GESTÃO AMBIENTAL GLOBAL E REGIONAL

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Transcrição:

GESTÃO AMBIENTAL GLOBAL E REGIONAL

Problemas ambientais globais exigem respostas globais: daí os tratados internacionais Ordem Ambiental Internacional.

A Ordem Ambiental Internacional foi construída com base no realismo político: países não abdicam dos conceitos de soberania e interesse nacional.

Antes da segunda metade do século XX as convenções internacionais moviam-se em função de interesses do comércio e da preservação de certas espécies para fins econômicos.

São três as fases de gestão ambiental: A primeira que vai de início do século XX até 1972, onde prevalece um tratamento pontual das questões ambientais e desvinculado de qualquer preocupação com os processos de desenvolvimento.

A segunda fase começa com a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano em Estocolmo em 1972 e vai até 1992, caracterizando-se pela busca de uma nova relação entre meio ambiente e desenvolvimento.

A terceira fase é a fase atual que tem início com a realização da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1992 no Rio de Janeiro, onde foram aprovados documentos importantes relativos aos problemas socioambientais globais. Essa fase caracteriza-se pelo aprofundamento e pela implementação das suas disposições e recomendações pelos estados nacionais, governos locais, empresas e outros agentes.

Com a terceira fase de evolução firma-se o conceito de desenvolvimento sustentável (que não era um conceito novo à epoca da Rio- 92)

Desenvolvimento sustentável é aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem às suas próprias necessidades Comissão para o Desenvolvimento e Meio Ambiente

O Brasil talvez seja um dos exemplos mais eloqüentes de que crescimento econômico, industrialização e modernização podem conviver por longo tempo com profundas desigualdades sociais.

Exemplos de problemas ambientais que exigem ação global: Aquecimento global Destruição da camada de ozônio Proteção da biodiversidade

Aquecimento Global CAPÍTULO 2 A temperatura na superfície da Terra durante o século XX foi a mais alta de todos os períodos de que se tem registro. Essa alta da temperatura pode gerar conseqüências que vão desde as mudanças nos regimes de chuvas ao aumento do nível dos oceanos devido ao derretimento das geleiras, afetando assim, as regiões litorâneas.

O aquecimento global é um fenômeno associado ao aumento das emissões de gases de efeito estufa gerados pelas atividades humanas, que aumenta ainda mais a retenção das radiações infravermelhas e, conseqüentemente, eleva a temperatura média global do Planeta.

Fonte: IPCC. Climate Change 2001: the scientific basis, technical summary, p. 38. Disponível em: <http://www.ipcc.ch>. Obs.: ppm = partes por milhão; ppb = partes por bilhão e ppt = partes por trilhão.

Com a falta de consenso sobre as causas do aquecimento global, a melhor atitude é adotar o princípio da precaução, proposta na Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente.

Estados Unidos, Japão e países Árabes exportadores de petróleo dificultam a Convenção sobre Mudança do Clima, pois suas economias dependem de combustíveis fósseis.

Destruição da camada de ozônio 1980: descoberto o buraco na camada de ozônio correspondente à região da Antártida. 1985: assinada a Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio. 1987: início efetivo de uma gestão internacional para eliminar as substâncias destruidoras do ozônio estratosférico (Protocolo de Montreal).

Passados pouco mais de dez anos do Protocolo de Montreal, dados da ONU indicavam a redução em cerca de 85% de produtos que contém substâncias controladas. Diferentemente do que acontece com o aquecimento global, esse é um exemplo bem-sucedido de gestão ambiental global.

Proteção da biodiversidade CAPÍTULO 2 A Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, elaborada pela World Conservation Union (IUNC) em 2002, mostra que 816 espécies foram extintas nos últimos 500 anos devido às atividades humanas e apresenta uma relação de 11.167 espécies ameaçadas com elevado risco de serem extintas em um futuro próximo.

A redução da diversidade por fatores humanos é um dos mais graves problemas ambientais.

A Convenção da Biodiversidade foi aprovada em 1992 e adota como princípio básico o direito dos países de explorar de modo soberano os seus próprios recursos conforme suas políticas de desenvolvimento, com a responsabilidade de garantir que as atividades dentro de sua jurisdição ou seu controle não causem danos aos demais.

O conhecimento científico e tecnológico relativo à biotecnologia tem-se concentrado nos países ricos, muitos deles de baixa biodiversidade, enquanto muito países pobres são megadiversos e não possuem esse conhecimento.

Na Convenção da Biodiversidade, ficou estabelecida a necessidade de encontrar mecanismos para facilitar o acesso e a transferência de tecnologia para os países em desenvolvimento, providenciando a adequada e efetiva proteção para as tecnologias amparadas por qualquer forma de direitos de propriedade intelectual.

A biopirataria continua e conta muitas vezes com a conivência dos governos dos países desenvolvidos.

Os povos indígenas e suas comunidades, bem como outras comunidades locais, desempenham um papel fundamental na gestão e no desenvolvimento do meio ambiente, em função de seus conhecimentos e suas práticas tradicionais...

A apropriação privada de conhecimentos científicos e tecnológicos relacionados com micro organismos e outros organismos geneticamente modificados tem sucitado diversas questões éticas, econômicas e ambientais.

A Convenção da Biodiversidade, a Convenção Ramsar sobre zonas úmidas de interesse internacional, a Convenção para Proteção de Espécies migratórias de Animais Selvagens e a Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e flora Selvagens em Perigo de Extinção são instrumentos multilaterais para proteger a biodiversidade.

Um dos mais graves obstáculos na condução dos acordos multilaterais é a falta de interação entre eles.

Iniciativas da sociedade civil as ONGs Apesar de já existirem desde o século XIX, as ONGs emergiram efetivamente no pós-guerra. Muitas ONGs ambientalistas alcançaram uma dimensão internacional, algumas das quais chegam a contar com milhões de associados (World Wildlife Fund, Greenpeace).

O crescimento do número de ONGs e de sua importância para o desenvolvimento não deve, no entanto, servir de instrumento para fortalecer as propostas neoliberais que defendem a redução das atividades estatais no campo do desenvolvimento.

Gestão ambiental regional São três os tipos de gestão ambiental no nível regional: Tratamento regional dado aos problemas ambientais comuns, como as gestões para disciplinar a pesca de atum no oceano Índico. Iniciativas que procuram alcançar efeitos em dois ou mais países, geralmente limítrofes, para resolver problemas específicos, como a gestão de uma bacia hidrográfica comum (Brasil-Paraguai). Conjunto de medidas de um bloco econômico como União Européia, Nafta, Mercosul etc.

Globais comuns são recursos de livre acesso em escala global: atmosfera, oceanos fora das águas territoriais, cardumes oceânicos etc. Como são bens públicos, nenhuma nação sente a obrigação de cuidar desses recursos sozinha, uma vez que os resultados decorrentes de uma ação isolada vão beneficiar a todos.

Pouco adianta as iniciativas de gestão nos níveis globais e regionais se não forem acompanhadas de iniciativas nacionais e locais: pensar globalmente, agir localmente!

A gestão ambiental nos níveis nacionais e locais se efetiva por meio da implementação de diversos instrumentos de políticas ambientais públicas e privadas.