Amenorréias com Características Sexuais Presentes



Documentos relacionados
Amenorréia. Profª. Keyla Ruzi

AMENORRÉIA Cynthia Salgado Lucena Caso Clínico/ Abril- 2011

Hipogonadismo. O que é Hipogonadismo? Causas 25/02/ Minhavida.com.br

Amenorréia Induzida: Indicações. XIX Jornada de Ginecologia e Obstetrícia do Rio Grande do Norte XVI Jornada da Maternidade Escola Januário Cicco

EXAMES PARA DIAGNÓSTICO DE PUBERDADE PRECOCE

Saúde reprodutiva das adolescentes - Amenorreias

Hirsutismo / Hiperandrogenismo na adolescente

BIOLOGIA - 1 o ANO MÓDULO 42 APARELHO REPRODUTOR FEMININO

HORMÔNIOS SEXUAIS SISTEMA ENDÓCRINO FISIOLOGIA HUMANA

6 de Fevereiro de Apostila 01. Amenorréia e SOP Embriologia Sexo genético O óvulo sempre carrega 23X e o sptz pode carregar 23X ou 23Y.

Subfertilidade Resumo de diretriz NHG M25 (segunda revisão, abril 2010)

O aumento das concentrações de prolactina pode ocorrer em várias situações, sejam elas fisiológicas ou patológicas.

Universidade Federal de Pernambuco Disciplina de Ginecologia. Amenorréia Primária. Diagnóstico Etiológico

PALESTRA DOGMAS EM RELAÇÃO À PROLACTINA. (Sessão Plenária ocorrida em 22/10/2013)

PROPEDÊUTICA BÁSICA DO CASAL INFÉRTIL

Avaliação Funcional da Hipófise

Sumário. Data: 06/12/2013 NT 245 /2013. Medicamento x Material Procedimento Cobertura

Professor Fernando Stuchi

Alexandre de Lima Farah

Mas por que só pode entrar um espermatozóide no óvulo???

Reunião de casos. LUCAS MERTEN Residente de RDI da DIGIMAX (R1)

Anomalias do Desenvolvimento Sexual. Luciana M. Barros Oliveira Dep. Biorregulação ICS UFBA

CONSEQÜÊNCIAS DA HISTERECTOMIA LEIOMIOMA UTERINO - METÁSTESE MÓRBIDA

CANCER DE COLO DE UTERO FERNANDO CAMILO MAGIONI ENFERMEIRO DO TRABALHO

AVALIAÇÃO LABORATORIAL DOS HORMÔNIOS SEXUAIS

MÉTODOS HORMONAIS. São comprimidos que contêm estrogênio e progestogênio associados.

CAMPANHA PELA INCLUSÃO DA ANÁLISE MOLECULAR DO GENE RET EM PACIENTES COM CARCINOMA MEDULAR E SEUS FAMILIARES PELO SUS.

Excreção. Manutenção do equilíbrio de sal, água e remoção de excretas nitrogenadas.

Vitamina D: é preciso dosar e repor no pré-natal? Angélica Amorim Amato 2013

Ciclo Menstrual. Ciclo Menstrual. Ciclo ovariano. Ciclo ovariano 17/08/2014. (primeira menstruação) (ausência de menstruação por 1 ano)

AMENORRÉIA SECUNDÁRIA: DIAGNÓSTICO

Adrenarca. O que é Puberdade? Puberdade Normal: Diagnóstico Clínico e Laboratorial. Gonadarca - Eixo Gonadotrófico. GnRH. GnRH

Diagnóstico do câncer de mama Resumo de diretriz NHG M07 (segunda revisão, novembro 2008)

ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA REPRODUTOR FEMININO. Curso Inicial & Integração Novos Representantes

Clomifeno Citrato. Aplicações. Possibilidade do uso de diferentes dosagens de acordo com a necessidade do paciente. Indicações

ABORDAGEM DO CASAL INFÉRTIL

Ciclo Sexual ou Estral dos Animais Domésticos Prof. Dr. Wellerson Rodrigo Scarano Departamento de Morfologia Instituto de Biociências de Botucatu

As principais causas de diabetes insípidus central são tumores que acometem a região hipotalâmica hipofisária, como por exemplo:

Enfermagem 7º Semestre. Saúde da Mulher. Prof.ª Ludmila Balancieri.

