Experiência: MUDANÇA ORGANIZACIONAL EM BUSCA DA EXCELÊNCIA



Documentos relacionados
Seção 2/E Monitoramento, Avaliação e Aprendizagem

POLÍTICA DE SEGURANÇA POLÍTICA DA QUALIDADE POLÍTICA AMBIENTAL POLÍTICA DE SEGURANÇA, SAÚDE E BEM-ESTAR NO TRABALHO

EDITAL SENAI SESI DE INOVAÇÃO. Caráter inovador projeto cujo escopo ainda não possui. Complexidade das tecnologias critério de avaliação que

POLÍTICA DA QUALIDADE POLÍTICA AMBIENTAL POLÍTICA DE SEGURANÇA, SAÚDE E BEM ESTAR NO TRABALHO

Ideias Criativas em Práticas Inovadoras

Planejamento - 7. Planejamento do Gerenciamento do Risco Identificação dos riscos. Mauricio Lyra, PMP

1. O QUE ANTECEDEU O LIVRO?

Pós-Graduação em Gerenciamento de Projetos práticas do PMI

Política de Sustentabilidade das Empresas Eletrobras

Gerenciamento de Riscos do Projeto Eventos Adversos

REGULAMENTO 1º CONCURSO INOVAÇÃO NO TCE-PE

Liziane Castilhos de Oliveira Freitas Departamento de Planejamento, Orçamento e Gestão Escritório de Soluções em Comportamento Organizacional

Universidade de Brasília Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação Departamento de Ciência da

QUALIDADE DE VIDA 1. FINALIDADE DO PROJETO ESTRATÉGICO 2. JUSTIFICATIVA. Promover a saúde e a segurança dos servidores e magistrados.

O QUE É? Um programa que visa melhorar a Gestão dos CFCs Gaúchos, tendo como base os Critérios de Excelência da FNQ (Fundação Nacional da Qualidade).

POLÍTICA DE GESTÃO INTEGRADA

CRIAÇÃO DA DISCIPLINA SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL NO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Indicadores de Rendimento do Voluntariado Corporativo

RH: GESTÃO INOVADORA ORGANIZACIONAL

MASTER IN PROJECT MANAGEMENT

Sistemas de Gestão da Qualidade. Introdução. Engenharia de Produção Gestão Estratégica da Qualidade. Tema Sistemas de Gestão da Qualidade

Experiência: Sistema PIER e Gestão por Resultados (Painel de Indicadores Estratégicos)

Nani de Castro. Sumário. Resumo de Qualificações Atuação no Mercado Formação Profissional Contatos... 6.

Estruturando o modelo de RH: da criação da estratégia de RH ao diagnóstico de sua efetividade

Modelo de Excelência da Gestão. Plataforma da Informação

Programa de Capacitação

Código de Fornecimento Responsável

SISTEMÁTICA DE ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

1 Fórum de Educação a Distância do Poder Judiciário. Gestão de Projetos de EAD Conceber, Desenvolver e Entregar

ISO 9000:2000 Sistemas de Gestão da Qualidade Fundamentos e Vocabulário. As Normas da família ISO As Normas da família ISO 9000

CAMPANHA DE SUSTENTABILIDADE (mudança no título antes chamada de Campanha Indústria Farmacêutica & Iniciativas de Responsabilidade Corporativa)

Política de Sustentabilidade das empresas Eletrobras

POLÍTICA DE GESTÃO DE RISCOS DAS EMPRESAS ELETROBRAS

II. Atividades de Extensão

Oficina de Gestão de Portifólio

POLÍTICA DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS ELETROBRAS. Política de Responsabilidade Social das Empresas Eletrobras

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3ª REGIÃO

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA

Universidade de Brasília Faculdade de Ciência da Informação Profa. Lillian Alvares

Promover um ambiente de trabalho inclusivo que ofereça igualdade de oportunidades;

Administração Judiciária

Desenvolve Minas. Modelo de Excelência da Gestão

Ser sincero em sua crença de que todos devem ir para casa todos os dias com segurança e saúde - demonstre que você se importa.

Conjunto de pessoas que formam a força de trabalho das empresas.

E FOLDER INSTITUCIONAL

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL ABNT NBR ISO 14001

Uma abordagem adaptativa de intervenção para mudança organizacional

GESTÃO DE DESEMPENHO. Prof. WAGNER RABELLO JR. Conceito de desempenho. Níveis de desempenho. O di?

