AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA. Tomada de posse. Salão Nobre do Ministério da Economia

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Transcrição:

AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA Tomada de posse Salão Nobre do Ministério da Economia 16-09-2013 Senhor Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Prof. Doutor Miguel Poiares Maduro, Senhora Procuradora Geral da República, Dr.ª Joana Marques Vidal Senhores Presidentes das Comissões Parlamentares de Orçamento, Finanças e Administração Pública, Dr. Eduardo Cabrita e Dr. Fernando Serrasqueiro, Senhor Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Dr. Paulo Núncio, Senhor Secretário de Estado da Administração Patrimonial e Equipamentos, Eng.º Fernando Santo Senhor Secretário de Estado para a Modernização Administrativa, Dr. Joaquim Cardoso da Costa, Senhor Secretário de Estado da Energia, Dr. Artur Trindade, Senhor Secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Prof. Doutor Miguel de Castro Neto, Senhor Governador do Banco de Portugal, Dr. Carlos Costa, Senhores Presidentes das Autoridades Reguladoras e de Supervisão, Senhora Secretária-Geral do Ministério da Economia, Senhores Presidentes e Diretores Gerais deste Ministério, Demais dirigentes e autoridades, Minhas senhoras e meus senhores 1

No contexto económico atual, tem-se assistido a um esforço notável de todos os parceiros sociais no sentido de procurar criar estímulos à revitalização e retoma de todo o nosso tecido empresarial, nomeadamente, captando investimento, incentivando o crescimento económico, a criação de emprego e as exportações. Para a consolidação de tais objectivos, é fundamental a existência de um ambiente de mercado com forte responsabilidade ética, coerente com as práticas da União Económica e Monetária em que Portugal se insere. Neste pressuposto, espera-se que o Estado e os órgãos ou entidades em que delega responsabilidades, no exercício das suas funções - e com independência - garantam um enquadramento que assegure um ambiente de concorrência sã e transparente em todos os sectores de atividade, nomeadamente, naqueles precisamente onde se possa reconhecer um registo de concorrência imperfeita. Simultaneamente, vivemos um tempo caracterizado por uma tendência - quanto mais não seja por uma necessidade de competitividade nacional ou internacional, ou até de pura sobrevivência - para as apelidadas operações de concentração empresarial. 2

A esse propósito convirá recordar que um dos reconhecidos factores justificador da falta de competitividade das empresas portuguesas é a sua reduzida dimensão média. Balancear estas duas necessidades: dimensão, que tantas vezes implica concentração, e respeito pelas boas regras de concorrência não é um exercício fácil Minhas senhoras e meus senhores, Inicia-se hoje um novo ciclo institucional e que se manterá para os próximos cinco anos, coincidindo este com o início do período de vigência de uma nova Lei da Concorrência, que preconiza uma inevitável aproximação ao regime aplicado na União Europeia, e a renovação do Conselho de Administração da Autoridade da Concorrência. A este propósito gostaria, em primeiro lugar, de deixar aqui uma palavra de agradecimento aos que deixam as suas funções depois de mais de cinco anos de serviço em prol de uma boa cultura de concorrência: o(s) Professores Manuel Sebastião e João Noronha. 3

Independentemente de áreas de progresso que possamos identificar na atuação da Autoridade da Concorrência, é justo reconhecer o trabalho dedicado e escrupuloso, nomeadamente nas áreas de concentrações e estudos de mercado, da equipa liderada nos últimos cinco anos pelo Professor Manuel Sebastião, e de que fez também parte o professor Jaime Andrez, a quem também obviamente agradeço, que se mantém em funções de forma a assegurar uma adequada transição para a nova equipa. Quando aqui cheguei, à Horta Seca, o tema da nomeação da nova equipa dirigente da AdC estava por solucionar. Dada a relevância da Autoridade apressei-me a encontrar uma solução. Não foi difícil, bastou-me ouvir alguns sábios conselhos e recorrer à minha experiencia prática. Ao Professor Manuel Sebastião quero, em nome do Governo, agradecer o comportamento muito profissional que sempre assumiu nestes últimos meses, enquanto esperava pacientemente pela nomeação da nova liderança. E agradecer, de forma pessoal, o modo como comigo colaborou para que esta transição pudesse dar-se com grande eficiência. 4

Foi pouco tempo, não chegou a dois meses, mas gostei muito de trabalhar consigo, Sr. Professor, e apraz-me registar esse facto publicamente. Compete a estes órgãos, que hoje tomam posse, a difícil tarefa de garantir a definição de linhas estratégicas e de políticas gerais que assegurem o funcionamento eficiente dos mercados e a defesa dos interesses dos consumidores e a promoção da concorrência na Economia Portuguesa. A publicação de uma nova lei, independentemente das suas virtudes e imperfeições, está longe de resolver, por si só, todos os problemas de concorrência. A sua eficiência e eficácia é fortemente condicionada pela sensatez, diligência e competência com que é aplicada. A este respeito, devo referir que o currículo, a capacidade e a experiência dos dois novos membros do Conselho da Autoridade me transmite as melhores garantias de que assim sucederá. 5

