OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESTILAÇÃO EM PLANTA PILOTO PARA PRODUÇÃO DE BIOETANOL HIDRATADO

Documentos relacionados
Otimização do processo de destilação em planta piloto para produção de etanol hidratado¹

DESTILAÇÃO. Prof.: Dr. Joel Gustavo Teleken

Roteiro das Práticas 1 a 3

USO DO SOFTWARE HYSYS PARA SIMULAÇÕES ESTÁTICA E DINÂMICA DE UMA COLUNA DE DESTILAÇÃO

EFEITO DAS CONDIÇÕES DE ALIMENTAÇÃO SOBRE O PROCEDIMENTO DE PARTIDA DE UMA COLUNA DE DESTILAÇÃO

REDUÇÃO DO TEMPO DE TRANSIÇÃO DE UMA UNIDADE DE DESTILAÇÃO OPERANDO COM AÇÃO DE CONTROLE DISTRIBUÍDA ENTRE ESTÁGIOS DO ESGOTAMENTO E DA RETIFICAÇÃO

ANÁLISE DE CONTROLADORES EM MALHA ABERTA E FECHADA PARA UMA COLUNA PILOTO DE DESTILAÇÃO

DESENVOLVIMENTO DO PROCEDIMENTO ÓTIMO DA PARTIDA DE UM SISTEMA DE COLUNAS DE DESTILAÇÃO TERMICAMENTE ACOPLADAS

EFEITO DA PRESSÃO SOBRE DINÂMICA E CONTROLE DE COLUNA DE DESTILAÇÃO COM RETIRADA LATERAL

REDUÇÃO DO CONSUMO ENERGÉTICO DO PROCESSO DE DESTILAÇÃO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ENGENHARIA QUÍMICA LOQ 4017 OPERAÇÕES UNITÁRIAS EXPERIMENTAL II

Faculdade de Engenharia Química (FEQUI) Operações Unitárias 2 2ª Lista de Exercícios (parte B) Profº Carlos Henrique Ataíde (agosto de 2013)

PRODUÇÃO DE ETANOL ENRIQUECIDO UTILIZANDO ADSORÇÃO EM FASE LÍQUIDA COM MULTIESTÁGIOS OPERANDO EM BATELADA E ALTA EFICIÊNCIA DE ENERGIA

MONITORAMENTO E CONTROLE DE UM PROCESSO DE DESTILAÇÃO

RECUPERAÇÃO DE INSUMOS E SUBPRODUTOS DA PRODUÇÃO DE BIODIESEL. Processo de recuperação do Metanol e da Glicerina.

(com até 0,7% em massa de água) na mistura com gasolina pura (gasolina A). A meta almejada era de 20% de adição de etanol anidro à gasolina (gasolina

Revista Brasileira de Energias Renováveis INFLUÊNCIA DA TAXA DE REFLUXO NO PROCESSO DE DESTILAÇÃO PARA OBTENÇÃO DE ETANOL HIDRATADO¹

Faculdade de Engenharia Química (FEQUI) Operações Unitárias 2 2ª Lista de Exercícios (parte A) Profº Carlos Henrique Ataíde (julho de 2013)

Construção do Pré-Destilador Modelo UFV

INFLUÊNCIA DA PRESSÃO EM UMA DESTILAÇÃO AZEOTRÓPICA

PRODUÇÃO DE UMA INTERFACE GRÁFICA (SOFTWARE ACADÊMICO) PARA SIMULAÇÃO DE UMA COLUNA DE DESTILAÇÃO

SIMULAÇÃO ROBUSTA DE COLUNAS DE DESTILAÇÃO NA PLATAFORMA EMSO

DENOMINAÇÃO DAS ETAPAS DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE ETANOL EM COLUNAS DE DESTILAÇÃO EM PROCESSO DE BATELADA.

Refrigeração e Ar Condicionado

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR PALOTINA MESTRADO - BIOENERGIA BIOETANOL

Cálculo do Fator Energético de Colunas de Destilação de Pequena Escala. Profº Drº do Departamento de Engenharia Química / UFSM (Orientador).

