Aula 3: Validades dos Atos, Vícios, Erro, Dolo, Coação, Estado de Perigo, Lesão, Fraude contra credores, Simulação, Efeitos dos Negócios Jurídicos, Condição, Termo, Encargo, Prescrição e Decadência. Validade ato de vontade livre - requisitos art. 104 Defeito da vontade (vícios) diz respeito a uma falha na manifestação. Vícios de consentimento: prejuízo, afeta o declarante Vícios sociais: prejudicam terceiros Vícios de Consentimento (espécies) Erro (ignorância) Dolo Coação Estado de perigo Lesão Vícios Sociais (espécies) Fraude contra credores Simulação Erro Percepção falsa do reclamante Objeto Negócio Pessoa Direito OBS: O campo de aplicação do erro de direito é residual tendo em vista o princípio da inescusabilidade das normas jurídicas (LIC) O erro para permitir a anulação deve ser substancial/essencial (atinge o núcleo da vontade) Art. 139 Dolo Artifício malicioso que induz o declarante a pratica de um ato que lhe prejudica. Declarante (distorção) Provocada dolus Bonus (artifício usado porem não há intenção de prejudicar) - malus (por excelência, autoriza a anulação) Particularidades do dolo 1. Apenas o dolo essencial autoriza anulação do negocio isso porque o dolo periférico/ acidental gera como conseqüência a possibilidade de se pleitear perdas e danos, mas não a desconstituição do negocio jurídico. - 1
Coação art. 171 gera anulação Traduz-se por uma pressão exercida sobre o declarante para a pratica de um ato que ele não deseja. Não se confunde com temor reverencial (medo) Obs: a pressão para a caracterização da coação leva em conta a idade, condições pessoais, culturais do declarante. Estado de perigo art 156 gera anulação A causa é o fato central, é a necessidade de salvar (vida) Do declarante Pessoa da família do declarante Terceiro que o declarante mantenha relação Efeito: pratica de um ato manifestamente oneroso. Passa a ser oneroso porque a parte contraria tem ciência da necessidade. Obs: a onerosidade é caracterizada em razão da exigência de um valor acima daquele usualmente praticado no negocio. Lesão art 157 Causa da lesão necessidade (urgência) premente ou inexperiência Manifestamente desproporcional (locação e compra e venda, principais exemplos) Efeitos anulação: Peculiar revisão do valor Obs: a jornada de direito civil da justiça federal (CEJ) estende o efeito da revisão da lesão ao estado de perigo em razão da proximidade conceitual dos vícios. Fraude contra credores Trata se de um vicio de negocio para prejudicar credito alheio (credor) (devedor) A -------------------------- B Mutuo negocio (desviar patrimônio do devedor C Requisitos da configuração da fraude contra credores: Conluio fraudulento (caracterização de ma fé d terceiro que realiza negocio com devedor). Obs: Se o negocio celebrado com o terceiro se deu após o inicio da execução já não se cogita a fraude contra credores, mas sim a fraude a execução cujo negocio é ineficaz perante o exequente. Lesão ao credito ou dano ao credito eventus damni Efeito: anulação do negocio jurídico Ação pauliana/ ação revogatória é o instrumento jurídico utilizado para anular a fraude contra credores. - 2
Simulação art.167 gera nulidade Ato simulado = ato falso Espécies: Simulação absoluta: ocorre a pratica de um único negocio falso sem qualquer efeito jurídico Simulação relativa (dissimulação): ocorre a pratica de dois negócios, um simulado e outro dissimulado. O negocio dissimulado na simulação relativa é valido. Efeitos do negocio jurídico Negocio categoria - efeitos Partes têm liberdade para alterar elementos essenciais Elementos acidentais: são disposições negociais que interferem na eficácia do negocio, alterando seus efeitos normais. Sempre decorrem de vontade Espécies: Termo Condição Encargo (modo) Condição Subordina a eficácia do negocio a um evento futuro e incerto (incerteza possível) Efeitos (condição) condição suspensiva: pendente expectativa de direito ou direito eventual. Condição resolutiva: implemento gera extinção do direito, na pendência já produz efeitos, esse resolutivo. Resolução ---------- ------------- ----------------- -------------- Pendência condição implementada Obs: durante a pendência da condição suspensiva, pode o titular do direito eventual praticar atos conservatórios do seu interesse (eficácia negocial mínima (conservar)). Forma de Concretização Condições potestativas: depende da vontade do titular para a concretização do evento, neste caso a vontade é sujeita a um processo aleatório próprio da futuridade Condições causais: marcada por um evento externo Marcada por um acaso no qual o beneficiário não controla Condições puramente potestativas: decorre de interesse - 3