Sustentabilidade nas instituições financeiras Os novos horizontes da responsabilidade socioambiental

POLÍTICAS DE GESTÃO PROCESSO DE SUSTENTABILIDADE

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

TERMO DE REFERÊNCIA (TR) GAUD VAGA

Prêmio Nacional de Inovação. Caderno de Avaliação. Categoria. Gestão da Inovação

Como vai a Governança de TI no Brasil? Resultados de pesquisa com 652 profissionais

Trilhas Técnicas SBSI

GESTÃO E OTIMIZAÇÃO DE PROCESSOS. Vanice Ferreira

Estruturas Organizacionais

Gestão do Conhecimento A Chave para o Sucesso Empresarial. José Renato Sátiro Santiago Jr.

Gerenciamento de Riscos Risco de Liquidez

DESCRIÇÃO DAS REVISÕES

INDICADORES ETHOS PARA NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS E RESPONSÁVEIS

ECS -ASSESSORIA E CONSULTORIA TÉCNICA. ISO 14001:2015 Tendências da nova revisão

2 - APLICAÇÃO DO MMD-TC QATC

Associação Brasileira de Educação Médica ABEM PROJETO DE AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DAS MUDANÇAS NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DA ÁREA DE SAÚDE CAEM/ABEM

A FUNÇÃO CONTROLE. Orientação do controle

Difusão da Certificação ISO 9001 da Embrapa Meio Ambiente

O desafio da liderança: Avaliação, Desenvolvimento e Sucessão

Dados do Ensino Médio

POLÍTICA DE SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

Projeto Empreendedores Cívicos

Governança de TI. ITIL v.2&3. parte 1

Prêmio Nacional P. Inovação. Caderno de Avaliação. Categoria. Inovação Tecnológica

Execução da Estratégia e Alinhamento Organizacional. JOSÉ SILVA BARBOSA Secretário de Gestão Estratégica

Aula Anterior. Capítulo 2

SISTEMA DA GESTÃO AMBIENTAL SGA MANUAL CESBE S.A. ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 66, DE 13 DE NOVEMBRO DE 2012.

COMISSÃO PRÓPRIA DE AVALIAÇÃO DA FACULDADE ARAGUAIA

BANCO CENTRAL DO BRASIL 2009/2010

Sistemas de Gestão Ambiental O QUE MUDOU COM A NOVA ISO 14001:2004

SUGESTÕES PARA ARTICULAÇÃO ENTRE O MESTRADO EM DIREITO E A GRADUAÇÃO

TÍTULO Norma de Engajamento de Partes Interessadas GESTOR DRM ABRANGÊNCIA Agências, Departamentos, Demais Dependências, Empresas Ligadas

GESTÃO, SINERGIA E ATUAÇÃO EM REDE. Prof. Peter Bent Hansen PPGAd / PUCRS

5.1 Nome da iniciativa ou Projeto. Academia Popular da Pessoa idosa. 5.2 Caracterização da Situação Anterior

154 a SESSÃO DO COMITÊ EXECUTIVO

BANCO LATINO-AMERICANO DE COMÉRCIO EXTERIOR S.A. ESTATUTOS DO COMITÊ DE NOMEAÇÃO E REMUNERAÇÃO

Carreira: definição de papéis e comparação de modelos

ADMINISTRAÇÃO GERAL GESTÃO DO DESEMPENHO

ATO NORMATIVO Nº 006 /2007

Marins & Molnar Business Solutions

DECLARAÇÃO FINAL Quebec, 21 de setembro de 1997

Curso de Engenharia de Produção NORMAS DE ATIVIDADES COMPLEMENTARES

ESCOLA JUDICIAL DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 16ª REGIÃO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO QUALIFICAR

Programa de Educação Dinâmica Progressiva PEDP

MODELO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO (MEG), UMA VISÃO SISTÊMICA ORGANIZACIONAL

Como o TCU vem implantando a governança de TI

Transcrição:

