V Pedreiros e Vendedores 1 Introdução No contexto da análise dos trabalhadores por conta própria, tendo em vista a destacada participação nos grupamentos de atividades da construção (17,4%) e do comércio (28,%), avaliou-se pelo interesse de destacar, neste estudo, as ocupações dos pedreiros e dos vendedores. A indústria da construção tem sido, historicamente, uma das mais importantes da economia brasileira e é um dos melhores termômetro da atividade econômica. É um setor que emprega uma grande quantidade de mão de obra e representava, 4,9% do valor adicionado do PIB no ano de 2005 em relação ao mesmo período de 2006 1. De acordo com o Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado de São Paulo, para cada 100 empregos diretos gerados na construção civil, outros 285 postos de trabalhos são abertos em atividades ligadas a este setor. Segundo a Classificação Brasileira de Ocupação do Ministério do Trabalho, considera-se Pedreiro aqueles trabalhadores que constróem e reparam edificações e outras obras, assentam tijolos, ladrilhos, azulejos, pedras e telhas; constróem obras de concreto armado; constróem, montam e reparam estruturas de madeiras das construções, assoalhos, vedações..., entre outras atividades correlatas. O enfoque desta parte do estudo, no que se refere aos pedreiros, se insere no Grande Grupo da CBO Trabalhadores da Produção de Bens e Serviços Industriais, no Grupo Trabalhadores da Indústria Extrativa e da Construção Civil, no Subgrupo Trabalhadores da construção civil e obras públicas, Este subgrupo é composto por pedreiros de diversas especialidades, tais como: apontador, auxiliar, de acabamento, de alvenaria, em geral, entre outros. Os trabalhadores que fazem parte deste Subgrupo Trabalhadores da construção civil e obras públicas, somam 1,3 milhão, dos quais 651 mil são trabalhadores por conta própria, os demais, 635 mil (49,3%) são empregados com ou sem carteira de trabalho assinada; empregadores e não remunerados. 1 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais, Tabelas Sinóticas (tabela 10) 43
Em março de 2008, dos 4,1 milhões dos trabalhadores por conta própria no total das Regiões Metropolitanas investigadas pela Pesquisa Mensal de Emprego, 1,6 milhão estavam alocados no grupamento da construção 2. O setor do comércio, por outro lado, tem por base a troca voluntária ou necessária de produtos e/ou serviço e pode estar relacionado à economia formal, legalmente estabelecida, com firma registrada, dentro da lei e pagando impostos, ou à economia informal, que são atividades sem firma registrada, sem emitir notas fiscais e sem recolher os devidos impostos, como por exemplo, os camelôs, ambulantes (, )etc. Este setor representava, 11,2% do valor adicionado do PIB no ano de 2005, em relação ao mesmo período de 2006 3. O enfoque desta parte do estudo, no que se refere aos vendedores, se insere no Grande Grupo da CBO Trabalhadores dos serviços, vendedores do comércio em lojas e mercados, no Grupo Vendedores e prestadores de serviços do comércio, do Subgrupo Vendedores ambulantes e camelôs. Este subgrupo é composto pelos: vendedores à domicilio, vendedores em quiosques e barracas e os vendedores ambulantes. Os trabalhadores que fazem parte deste subgrupo Vendedores ambulantes e camelôs, somam 624 mil, dos quais 532 mil são trabalhadores por conta própria, os demais, 92 mil (14,8%), são empregados com ou sem carteira de trabalho assinada; empregadores e não remunerados,. Dos 4,1 milhões de trabalhadores alocados no grupamento do Comércio, reparação de veículos automotores e de objetos pessoais e domésticos e comércio a varejo de combustíveis,, em março de 2008, 1,1 milhão era trabalhador por conta própria e, destes. 2 Pedreiros No total das seis Regiões Metropolitanas investigadas pela Pesquisa Mensal de Emprego, os trabalhadores que exerciam a ocupação de pedreiros por conta própria, representavam 15,9% do total dos trabalhadores por conta própria em março de 2008. 2 Este grupamento abarca as atividades relacionadas à: preparação de terrenos; construção e edifícios e obras de engenharia civil; obras de instalação; obras de acabamento e serviços auxiliares da construção; aluguel de equipamentos de construção e demolição com operários. 44