arbitrário sem nenhuma externa A lei proíbe a pratica de negócios sujeitos a condição puramente potestativas (são nulas). Termo Trata-se de um elemento acidental que subordina o exercício de direito ou resolve o mesmo. O termo não interfere na aquisição, mas tão somente no exercício. Encargo Um ônus jurídico imposto a uma das partes que interfere na eficácia do negocio caso o mesmo não seja cumprido. Obs: o encargo somente poderá ser introduzido nos negócios de mera liberalidade (doação). Prescrição e Decadência Aspectos temporais ou a direito ou a pretensão. Natureza: Pontes de Miranda ato fato jurídico Francesa fato jurídico em sentido estrito Prescrição pretensão (possibilidade de exercer direito) Art. 205 regra geral (10 anos) Art. 206 regras especiais (1 a 5 anos) Decadência atinge direitos potestativas (todos os prazos em dias são decadenciais). Questões Sobre os Temas 1. (OAB/CESPE 2006.2) A respeito dos defeitos dos negócios jurídicos, assinale a opção correta. a) Reputa-se em fraude contra credores a alienação efetuada pelo devedor dos direitos sobre imóvel penhorado em ação de execução, em detrimento da garantia de que este representa a satisfação do crédito alheio. Nessa situação, caracterizam-se má-fé e prejuízo, impondo-se o reconhecimento da nulidade do negócio jurídico. b) Os atos simulados são nulos, insuscetíveis de confirmação pelas partes ou de convalidação pelo decurso do prazo. Entretanto, apesar de nulo o negócio, subsiste o ato dissimulado se válido na substância e na forma. c) O negócio jurídico apresenta-se defeituoso quando ambas as partes agem reciprocamente com dolo e com errônea transmissão de vontade. Nessa situação, qualquer um dos contratantes pode requerer a anulação do negócio, desde que se responsabilize pelos danos experimentados pelo outro contratante e por aquele causado a terceiro de boa-fé. d) A lesão inclui-se entre os vícios de consentimento, ensejando a nulidade absoluta do negócio. Para caracterização da lesão, é necessário que, na conduta do agente, ocorra intenção de lesar terceiro e demonstração da exagerada vantagem auferida por esse na conclusão do negócio. - 4
2. (OAB/CESPE 2006.1) Acerca dos fatos jurídicos, assinale a opção correta. a) Configura-se o estado de perigo quando uma pessoa, por inexperiência ou sob premente necessidade, obriga-se a prestação desproporcional entre as prestações recíprocas, gerando lucro exagerado ao outro contratante. Nessa situação, a pessoa pode demandar a nulidade do negócio jurídico, dispensando-se a verificação do dolo, ou má-fé, da parte adversa. b) É válido o ato negocial em que ambas as partes houverem reciprocamente agido com dolo. A nenhuma delas é permitido reclamar indenização, devendo cada uma suportar o prejuízo experimentado. c) A simulação relativa é um vício social que acarreta a nulidade do negócio jurídico, não subsistindo o ato negocial, mesmo que seja válido na substância e na forma, por representar declaração enganosa da vontade. d) A lesão consiste em declaração enganosa da vontade de um dos participantes do negócio jurídico e inclui-se entre os vícios de consentimento, acarretando a nulidade absoluta do negócio jurídico. 3. (OAB/CESPE 2004. ES) No tocante aos defeitos do ato e do negócio jurídico, assinale a opção correta. a) Para caracterização do vício da simulação, com a conseqüente nulidade do negócio jurídico, é necessário que, na conduta do agente, ocorra a intenção de lesar terceiro. b) Constatada a ocorrência de vício da simulação no negócio jurídico, admite-se a subsistência do ato dissimulado se este for válido na forma e na substância. Assim, na simulação, sobrevive o negócio jurídico dissimulado, que consistia na verdadeira intenção das partes, e aniquila-se o negócio jurídico simulado, que se apresenta no mundo real, mas veicula vontade enganosa. c) O negócio jurídico é anulável, se atingido por erro de direito que recaia sobre norma cogente, bem como sobre norma dispositiva, ambas sujeitas ao livre acordo das partes, mesmo se tal transação fosse considerada legal por uma das partes. d) O pagamento de dívida vencida efetuado pelo devedor insolvente a um de seus credores quirografários presume-se em fraude ao concurso de credores, o que obriga o beneficiado a devolver o que recebeu em proveito do acervo do devedor. Gabarito: 1. B; 2. B; 3. B. - 5