Prolactina e seus excessos em mulheres não-gestantes. Prolactin and its excess in non pregnant women

Amenorréia. Amenorréia Secundária: Ausência de menstruação por três ciclos menstruais normais ou por seis meses (em mulher que já menstruou)

Distúrbios da glândula tireóide Resumo de diretriz NHG M31 (julho 2013)

Entenda o que é o câncer de mama e os métodos de prevenção. Fonte: Instituto Nacional de Câncer (Inca)

CÂnCER DE EnDOMéTRIO. Estados anovulatórios (ex: Síndrome dos ovários policísticos) Hiperadrenocortisolismo

Bem Explicado - Centro de Explicações Lda. C.N. 9º Ano Reprodução humana

PUBERDADE NORMAL E ANORMAL

ZOOLOGIA E HISTOLOGIA ANIMAL

Armadilhas no diagnóstico da Hiperprolactinemia. Julia Appel - Endocrinologista

Guia do Professor Atividade - Regulação neuro-endócrina do ciclo menstrual

Câncer de Próstata. Fernando Magioni Enfermeiro do Trabalho

GUIA PARA PACIENTES. Anotações

NOVEMBRO DOURADO VIVA ESTA IDEIA! VENHA PARTICIPAR!

O que é câncer de mama?

Aula 23 Sistema endócrino

OUTUBRO. um mes PARA RELEMBRAR A IMPORTANCIA DA. prevencao. COMPARTILHE ESSA IDEIA.

FISIOLOGIA DO SISTEMA REPRODUTOR FEMININO

Nascimento: aumento de gonadotrofinas e esteróides em algumas semanas esses níveis diminuem.

Raniê Ralph GO. 24 de Setembro de Professor Sobral. Ciclo Menstrual

Tumores da hipófise. Avaliação clínica


O GUIA COMPLETO TIRE TODAS SUAS DÚVIDAS SOBRE ANDROPAUSA

Anatomia e Fisiologia Humana

Hipertensão arterial. Casos clínicos. A. Galvão-Teles 22º CURSO NEDO PÓS-GRADUADO DE ENDOCRINOLOGIA ENDOCRINOLOGIA EM CASOS CLÍNICOS

( Com relação às alterações hormonais que ocorrem no ciclo menstrual, é correto afirmar que

Quais hormônios regulam a ovogênese?

Uso de Citrato de Clomifeno: existe abuso?

DIRETRIZES PARA O HIPOGONADISMO MASCULINO

Hipófise, Testículos e Ovários. Marcela Ludwig e Nathália Crusoé

PRINCÍPIOS DE GENÉTICA MÉDICA

TEMA: Octreotida LAR no tratamento de tumor neuroendócrino

Descobrindo o valor da

Sistema Endócrino: controle hormonal

Linfomas. Claudia witzel

VIVER BEM OS RINS DO SEU FABRÍCIO AGENOR DOENÇAS RENAIS

Hipogonadismo Feminino

EFICIÊNCIA REPRODUTIVA EMPRENHAR A VACA O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL APÓS O PARTO

Diagnóstico de endometriose

CLASSIFICAÇÃO DAS CEFALEIAS (IHS 2004)

HELMA PINCHEMEL COTRIM FACULDADE DE MEDICINA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Exercícios de Coordenação Endócrina

Fisiologia da glândula Tireóide

HIRSUTISMO E HIPERANDROGENISMO

Exercícios de Reprodução Comparada

Transcrição:

Amenorréias com Características Sexuais Presentes Autoria: Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Elaboração Final: 15 de junho de 2006 Participantes: Marcondes JAM, Hayashida SA O Projeto Diretrizes, iniciativa conjunta da Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina, tem por objetivo conciliar informações da área médica a fim de padronizar condutas que auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico. As informações contidas neste projeto devem ser submetidas à avaliação e à crítica do médico, responsável pela conduta a ser seguida, frente à realidade e ao estado clínico de cada paciente. 1

