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Transcrição:

AGLOMERANTES ESPECIAIS OBTIDOS A PARTIR DA ÁLCALI-ATIVAÇÃO DE METACAULIM E CINZA DE CASCA DE ARROZ Sheila Cristina Kehl Pieper 1, a, Alexandre Silva de Vargas 2,b, João P. Castro-Gomes,c 1 Universidade Feevale, Brasil 2 Uiversidade Feevale, Brasil 3 Universidade de Beira Interior, Portugal a sheila@villare.eng.br, b alexandre.v@feevale.br, c castro.gomes@ubi.pt Palavras-chave: Cinza da Casca de Arroz, Resíduos, Metacaulim, Cimento, Argamassas, cimento álcali-ativado. Resumo. A produção do cimento Portland é responsável pela geração de aproximadamente 610 kg de gás carbônico (CO 2 ) por tonelada de material produzido, contribuindo com o efeito estufa. Temperaturas da ordem de 1450 C são necessárias para a produção do cimento, caracterizando um alto consumo energético, assim como exige a extração de grandes quantidades de matéria-prima do meio ambiente. Neste sentido, materiais alternativos ao cimento Portland fazem-se necessários, principalmente se estes novos materiais utilizam resíduos ou subprodutos de outras indústrias. Os cimento álcaliativados (AAA) podem ser uma alternativa ao cimento Portland. AAA são aglomerantes especiais, isentos de clínquer, obtidos a partir da álcali-ativação de materiais ricos em aluminosilicatos (Al 2 O 3 e SiO 2 ). O objetivo deste trabalho é desenvolver geopolímeros à base de metacaulim (MK) e cinza de casca de arroz (CCA) álcali-ativados. A solução ativadora utilizada foi à base de hidróxido de sódio (NaOH). Foram preparadas argamassas geopoliméricas com traço, em massa, de 1:3 (MK+CCA:areia) e relação água/aglomerante variável, em função do índice de consistência, (180 ± 20mm). Foram preparadas 12 argamassas variando-se a concentração da solução ativadora (23%, 25%, 27%) e a relação MK + CCA/MK (100, 75, 70, 65%) e moldadas conforme a NBR 7215 (ABNT, 1996). A cura das argamassas foi realizada em duas etapas: à temperatura de 50 C nas primeiras 24 horas e à temperatura de 70 C nas 24 horas seguintes. Após a cura, os corpos de prova foram desmoldados e mantidos à temperatura ambiente até as datas de 7 e 28 dias quando foram submetidos aos ensaios de resistência à compressão.os resultados indicam que para todas as composições na resistência média à compressão houve crescimento e é superior aos 28 dias, se comparada com a resistência aos 7 dias. Ao analisar a contribuição da CCA, podese admitir que a composição de maior resistência, na idade inicial (7d), foi a de 35% do resíduo, atingindo a resistência de 3,46 MPa. Com o aumento da idade (28d) a mesma composição, com 35% de CCA, atingiu a resistência de 5,25 MPa. As argamassas sem a CCA (braco) atingiram 3,87 MPa e 5,39 MPa nas idade de 7 e 28 dias, respectivamente, mostrandose superior às amostras com resíduos. Com relação a influência da quantidade de ativador NaOH, não foi possível estabelecer uma relação importantecom o aumento da idade nas argamassas estudadas. 1. Introdução A indústria cimenteira é conhecida pelo forte impacto ambiental que causa. Seus prejuízos no meio ambiente vão desde a contaminação do ar, na britagem da pedra calcária,