As Regiões Metropolitanas com os maiores percentuais de trabalhadores por conta própria na construção, ocupados como pedreiros eram: Salvador, 17,2%; São Paulo, 18,8%, Porto Alegre, 20,2% e Belo Horizonte, 17,9%. As Regiões Metropolitanas com os menores percentuais de trabalhadores por conta própria na construção, ocupados como pedreiros eram Recife, com 8,8% e Rio de Janeiro com 11,9%. Quase a totalidade do contingente de pedreiros era composta por homens. (99,6%), em março de 2008. O gráfico a seguir apresenta a proporção dos pedreiros em relação ao total dos trabalhadores por conta própria nas 6 Regiões Metropolitanas investigadas pela PME. Total de pedreiros em relação ao total de trabalhadores por conta própria - Março de 2008 % 4500 4000 4.089 Conta Própria Pedreiros 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 1.548 1.189 651 297 333 398 290 322 26 57 71 141 65 Quanto a faixa etária desta massa de trabalhadores, observou-se que estava concentrada na faixa dos 35 aos 49 anos em todas as Regiões Metropolitanas. No total das seis Regiões Metropolitanas, observou-se a seguinte distribuição: de 10 a 24 anos, 7,0%; de 25 a 34 anos, 21,5%; de 35 a 49 anos, 43,7% e de 50 anos ou mais, 27,9%. 3 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação das Contas Nacionais, Tabelas Sinóticas (tabela10) 45
Pedreiros - Faixa Etária - Março 2008 % 43,7 49,3 47,1 7,0 7,0 5,3 7,0 7,1 6,0 9,6 45,8 42,3 43,1 41,9 21,5 27,9 20,4 23,4 21,5 21,9 22,0 26,8 21,5 29,2 21,5 28,4 21,4 30,8 10 a 24 anos 25 a 34 anos 35 a 49 anos 50 anos ou mais Em relação a cor ou raça destes trabalhadores, a grande maioria eram pretos ou pardos, sendo que a maior concentração estava nas Regiões Metropolitanas de Salvador, 94,3%, Recife, 84,0% e Belo Horizonte, 76,6%. Na Região Metropolitana de Porto Alegre a situação se invertia e a maioria dos pedreiros eram brancos (81,0%) e os pretos e pardos representam 19,0%. 46
Pedreiro - Cor ou Raça - Março 2008 10 94,3 9 8 84,0 76,6 81,0 7 58,7 61,3 52,6 47,1 41,0 38,3 16,0 23,1 19,0 5,7 branco preto/pardo Estas informações refletem a composição por cor e raça nas seis Regiões Metropolitanas, conforme as informações da pesquisa mensal de emprego, ficando claro que toda e qualquer composição por cor e raça sofre influência direta das diferenças regionais do País. 47
População em idade ativa segundo a cor - março de 2008 9 8 branco preto/pardo 7 83,5 85,2 54,9 44,2 35,1 64,5 16,0 40,2 59,5 54,1 45,7 63,7 34,6 14,7 Quanto ao nível de instrução dos pedreiros, que trabalhavam por conta própria na construção, prevalecia o fundamental incompleto em todas as Regiões Metropolitanas investigadas pela PME (a média das seis regiões dos pedreiros com fundamental incompleto foi de 63,5%). Significa dizer que a grande maioria dos pedreiros que trabalhava como conta própria na construção, não haviam concluído o curso de ensino fundamental de primeiro grau ou elementar, conforme o gráfico. 48
Nivel de Instrução dos trabalhadores por conta própria - Pedreiros - março 2008 8 % Sem instrução Fundamental completo Médio completo Não determinado Fundamental incompleto Médio incompleto Superior incompleto 7 Levando em conta o agregado das seis regiões pesquisadas, constatou-se que os pedreiros por conta própria, recebiam 4 em média, mensalmente, R$ 623,00. A pesquisa apontou também para o total das seis áreas pesquisadas que os pedreiros ganhavam em média 38% a menos do que o conjunto dos trabalhadores por conta própria que foi estimado para março deste ano em R$ 1.013,50. Verificouse ainda que, em todas as regiões, o rendimento destes trabalhadores era sempre menor que a média de rendimento do total dos trabalhadores por conta própria. Os pedreiros das Regiões Metropolitanas do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Porto Alegre, apresentavam rendimentos maiores que a média nacional (R$ 675,00; R$ 632,00; R$ 716,00, respectivamente). Recife e Salvador estavam abaixo da média das seis regiões: R$ 339,20 e R$ 468,70, respectivamente. 4 Rendimento médio real habitualmente recebido 49