A forma transversal como publicamente foi acolhida a escolha do Professor António Júlio Ferreira Gomes para Presidente da AdC é bem reveladora da grande expectativa de eficiência que recai no novo Conselho. E é uma expectativa amplamente justificada atendendo ao carácter pessoal e à experiencia na área. O Prof. Ferreira Gomes é um homem muito respeitado na casa, com provas dadas na liderança do departamento de concentrações. Tem a energia, independência e experiência para fazer um grande trabalho nas novas funções em que hoje é empossado. Também confio muito na capacidade jurídica e independência do Dr. Nuno Rocha de Carvalho. Meus senhores, É necessário, de uma vez por todas, afastar o sentimento generalizado de que a distribuição dos custos e dos benefícios da regulação é na sua generalidade assimétrica, aproveitando os benefícios apenas a alguns, enquanto os seus custos são repartidos por todos. 6

Cabe a estes órgãos, a tarefa de assegurar uma cultura de concorrência assente em medidas de concorrência efetiva, procurando a defesa do funcionamento transparente dos mercados, mas salvaguardando sempre a qualidade da sua intervenção e, em respeito pelos seus estatutos, a sua independência, evitando ficar refém de clientelismos e de decisões de operadores já instalados. Nos termos da nova Lei, a Autoridade da Concorrência é, no desempenho das suas atribuições, orientada exclusivamente pelo critério do interesse público de promoção e defesa da concorrência. Nesse contexto, compete-lhe atribuir graus de prioridade diferentes no tratamento das questões que é chamada a analisar, concentrando-se no exercício dos seus poderes sancionatórios, na detecção e correção das práticas anti-concorrenciais mais graves (cartéis e abusos de posição dominante), assegurando assim uma mais eficiente gestão dos seus recursos disponíveis. A situação, em termos de dinâmica concorrencial, é muito diferente de mercado para mercado, sendo que em alguns casos não podemos ignorar a existência histórica de rendas de situação. 7

Esta priorização não pode, na minha modesta opinião, deixar de tomar em consideração as especificidades de cada mercado, necessitando alguns de uma atenção mais constante, e de uma intervenção vigorosa quando assim se justifique - em virtude dos enormes custos que representam para a economia e para a sociedade, sem prejuízo do respeito pelos princípios da transparência e da presunção da inocência que devem nortear sempre a actuação da regulação. É no exercício desta missão que se concretiza, por excelência, a definição de uma política de concorrência num Pais onde, até há poucas décadas, uma cultura de concorrência era permanentemente desvalorizada, quando não mesmo, impossibilitada pela própria lei! No âmbito do acompanhamento dos regulamentos comunitários - que recomendam a reforma das leis de concorrência num prazo máximo de 5 anos - cabe a esta Administração, assegurar essa renovação, obedecendo ao princípio da transparência, provocando e assegurando um amplo debate público sobre a matéria, bem como assegurar a consonância com a medida 7.7 do Memorando de Entendimento, nomeadamente, a garantia de independência financeira, administrativa e de gestão das Autoridades Reguladoras mas também de reforçar a sua capacidade de intervenção através da capacidade de aplicação do novo regime jurídico da concorrência. 8

Saúdo a aproximação do nosso regime de concorrência ao da União. Por um lado, porque importantes alterações foram introduzidas no regime comunitário da concorrência; por outro, porque à Autoridade da Concorrência compete a aplicação da Lei portuguesa, em paralelo e em consistência com o regime comunitário, mais ainda tendo em conta o quadro de relações estabelecido com a Comissão Europeia, nomeadamente a integração da Autoridade da Concorrência no denominado European Competition Network, a rede europeia das autoridades de concorrência. Reveste ainda vital importância o acompanhamento da jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia e da interpretação que faz do respetivo direito da concorrência. A este propósito é de sublinhar a importância da qualidade e da eficácia do controlo jurisdicional da ação da Autoridade da Concorrência. Deste modo, e no seguimento da criação do tribunal especializado em questões de concorrência e de regulação, é fundamental dotá-lo 9

dos meios adequados e de magistrados qualificados para levar a cabo o exercício da sua missão. Nesse sentido, e verificando-se uma tendência crescente de intervenções de particulares interessados junto dos tribunais comuns, urge a preparação de juízes e magistrados do Ministério Público, de todos os tribunais em geral, em matérias do direito da concorrência e, em particular, do direito europeu da concorrência, cada vez mais orientado segundo uma abordagem de base económica. Destaco ainda, a este respeito, o importante papel a desempenhar pelas associações de profissionais (advogados e empresários) especializadas nestas matérias. Concluindo, Os agentes reguladores não podem, em qualquer circunstância, substituir-se à concorrência sã dos mercados e devem procurar resistir à tentação de criar um sistema demasiado complexo que conduza a proteções corporativas e à ideia de manipulação dos mercados. 10

Devem, comprometer-se com uma visão prudencial, uma atuação célere e com a eliminação de monopólios e oligopólios, cedendo perante a liberdade de escolha do consumidor. É fundamental que a Autoridade da Concorrência melhore a sua capacidade e a sua eficiência de intervenção, dentro dos seus objectivos estratégicos e no respeito pelo cumprimento da sua missão e dos valores que orientam a sua atuação. Termino, renovando os meus agradecimentos aos que agora deixam funções e, aos novos nomeados, os votos das maiores felicidades. A defesa das boas regras da Economia e o superior interesse dos consumidores depende muito da Vossa atuação! Obrigado. 11