DESCRIÇÃO DO MÉTODO DE COLETA DE EVIDÊNCIA: Foi feita uma pesquisa de referências bibliográficas na base de dados PubMed (National Library of Medicine), utilizando os termos relacionados com amenorréia. Foram selecionados os artigos mais relevantes publicados nos últimos cinco anos. A partir de citações encontradas nesses artigos, foi feita a consulta a outros artigos. Alguns estudos anteriores a esta data, de grande importância, também foram incluídos a partir de consulta às referências citadas nos estudos pesquisados ou em livros-texto. GRAU DE RECOMENDAÇÃO E FORÇA DE EVIDÊNCIA: A: Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência. B: Estudos experimentais ou observacionais de menor consistência. C: Relatos de casos (estudos não controlados). D: Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos fisiológicos ou modelos animais. OBJETIVO: Determinar uma propedêutica para as pacientes com amenorréia com características sexuais presentes. CONFLITO DE INTERESSE: Nenhum conflito de interesse declarado. 2 Amenorréias com Características Sexuais Presentes

INTRODUÇÃO O objetivo desta diretriz é a amenorréia em pacientes com características sexuais presentes e completas. A presença de características sexuais secundárias indica que houve uma maturação adequada e harmoniosa do eixo gonadotrófico com os demais eventos que caracterizam a puberdade e que esse eixo continua íntegro, enquanto que a ausência ou regressão parcial das características sexuais secundárias (hipogonadismo) indica a situação atual do eixo. Assim, a amenorréia pode ocorrer associada ou não ao hipogonadismo, podendo ser este hipo ou hipergonadotrófico, caracterizados por uma concentração de FSH normal ou elevada (>40 UIL) 1 (A), respectivamente. Três grupos devem ser considerados, de acordo com o mecanismo fisiopatológico básico: insuficiência ovariana primária, alterações anatômicas e anovulação crônica, com ou sem estrógeno presente (Tabela 1). Dados da história e exame físico orientam para o diagnóstico, devendo a investigação proposta ser adaptada a cada paciente. Em qualquer situação, a gravidez deve ser descartada ou confirmada, por meio de dosagem de β-hcg 2 (B). Classicamente, após descartar a gravidez, a avaliação se inicia com a determinação do estado estrogênico da mulher e da integridade das estruturas anatômicas envolvidas no sangramento menstrual. Isso pode ser feito por meio da administração de progestágeno (acetato de medroxiprogesterona na dose de 10mg/dia, por cinco dias consecutivos) 3 (D). Se a concentração de estrógeno endógeno for adequada e não houver anormalidades anatômicas, ocorrerá sangramento, indicando que o endométrio estava adequadamente estrogeneizado. Já nas pacientes com insuficiência ovariana e defeitos anatômicos não haverá sangramento, enquanto que nas com anovulação crônica, se houver sangramento, o fluxo é mínimo (Tabela 1). AMENORRÉIA ASSOCIADA A DEFEITOS ANATÔMICOS A amenorréia primária é regra nesse grupo. Uma vez que o eixo gonadotrófico apresenta-se funcionalmente íntegro (avaliado laboratorialmente por meio de dosagem de FSH normal), ocorre Amenorréias com Características Sexuais Presentes 3

Tabela 1 Etiologias da amenorréia com característica sexual presente I. Amenorréia associada a defeitos anatômicos 1. Com endométrio íntegro 1.1. Fusão idiopática dos grandes lábios 1.2. Hímen imperfurado 1.3. Septo vaginal transverso 1.4. Doenças da vagina ou cérvix 2. Endométrio ausente ou pouco desenvolvido 1.1. Síndrome de Rokitansky 1.2. Agenesia congênita 1.3. Síndrome de Asherman 1.4. Hipoplasia de endométrio II. Insuficiência ovariana prematura 1. Anormalidades cromossômicas 2. Ooforite auto-imune 3. Secundária a quimioterapia, radioterapia ou infecções 4. Mutações do receptor de gonadotrofinas III. Anovulação crônica 1. Com estrógeno presente 1.1. Síndrome dos ovários policísticos 1.2. Síndrome de Cushing 1.3. Disfunções tireoidianas 1.4. Forma não clássica de hiperplasia adrenal 1.5. Tumores virilizantes 2. Com estrógeno ausente ovulação, podendo se manifestar através de dor abdominal ou sintomas pré-menstruais. Nas pacientes que apresentam endométrio íntegro, dor pélvica pode estar presente decorrente do refluxo da descamação do endométrio para a cavidade pélvica 4 (C). Já nas pacientes com endométrio ausente ou pouco desenvolvido, a dor pélvica cíclica estará ausente. Embora dados de história e achados no exame físico possam sugerir o diagnóstico, a presença de defeitos anatômicos deve ser confirmada com o auxílio de métodos apropriados de imagem. INSUFICIÊNCIA OVARIANA PREMATURA Consiste na ocorrência de amenorréia e hipogonadisno hipergonadotrófico antes dos 40 anos de idade 5 (D). A associação de amenorréia e FSH > 40 UI/L, em duas dosagens separadas, deve alertar para esse diagnóstico 1 (A). Caso o processo desencadeante da insuficiência ovariana se instale antes da maturação completa do eixo gonadotrófico, teremos um quadro de amenorréia em um paciente com características sexuais secundárias ausentes ou incompletas. Quando o 4 Amenorréias com Características Sexuais Presentes