O gráfico a seguir mostra a série histórica dos rendimentos médios dos pedreiros nos anos de 2002, 2007 e 2008, por Região Metropolitana. 800 700 600 500 400 300 200 647,87 602,63 623,00 435,49 410,13 339,20 421,58 461,70 468,70 567,96 576,93 625,00 643,63 621,29 675,70 716,10 624,96 632,00 660,57 650,27 716,70 100 0 mar/02 mar/07 mar/08 Observou-se que no total das Regiões Metropolitanas, houve queda em 2007 e recuperação em 2008. Em 2002, o rendimento médio foi estimado em R$ 647,87, em 2007, apresentou uma pequena queda e chegou a R$ 602,63 e, finalmente, em 2008, uma recuperação, conseqüência da própria recuperação do setor da construção, e o rendimento chega a R$ 623,00. Entre as Regiões Metropolitanas, destacavam-se as Regiões Metropolitanas de Porto Alegre e do Rio de Janeiro onde os rendimentos médios dos trabalhadores atingiam R$ 716,70 e R$ 675,70, respectivamente, em março de 2008. Outro indicador a se destacar é a contribuição à Previdência Social. No total das seis Regiões Metropolitanas, 9,4% dos trabalhadores pedreiros que trabalhavam por conta própria contribuíam e 90,6% não contribuíam. Também interessante observar o tempo de permanência nos trabalhos dos pedreiros. 80,8% permaneciam no trabalho por mais de dois anos, no total das RMs. 50
Pedreiros - Tempo de permanência no trabalho - março 2008 10 9 8 80,8 77,0 78,0 84,0 8 88,7 7 69,3 25,9 17,4 13,6 16,7 14,1 10,1 5,6 4,8 5,6 5,3 5,9 5,9 7,3 4,0 até 1 ano de 1 a 2 anos mais de 2 anos No que se refere ao número médio de horas trabalhadas, as Regiões Metropolitanas do Rio de Janeiro e de São Paulo são as que se destacavam com 44,2 e 44,4 horas, acima da média das seis regiões que é de 43,4 horas, por semana. 51
3 Vendedores No total das seis Regiões Metropolitanas investigadas pela Pesquisa Mensal de Emprego, os trabalhadores que exerciam a ocupação de vendedores por conta própria, representavam 13,0% do total dos trabalhadores por conta própria em março de 2008. As Regiões Metropolitanas com os maiores percentuais de trabalhadores por conta própria no comércio, ocupados como vendedores eram: Salvador, 20,6%; Rio de Janeiro, 15,4% e Recife, 14,1%, acima da média das seis áreas estimada em 13,0%. As Regiões Metropolitanas com menores percentuais de trabalhadores por conta própria no comércio, ocupados como vendedores eram Belo Horizonte, %, São Paulo, 10,6% e Porto alegre, 10,7%. Quantitativo de vendedores em relação ao total dos trabalhadores por conta própria nas Regiões Metropolitanas investigadas pela PME em março de 2008. 4500 4000 3500 4.089 Conta Própria Vendedores 3000 2500 2000 1500 1.548 1000 500 0 1.189 532 343 183 42 68 39 163 297 333 398 322 52
A grande maioria destes vendedores estavam na faixa de 35 a 49 anos, 39,6% do total das seis regiões. Recife, Belo Horizonte e Salvador destacavam-se com médias acima da média nacional nesta faixa etária com 48,0%, 43,9% e 42,5%, respectivamente. Vendedores - Faixa Etária - Março 2008 22,8 39,6 28,4 26,5 48,0 20,1 9,2 5,4 30,2 42,5 17,4 7,1 19,5 43,9 29,5 10,9 25,2 36,1 27,8 7,9 18,1 39,6 34,5 11,4 17,0 37,4 34,2 10 a 24 anos 25 a 34 anos 35 a 49 anos 50 anos ou mais A parcela mais significativa dos vendedores era composta por mulheres (60%). O mesmo foi verificado em todas as Regiões Metropolitanas, conforme o gráfico a seguir. 53
Comparação Percentual - Homens e Mulheres - Vendedores - março 2008 8 7 Homens Mulheres 38,4 61,6 32,3 67,7 33,8 66,2 40,5 59,5 45,9 54,1 34,2 65,8 Total Recife Salvador Belo Horizonte Rio de Janeiro São Paulo Porto Alegre No que se refere a cor ou raça, prevalecia os pretos ou pardos na média das seis Regiões, 52,2%. Os pretos ou pardos representavam a maioria dos vendedores em Salvador, 90,8%; em Recife, 69,2%; em Belo Horizonte, 63,3% e no Rio de Janeiro, 57,8%. Os brancos representavam a maioria dos vendedores em São Paulo, 68,4% e em Porto Alegre, 87,4%. 54
