Procedimento Preparatório Nº 000382.2010.19.000/8 REPRESENTADO: JOSÉ CARLOS GOMES DE FREITAS (FREITAS REVENDEDORES) TERMO DE AJUSTE DE CONDUTA nº 585/2010 CONSIDERANDO o disposto no art. 6º, XX c/c 84, caput, e inciso V, da Lei Complementar nº 75, de 20/05/93 (Lei Orgânica do Ministério Público da União); CONSIDERANDO, nos termos do art. 127 e seguintes da Constituição Federal e do art. 83, III, da Lei Complementar nº 75/93, que constitui atribuição do Ministério Público do Trabalho a defesa da ordem jurídica, do regime democrático, dos interesses sociais e individuais indisponíveis; CONSIDERANDO que o art. 83, III da Lei Complementar nº 75/93 declara a legitimidade do Ministério Público, para "promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho, para a defesa de interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais constitucionalmente garantidos "; CONSIDERANDO que o Ministério Público é parte legítima para atuar na defesa dos interesses coletivos e/ou difusos dos trabalhadores; CONSIDERANDO que algumas empresas usam as motocicletas para fazer a entrega a domicílio de botijão de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), popularmente conhecido como gás de cozinha; CONSIDERANDO que a entrega a domicílio de botijão de gás faz parte integrante da atividade finalística das revendedoras de gás, devendo, em regra, ser efetuada por empregados regularmente registrado; CONSIDERANDO que as motocicletas não possuem nenhuma identificação sobre a carga perigosa que transportam, fazendo o transporte em total afronta à legislação vigente, gerando um risco para a sociedade; CONSIDERANDO o disposto na Resolução 219 do Contran, em especial, o Art. 7º, III e VI, que dispõe: III- os dispositivos de iluminação e sinalização, assim 1
como a placa de identificação do veículo, deverão manter condições de visibilidade de acordo com o previsto no Código de Trânsito Brasileiro e legislação vigente; IV- os dispositivos de iluminação e sinalização do veículo devem manter-se inalterados em sua forma, posição de instalação e especificação original: CONSIDERANDO que, na mesma Resolução 219, os arts 9 e 10º estabelecem que O condutor da motocicleta e motoneta utilizada para transporte remunerado de carga deverá utilizar capacete que atenda as exigências da Resolução 203/2006 e conter faixas conforme especificação no Anexo II desta Resolução; Art. 10 - O condutor da motocicleta e motoneta utilizada para transporte remunerado de cargas deverá utilizar colete para favorecer a visualização durante sua utilização diurna e noturna conforme especificação no Anexo III desta Resolução; CONSIDERANDO a Lei nº 12.009, DE 29 DE JULHO DE 2009 que regulamenta o exercício das atividades dos profissionais em transporte de passageiros, "mototaxista", em entrega de mercadorias e em serviço comunitário de rua, e "motoboy", com o uso de motocicleta, altera a Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, para dispor sobre regras de segurança dos serviços de transporte remunerado de mercadorias em motocicletas e motonetas - moto- frete-, estabelece regras gerais para a regulação deste serviço e dá outras providências; CONSIDERANDO que o art. 8º da mesma lei estabelece que Os condutores que atuam na prestação do serviço de moto-frete, assim como os veículos empregados nessa atividade, deverão estar adequados às exigências previstas nesta Lei no prazo de até 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias, contado da regulamentação pelo Contran dos dispositivos previstos no art. 139-A da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, e no art. 2º desta Lei. CONSIDERANDO o disposto no art. 139-A da lei 9.503/1997, que estabelece que: As motocicletas e motonetas destinadas ao transporte remunerado de mercadorias moto-frete somente poderão circular nas vias com autorização emitida pelo órgão ou entidade executivo de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, exigindo-se, para tanto: (Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009): 2