Curso de Farmácia. Operações Unitárias em Indústria Prof.a: Msd Érica Muniz 6 /7 Período DESTILAÇÃO Parte 2

DETERMINAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DA GASOLINA COMUM UTILIZADA NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE - PB

5º CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM PETRÓLEO E GÁS

Capitulo 4 Validação Experimental do Modelo Matemático do Trocador de Calor

3.ª ED., IST PRESS (2017) ÍNDICE

4.2. Separação dos componentes de misturas homogéneas

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR PALOTINA MESTRADO - BIOENERGIA BIOETANOL

Seminário de química orgânica Experimental I Destilação fracionada do limoneno. Edvan Ferreira de Oliveira Letícia Naomi Higa

SIMULAÇÃO DO PROCESSO DE DESASFALTAÇÃO A PROPANO

AVALIAÇÃO TÉRMICA DO PROCESSO DE SECAGEM DE MISTURAS DE GRAVIOLA E LEITE EM SECADOR DE LEITO DE JORRO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR PALOTINA MESTRADO - BIOENERGIA BIOETANOL

PRODUÇÃO DE ETANOL ANIDRO VIA DESTILAÇÃO EXTRATIVA UTILIZANDO GLICEROL

Curso de Engenharia Química. Prof. Rodolfo Rodrigues Lista 2 de Destilação Binária por Estágios

MODELAGEM E VALIDAÇÃO DO REGIME DE OPERAÇÃO DESCONTÍNUO EM UMA COLUNA DE DESTILAÇÃO HÍBRIDA

Destilação Fracionada e Misturas Azeotrópicas

MODELAGEM E SIMULAÇÃO DO SISTEMA ACETONA- METANOL PARA OBTENÇÃO DE METANOL EM COLUNAS DE DESTILAÇÃO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA - USP DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA DESTILAÇÃO DIFERENCIAL PROF. DR. FÉLIX MONTEIRO PEREIRA

DESSULFURIZAÇÃO ADSORTIVA DO CONDENSADO ORIUNDO DA PIRÓLISE DE PNEUS INSERVÍVEIS

EVAPORAÇÃO. Profa. Marianne Ayumi Shirai EVAPORAÇÃO

MODELAGEM EMPIRICA PARA MAXIMIZAÇÃO DAVAZÃO DE ALIMENTAÇÃO DE UMA COLUNA FRACIONADORA DE PROPENO

OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DE ETANOL E ÓLEO RESIDUAL DE FRITURAS EMPREGANDO CATÁLISE MISTA: EFEITO DA CONCENTRAÇÃO DE CATALISADORES

MÉTODO DE MCCABE-THIELE REVERSO PARA SIMULAÇÃO DE UNIDADE DE DESTILAÇÃO MULTICOMPONENTE

Rotas de Produção de Diesel Renovável

4. Resultados e Discussão

3.1 INTRODUÇÃO AOS MODELOS LINEARIZADOS DA COLUNA DE DESTILAÇÃO

Eficiência energética ambiental. Sistemas de ar comprimido. 2 º. semestre, 2017

DESTILAÇÃO FRACIONADA OPERAÇÕES UNITÁRIAS 2. Profa. Roberta S. Leone

OTIMIZAÇÃO DOS PARÂMETROS OPERACIONAIS PARA AUMENTAR A RENTABILIDADE DE PROJETOS DE INJEÇÃO DE ÁGUA APÓS O VAPOR EM RESERVATÓRIOS DE ÓLEO PESADO