comprometimento ovariano ocorrer após a maturação completa do eixo gonadotrófico, teremos uma paciente com amenorréia secundária e características sexuais secundárias presentes, embora possa ocorrer, dependendo do tempo de evolução, regressão parcial das mesmas. Apesar de um número significativo dessas pacientes apresentar um desaparecimento de folículos em uma velocidade acelerada sem causa aparente, as seguintes etiologias e métodos diagnósticos devem ser considerados: Anormalidades cromossômicas, que podem ser detectadas em uma minoria de pacientes, especialmente 45X, 47XXY e mosaicismos envolvendo diferentes combinações 6 (B). Ooforite auto-imune, isolada ou associada à síndrome poliglandular tipo I, sendo seu diagnóstico sugerido pela determinação de anticorpos-antiovário, com uma incidência elevada de resultados falso-positivos, ou pela biópsia de ovário 7 (A), que envolve procedimento cirúrgico e de questionável aplicação clínica 8 (B). Secundária à quimioterapia, radioterapia ou infecções. Mutações do receptor de gonadotrofinas, com aumento isolado de LH 9 (C) ou FSH 10 (C). ANOVULAÇÃO CRÔNICA É a causa mais comum de amenorréia com características sexuais presentes, podendo ser subclassificada de acordo com a resposta à administração de progestágeno, em anovulação crônica com estrógeno presente (quando ocorre sangramento) ou com estrógeno ausente (sangramento mínimo ou ausência de sangramento). ANOVULAÇÃO CRÔNICA COM ESTRÓGENO PRESENTE Tem como etiologias e critérios diagnósticos ou exames de rastreamento: Síndrome dos ovários policísticos: Presença de 2 dos 3 requisitos: 1. distúrbio menstrual, 2. hiperandrogenismo clínico (hirsutismo, acne, alopecia androgênica) ou hiperandrogenemia e 3. ovários policísticos ao ultra-som 11 (D). Síndrome de Cushing: cortisol urinário elevado 12 (D). Disfunções tireoidianas: TSH elevado (hipotireoidismo) ou suprimido (tireotoxicose) 13 (C). Formas não clássicas de hiperplasia adrenal congênita: para a deficiência da 21-hidroxilase, 17-hidroxiprogesterona > 17 ng/ml 60 minutos após estímulo com 250 µg de 1-24(ACTH) 14 (C) ou 17- hidroxiprogesterona basal > 5 ng/ml em pool de três amostras coletadas a cada 15 minutos, independente da fase do ciclo menstrual 15 (B). Para as deficiências de 3β-hidroxiesteróide desidrogenase e 11βhidroxilase, não há critérios definidos. Tumores virilizantes do ovário ou adrenal, estando presentes as manifestações de hiperandrogenismo com virilização (acne, hirsutismo, alopecia androgênica, amenorréia, clitoromegalia, hipertrofia muscular com distribuição masculina e engrossamento da tonalidade da voz) e testosterona total > 200 ng/dl 16 (D). Amenorréias com Características Sexuais Presentes 5