Experiência: MUDANÇA ORGANIZACIONAL EM BUSCA DA EXCELÊNCIA Comissão Nacional de Energia Nuclear Instituto de Engenharia Nuclear Ministério da Ciência e Tecnologia Responsável: Isaac José Obadia - Coordenador-Geral de Pesquisas Endereço: Rua General Severiano 90, Botafogo Rio de Janeiro - RJ Tel.: (21) 2546-2211 Fax.: (21) 2546-2316 isaac@cnen.gov.br Data de início da implementação da experiência: Janeiro de 2000 CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO ANTERIOR No início da década de 90, em função de diversas mudanças ocorridas no cenário nacional, mais especificamente no que se refere à área nuclear, o Instituto de Engenharia Nuclear () passou a vivenciar momentos de muitas dificuldades para definição dos rumos a serem seguidos. Naquela época, intensificaram-se diversos aspectos sócio-políticos tais como a cobrança por maior eficiência e efetividade na utilização dos recursos públicos, melhoria da qualidade de produtos e serviços e principalmente a crescente necessidade das organizações públicas terem que comprovar sua importância para a sociedade através da identificação dos benefícios sociais gerados que provocaram um impacto profundo na gestão das organizações atingindo também as instituições públicas de ciência, tecnologia e inovação. Em conseqüência da experiência negativa ocorrida no, a partir da intervenção mecanicista para a implantação de um programa de qualidade total no início da década de 90, assim como por outras iniciativas inacabadas que geraram frustrações no Instituto, a cultura do apresentava, no início do programa, um pressuposto básico de descrença em qualquer nova proposta de mudanças. Esse pressuposto constituía um paradigma central da cultura do que impedia a maioria das pessoas de entenderem e perceberem a necessidade e importância do programa, e, portanto de aceitá-lo, assim como impedia que as pessoas pudessem perceber os benefícios de caráter profissional, intelectual e pessoal que dele poderiam advir. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA Objetivos propostos e resultados visados Implementar um programa de mudança organizacional com o objetivo principal de estabelecer uma estrutura de trabalho que conduzisse o Instituto à sua VISÃO 2005 de ser um centro de excelência de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, reconhecido no país por suas contribuições efetivas à melhoria da qualidade de vida da sociedade.

Ações realizadas Implementação do sistema de gestão do sob coordenação da Assessoria para Gestão pela Qualidade (AGQ) segundo uma abordagem de consultoria interna, tendo o autor deste trabalho, na qualidade de Presidente da AGQ, atuado como coordenador e facilitador do processo, não tendo ocorrido, em nenhum momento, qualquer participação de consultoria externa. As seguintes ações constituem um ciclo anual de operação do sistema adaptativo de gestão desenvolvido na experiência: 1. Estabelecimento das práticas de gestão com base nos requisitos dos itens de cada Critério de Excelência do PNQ de enfoque e aplicação (Critérios 1 a 7 do PNQ 2003), considerando-se as condições de contorno do, tais como a sua natureza de autarquia federal e o seu vínculo com a CNEN e o MCT. Todas as práticas de gestão, uma vez sugeridas pela AGQ e aprovadas pela Alta Direção do, passaram a ser executadas sob responsabilidade dos diversos setores do a elas pertinentes; 2. Realização das pesquisas de auto-avaliação da cultura de segurança em 2001 e 2003; 3. Associação dos fatores organizacionais avaliados nas pesquisas de cultura de segurança com os Critérios de Excelência do PNQ e estabelecimento de novas práticas de gestão naqueles critérios que requerem aprimoramento em função dos resultados daquelas pesquisas; 4. Desenvolvimento de um sistema de medição do desempenho do, baseado na técnica do balanced scorecard ; 5. Avaliação anual do desempenho organizacional, por meio de uma prática de Análise Crítica do Desempenho Global; 6. Realização anual da avaliação externa do nível de excelência do sistema de gestão; 7. Definição e implementação do Plano de Melhoria de Gestão com base nos resultados da análise crítica do desempenho, na auto-avaliação da cultura de segurança e no aprendizado organizacional. Etapas de implementação O programa de mudanças foi implementado por meio das seguintes etapas principais: - Decisão da Direção do de implementar um programa de mudanças; - Criação da AGQ para coordenar o processo de mudanças, como um setor virtual no contexto da estrutura organizacional do Instituto, presidido pelo seu vice-diretor (autor deste trabalho) e ligado diretamente ao seu Diretor; - Adesão do ao Projeto Excelência na Pesquisa Tecnológica (PEPT), coordenado pela Associação Brasileira de Instituições de Pesquisa Tecnológica (), cujo objetivo é o de incentivar a busca da excelência pelas instituições participantes, com base na implementação de um processo de gestão organizacional baseado no Modelo de Excelência do Prêmio Nacional da Qualidade; - Utilização do programa de mudanças do como um estudo de caso para o desenvolvimento, pelo autor deste trabalho, de um sistema adaptativo de gestão para organizações que lidam com tecnologia perigosa, por meio de uma tese de doutorado na COPPE/UFRJ, Programa de Engenharia de Produção. O sistema leva em conta as interrelações complexas que ocorrem entre a cultura organizacional e a implementação de novas práticas de gestão, segundo uma abordagem adaptativa; - Sistematização das ações apresentadas no item 2.2, que constituem o sistema adaptativo de gestão desenvolvido, a partir de uma intervenção do tipo mudança facilitada, também desenvolvida na referida tese, fundamentada na dinâmica de auto-organização dos sistemas adaptativos complexos.