Destilação Fracionada e Misturas Azeotrópicas

ESTUDO DA SOLUBILIDADE DO PARACETAMOL EM ALGUNS SOLVENTES UTILIZANDO O MODELO NRTL

Ronaldo Guimarães Corrêa. Aula #1: Malhas de Controle

DESTILAÇÃO A VAPOR DE FILMES ASFÁLTICOS

ESTIMATIVA DO MODELO DINÂMICO DE UMA COLUNA DE DESTILAÇÃO

SIMULAÇÃO DE UMA PLANTA DE PRODUÇÃO DE BIODIESEL

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS E INSTALAÇÕES

Destilação Binária em Batelada

FUNCIONAMENTO DE UMA COLUNA DE DESTILAÇÃO

Destilação Binária por Estágios

Ronaldo Guimarães Corrêa. Aula #2: Configurações de Controle

3. MODELOS MATEMÁTICOS

Refrigeração e Ar Condicionado

EXPERIÊNCIA 3 TEMPERATURA DE FUSÃO DE UMA SUBSTÂNCIA

ESTUDO COMPARATIVO DE MODELOS DE COEFICIENTES DE ATIVIDADE DA FASE LÍQUIDA PARA SEPARAÇÃO DA MISTURA ETANOL-ÁGUA

Destilação etanólica

SIMULAÇÃO DE PELÍCULAS LÍQUIDAS DESCENDENTES PELA PAREDE INTERNA DE UM TUBO VERTICAL

OTIMIZAÇÃO DE UMA COLUNA DE DESTILAÇÃO AZEOTRÓPICA HOMOGÊNEA APLICADA À OBTENÇÃO DE ETANOL ANIDRO

SECAGEM E PSICROMETRIA OPERAÇÕES UNITÁRIAS 2. Profa. Roberta S. Leone

Minicurso: Introdução ao DWSIM. Prof. Dr. Félix Monteiro Pereira

DESTILAÇÃO Lei de Raoult

Tabela 5.1- Características e condições operacionais para a coluna de absorção. Altura, L Concentração de entrada de CO 2, C AG

EXPERIÊNCIA 2 TEMPERATURA DE FUSÃO DE UMA SUBSTÂNCIA

DESTILAÇÃO EM PROCESSO CONTÍNUO DE MISTURA ÁGUA-ÁCIDO ACÉTICO

PME 3344 Termodinâmica Aplicada

OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO DE SEPARAÇÃO DA MISTURA PROPANO-PROPILENO. Arthur Siqueira Damasceno 1 ; Karoline Dantas Brito 2

Avaliação e Comparação da Hidrodinâmica e de Transferência de Oxigênio em Biorreator Convencional Agitado e Aerado e Biorreatores Pneumáticos.

EMPREGO DO SOFTWARE HYSYS DINÂMICO COMO GERADOR DE DADOS PARA CONSTRUÇÃO DE UM SOFT- SENSOR BASEADO EM REDE NEURAL ARTIFICIAL EM COLUNA DE DESTILAÇÃO

DESEMPENHO DE PENEIRA MOLECULAR NA DESIDRATAÇÃO DE ÁLCOOL ETÍLICO

6. Conclusões e recomendações

Ana Elisa Comanini Ana Karla Agner Felipe Gollino

EXERCÍCIOS Curso Básico de Turbinas a Vapor Parte 3. Aluno: 1) Em relação ao sistema de controle das turbinas, marque verdadeiro V, ou Falso F:

ESTRUTURAS ESPECIAIS DE CONTROLE

USO DO SOLVER PARA MAXIMIZAR O LUCRO EM UMA PRODUÇÃO DE GASOLINA

UTILIZAÇÃO DE UM SOFTWARE GRATUITO PARA ANÁLISE E PROJETO DE COLUNAS DE DESTILAÇÃO

Avaliação da estabilidade oxidativa do B100 com o uso de aditivos comerciais e extrativos

MODELAGEM E SIMULAÇÃO DO DESEMPENHO DE REATORES DE FLUXO CONTÍNUO E EM BATELADA NO TRATAMENTO DE EFLUENTE TÊXTIL UTILIZANDO O SOFTWARE LIVRE PYTHON.

Colégio FAAT Ensino Fundamental e Médio

APLICAÇÃO DO SIMULADOR EMSO EM UM PROBLEMA ESPECÍFICO DE CINÉTICA E CÁLCULO DE REATORES

SIMULAÇÃO DE PLANTA PILOTO PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL USANDO ÁLCOOL PROVENIENTE DE MANIPUEIRA

VALIDAÇÃO, PELO MÉTODO ESTATÍSTICO, DA PRODUÇÃO E ALCANCE DA GRADUAÇÃO DE ETANOL (ÁLCOOL ETÍLICO HIDRATADO) CARBURANTE, SOB

ESTABILIDADE OPERACIONAL POR MEIO DE "BUFFER TANK" INTERMEDIÁRIO*

MÁQUINAS TÉRMICAS E PROCESSOS CONTÍNUOS

Microdestilador com Dupla Coluna para Aproveitamento de Resíduos da Cachaça

Ronaldo Guimarães Corrêa. Aula #3: Configurações de Controle

Química. APL 2.1 Destilação fracionada de uma mistura de três compostos

Transcrição:

OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESTILAÇÃO EM PLANTA PILOTO PARA PRODUÇÃO DE BIOETANOL HIDRATADO L. T. SCHNEIDER 1, G. BONASSA 1, C. de OLIVEIRA 1, J. T. TELEKEN 2, P. A. CREMONEZ 3, J. G. TELEKEN 1, 1 Universidade Federal do Paraná Setor Palotina 2 Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos 3 Universidade Estadual do Oeste do Paraná E-mail para contato: laarats@gmail.com RESUMO No processo de destilação a separação dos componentes líquidos miscíveis é feita através da diferença de volatilização entre eles. Obtendo as variáveis que proporcionam maior rendimento e menor gasto energético, o objetivo do trabalho é a otimização da produção de etanol fixando valores de: tempo de produção de etanol dentro da especificação de álcool hidratado, taxa de refluxo e vazão volumétrica de produto de topo. Realizaram-se seis processos de destilação em sistema descontínuo, com a alteração de três variáveis independentes: razão de refluxo, pressão de vapor do refervedor e porcentagem de álcool na mistura a ser destilada, e a partir disto, avaliou-se a influência dessas variáveis de entrada do processo sobre as variáveis respostas: tempo de start-up, volume de etanol produzido, vazão (L.h-1) de etanol e graduação alcoólica do produto. Durante os experimentos monitoraram-se os perfis de temperatura do destilador, alambique, condensador e deflegmador, para avaliar como o comportamento destes podem afetar o processo de destilação. Após a realização dos testes, analisando o menor tempo como objetivo principal do processo, tem se o experimento 2 como o de maior rendimento, que durou aproximadamente 74 minutos com uma vazão de 43,9 L.h-1 e um total de produto retirado acima de 92 ºGL de 16 litros. Neste teste utilizou-se uma taxa de refluxo de 0,75, pressão de vapor de 0,7 Kgf/cm -2 e graduação alcoólica inicial de mistura de 11% V/V. 1. INTRODUÇÃO A destilação é um processo de separação amplamente utilizado na indústria química, com grande aplicação nas áreas petroquímicas e dos biocombustíveis, e que consiste na evaporação parcial da mistura líquida de acordo com a diferença de pontos de ebulição/volatilização, tendo como objetivo principal a separação de determinado composto do volume da mistura, agregando valor ao produto final. Valor que depende exclusivamente da sua pureza e qualidade, tornando a condução e o controle do processo essências para Área temática: Simulação, Otimização e Controle de Processos 1

alcançar a máxima produção, qualidade e rentabilidade (Parissoto et al., 2009). Dentre as etapas de produção do etanol a destilação é considerada a mais onerosa, atingindo até 80% do custo operacional industrial por demandar grande fluxo energético, geralmente se apresentando como a etapa de maior limitância (Teixeira, 2003). E justamente por possuir um custo energético muito elevado há a preocupação quanto à sua otimização. Colunas de destilação requerem o emprego de sistemas de controle e métodos operacionais ajustados, rejeitando flutuações que ocorrem frequentemente, até mesmo quando o processo está operando em fase estacionária. O comportamento não-linear das variáveis, associado às elevadas constantes de tempo, restrições na operação, atrasos na resposta e diferentes volumes processados, invariavelmente afetam o processo resultando em acréscimos significativos nos custos operacionais, grande volume produzido fora das especificações desejadas e prejudicando a obtenção de maiores eficiências (Marangoni et al., 2007). A pressão de vapor, a taxa de refluxo e a graduação alcoólica inicial da mistura são variáveis que afetam diretamente o processo de destilação e a qualidade do produto de topo. A taxa de refluxo é definida como a razão de líquido advindo do condensador que retorna à coluna, ou seja, utiliza-se parte do destilado na forma de refluxo fazendo com que os componentes menos voláteis sejam retidos dos vapores que ascendem pela coluna, aumentando a concentração de leves no topo e consequentemente a pureza do destilado (Cadore, 2011). O refluxo ótimo deve ser seguido de acordo com um critério ótimo de desempenho: produção máxima dentro de especificação em tempo mínimo, tempo mínimo para produção de determinada quantidade de produto dentro de especificação, ou lucro máximo (Fileti, 1995). A partir deste cenário, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a produtividade de etanol em unidade piloto, utilizando diferentes parâmetros operacionais a fim de aperfeiçoar a produção e o consumo energético, tomando como índices de desempenho: o tempo necessário para produção de etanol dentro da especificação de álcool hidrato; a taxa de refluxo necessária; e a vazão volumétrica de produção do etanol. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Para que os sistemas operacionais sejam executados e mantidos deve-se fazer o monitoramento de determinados fatores que influenciam no processo, ajustando-os e controlando-os. Os fatores variados durante os testes foram: fração volumétrica de etanol, taxa de refluxo e pressão de vapor. 2.1. Fração volumétrica de etanol A mistura a ser destilada possuía aproximadamente 300 litros água/álcool, e realizouse a correção da graduação alcoólica através do cálculo de diluição (Equação 1), de acordo com os valores de porcentagens alcoólicas estabelecidas, especificados em: 5%, 8% e 11%. Área temática: Simulação, Otimização e Controle de Processos 2

