PPGZOO UFVJM BOLETIM TÉCNICO ISSN Mastite: Importância, prevenção e controle. Raul Ribeiro Silveira Roseli Aparecida dos Santos

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Transcrição:

Boletim Técnico PPGZOO UFVJM, v.1, n 01, Novembro/2013 PPGZOO UFVJM BOLETIM TÉCNICO ISSN 2318-8596 Volume 2 - Número 5 Novembro/2014 Mastite: Importância, prevenção e controle Raul Ribeiro Silveira Roseli Aparecida dos Santos

Boletim Técnico PPGZOO UFVJM, v.2, n 5, Novembro/2014 Programa de Pós-Graduação em Zootecnia Departamento de Zootecnia Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri Campus JK Diamantina/MG Rodovia MGT 367 Km 583, n 5000 Alto da Jacuba Telefone: +55 (38) 3532-1200 e (38) 3532-6000 www.ufvjm.edu.br/cursos/zootecnia ppgzoo@ufvjm.edu.br Exemplar gratuito 2

Boletim Técnico PPGZOO UFVJM, v.2, n 5, Novembro/2014 Expediente Comitê de Publicações Presidente Cleube Andrade Boari Vice-Presidente Marcelo Mattos Pedreira Membros Aldrin Vieira Pires Cristina Moreira Bonafé Darcilene Maria de Figueiredo Gustavo Henrique Frias Castro Joerley Moreira Márcia Vitória Santos Roseli Aparecida Santos Sandra Regina Freitas Pinheiro Saulo Alberto do Carmo Araújo Severino Delmar Junqueira Villela Secretária e referências bibliográficas: Elizângela Aparecida Saraiva Editoração eletrônica: Cleube Andrade Boari Gestão do Site: Igor Barcellos Pantuza (Bolsista Atividade UFVJM)

SUMÁRIO Introdução... 5 Mastite... 6 Diagnóstico da Mastite... 7 Controle da Mastite... 7 Considerações Finais... 12 Referências bibliográficas... 13 4

Boletim Técnico PPGZOO UFVJM, v.2, n 5, Novembro/2014 MASTITE: IMPORTÂNCIA, PREVENÇÃO E CONTROLE Raul Ribeiro Silveira I Roseli Aparecida dos Santos II Introdução A cadeia produtiva leiteira, devido a sua grande importância social, é uma das mais importantes do país. A atividade é praticada em todo o território nacional em mais de um milhão de propriedades rurais e, somente na produção primária, gera acima de três milhões de empregos e agrega mais de seis bilhões ao valor da produção agropecuária nacional. Três importantes fatores marcaram o setor leiteiro nacional, principalmente na última década: o aumento da produção, a redução do número de produtores e o decréscimo dos preços recebidos pelos produtores 5. Com cerca de 21 bilhões de litros/ano, o Brasil é o sexto maior produtor de leite no mundo, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) de 1998, apresentando uma evolução média de 3,3 % ao ano no período de 1980 a 1998, com destaque para os anos de 1995 e 1996, em que o crescimento da produção foi de nove e 11%, respectivamente 3. Um dos principais entraves para a bovinocultura leiteira, é a mastite, devido aos severos prejuízos econômicos que acarreta. A mastite caracterizase por um processo inflamatório da glândula mamária e, etiologicamente, tratase de uma doença complexa de caráter multifatorial, envolvendo diversos patógenos, o ambiente e fatores inerentes ao animal 2. A mastite é uma das mais frequentes infecções que acometem o gado leiteiro, levando a perdas econômicas pela diminuição na produção e na qualidade do leite, à elevação dos custos com mão-de-obra, medicamentos e I Discente do Curso de Zootecnia/UFVJM (e-mail: raulribeiro@zootecnista.com.br) II Zootecnista, Professora DZO/UFVJM (e-mail: roseli.santos@ufvjm.edu.br) 5

serviços veterinários, além de descarte precoce de animais. É importante ressaltar a importância da mastite, no que se refere à saúde pública, devido ao envolvimento de bactérias patogênicas que podem colocar em risco a saúde humana. Um dos grandes problemas da mastite no rebanho é a sua prevalência silenciosa, ou seja, subclínica, determinando perdas de até 70%, enquanto 30% devem-se à mastite clínica 4. A prevalência da mastite está relacionada, principalmente, ao manejo antes, durante e após a ordenha. Isso explica a importância da conscientização do ordenhador, dos procedimentos adequados de ordenha, incluindo as formas corretas de higienização e desinfecção do ambiente, do animal, do profissional e de todos os utensílios utilizados na ordenha. Mastite A mastite ou mamite é uma inflamação da glândula mamária que pode ser causada por microrganismos patogênicos que entram pelo canal do teto. É causada por diversos agentes infecciosos, os quais podem ser agrupados quanto à sua origem e modo de transmissão em dois grandes grupos: os causadores de mastite contagiosa e mastite ambiental. a) mastite contagiosa: os microrganismos se disseminam de quarto infectado para outro quarto, ou até mesmo, para outra vaca; b) mastite ambiental: os microrganismos que atingem o teto da vaca estão presentes no ambiente. Em relação à sintomatologia existem dois tipos de mastite: clínica e subclínica a) mastite clínica: é perceptível visualmente por características anormais no leite como a presença de grumos, pus e sangue, além do aumento da temperatura do úbere que ainda pode se apresentar avermelhado e, ou inchado; b) mastite subclínica: é caracterizada pelo aumento de células somáticas (CCS) no leite, não apresentando sinais visuais. 6