ANOVULAÇÃO CRÔNICA COM ESTRÓGENO AUSENTE Tem como mecanismo o comprometimento da secreção de gonadotrofinas, estando a sua concentração normal ou diminuída. A amenorréia pode ser primária ou secundária e o hipogonadismo, em geral, está presente. Pode ter uma etiologia orgânica ou funcional, sendo que o diagnóstico deste último grupo é quase que de exclusão, sendo fundamentais os dados de história. Tumores das regiões selar e paraselar, neoplásicos ou não: associação de sintoma neurológico local (cefaléia e distúrbio visual), diabete insípido e deficiência de gonadotrofinas, isolada ou concomitante a outras deficiências de hormônios hipofisários 17 (B). Em geral, o resultado do estudo dos métodos de imagem (tomografia computadorizada ou ressonância nuclear magnética da região selar e paraselar) pode sugerir a etiologia. Síndrome de Sheehan: história do início da amenorréia no período pós-parto associado a agalactia. A deficiência hormonal é múltipla, estando caracteristicamente presente a hipoprolactinemia, e o hipogonadismo é clinicamente de moderada a importante intensidade 18 (C). Secundário à radioterapia, situação em que o hipogonadismo, assim como outras deficiências hormonais, se instala de maneira lenta e progressiva, estando caracteristicamente ausente o diabete insípido 19 (C) ou trauma, com instalação súbita da amenorréia no período pós-trauma, podendo-se acompanhar de diabetes insípido 20 (C). Deficiência isolada de gonadotrofinas ou associada a anosmia/hiposmia (Síndrome de Kallmann), podendo esta última hipótese ser confirmada pela ressonância nuclear magnética (ausência de bulbos olfatórios). Infreqüentemente, pacientes portadoras de deficiência isolada de gonadotrofinas apresentam desenvolvimento de características sexuais secundárias 21 (C). Secundária a distúrbio alimentar ou atividade física intensa. Perda acentuada de peso (25% abaixo do peso habitual) associado a uma distorção da imagem corporal caracteriza a anorexia nervosa 22 (D), enquanto que a presença de episódios de compulsão alimentar seguida de períodos de restrição, indução de vômitos ou abuso de laxativos ou diuréticos caracterizam a bulimia nervosa 22 (D), situações em que freqüentemente está presente o hipogonadismo hipogonadotrófico de intensidade variável. Da mesma maneira, a prática de atividade física intensa também pode associar-se a um distúrbio do eixo gonadotrófico 22 (D). Essas situações ocorrem mais freqüentemente em adolescentes e mulheres adultas jovens, podendo a amenorréia ser primária ou secundária. Secundária a hiperprolactinemia: Das diversas causas de hiperprolactinemia, as mais freqüentes têm por etiologia o uso de medicações, tumores hipofisários secretores de prolactina e idiopática. Duas situações devem ser consideradas em mulheres portadoras de hiperprolactinemia, principalmente quando houver dissociação entre quadro clínico e nível de prolactina: a macroprolactinemia e o efeito gancho. 6 Amenorréias com Características Sexuais Presentes

Macroprolactinemia: em geral, presente em mulheres assintomáticas com prolactina elevada. Consiste no predomínio de moléculas de prolactina de alto peso molecular, que, em geral, são desprovidas de atividade biológica 23 (D). Efeito gancho: situação inversa, onde mulheres com galactorréia e distúrbio menstrual apresentam prolactina normal ou pouco elevada. Trata-se de um artefato técnico que ocorre quando se utiliza ensaio imunométrico realizado em uma etapa. Nessa situação, a amostra deve ser diluída para se determinar a concentração real da prolactina 22 (D). Amenorréia funcional, também denominada de amenorréia hipotalâmica funcional, sendo um diagnóstico de exclusão e responsável por 1/3 dos casos de amenorréia. Amenorréias com Características Sexuais Presentes 7