até o ensacamento do produto final. Pode-se afirmar que uma fábrica de cimento polui praticamente ao longo de todo seu processo industrial. A fina poeira, repleta de óxidos químicos, pode produzir doenças pulmonares, além da irritação dos olhos, ouvidos e fossas nasais [1]. Durante o processo fabril, a fase extrativa causa contaminação de solos e cursos d água, erosões, cavas abandonadas e rios assoreados. Na etapa de produção do cimento há muita geração de material particulado suspenso que pode causar problemas de saúde, quer nos trabalhadores envolvidos no processo, como na comunidade próxima. A contribuição do setor nas mudanças climáticas é inegavelmente significativo: o nível total de emissão de CO 2 faz da indústria de cimento uma fonte de emissão de gases de efeito estufa. Para o controle da poluição destas indústrias, é necessário um esforço coletivo, cuja base seja o entendimento de que crises e problemas se apresentam para que caminhos e soluções sejam apontados. Embora os problemas associados ainda sejam extensos, apresentando-se em todo o decorrer do processo produtivo, verifica-se uma busca pela sustentabilidade no setor, especialmente na Europa e Estados Unidos, que vêm buscando por meio de iniciativas, a realização de novas práticas que conduzam a um aprimoramento da sua produção. Dentre as estratégias identificadas, verifica-se que as fábricas de cimento são muito adequadas ao fechamento de ciclos com outras plantas de fabricação, o que pode gerar processos cada vez mais aproximados dos naturais, com a implantação de novos processos produtivos como a reciclagem, a reutilização e reaproveitamento [1]. Resíduos oriundos de outras indústrias são passíveis de reciclagem e podem se reintegrar ao processo produtivo diminuindo substancialmente a extração de matéria-prima, e a queima de materiais em fornos de altas temperaturas, diminuindo-se a emissão de gases de efeito estufa e a deposição destes resíduos no meio ambiente. Esta reciclagem e transformação são muito propícias e representam um novo setor para a indústria da construção, configurando-se como um produto de menor impacto ambiental e por sua vez à saúde humana. De outro lado, a agricultura do Brasil contribui com aproximadamente 15% para formação do PIB do país, segundo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada [2]. De acordo com o IBGE, entre os itens mais produzidos destacam-se o arroz, o milho e a soja [3]. A produção anual de arroz foi de 12 milhões de toneladas. Destes, 9,5 milhões de toneladas (78%) foram produzidos na região Sul. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística estima crescimento da produção em 2,1%, comparado com a safra de 2014 [3]. O beneficiamento do arroz ocorre em 7 (sete) etapas distintas, segundo a Empresa Brasileira e Pesquisas Agropecuárias [4]. As etapas, na ordem de produção são: limpeza; descascamento; separação pela câmara de palha; separação de marinheiro; brunição; homogeneização; e classificação. Após a obtenção do produto é estabelecido o fluxo de obtenção e quantidades em massa (kg) a partir do produto bruto. A casca de arroz resulta em 20% da quantidade de grão [4]. A casca de arroz é normalmente utilizada como fonte de calor. Ela é adotada para a geração de gases quentes durante a secagem do próprio cereal nas usinas de beneficiamento do grão em razão de seu alto poder calorífico (16.720 kj/kg) [5]. Como referencial em termos de comparação deste índice, há o carvão mineral com potencial calorífico na ordem de 6.000kJ/kg, [6]. Após a queima da casca é gerado resíduo, denominado cinza da casca de arroz (CCA) na ordem de 20% em massa [7]. Com base nestas informações, é possível estimar que a quantidade média de CCAs gerada no Brasil em 2015 foi de aproximadamente 480mil toneladas.