C 1. V 1 =C 2. V 2 (Equação 1) Onde: C 1 : Concentração alcoólica inicial; V 1 : Volume inicial; C 2 : Concentração desejada; V 2 : Volume desejado. 2.2. Refluxo A taxa de refluxo é um fator determinante no teor alcoólico do destilado. Os valores testados foram de: 0,25, 0,5 e 0,75, regulados na válvula de refluxo contida no painel interno do sistema de destilação. 2.3. Pressão de vapor Após o aquecimento da caldeira, quando esta atingir aproximadamente 5 Kgf.cm -2 de vapor, abre-se a válvula que permite a liberação de pressão para a estrutura de destilação. Utilizou-se três diferentes valores do fator pressão de vapor: 0,35, 0,70 e 1,05 Kgf/cm -2, observados no manômetro contido no painel interno da estrutura de destilação. Na Tabela 1, observam-se os valores de taxa de refluxo, graduação alcoólica inicial e pressão de vapor utilizados em cada experimento. Tabela 1. Planejamento experimental Valores Reais Número de Ensaios Pressão de vapor %Etanol (v/v) Refluxo (Kgf.cm -2 ) 1 5 0,5 0,7 2 11 0,5 0,7 3 8 0,25 0,7 4 8 0,75 0,7 5 8 0,5 0,35 6 8 0,5 1,05 2.5. Vazão volumétrica do destilado (L.h -1 ) Realizou-se o cálculo da vazão em cada um dos testes após a retirada do destilado com graduação alcoólica acima de 92 ºGL, através da equação 2. Área temática: Simulação, Otimização e Controle de Processos 3

Q = V/t (Equação 2) Onde: Q: Vazão; V: Volume retirado; t: Tempo. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com base nos dados da Tabela abaixo, observa-se a influência das diferentes condições de operação das variáveis reais sobre o tempo do processo, volume de etanol produzido, vazão de produto de topo e graduação alcoólica do produto retirado. Número de Ensaios Tabela 2 Valores reais e variáveis respostas dos experimentos Valores Reais %Etanol Refluxo Pressão Tempo (min) Variáveis Respostas V. de Vazão etanol (L/h) (L) 1 5 0,5 0,7 40 0 0 90 2 11 0,5 0,7 74 16 43,9 92 3 8 0,25 0,7 140 14 18,9 92 4 8 0,75 0,7 165 16 13,0 92 5 8 0,5 0,35 298 36 7,5 92 6 8 0,5 1,05 42 0 0 91 ºGL 3.1. Perfis de temperatura dos equipamentos de destilação Durante os processos realizados ocorreu o monitoramento das temperaturas do equipamento de destilação, com o objetivo de analisar a influência destas, relacionando-as com a composição e vazão do produto de topo. Os perfis de temperaturas podem ser observados na Figura 1. Área temática: Simulação, Otimização e Controle de Processos 4

Figura 1 Perfis de temperatura do processo de destilação e graduação alcoólica do produto retirado Observa-se na Figura 1 que as temperaturas do destilador seguiram o mesmo comportamento durante todos os testes, aumentando gradativamente até atingir uma temperatura próxima de 100 C, mantendo esta estabilidade até o fim do processo, e o mesmo padrão de aquecimento manteve-se também para as temperaturas do alambique. Por todos os componentes da mistura à ser destilada possuírem ponto de volatilização até 100 Área temática: Simulação, Otimização e Controle de Processos 5