REFERÊNCIAS 1. Taylor AE, Adams JM, Mulder JE, Martin KA, Sluss PM, Crowley WF Jr. A randomized, controlled trial of estradiol replacement therapy in women with hypergonadotropic amenorrhea. J Clin Endocrinol Metab 1996;81:3615-21. 2. Wilcox AJ, Baird DD, Dunson D, McChesney R, Weinberg CR. Natural limits of pregnancy testing in relation to the expected menstrual period. JAMA 2001;286:1759-61. 3. Carr BR. Disorders of the ovaries and female reproductive tract. In: Wilson JD, Foster DW, Kronenberg HM, Larsen PR, eds. William Textbook of Endocrinology. 9 th ed. Philadelphia:WB Saunders; 1998.p. 751-817. 4. Soules MR. Adolescent amenorrhea. Pediatr Clin North Am 1987;34:1083-103. 5. Conway GS. Premature ovarian failure. Br Med Bull 2000;56:643-9. 6. Devi AS, Metzger DA, Luciano AA, Benn PA. 45,X/46,XX mosaicism in patients with idiopathic premature ovarian failure. Fertil Steril 1998;70:89-93. 7. Novosad JA, Kalantaridou SN, Tong ZB, Nelson LM. Ovarian antibodies as detected by indirect immunofluorescence are unreliable in the diagnosis of autoimmune premature ovarian failure: a controlled evaluation. BMC Womens Health 2003;3:2-7. 8. Khastgir G, Abdalla H, Studd JW. The case against ovarian biopsy for the diagnosis of premature menopause. Br J Obstet Gynaecol 1994;101:96-8. 9. Latronico AC, Anasti J, Arnhold IJ, Rapaport R, Mendonça BB, Bloise W, et al. Brief report: testicular and ovarian resistance to luteinizing hormone caused by inactivating mutations of the luteinizing hormone-receptor gene. N Engl J Med 1996;334:507-12. 10. Aittomaki K, Lucena JL, Pakarinen P, Sistonen P, Tapanainen J, Gromoll J, et al. Mutation in the follicle-stimulating hormone receptor gene causes hereditary hypergonadotropic ovarian failure. Cell 1995;82:959-68. 11. Revised 2003 consensus on diagnostic criteria and long-term health risks related to polycystic ovary syndrome (PCOS). Hum Reprod 2004;19:41-7. 12. Arnaldi G, Angeli A, Atkinson AB, Bertagna X, Cavagnini F, Chrousos GP, et al. Diagnosis and complications of Cushing s syndrome: a consensus statement. J Clin Endocrinol Metab 2003; 88:5593-602. 13. Caldwell G, Kellett HA, Gow SM, Beckett GJ, Sweeting VM, Seth J, et al. A new strategy for thyroid function testing. Lancet 1985;1:1117-9. 14. Bachega TA, Billerbeck AE, Madureira G, Marcondes JA, Longui CA, Leite MV, et al. Molecular genotyping in Brazilian patients with the classical and nonclassical forms of 21-hydroxylase deficiency. J Clin Endocrinol Metab 1998;83:4416-9. 8 Amenorréias com Características Sexuais Presentes

15. Azziz R, Hincapie LA, Knochenhauer ES, Dewailly D, Fox L, Boots LR. Screening for 21-hydroxylase-deficient nonclassic adrenal hyperplasia among hyperandrogenic women: a prospective study. Fertil Steril 1999;72:915-25. 16. Lobo RA. Ovarian hyperandrogenism and androgen-producing tumors. Endocrinol Metab Clin North Am 1991;20:773-805. 17. Ozgen T, Oruckaptan HH, Ozcan OE, Acikgoz B. Prolactin secreting pituitary adenomas: analysis of 429 surgically treated patients, effect of adjuvant treatment modalities and review of the literature. Acta Neurochir (Wien) 1999;141:1287-94. 18. Barkan AL. Pituitary atrophy in patients with Sheehan s syndrome. Am J Med Sci 1989; 298:38-40. 19. Lam KS, Tse VK, Wang C, Yeung RT, Ma JT, Ho JH. Early effects of cranial irradiation on hypothalamic pituitary function. J Clin Endocrinol Metab 1987; 64:418-24. 20. Eledrise MS, Urban RJ, Lieberman JA. Brain injury and neuroendocrine function. The Endocrinologist 2001;11:275-81. 21. Oliveira LM, Seminara SB, Beranova M, Hayes FJ, Valkenburgh SB, Schipani E, et al. The importance of autosomal genes in Kallmann syndrome: genotype-phenotype correlations and neuroendocrine characteristics. J Clin Endocrinol Metab 2001;86:1532-8. 22. American Psychiatric Association, Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. 4 th ed. Washington: American Psychiatric Association; 1994. 23. Vieira JGH, Nishida SK, Lombard MT, Kasamatsu TS. Desenvolvimento de um ensaio imunofluorimétrico para a dosagem de prolactina sérica e identificação de isoformas circulantes. Arq Bras Endocrinol Metabol 1996;40:187-92. Amenorréias com Características Sexuais Presentes 9