A CCA vem sendo pesquisada como adição pozolânica ao cimento Portland na construção civil. É utilizada de forma menos ampla como adição mineral na tecnologia de concretos à base de cimento Portland [8]. Entretanto, a fabricação deste cimento necessita grandes quantidades de matéria-prima, alto consumo de energia (1450ºC) e gera elevada quantidade de CO 2 (610kgf CO 2 /ton cimento) [9]. Uma alternativa ao cimento Portland é um cimento de menor impacto ambiental, que tem sido objeto de estudo por pesquisadores, como alternativo ao cimento convencional. Deste cimento destacam-se os cimentos álcali-ativados, muitas vezes denominados na literatura como geopolímeros. Esses cimentos são obtidos a partir de matérias-primas compostas de alumínio e silicatos, como metacaulim, cinzas volantes, para citar as mais comuns, submetidos a um ambiente altamente alcalino, conseguido com soluções como NaOH, KOH, Na 2 SiO 3 entre outros de forma simples ou combinada. É importante salientar que estes cimentos são isentos de clínquer. Na tecnologia da álcali-ativação um dos parâmetros a ser determinado para o maior desempenho mecânico dos cimentos álcali-ativados é a relação Si / Al. Nesse sentido, a CCA (80% a 99% de SiO 2 ) pode ser uma importante fonte de sílica quando combinada com MK. Portanto, este estudo tem por objetivo avaliar o uso de CCA, em conjunto com o MK, para a obtenção de cimentos álcali-ativados, de menor impacto ambiental quando comparado ao cimento Portland. 2. Experimento 2.1. Materiais Para o preparo das argamassas geopoliméricas foram utilizados o metacaulim (MK), a cinza de casca de arroz (CCA), solução de hidróxido de sódio e areia quartzosa em 4 granulometrias distintas. A cinza da casca de arroz e o metacaulim foram utilizados como adquiridos no comércio, processados pela indústria que comercializa estes materiais como adições pozolânicas. A composição química destes materiais foi determinada no espectrometro de fluorescência de Raio-X, Modelo XRF 1800 Shimadzu, Laboratório de Cerâmicos LACER - UFRGS, na forma de óxidos e está apresentada em tabela específica. Tabela 1: Composição química do MK e da CCA (% em massa). Material SiO 2 K 2O CaO P 2O 5 MnO Al 2O 3 MgO Fe 2O 3 SO 3 Cl ZnO Rb 2O CO 2 MK 56,38 3,01 0,3241 0,0774 -- 27,398 2 0,3187 2,9830 0,0848 --- 0,0127 0,0204 7,3920 CCA 91,96 2,1257 0,7079 0,5291 0,4566 0,3000 0,1432 0,0963 0,0954 0,0660 0,0137 0,0133 3,4805 Ao comparar a composição química do MK e da CCA utilizada no experimento com os requisitos físicos e químicos de materiais pozolânicos [10], é possível afirmar que os materiais (MK e CCA) apresentam composição química característicos de materiais pozolânicos. Os diâmetros médios da CCA e do MK foram de 14,05 e 16,08 μm, respectivamente. A área superficial dos materiais utilizados é de 16,9694 m²/g para MK e 11,2602 m²/g para CCA. A área superficial (AS) foi determinada pelo método B.E.T. Já a densidade do MK e da CCA foi de 1 g/cc. A área superficial da CCA utilizada é similar a ASE após moagem por 5h, conforme pesquisa realizada por Rego et al. [11]. A CCA foi utilizada no experimento como adquirida comercialmente, não sendo submetida a qualquer tratamento de calcinação ou

moagem. Ocorre que o diâmetro da partícula é em média 14,05μm e máxima de 71 μm. Tais valores são superiores se comparados ao ideal com relação ao indicado por Pouey [12], que seria inferior a 10 μm. No entanto, similar aos valores médios indicados por Rego et al. [11], cujo tempo de moagem foi de 5h. O hidróxido de sódio utilizado foi de uso comercial com 97% de pureza, com diferentes concentrações. Para a preparação das argamassas, foi utilizada areia quartzosa proveniente do rio Jacuí em quatro granulometrias distintas: 25% da areia serão passante pela malha 0.15mm, 25% pela malha 0.3mm, 25% pela malha 0.6mm e 25% pela malha 1.2mm. A NBR 7215 (ABNT, 1996) estabelece critérios de granulometria da areia [13]. É importante salientar que esta norma recomenda o uso de areia normatizada proveniente do rio Tietê/SP. Contudo, como verificado no trabalho de Recena não há diferença significativa nos resultados de resistência à compressão, para as amostras preparadas com a areia normalizada proveniente do IPT e a areia padrão secundária proveniente do Rio Guaíba [14]. A água utilizada foi proveniente da rede pública de abastecimento, de concessão da Comusa Serviço de Água e Esgoto de Novo Hamburgo. 