C, todos os componentes da mistura são destilados sem que temperaturas maiores desses equipamentos precisem ser atingidas. A temperatura do condensador é medida através da sua água de resfriamento. Quanto maior a fração de água presente nestes vapores que chegam até este equipamento, maior a troca de calor necessária para que haja a condensação dessa mistura, resultando em maiores temperaturas. Na Figura 1, observa-se que durante o experimento 5, a temperatura do condensador manteve-se entre 20 e 27 C, indicando uma elevada fração de álcool na mistura devido a baixa temperatura requerida para a condensação dos vapores. O deflegmador tem como função produzir um refluxo interno, responsável por enriquecer a graduação alcoólica do produto de topo. Quando os perfis de temperatura do deflegmador se mantêm em uma temperatura menor do que a do ponto de bolha da mistura, este consegue reter o vapor que chega até ele, produzindo um refluxo interno e conduzindo os vapores ao condensador com uma alta graduação alcoólica. Enquanto misturas de mesma composição são condensadas e chegam ao defllegmador, a temperatura deste permanece estável e há a retirada de produto com graduação alcoólica de interesse. Quando há alteração na composição desta mistura devido a mudanças da pressão de vapor ou algum outro fator, a temperatura do deflegmador também é afetada, geralmente elevada, devido ao aumento da fração de água na mistura. Em relação à graduação alcoólica do produto de topo, observa-se que inicialmente o produto é retirado com uma baixa graduação, devido à ausência de refluxo e a não estabilidade das temperaturas. Posteriormente, a graduação aumenta e permanece estável durante o período de start-up, diminuindo novamente quando há alteração na pressão de vapor ou diminuição da graduação alcoólica da mistura a ser destilada.. 3.2. Análise das variáreis respostas A maioria dos processos industriais busca a redução dos tempos de operação, diminuindo assim seus gastos energéticos (Werle et al., 2007). A partir do teste 6, observase que o tempo de destilação é reduzido de forma significativa com a utilização de uma maior pressão de vapor. Entretanto, o produto retirado não está dentro das especificações em relação ao ºGL, não sendo de interesse comercial. Além disso, há um gasto energético muito elevado, portanto, as condições não se mostraram vantajosas em relação à obtenção de produto, e devem ser otimizadas para que haja maior eficiência no processo. De acordo com os resultados obtidos, observa-se que a pressão de vapor exerce influencia direta na condução do processo de destilação, determinando um maior ou menor tempo nos testes realizados. A utilização de maiores pressões de vapor faz com que a mistura a ser destilada seja aquecida rapidamente, produzindo maior pressão interna e uma maior quantidade de vapores que ascendem pela coluna. Devido a essa velocidade da fase vapor, os fenômenos de transferência de calor que e massa entre as fases líquido/vapor não são suficientes para que o vapor seja enriquecido, resultando na retirada de produto de baixa graduação alcoólica, como observado no teste 6. Já os testes realizados com uma menor pressão de vapor apresentaram melhores resultados em relação à retirada de produto dentro da especificação, porem, em maiores tempos. Área temática: Simulação, Otimização e Controle de Processos 6

O volume de etanol produzido está diretamente relacionado com a porcentagem alcoólica inicial da mistura, onde todo o volume de álcool adicionado na mistura inicial deve ser destilado, portanto quanto maior este volume, maior a quantidade produzida. Este produto retirado pode ou não possui alta graduação alcoólica, e quanto menor a graduação do produto, o volume produzido tende a ser maior, pois o este possui também certa quantidade de água em sua composição. A taxa de refluxo e a pressão de vapor também podem influenciar positiva ou negativamente neste volume. Observa-se que no teste 2, mesmo possuindo um maior valor de porcentagem alcoólica inicial do que o teste 5, retirou-se uma menor quantidade de produto desejado, devido a utilização de diferentes pressões de vapor em cada um destes testes, onde, a utilização de pressão de vapor mais elevada provoca o rápido aquecimento da mistura a ser destilada, gerando um maior fluxo de vapores na coluna, o que dificulta os fenômenos de troca de calor e massa entre a fase líquido/vapor, e faz com que o produto condensado possua baixa graduação alcoólica. Realizou-se o cálculo da vazão apenas durante os processos que atingiram a graduação alcoólica desejada (acima de 92 ºGL), determinando assim o tempo aproximado de retirada do álcool adicionado na mistura a ser destilada de acordo com a porcentagem alcoólica de cada experimento. A maior vazão foi atingida no teste 2, cerca de 43,9 L.h -1, operado com uma taxa de refluxo 0,5, pressão de vapor de 0,7 Kgf.cm -2 e porcentagem alcoólica inicial de 11% V/V. E o valor de vazão mínimo foi do teste 5, cerca de 7,5 L.h -1, que utilizou uma taxa de refluxo de 0,5, pressão de vapor de 0,35 Kgf.cm -2 e porcentagem alcoólica inicial de 8% V/V. O que pode ter influenciado na baixa vazão de produto de topo do teste 5 é a menor pressão de vapor, o que causou o mais lento aquecimento da coluna, aumentando o tempo de start-up, de retirada de produto e o tempo final do processo. Para a comercialização do produto do processo de destilação, este deve passar por uma série de análises de controle de qualidade e estar dentro dos parâmetros de certificação da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás natural e Biocombustíveis). Dentre essas especificações está a graduação alcoólica, que no caso do álcool hidratado deve estar acima de 92 ºGL. Nem todos os testes atingiram este valor, devido às condições de operação fornecidas nos processos. Os fatores que podem ter influenciado nessa variável resposta são: baixa graduação alcoólica inicial da mistura, como no caso do teste 1, onde a fração de álcool na mistura é muito baixa, fazendo com que o produto de topo não possua a graduação alcoólica desejada nessas condições de pressão de vapor e refluxo; e elevada pressão de vapor, como no exemplo do teste 6, onde esta, como explicado anteriormente, dificulta o aumento da concentração alcoólica dos vapores devido a elevada velocidade em que estes passam pela coluna de destilação. 4. CONCLUSÃO Após a realização dos experimentos, a obtenção dos resultados e a análise destes, concluiu-se que a pressão de vapor exerce grande influencia sobre o tempo dos processos e o volume de etanol retirado, pois esta diretamente ligada ao tempo de aquecimento da mistura Área temática: Simulação, Otimização e Controle de Processos 7