Vendedor - Cor ou Raça - Março de 2008 10 9 8 branco preto/pardo 7 47,4 52,2 29,7 69,2 9,2 90,8 36,1 63,3 Total Recife Salvador Belo Horizonte 41,9 57,8 Rio de Janeiro 68,4 31,1 São Paulo 87,4 11,3 Porto Alegre Quanto ao nível de instrução dos vendedores, que trabalhavam por conta própria no comércio, prevalecia o fundamental incompleto em todas as Regiões Metropolitanas investigadas pela PME (média das seis regiões foi estimada em 42,6%). Significa dizer que a grande maioria dos vendedores que trabalhava por conta própria, não havia concluído o curso de ensino fundamental de primeiro grau ou elementar, conforme apresentado no gráfico a seguir. Entretanto, ao contrário dos trabalhadores por conta própria na ocupação de Pedreiros, verificou-se uma parcela significativa de vendedores com ensino fundamental completo e ensino médio completo. Nas Regiões Metropolitanas de Recife (28,7%), do Rio de Janeiro (%) e de São Paulo (29,2%) os vendedores com ensino médio completo se encontravam acima da média nacional que é de 27,4%. Nas Regiões Metropolitanas de Salvador (21,4%), de São Paulo (16,6%) e de Porto alegre (16,5%) os vendedores com ensino fundamental completo se encontravam acima da média nacional que é de 16,2%. 55
Nível de instrução dos trabalhadores por conta própria - Vendedores - Março 2008 Sem instrução Fundamental incompleto Fundamental completo Médio incompleto Médio completo Superior incompleto Superior completo Não determinado Total Recife Salvador BH RJ São Paulo Porto Alegre Observou-se que, levando-se em conta o agregado das seis regiões metropolitanas, os vendedores recebiam 5, em média, mensalmente, R$ 502,10. A pesquisa apontou para o total das seis regiões onde os vendedores ganhavam, em média, 50,5% a menos que o conjunto de trabalhadores por conta própria que foi estimada em março deste ano em R$ 1.013,50. As regiões metropolitanas de Recife e de Salvador apresentavam os rendimentos mais baixos: R$335,20 e R$344,70, respectivamente. As Regiões Metropolitanas de Belo Horizonte, de São Paulo e de Porto Alegre, apresentavam rendimentos maiores que a média nacional (R$ 588,40; R$ 593,30; R$ 549,20, respectivamente). 56
O gráfico a seguir, mostra esta distribuição de rendimentos, vis a vis, o total de trabalhadores por conta própria. 1.400 1.200 Conta Própria Vendedores 1.000 800 600 400 200 0 1.013,50 502,10 558,00 335,20 624,20 344,70 969,50 588,40 1.078,80 490,50 1.153,00 593,30 979,70 549,20 O gráfico a seguir apresenta a série histórica dos rendimentos dos vendedores nos anos de 2002, 2007 e 2008, por Região Metropolitana. 700 600 mar/02 mar/07 mar/08 500 400 300 200 100 526,51 476,22 502,10 375,61 329,23 335,20 419,09 370,12 344,70 452,90 414,54 588,40 585,79 484,80 490,50 556,29 557,83 593,30 573,38 485,50 549,20 - Observou-se que no total das Regiões Metropolitanas, houve uma queda em 2007 e uma recuperação em 2008. Em 2002, o rendimento médio foi estimado em R$ 526,51, em 2007, apresentou uma pequena queda e chegou a e, R$ 476,22 e, finalmente, em 2008, uma recuperação quando o rendimento chega a R$ 502,10. Ainda abaixo da média de 2002 mas, já apresentando sinais de recuperação. 5 Rendimento médio real habitualmente recebido 57
Há um comportamento homogêneo nos rendimentos dos vendedores em março de 2007 apresentando uma queda em todas as regiões metropolitanas. A recuperação desta perda se deu em 2008, com exceção da RM de Salvador que ainda apresentou rendimentos em queda: R$ 419,09 em março de 2002; R$ 370,12 em março de 2007 e R$ 344,70 em março de 2008. Outro indicador a se destacar para os trabalhadores do comércio que trabalham como vendedores é a contribuição a Previdência Social. No total das Regiões Metropolitanas, apenas 10,1% dos vendedores por conta própria contribuíam para a previdência e 89,9% não eram contribuintes. Também interessante observar o tempo de permanência nos trabalhos dos vendedores. 77,2% permaneciam no trabalho por mais de dois anos, no total das Regiões Metropolitanas. Vendedores - Tempo de Permanência no Trabalho - Março de 2008 9 8 7 77,2 76,7 76,9 78,9 79,2 78,5 68,1 22,6 15,1 14,2 15,6 15,2 12,4 12,2 7,7 9,1 9,3 7,6 5,9 8,4 9,3 até 1 ano de 1 a 2 anos mais de 2 anos No que se refere ao número médio de horas trabalhadas por semana, as Regiões Metropolitanas de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Recife eram as que se destacavam com 38,8, 38,2 e 38,1 horas, acima da média das seis regiões que é de 37,3 horas. 58