2.2. Métodos A metodologia foi organizada para avaliar três variáveis de controle: a relação entre metacaulim (MK) e cinza da casca de arroz (CCA), a concentração da solução ativadora de NaOH e a idade, na resistência à compressão de argamassas à base de MK e CCA álcaliativados. Para isso foram estudadas diferentes relações entre o MK e a CCA e diferentes concentrações de NaOH, como apresentadas na Tabela 2, para o preparo das pastas álcaliativadas. Tabela 2 Fator água/aglomerante para as composições utilizadas para o preparo das pastas à base de metacaulim (MK) e cinza da casca de arroz (CCA) álcali-ativados com solução de NaOH. Fonte: Autor (2015). Concentração MK + CCA / MK (%) NaOH (%) 100 75 70 65 23 0,82 0,76 0,74 0,71 25 0,80 0,81 0,73 0,71 27 0,81 0,67 0,71 0,67 A relação água/aglomerante foi variável para manter a flowtable Como pode ser observado na tabela 2 a relação água /aglomerante (a/agl) foi obtida a partir da trabalhabilidade da argamassa, determinada na mesa de consistência (flow-table) e realizada de acordo com o que determina a NBR 13.276 [15]. Assim, para a AAA o índice de espalhamento considerado ideal neste e em outros trabalhos [16] foi de 180± 20 mm. Neste sentido pode-se observar que as matrizes com maior teor de MK e menor concentração de NaOH foram as matrizes com maior relação a/agl. A concentração de 23, 25 e 27% do ativador é a quantidade em massa de NaOH adicionada a composição, na comparação com a quantidade total de aglomerante (MK + CCA) que compõem a amostra. Exemplificando, para 100g de MK e CCA, são utilizadas 23g de NaOH, para a concentração de 23% e assim, sucessivamente.

O trabalho estudou argamassas álcali-ativadas. Assim, a partir das pastas apresentadas na tabela 2 foi adicionada areia com traço, em massa, de 1:3 (MK +CCA:areia). O preparo das argamassas foi de acordo com auxílio de misturador mecânico nos tempos estabelecidos por trabalhos anteriores [16]. Foi realização do índice de espalhamento da argamassa, indicado anteriormente e, após, a argamassa foi acondicionada em corpos de prova, conforme estabelece a NBR 7215 [13]. Todos os CP s foram envelopados, nas paredes e faces inferior e superior, com filme plástico de PVC. Conforme Livi (2015) [17] esta técnica é eficiente para desmoldar o corpo de prova, sem prejudicar sua integridade, com a vantagem de melhorar seu acabamento. Além disso, o filme plástico sobre a superfície das argamassas minimiza a evaporação da água de amassamento. Em seguida, as argamassas foram submetidas a cura térmica, que foi realizada em estufa a 50 C nas primeiras 24 h e 70 C nas 24 h seguintes. Conforme Vargas, o efeito da cura térmica a temperatura de 80 o C nas primeiras 24h afeta significativamente a resistência a compressão, para amostras álcaliativadas estudadas [18] Posteriormente, os CP s foram armazenados em local com temperatura ambiente até atingir idade estabelecida para realização dos ensaios. 3. Resultado e discussão 3.1. Resistência a compressão de AAA A tabela 3 apresenta os valores médios de resistência à compressão de 3 CP s para cada amostra e idade de cura das argamassas álcali-ativadas. Tabela 3 Resistência média à compressão das argamassas, na idade de 7 e 28 dias (MPa), para MK 100, MK 75, MK 70 e MK65. Fonte: Autor (2015). Concentração MK 100 MK 75 MK70 MK 65 Idade (dias) NaOH (%) 7 28 7 28 7 28 7 28 23 2,09 4,47 1,07 2,62 2,35 2,43 3,46 5,25 25 3,87 5,39 2,32 2,62 2,10 3,46 2,80 3,06 27 3,31 4,15 2,39 4,09 2,46 3,11 2,16 3,27

Resistência à Compressão (MPa) x Idade (dias) para NaOH 23% 6 Resist. à Compressão (MPa) 5 4 3 2 1 MK 100 MK 75 MK 70 MK 65 0 0 7 14 21 28 Idade (dias) Figura 1: Resistência média à compressão das argamassas, nas idades de 7 e 28 dias (MPa), com 23% de concentração do ativador NaOH. Fonte: Autor (2016). 6 Resistência à Compressão (MPa) x Idade (dias) para NaOH 25% Resist. Compressão (MPa) 5 4 3 2 1 MK 100 MK 75 MK 70 MK 65 0 0 7 14 21 28 Idade (dd) Figura 2: Resistência média à compressão das argamassas, nas idades de 7 e 28 dias (MPa), com 25% de concentração do ativador NaOH. Fonte: Autor (2016).