I registro como veículo da categoria de aluguel; (Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009) II instalação de protetor de motor mata-cachorro, fixado no chassi do veículo, destinado a proteger o motor e a perna do condutor em caso de tombamento, nos termos de regulamentação do Conselho Nacional de Trânsito Contran; (Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009) III instalação de aparador de linha antena corta-pipas, nos termos de regulamentação do Contran; (Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009) IV inspeção semestral para verificação dos equipamentos obrigatórios e de segurança. (Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009) 1o A instalação ou incorporação de dispositivos para transporte de cargas deve estar de acordo com a regulamentação do Contran. (Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009) 2o É proibido o transporte de combustíveis, produtos inflamáveis ou tóxicos e de galões nos veículos de que trata este artigo, com exceção do gás de cozinha e de galões contendo água mineral, desde que com o auxílio de side-car, nos termos de regulamentação do Contran. (Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009) CONSIDERANDO, portanto, após o vencimento do prazo estabelecido no art. 8º da Lei 12.009/2009, somente será possível efetuar o transporte do Gás Liquefeito de Petróleo GLP através de motocicleta com o auxílio de side car; CONSIDERANDO que, até o transcurso do prazo estabelece no art. 8º acima transcrito, há necessidade de uma regulamentação mínima para preservação da segurança dos trabalhadores; JOSÉ CARLOS GOMES DE FREITAS (FREITAS GÁS), pessoa jurídica privada, CNPJ nº 00.879.892/0001-42, com sede na Rua da União, 472 Ilhinha, São Francisco Cidade de São Luís - MA, doravante denominado COMPROMISSÁRIO, através de seu representante legal abaixo-assinado, o Sr. LUÍS CÉSAR SENA DE FREITAS, CPF Nº 332.677.583-00, nos autos do Procedimento Preparatório em epígrafe, com base no artigo 5º, 6 º da Lei 7.347/95, firma o presente 3
TERMO DE AJUSTE DE CONDUTA, perante o Ministério Público do Trabalho, representado pela Exma. Procuradora do Trabalho, Dra. Virgínia de Azevedo Neves Saldanha, nos termos seguintes: DO OBJETO CLÁUSULA 1ª - O presente instrumento visa regularizar as infrações trabalhistas existentes no COMPROMISSÁRIO, em todos os seus estabelecimentos, abrangendo todos os seus empregados, sobretudo aqueles que exercem a função de motoristas em motocicletas - motoboys. DAS OBRIGAÇÕES ASSUMIDAS CLÁUSULA 2ª - O COMPROMISSÁRIO se obriga a se abster de admitir ou manter empregado, inclusive, os motoboys que fazem o transporte do Gás Liquefeito de Petróleo GLP, sem o respectivo registro em livro, ficha ou sistema eletrônico competente, nos termos do art. 41 da CLT; CLÁUSULA 3ª O COMPROMISSÁRIO se obriga a anotar as respectivas Carteiras de Trabalho e Previdência Social CTPS de todos os seus empregados, inclusive, dos motoboys que fazem o transporte do Gás Liquefeito de Petróleo GLP, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas após o início da relação contratual, em conformidade com as normas contidas no art. 29 CLT; CLÁUSULA 4ª O COMPROMISSÁRIO se obriga a somente contratar trabalhador para conduzir motocicletas que: a) tenha completado 21 (vinte e um) anos; b) possuir habilitação, por pelo menos 2 (dois) anos, na categoria; c) for aprovado em curso especializado, nos termos da regulamentação do Contran; CLÁUSULA 5ª O COMPROMISSÁRIO se obriga a fornecer aos seus motoboys que fazem o transporte do Gás Liquefeito de Petróleo GLP os seguintes equipamentos: 4
