RECURSO CFJN Nº010 /09 R Acordam no Conselho Fiscal e Jurisdicional Nacional O associado dirigente, do Núcleo Cidade do Porto, da Região do Porto do CNE, interpôs em 29/6/2009 recurso para o Conselho Fiscal Jurisdicional Nacional, recebido em 6/7/09 nos Serviços Centrais do CNE, do acórdão do Conselho Fiscal e Jurisdicional Regional da Região de, que lhe foi comunicado por ofício nº 115/89 de 16/6 daquele órgão que decidiu: Por ser extemporâneo, não ser da sua competência, nem se enquadrar no nº4 do artº 35 do Regulamento Eleitoral, o CFJR de, não pode conhecer o solicitado no V/ofício em referência recebido por este órgão a 15JUL09 Após se insurgir com o facto de ter recebido a decisão do acórdão do CFJR de acordo com uma listagem, por entender violadora da sua privacidade, alega que o seu pedido não é extemporâneo porque datado 6/6/09 e enviado a 8/6 sendo o dia 4 da comunicação da CER uma 5ª feira; que o CFJR é competente, pois podia decidir da matéria com base no artº 64º do RJ, e que não se trata da impugnação de um acto eleitoral mas da anulação de uma deliberação de um órgão do mesmo nível. Pede a revogação da decisão do CFJR de modo a que seja conhecido o pedido de anulação da deliberação de homologação dos resultados do acto eleitoral de 17/5/09 pela CER no seu ofício nº 42/CER/2009 de 4/6, considerando nula essa homologação e aceites os resultados da mesa de voto nº do Núcleo O processo foi documentalmente instruído e procedeu-se á sua análise seguida de debate e deliberação deste Conselho Fiscal e Jurisdicional Nacional. Conhecendo. 1
Questões prévias: Uso de listagem Insurge-se o recorrente com a inclusão do seu nome numa listagem anexa á decisão recorrida, com o seu nome e endereço, que entende violadora da sua privacidade. Mas sem razão, nem nada deve temer. O acto praticado pelo CFJR no que a essa matéria diz respeito, não e mais do que uma questão de gestão administrativa, que a lei permite que se faça, em virtude de ser igual a decisão proferida, sendo certo que a lei permite a coligação de autores, quando a matéria em análise é a mesma ou está sujeita às mesmas regras. Por outro lado, não se trata de divulgação de dados pessoais, como tal, pois se trata de dados necessários ao envio das decisões, nada mais constando do que os dados necessários para o efeito, e o seu uso são restritos ao interior da associação. A proibição de uso dados pessoais, qua tale, apenas existe e se fundamenta na proibição da disponibilidade dos mesmos para o exterior (cedência a terceiros), e não para uso no interior da associação que os recolheu ou lhe foram enviados pelos recorrentes, com vista ao recebimento, no seu endereço, da decisão, como é o caso. No mais: Quanto á extemporaneidade do seu recurso, cremos efectivamente que mesmo atenta a data da decisão da CER, de interposição do mesmo e porque enviado no 1º dia útil seguinte ao termo do prazo que acabada no Sábado, foi interposto em tempo. Todavia foi-o para quem, sendo competente para conhecer do recurso, não o era para conhecer da questão suscitada, porque: O que está em causa, é, na essência, o pedido de aceitação da votação da mesa de voto nº do Núcleo que as CER anulou, pois ali se pede que 2
sejam aceites os resultados da votação da Mesa de voto nº do Núcleo, e assim sendo está em causa um acto da comissão eleitoral em processo eleitoral, que devia seguir os tramites do artº 35º RE. Não seguindo esses tramites, e enviando o recurso/requerimento ao CFJR, sem prévio recurso á CER, verifica-se que o CFJR não é competente para conhecer do mesmo, nos termos do artº 35º4 RE, Por outro lado atento o objecto do recurso de natureza especificamente eleitoral - e porque há norma especial a regular a situação, não há que fazer uso e aplicação ao caso do artº 64º RJ, sendo certo que em face do acto praticado não podemos dizer que foi praticado um acto expressa e inequivocamente contrário aos ECNE e RG (sendo certo que também não se pode dizer o inverso), mas do que não há dúvida é o artº64ºrj é de aplicação excepcional, e apenas quando há a certeza absoluta da ocorrência de violação dos ECNE. De qualquer modo e pesem embora estas considerações, o certo é que o recurso deve improceder, porque o recorrente não tem legitimidade para a sua interposição, pois que: - Como mencionado está em causa a decisão da CER de anulação da votação da mesa nº do Núcleo - A legitimidade é um conceito jurídico que tem por base o artº 26º CPC ex vi artº 1º3 RG) e deriva do interesse directo que o assunto lhe suscita em virtude da utilidade que para si imediatamente deriva do mesmo e, ou resulta directamente dos estatuto e regulamentos que lhe conferem essa legitimidade (por lhe ter posto a seu cargo a obrigação de cuidar ou zelar por tal matéria ou assunto - sendo que no que respeita aos órgãos colegiais rege o principio da especialidade), ou por ser interveniente nos factos dos quais emerge a relação jurídica em litigio (pertencendolhe ou sendo titular dessa relação). 3
Ora legitimidade para reclamar e recorrer /impugnar os actos praticados pela CER no processo eleitoral, só a têm as listas candidatas/concorrentes e os eleitores em face do que dispõe o artº 35º e 32º RE, sendo que os eleitores em causa são apenas aqueles que foram afectados pela decisão tomada. Isto é, se há uma decisão que afecta os eleitores da Mesa.., não pode essa decisão ser impugnada por um eleitor da Mesa ou, por não ter sido afectado no seu direito de eleitor, não tendo interesse em agir, nem daí retirando qualquer proveito directo, mas só os eleitores da Mesa nº viram o seu voto afectado pela decisão da CER. Daí que apenas o(s) eleitor(es) afectado(s) - os votantes da Mesa nº do Núcleo - e as listas submetidas a sufrágio eleitoral e em confronto têm interesse na decisão e por ela podem ser afectados e portanto apenas eles tem legitimidade e podem recorrer. Os ECNE e RG não concedem essa legitimidade ao recorrente e a qualquer eleitor de um processo eleitoral (onde se inclui o recorrente), em face da decisão concreta, nem está a seu cargo cuidar de tal assunto ou matéria, nem interveio na votação efectuada na Mesa nº cuja votação foi anulada. Assim não devia o CFJR conhecer do recurso por ilegitimidade do recorrente, dado que esta é uma excepção dilatória que obsta ao conhecimento do mérito da causa e determina a absolvição da instância, com o consequente arquivamento dos autos. + Nestes termos, o Conselho Fiscal e Jurisdicional Nacional do CNE, decide: Julgar improcedente o recurso apresentado pelo recorrente e por ainda ilegitimidade do recorrente não conhece do recurso, e determina o arquivamento dos autos; 4
Notifique o dirigente recorrente e o Presidente do CFJR; Dê conhecimento ao Exmo. Chefe Nacional e Junta Central Arquivem os Serviços Centrais uma cópia deste acórdão em pasta própria (impresso e em formato digital) e publique-se no sítio do CFJN na Internet com omissão da identificação dos interessados; DN. + CFJN, 18 /07/2009 José A. Vaz Carreto ( vogal Relator) F. Saul Mouro ( vogal) Rita V. Luís (Vice Presidente) F. Calado Lopes ( Presidente) 5