Resistência à Compressão (MPa) x Idade (dias) para NaOH 27% 6 Resist. Compressão (MPa) 5 4 3 2 1 MK 100 MK 75 MK 70 MK 65 0 0 7 14 21 28 Idade (dd) Figura 3: Resistência média à compressão das argamassas, nas idades de 7 e 28 dias (MPa), com 27% de concentração do ativador NaOH. Fonte: Autor (2016). Na tabela 3 e figuras 3, 4 e 5, é possível constatar que para todas as composições, a resistência média a compressão houve crescimento e é superior aos 28 dias, se comparada com a resistência aos 7 dias. Ao analisar a contribuição da CCA e desconsiderando as amostras em branco (MK 100), podemos admitir que a composição de maior resistência, na idade inicial (7d) é para 35% do resíduo, atingindo 3,46 MPa. O oposto também é verdadeiro, pois a menor resistência aos 7d, equivalente a 1,07 MPa, é para a composição com 25% do resíduo. Na idade de 28d podemos admitir que essa constatação não se repete, haja vista a maior resistência estar representada pela composição com 35% de resíduo, que resultou na resistência de 5,25 MPa e a menor resistência para a composição com 30% de resíduo, atingindo 2,43 MPa. Com relação a influência da quantidade de ativador NaOH, não foi possível estabelecer uma relação clara com os testes realizados para os resultados de resistência a compressão aos 7d, tampouco aos 28d. Verifica-se oscilação dos resultados e que não há uma tendência linear.

Resistência à Compressão (MPa) x Idade (dias) Resist. Compressão (MPa) 6,00 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00 MK 100 23 MK 75 NaOH 23 MK 70 NaOH 23 MK 65 NaOH 23 MK 100 NaOH 25 MK 75 NaOH 25 MK 70 NaOH 25 MK 65 NaOH 25 MK 100 NaOH 27-0 7 14 21 28 Idade (dd) MK 75 NaOH 27 MK 70 NaOH 27 MK 65 NaOH 27 Figura 4: Resistência média à compressão das argamassas, nas idades de 7 e 28 dias (MPa), para todas as composições. Fonte: Autor (2016). A (Fig.4) resume, graficamente, a evolução das resistências médias a compressão, para todas as composições adotadas, inclusive amostra em branco. Claro está, de que houve aumento na resistência dos 7 aos 28 dias. A tabela a seguir indica a taxa de incremento do crescimento da resistência média à compressão. Pode ser afirmar que duas composições dobraram a resistência, chegando a casa dos 145%. Das 12 composições estudadas, apenas 3 ficaram com taxa de crescimento inferior a 15%. Para as variáveis concentração do ativador e quantidade de resíduo adicionado, foi feita média aritmética do índice de crescimento. Neste sentido, para a primeira variável o maior aumento foi a composição com menor concentração de NaOH. Já para a segunda variável, a maior taxa de crescimento foi para a composição com adição de 25% de resíduo, considerando a amostra em branco, inclusive. Tabela 4 Taxa de incremento da resistência dos 7 aos 28 dias e média aritmética para as composições (%). Fonte: Autor (2016). Concentração MK NaOH 100 75 70 65 Média 23 114% 145% 3% 52% 79% 25 39% 13% 65% 9% 32% 27 25% 71% 26% 52% 44% Média 60% 76% 32% 38% 4. Conclusões Os experimentos realizados até o momento levam a concluir que houve variação da resistência a compressão, para todas as composições estudadas com a evolução da idade. Esta variação representou aumento na resistência, chegando a taxa de 145% de crescimento.

