filosófico, intelectual, cultural, científico, social e econômico determinado pela emergência da sociedade capitalista: a ideia de uma nova sociedade - concepção de progresso social (felicidade) pela educação; Duras críticas à estrutura do Antigo Regime anseio por mudanças: 3

Quebra do tradicionalismo religioso medieval (mentalidade coletiva sore o cristianismo) e das superstições embora, de maneira geral, considerados Deístas 2, os iluministas não defendiam a ideia de uma fé cega, baseada na concepção das intervenções mágico-religiosas, sem apego à religiosidades a religiosidade sairia da esfera coletiva para o privado; Quebra do modelo de sociedade estamental; Busca por paridade Jurídica; Fim do absolutismo monárquico; Defendiam as liberdades: religiosa, filosófica e de expressão, como um todo; O movimento iluminista frente o modelo Absolutista Francês: Antagonismo torna a França o grande palco do Iluminismo no século XVIII (Século das Luzes) As mudanças ocorridas no século anterior na Inglaterra (Revoluções Inglesas/Bill of Rights - 1688) consolidaram mudanças estruturais na sociedade inglesa e deram à classe burguesa a emancipação político/social; A França possuía um governo centralizado, característico da Dinastia dos Bourbon em que não havia liberdades religiosa, política, econômicas e sociais (sociedade baseada no modelo estamental); 2 TEM-SE COMO UMA REFERÊNCIA DOS PENSADORES DEÍSTAS, O FILOSOFO ALEMÃO, IMMANUEL KANT (1724-1804), QUE EMBOR DEFENDESSE A FÉ NA EXISTÊNCIA DE UM DEUS, NÃO HAVIA A NECESSIDADE PARA ELE DA EXISTÊNCIA DA IGREJA E DE SEUS DOGMAS PENSAMENTO QUE LEVOU A IGREJA A PERSEGUIR FILOSOFOS ILUMINISTAS; CRÍTICOS AO ABSOLUTISMO, COMO PIERRE BAYLE (1647-1706), QUE CHEGOU A COMPARAR LUÍS XIV À GOLIAS- PERSONAGEM BÍBLICO AO DIZER QUE ESTE DEVERIA TEMER OS DAVI S DE ESPIRITO INDEPENDENTE QUE SE CONTRAPUNHAM AO REI E À IGREJA; 4

Contraditoriamente, muitos dos principais pensadores iluministas eram franceses: a busca por liberdades frente a opressão do Estado francês: o instrumento da censura como arma do Estado francês contrapondo-se à efervescência cultural de Páris; A percepção do Barão Charles de Montesquieu (1689-1755) que, embora sendo parte de uma nobreza, buscava se aburguesar o fez escrever: O Espírito das Leis (De L esprite des Loix) em 1748 - que dizia que o absolutismo monárquico era um câncer na sociedade, e que uma nação absolutista estava a mercê da própria sorte ou azar, isto é, a sociedade não poderia escolher seu governante e, se ele fosse um bom rei, a sociedade seria beneficiada, mas, se ao contrário, fosse um mau rei, toda a sociedade sofreria sem poder destituí-lo; Neste sentido, Montesquieu sugeria que o poder, antes absoluto, fosse dividido em três partes: O Executivo, o Legislativo e o Judiciário, mas mantendo um governo de caráter aristocrático; 5

- Para o francês Voltaire (1694-1778), o contato com o modelo parlamentarista inglês fez com que passasse a defender a liberdade de pensamento. Destacou-se também pelas críticas que fazia ao clero católico, à intolerância religiosa e à prepotência dos poderosos. Em termos políticos, não era propriamente um democrata, mas defensor de uma monarquia respeitadora das liberdades individuais, governada por um soberano esclarecido. Influenciou o Despotismo Esclarecido o que fez com que possuísse um discurso que também defendia um governo de caráter aristocrático, assim como Montesquieu; - Contrapondo-se às ideias aristocráticas de Montesquieu e de Voltaire, o filosofo suíço, Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), defendia a ideia da soberania popular a partir de um Contrato Social e contrapunha-se a ideia de propriedade privada (não sendo um direito natural contrapondo-se à Locke), em exceção dos demais iluministas. Uma 6

de suas principais obras foi O Contrato Social (Du Contrat Social ou Principes du droit politique) em 1762, que se colocava contra Hobbes ao afirmar que a soberania pertenceria ao povo e não ao monarca; Além disso, para Rousseau, o estado de natureza do homem era bom, mas a sociedade o corrompia, dando o conceito do Bom Selvagem cabendo aos homens mudar a sociedade; 7