RECURSOS UTILIZADOS O programa de mudanças foi desenvolvido utilizando-se recursos humanos, financeiros e materiais do. Não houve necessidade de recursos específicos para o programa, a não ser aqueles referentes ao pagamento da anuidade da. CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO ATUAL Resultados quantitativos e qualitativos concretamente mensurados Resultados Relativos ao Nível de Excelência da Gestão do A Tabela 1 apresenta os resultados das avaliações do nível de excelência alcançado pela gestão do referentes a cada critério do PNQ e ao instituto como um todo. Esses resultados são comparados com a média alcançada pelo PEPT, obtida por meio dos resultados de todas as instituições participantes em cada ciclo. A classificação da gestão global do com relação às demais instituições participantes em cada ciclo de avaliação do PEPT, assim como as evoluções percentuais anuais, estão apresentadas na Tabela 2. Destaca-se que a evolução total alcançada entre os anos de 2000 e 2003 foi de 119%, o que se refletiu na classificação relativa do no PEPT, saindo, em 2000, da 14 a posição entre 15 instituições participantes para a 3 a posição, em 2003, entre 13 participantes. Tabela 1. Avaliações do nível de excelência da gestão do. Ciclo 2000 Ciclo 2001 Ciclo 2002 Ciclo 2003 Critérios do PNQ 1. Liderança 20 35,8 23,3 22,5 33,3 34,3 30 24,7 2. Estratégias e 25,5 31 30 20,4 40 29,2 26,7 26,7 Planos 3. Clientes e 20 32,4 30 27,5 20 34,9 27,5 (1) 28,2 Sociedade 4. Informações e 10 22,9 23,3 20,6 30 28,7 40 22,2 conhecimento (2) 5. Pessoas (2) 23,3 34,4 23,3 27,7 46,7 40 40 31,5 6. Processos (2) 12,2 30,8 26,7 28,1 32,5 35,4 37,8 28,7 7. Resultados (2) 12,6 20,9 12,6 16,9 25,7 20,9 36,7 17,2 Pontuação 158,0 264,7 199 209,9 315 278 346 231,3 Global (1) : Para viabilizar a comparação da avaliação do ciclo de 2003 com as anteriores, este valor representa a média aritmética das pontuações recebidas pelos critérios 3 e 4 da versão PNQ de 2003. (2) : Em 2003 representam os critérios 5, 6, 7 e 8 respectivamente. Tabela 2. Detalhamento da evolução da qualidade da gestão do. No. De Pontuação Pontuação instituições média participantes do PEPT Ciclo de avaliação do PEPT / Classificação Geral do 2000 15 158 (referência) 264,7 14 o 2001 16 199 (+26%) 209,9 7 o 2002 13 315 (+58%) 278 4 o 2003 13 346 (+9,8%) 231,3 3 o