Diagnóstico da mastite A ocorrência de mastite clínica pode ser detectada pelo uso da caneca de fundo escuro, na qual, antes de se iniciar cada ordenha, os primeiros jatos de leite devem ser coletados nesta caneca, onde poderá ser visualizada a presença de grumos ( leite talhado ); já a mastite subclínica somente poderá ser diagnosticada através da análise do leite para CCS, ou pelo uso do teste CMT (California Mastitis Test) (Figura 1). Figura 1. Teste CMT e teste da caneca Fonte: www.rehagro.com.br Em ambos os casos, os principais prejuízos relacionam-se à queda na produção leiteira, diminuição da qualidade do leite, gastos com medicamentos, descarte de animais e gastos com animais de reposição (maior descarte de animais). Controle da mastite O leite originado de um animal com mastite traz prejuízos ao produtor, pois este receberá menos do laticínio devido à alta CCS e à alta CBT, além dos gastos com o tratamento da vaca e descarte do leite de vacas em tratamento. O leite com alta CCS apresenta menores quantidades de sólidos totais e menor rendimento na fabricação de produtos. Além disso, há um maior risco de conter resíduos de antibióticos. 7

Devido à importância e gravidade da doença, faz-se necessária a prevenção e o tratamento desta doença. Um programa de controle da mastite deve observar seis pontos fundamentais: Higiene e conforto na área de permanência dos animais: isto pode ser alcançado com a manutenção de camas limpas e secas, piquetes sem acúmulo de esterco, urina e barro, áreas de circulação secas, disponibilidade de sombra (conforto térmico), disponibilidade de água limpa e fresca (Figura 2). Figura 2. Local de permanência adequado e inadequado Fonte: www.rehagro.com.br e www.milkpoint.com.br Limpeza e manutenção dos equipamentos de ordenha: deverá haver na propriedade um protocolo de limpeza de equipamentos de ordenha, para ser seguido diariamente ao final de cada ordenha. Omesmo deverá ser feito para a limpeza do tanque de resfriamento do leite (Figura 3). Este protocolo pode constar de: Pré-enxágue com água morna (38 a 40ºC), imediatamente após a ordenha; Drenagem do pré-enxágue; Circulação de solução com detergente alcalino clorado por 10 min. (temperatura inicial 80ºC e temperatura final 40ºC); Drenagem da solução alcalina; Enxágue; Enxágue ácido; Sanitização do equipamento (30minutos) antes da próxima ordenha. 8

Figura 3. Higienizando a ordenhadeira após a ordenha Fonte: www.ideagri.com.br Além disso, deverá também haver um cronograma de manutenção do equipamento de ordenha, incluindo a troca de borrachas, verificação do vácuo etc. Tratamento imediato dos casos clínicos de mastite: logo após o diagnóstico de mastite clínica pela caneca de fundo escuro, o animal deverá ser imediatamente tratado (Figura 4). O tratamento deve ser feito após a ordenha ( pós dipping ), aguardar 30 segundos, secar bem o teto e aplicar o medicamento, fazendo uma massagem no sentido ponta do teto para a glândula mamária; em seguida, fazer novamente o pós dipping. Figura 4. Tratamento de casos clínicos de mastite e vaca seca Fonte: www.mgar.com.br Tratamento de vaca seca: além de prevenir a ocorrência de novas infecções durante o período seco, aumenta a taxa de cura de infecções remanescentes da lactação. Deve ser feito após a última ordenha do animal, 9

tomando-se os mesmos cuidados descritos acima para o tratamento de casos clínicos. Separação e, ou descarte de animais cronicamente infectados: estes animais são fontes de infecções e devem ficar separados, sendo ordenhados por último. Deve-se considerar a possibilidade de descarte, o mais rápido possível. Adequado manejo da ordenha: as ordenhas devem ser realizadas em horários fixos, feitas por um ordenhador bem treinado, e obedecendo a uma rotina de procedimentos de higiene, dos quais se pode citar: Teste da caneca de fundo escuro: retira-se os três primeiros jatos de leite de cada teto, observando a presença de grumos e, caso haja, ordenhar a vaca manualmente, identificá-la e separá-la das demais, iniciando seu tratamento (Figura 5). A vaca deverá ser ordenhada no final das próximas ordenhas e seu leite deverá ser descartado. Além disso, este procedimento estimula a descida do leite e descarta o leite que se encontra no canal do teto, o qual apresenta uma maior concentração de bactérias; Figura 5. Teste da caneca de fundo escuro Fonte: www.cpt.com.br Desinfecção dos tetos pré-ordenha ( pré dipping ): é feito com a aspersão ou imersão dos tetos com soluções de cloro ou iodo para diminuir o risco de infecção, principalmente causadas por microrganismos ambientais. 10