do sistema de destilação e a velocidade em que os vapores formados ascendem pela coluna, onde quanto maior a pressão de vapor, menor o tempo de start-up, e maior a velocidade da fase vapor. Para a determinação do melhor teste é necessário que o objetivo final do processo seja definido, por exemplo, tempo, volume de etanol produzido ou graduação alcoólica do retirado. Analisando o menor tempo como objetivo principal do processo, tem se o experimento 2 como o de maior rendimento, que durou cerca de 74 minutos, com uma vazão de 43,9 L.h -1 e um total de produto retirado acima de 92 ºGL de 16 litros. Neste teste utilizou-se uma taxa de refluxo de 0,75, pressão de vapor de 0,7 Kgf.cm -2 e graduação alcoólica inicial de mistura de 11% v/v. Devido à alta taxa de refluxo houve a purificação da fase vapor, e a retirada de produto com a graduação alcoólica desejada. A pressão de vapor, por ser alta, também pode ter influenciado em um menor tempo de start-up da coluna, diminuindo o tempo deste, e aumentando o tempo da fase estacionária (fase em que as temperaturas do sistema de destilação não sofrem grande variação, e que o produto de interesse é produzido). 6. REFERÊNCIAS CADORE, I. R. Eficiência de torres de destilação. 2011.46 f. Tese de Graduação em Engenharia Química. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 2011. FILETI, A. M. F. Controle em destilação batelada: controle adaptativo e controle preditivo com modelo baseado em redes neurais artificiais. 216 f. Tese de Doutorado em Engenharia Química. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 1995. MARANGONI, C., LEANDRO OSMAR WERLE, L.O., MACHADO, R. A. F. Controle multivariável com ação distribuída em uma coluna de destilação. 4º PDPETRO, Campinas-SP, 2007. PARISOTTO, I. G. B., OLIVEIRA, D. L., WERLE, L. O., MARANGONI, C., MACHADO, R. A. F. Uso de software comercial para estudo das variáveis da fase vapor de um processo de destilação quando utilizada uma nova estratégia de controle. 5º Congresso brasileiro de pesquisa e desenvolvimento em petróleo e gás. Fortaleza CE, 2009. TEIXEIRA, A. C. Inferências em Coluna de Destilação Multicomponente. Monografia. Curso de Graduação em Engenharia Química. UFSC, Florianópolis-SC, 2003. WERLE, L. O., MARANGONI, C., STEINMACHER, F. R., ARAÚJO, P. H.H. DE., MACHADO, R. A. F., SAYER, C. Estudo da etapa de aquecimento na partida de uma coluna de destilação comparando os efeitos da ação distribuida de calor com a convencional. 4º PDPETRO, Campinas-SP, 2007. Área temática: Simulação, Otimização e Controle de Processos 8