a) Botas com ponta de ferro; b) Luvas; c) Capacete com elemento retrorreflexivo, que tenha certificado pelo INMETRO e esteja de acordo com a legislação pertinente, em especial as Resoluções 203/2006 e 219/2007 do Contran; d) 02 conjuntos de fardamentos, semestralmente, com fitas retrorreflexivas na calça e na camisa ou colete de segurança dotado de dispositivos retrorrefletivos, ambos nos termos da regulamentação do Contran, em especial a Resolução 219/2007; e) Cartão/crachá de identificação do empregado e do COMPROMISSÁRIO; CLÁUSULA 6ª O COMPROMISSÁRIO se obriga a efetuar o transporte de Gás Liquefeito de Petróleo GLP através de motocicleta desde que atendidos os requisitos abaixo, sem prejuízo do cumprimento das demais normas legais pertinentes: a) A carga deverá ser transportada em pé e identificada com os dizeres perigo inflamável na parte detrás do equipamento de transporte, por meio de adesivo ou pintura; b) A motocicleta deverá possuir extintor de CO2 de 1 kg, afixado na lateral esquerda da motocicleta, logo abaixo do equipamento de transporte da carga; c) A motocicleta deverá possuir selo de identificação do revendedor na parte detrás do equipamento de transporte e nas laterais do tanque de combustível; d) A motocicleta deve possuir protetor de motor mata-cachorro, fixado no chassi do veículo, destinado a proteger o motor e a perna do condutor em caso de tombamento, nos termos de regulamentação do Conselho Nacional de Trânsito - Contran; 5
e) A motocicleta deve ter aparador de linha antena corta-pipas, nos termos de regulamentação do Contran; DA FISCALIZAÇÃO E CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES AJUSTADAS CLÁUSULA 7ª - O Ministério Público do Trabalho, diretamente ou através do Ministério do Trabalho e Emprego, Detran e Corpo de Bombeiros, no âmbito de suas competências, velarão pela fiel observância do presente compromisso. DA MULTA POR DESCUMPRIMENTO CLÁUSULA 8ª O descumprimento de quaisquer das obrigações previstas no presente termo de ajuste acarretará ao COMPROMISSÁRIO inadimplente a multa no valor de R$ 750,00 (setecentos e cinquenta reais) por cada dispositivo não cumprido e/ou por trabalhador encontrado em situação irregular, reversível ao FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), dobrada, em cada reincidência; PARÁGRAFO PRIMEIRO - O valor da multa será atualizado pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e, na ausência do INPC, a atualização monetária será efetuada com base no índice de correção das dívidas trabalhistas. PARÁGRAFO SEGUNDO - As multas aplicadas não são substitutivas das obrigações pactuadas, que remanescem à aplicação das mesmas. DA VIGÊNCIA CLÁUSULA 9ª O presente termo de compromisso produzirá efeitos legais no prazo de 90 (NOVENTA) dias a partir da data de assinatura do presente termo de ajuste, ficando assegurado o direito de revisão das cláusulas e condições, em qualquer tempo, através de requerimento ao Ministério Público do Trabalho. O presente termo terá eficácia de título executivo extrajudicial, nos termos do art. 5º, 6º da Lei 7347/85, valendo por tempo indeterminado e, em caso de descumprimento, será executado perante a 6
Justiça do Trabalho, consoante artigo 5º, 6º, da Lei nº 7.347/85 e art. 876 da CLT. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS CLÁUSULA 10ª - Aplica-se ao presente Termo de Ajuste de Conduta o disposto nos artigos 10 e 448 da CLT, de modo que qualquer alteração que venha a ocorrer na estrutura jurídica das signatárias não afetará a exigência de seu cumprimento integral; CLÁUSULA 11ª - As multas contidas no presente ajuste não substituem as multas administrativas porventura aplicadas pela fiscalização do trabalho, e serão cobradas independentemente daquelas previstas na legislação. São Luís, 11 de fevereiro de 2011. VIRGÍNIA DE AZEVEDO NEVES SALDANHA Procuradora do Trabalho LUÍS CÉSAR SENA DE FREITAS Representante legal do COMPROMISSÁRIO 7