Esta solução deverá banhar todo o teto e permanecer por no mínimo 30 segundos, antes da secagem do teto (Figura 6); Figura 6. Pré dipping com clorexidenine Fonte: www.ideagri.com.br Secagem dos tetos: é feita para se evitar o deslizamento das teteiras, bem como a contaminação do leite com a solução de pré dipping. Deve ser feita com papel toalha, usando-se uma folha para cada teto (Figura 7); Figura 7. Secagem dos tetos após o pré dipping Fonte: www.terrastock.com.br Acoplamento das teteiras: deve ser realizada no máximo um minuto e meio após o teste da caneca de fundo escuro, pois neste intervalo aproveita-se melhor o tempo de ação do hormônio ocitocina, o qual promove a saída do leite da glândula mamária (Figura 8); 11

Figura 8. Colocando ou retirando as teteiras Fonte: www.alfaleite.wordpress.com Retirada das teteiras: deve-se retirá-las logo após o término do fluxo de leite, evitando-se a sobreordenha e, consequentemente, lesões nos tetos, como o relaxamento do esfíncter ( válvula de fechamento) do teto; Desinfecção dos tetos pós-ordenha ( pós dipping ): deve ser realizada imediatamente após a retirada das teteiras, para se evitar a infecção da glândula por bactérias causadoras de mastite contagiosa (Figura 9); Figura 9. Realizando o pós dipping e tetos com iodo após o pós dipping Fonte: www.rehagro.com.br Ordenha separada dos animais doentes: a adoção de linha de ordenha tem sido considerado um excelente método de controle da mastite contagiosa. Consiste em ordenhar primeiramente as novilhas (1ª cria), seguidas pelas vacas sadias, depois as que já tiveram mastite e foram curadas e, por fim, aquelas que estão com mastite e em tratamento. Além disso, recomenda-se manter as vacas de pé por no mínimo 30 minutos após o término da ordenha, 12

para que ocorra o fechamento do esfíncter ( válvula ) do teto. Sugere-se portanto, a alimentação dos animais logo após a ordenha. O trabalhador responsável pela ordenha em uma propriedade leiteira deverá atender alguns requisitos básicos, quais sejam: gostar do que faz; ter postura condizente com o trabalho que faz (responsabilidade, empenho e dedicação); atender a princípios básicos de higiene pessoal como, manter unhas limpas e bem aparadas, cabelos curtos, lavar as mãos sempre que usar o banheiro, bem como antes da ordenha. Considerar também a possibilidade do uso de luvas no momento da ordenha; ter conhecimento teórico/prático, bem como treinamento/reciclagem constante; ser valorizado profissional e financeiramente. Considerações Finais A principal forma de controle da mastite nos rebanhos se dá pela conscientização dos produtores sobre a importância da doença no rebanho leiteiro, no que se refere aos prejuízos causados, a aceitação de novas técnicas de manejo e as práticas higiênico sanitárias dos produtores, técnicos e colaboradores da propriedade. Referências Bibliográficas 1 BRASIL. Instrução Normativa n. 51, de 18 de setembro de 2002. Regulamentos técnicos de produção, identidade, qualidade, coleta e transporte de leite. Brasília, DF: Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, Secretaria de Inspeção de Produto Animal, 2002, 39p. 2 BRESSAN, M.; MARTINS, C.E.; VILELA, D. Sustentabilidade da Pecuária de leite no Brasil. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite; Goiânia: CNPq/Serrana Nutrição Animal, 2000. 206p 3 GOMES, S. T. Diagnóstico e perspectivas da produção de leite no Brasil. In: Vilela, D.; Bressan, M.; Cunha, A. S. Cadeia de lácteos no Brasil: restrições 13

ao seu desenvolvimento. Brasília: MCT/CNPq, Juiz de Fora: EMBRAPA Gado de Leite, 2001. p.21-37. 4 SANTOS, M.C. Curso sobre manejo de ordenha e qualidade do leite. Vila Velha: UVV, 2001. 57p. 5 VILELA, D.; LEITE, J. L. B.; RESENDE, J. C. Políticas para o leite no Brasil: passado presente e futuro. In: Santos, G. T.; Jobim, C. C.; Damasceno, J. C. Sul-Leite Simpósio sobre Sustentabilidade da Pecuária Leiteira na Região Sul do Brasil, 2002, Maringá. Anais... Maringá: UEM/CCA/DZO-NUPEL, 2002. 14