Não foi possível identifica comportamento linear claro para as composições, sendo necessário realizar ensaios em idades mais avançadas. Necessário se faz a complementação do estudo com demais análises. Neste sentido, sugere-se a continuidade do estudo fazendo com que as argamassas sejam caracterizadas morfológica (MEV/EDS) e microestruturalmente (DRX e FTIR), nas idades pesquisas. Caracterizações físicas das argamassas como o teor de absorção de água por capilaridade, densidade de massa, porosidade também merecem estudo e análise. Importante caracterizar as argamassas sob os aspectos ambientais, através de ensaios de lixiviação e solubilização. Como resultado futuro espera-se a obtenção de argamassas com propriedades que permitam a produção de componentes não estruturais para a construção civil. 5. Agradecimentos Este trabalho foi parcialmente financiado com fundos nacionais através da FCT Fundação para a Ciência e Tecnologia, I.P., no âmbito da unidade de investigação C-MADE, Centre of Materials and Building Technologies (CIVE-Centro-covilhã-4082), Universidade da Beira Interior, Portugal. 6. Referências [1] MAURY, Maria Beatriz; BLUMENSCHEIN, Raquel Naves.Produção de cimento: Impactos à saúde e ao meio ambiente. Sustentabilidade em Debate, Brasília, v. 3, n. 1, p.75-96, jun. 2012. Bimestral. [2] CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EMECONOMIAAPLICADA - (São Paulo). PIB do Agronegócio - Dados de 1994 a 2013. Disponível em: <http://cepea.esalq.usp.br/pib/>. Acesso em: 04 julho 2015. [3] IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Estatística da produção agrícola. 2015. Disponível em: <http://ibge.gov.br>. Acesso em:04 julho 2015. [4] CASTRO, Emílio da Maia de et. al.qualidadede grãos de arroz.embrapa Arroz e Feijão,Santo Antônio de Goiás, p.1-30, 1999. [5] DELLA, Viviana Possamai; KÜHN, Ingeborg; HOTZA, Dachamir. Reciclagem de resíduos agro-industriais: cinza de casca de arroz como fonte alternativa de sílica. Florianópolis: Cerâmica Industrial, 2005.4 p. [6] PETROBRÁS (Brasil). Densidade e poder calorífico superior. 2014. Disponível em: <http://www.investidorpetrobras.com.br/pt/servicos/formulas-de-conversao/detalhe-formulas-deconversao/densidade-e-poderes-calorificos-superiores.htm>. Acesso em: 22 maio 2014. [7] MEHTA, P. KUMAR; MONTEIRO, PAULO J.M.: Concreto Estrutura, Propriedades e Materiais. São Paulo. PINI, 1994. [8] CORDEIRO, Guilherme Chagas. Utilização de cinzas ultrafinas do bagaço de cana-deaçúcar e da casca de arroz como aditivos minerais em concreto. 2006. 485 f. Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006. [9] SNIC PRESS KIT 2013 Sindicato Nacional da Indústria de Cimento. Disponivelem:<http://www.snic.com.br>. Acesso em: 22/05/2014. [10] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12653: Materiais Pozolânicos. Rio de Janeiro: Abnt, 2012. 4 p.

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