Resultados Relativos à Cultura de Segurança do O índice global da cultura de segurança do evoluiu de REGULAR (entre 50% e 65%) em 2001 para SATISFATÓRIO (entre 65% e 75%) em 2003. A tabela 3 apresenta a evolução da classificação dos 22 fatores organizacionais avaliados nas pesquisas. Observa-se que o número de fatores considerados pelo menos como satisfatórios subiu de 9 para 13. Tabela 3. Comparação da classificação dos 22 fatores organizacionais em 2001 e 2003. Classificação No. de Fatores Organizacionais na Pesquisa de 2001 No. de Fatores Organizacionais na Pesquisa de 2003 INSATISFATÓRIO 4 3 REGULAR 9 6 SATISFATÓRIO 8 9 BOM 1 4 MUITO BOM 0 0 Evidências Institucionais Oficiais que Refletem Aspectos de Mudança em Função deste Trabalho - Adoção da cultura de segurança como um dos valores do ; - Criação de um setor de comunicação institucional; - Criação do Comitê de Cultura de Segurança do CCS ; - Aprovação inédita da Política de Segurança, Meio Ambiente e Saúde do ; - Constituição e Implementação do Conselho Estratégico do CEI para atuar em apoio à Alta Direção do ; - Nomeação do Grupo de Desenvolvimento do Capital Intelectual GDCI ; - Decisão em favor da continuidade da aplicação do sistema de gestão pela nova direção do, ao final de 2003, apesar da transferência do coordenador do programa de mudanças para outro setor da CNEN. Essa decisão reflete o alto grau de efetividade alcançado na implementação do sistema de gestão desenvolvido. Mecanismos de avaliação de resultados e indicadores utilizados - As avaliações do nível de excelência da gestão foram realizadas nos anos de 2000, 2001, 2002 e 2003 por meio de examinadores do Projeto Excelência na Pesquisa Tecnológica da, com base no modelo de avaliação do Prêmio Nacional da Qualidade. - As pesquisas de auto-avaliação da cultura de segurança de 2001 e 2003 foram realizadas por meio de questionário com 70 afirmativas relativas a 22 fatores organizacionais definidos a partir da conceituação de cultura de segurança da Agência Internacional de Energia Atômica. Foram utilizadas 5 opções de resposta referentes a distintos graus de percepção, segundo uma escala somatória LIKERT. Foram calculados o índice médio global e os índices médios de cada um dos fatores organizacionais avaliados, pelas seguintes expressões: Índice Médio Global = 100 x (pontuação total obtida na pesquisa / pontuação máxima possível) Índice Médio dos Fatores Organizacionais = 100 x (pontuação total obtida para o fator organizacional / pontuação máxima possível para o fator organizacional). LIÇÕES APRENDIDAS Soluções adotadas para a superação dos principais obstáculos encontrados durante a implementação A figura 1 apresenta os principais padrões desfavoráveis emergentes ao longo da implementação do sistema de gestão em busca da excelência e o conjunto das principais ações

facilitadoras adotadas, que fazem parte da intervenção do tipo mudança facilitada desenvolvida para implementar o programa de mudanças. É importante salientar que pela complexidade do processo de mudanças não é possível estabelecer-se correlações diretas de causa e efeito entre as dificuldades encontradas e as ações facilitadoras adotadas, em função das interdependências envolvidas, devendo estas ser analisadas de forma holística. Padrões Emergentes Desfavoráveis às Mudanças Inter-relações complexas Principais Ações Facilitadoras das Mudanças Resistência à mudança Falta de credibilidade do programa Ausência de comprometimento de gerentes Baixo nível de participação Reuniões da AGQ abertas a todos Ausência de prescrição de práticas Comunicação sistemática sobre o programa Transparência na atuação da AGQ Ausência de decisões baseadas em poder hierárquico Abordagem do vírus benigno Participação contínua no PEPT/ Consideração dos anseios dos servidores Perseverança e objetividade institucional Figura 1. Padrões desfavoráveis e principais ações facilitadoras implementadas. Por que a experiência pode ser considerada uma boa prática de gestão? O sistema de gestão adaptativo desenvolvido constitui uma estrutura de trabalho integrada para a busca da excelência em organizações que lidam com tecnologia perigosa como a nuclear, que apresenta as seguintes características: - Facilita uma implementação efetiva do processo de gestão em busca da excelência baseado nos Critérios de Excelência do PNQ, método este atualmente considerado como referência nacional e internacional para a busca da excelência das organizações; - Proporciona uma abordagem holística ao programa de mudança organizacional, considerando as relações complexas de causalidade que ocorrem entre os componentes envolvidos organização, cultura, modelo de gestão e tipo de intervenção proporcionando um certo grau de governança ao programa de mudanças. - Possibilita um aprimoramento efetivo na cultura de segurança da organização, contribuindo assim, de maneira pró-ativa, para reduzir a ocorrência de falhas sócio-técnicas que possam gerar acidentes; - Considera a segurança como uma das dimensões estratégicas para a excelência da organização e cria mecanismos sistemáticos que possibilitam monitorá-la e aprimorá-la.