CORRELAÇÃO DO PESO DE COLÔNIAS DE ABELHAS JATAÍ (Tetragonisca angustula Latreille, 1811 Hym., Meliponinae) COM VARIÁVEIS AMBIENTAIS

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Transcrição:

CORRELAÇÃO DO PESO DE COLÔNIAS DE ABELHAS JATAÍ (Tetragonisca angustula Latreille, 1811 Hym., Meliponinae) COM VARIÁVEIS AMBIENTAIS Valéria Maria ATTENCIA 1, Wainer César CHIARI 1, Fábio Luis Buranelo TORAL 2, Adriano Ernesto de Toledo FRITZEN 2, Vagner de Alencar Arnaut de TOLEDO 3*, Yoko TERADA 4 (in memorian), Maria Claudia Colla RUVOLO-TAKASUSUKI 4, Fabiana Martins COSTA 2 1 Acadêmicos do curso de Pós-Graduação em Zootecnia - Produção Animal - UEM-Maringá-PR 2 Acadêmicos do curso de graduação em Zootecnia Universidade Estadual de Maringá-PR 3 Professor do Departamento de Zootecnia - Universidade Estadual de Maringá Av. Colombo, 5790 - Cep 87020-900 Maringá-PR, 4 Professoras do Departamento de Biologia Celular e Genética - UEM- Maringá-PR *vaatoledo@uem.br autor para correspondências INTRODUÇÃO As abelhas sem ferrão são responsáveis pela reprodução de 40 a 90% dos vegetais de fecundação cruzada em florestas tropicais, devido ao seu mecanismo de polinização. O vento, água, morcegos, aves, borboletas, coleópteros entre outros insetos, são responsáveis pelos 10% restantes da reprodução dos vegetais (KERR et al., 1996; AIDAR, 1997). Entre as abelhas indígenas sem ferrão, segundo NOGUEIRA NETO (1970 e 1997), a jataí é a que apresenta maior potencial como agente polinizador de flores não polinizadas por Apis mellifera. Pesquisas envolvendo sistemas de produção com a jataí são escassas, se comparadas com as desenvolvidas em relação a Apis mellifera, que é a mais pesquisada desde os primórdios da humanidade. Durante as últimas décadas foram desenvolvidos diversos modelos de colméias para a jataí e os criadores dessas abelhas perguntam: Qual é a melhor colméia para esse fim? Em qual delas essas abelhas produzem mais?. Existem atualmente sete modelos diferentes desenvolvidos em regiões diferentes do país; entre os quais podemos citar os modelos Paulo Nogueira Neto ou PNN (CAMPOS, 1991; MONTEIRO, 1998), Kerr, Capel, Juliane, Antonio Carlos Farias ou ACF (GLOBO RURAL, 1992), Maria (MONTEIRO, 1998), Guiliani (GUILIANI e PAIVA, 1997) e Sobenko (SOBENKO, 1997). No momento não existe colméia que seja considerada padrão para criação de jataí. A variação climática pode atuar na saída das abelhas campeiras para a coleta como nas plantas produtoras de néctar e pólen e, indiretamente na produtividade da colônia. Segundo ALLEN (1965) as temperaturas elevadas favorecem a atividade de vôo, se estão acompanhadas por ventos de pouca velocidade. Esta temperatura alta pode propiciar a floração de plantas apícolas, aumentando o desenvolvimento das colônias. Segundo FREE (1980), a disponibilidade de recursos alimentares (néctar e pólen) estão na dependência direta das condições ambientais, além do número de operárias e as variações das condições ambientais afetarem o aspecto produtivo e reprodutivo das colônias. Em virtude da sazonalidade e disponibilidade de alimento durante o ano, as abelhas podem ter seus ritmos de atividade modificados. Com isso, o armazenamento de alimento (mel e pólen), a postura da rainha e a ocupação dos favos estão sujeitos a variação. De maneira geral, há um efeito do clima sobre o 1

desenvolvimento das colônias em Apis mellifera (ALLEN, 1965; MITEV, 1967; WRAT, 1968; WEISS, 1975 e CORBELLA, 1983). Assim, o armazenamento de alimento (mel e pólen), a postura da rainha e a ocupação dos favos estão sujeitas a variações sazonais. Portanto, torna-se importante para a melhoria da produção, estudo relacionado às variações climáticas sobre o desenvolvimento das colônias. Sendo assim, o objetivo deste experimento foi avaliar se as variáveis climáticas influenciam o desenvolvimento de colônias de abelhas jataí Tetragonisca angustula. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido com colônias de Tetragonisca angustula instaladas no município de Maringá-PR, localizado na região noroeste do Estado do Paraná, que possui temperatura média anual de 21,9 o C, com altitude de aproximadamente de 554 m. O experimento foi realizado no período de dezembro de 1999 a dezembro de 2000. Foram utilizados quatro modelos de colméias, confeccionadas com a mesma madeira, com cinco repetições para cada modelo. O povoamento das colméias foi feito aleatoriamente para que as colônias ficassem homogêneas nos diferentes modelos. A coleta das colônias ocorreu de acordo com a metodologia descrita por Aidar (1999). Os modelos das colméias avaliados foram: Fritzen, Figura 1; Guiliani, Figura 2; Nogueira-Neto, Figura 3 e Antonio Carlos Farias, Figura 4 que possuíam as seguintes medidas de largura, comprimento e altura, em centímetros: 20x40x15; 17x39x20; 15x31x14 e 14x15x34, respectivamente. Mensalmente, as colméias foram pesadas em balança eletrônica da marca Filizola, modelo CS-15, para se obter por diferença o peso das colônias em relação ao seu peso inicial. Foram também obtidos dados climáticos de temperatura média, máxima e mínima de cada mês, umidade relativa do ar, precipitação pluviométrica e insolação coletados na Estação Meteorológica da Universidade Estadual de Maringá-PR. Para verificar a influência das condições climáticas sobre o desenvolvimento das colônias foi realizada uma análise de correlação parcial dos dados climáticos com o peso das colônias nos diferentes modelos de colméia. Este estudo foi realizado por meio de correlação parcial e regressão múltipla pelo software Statistical Analysis System (S.A.S.). RESULTADOS A Tabela 1 apresenta a correlação do peso médio das colônias de abelhas jataí T. angustula com as variáveis climáticas (temperatura média, temperatura máxima, temperatura mínima, umidade relativa do ar, precipitação e insolação). Pode-se notar que o peso das colônias sem considerar o modelo de colméia em que estas estavam alojadas não se correlacionou com nenhuma das variáveis climáticas. A Tabela 2 mostra a correlação do peso médio das colônias considerando cada modelo de colméia, no qual a colônia estava alojada, com cada variável climática. Pode-se observar que para o modelo Fritzen o peso médio das colônias se correlacionou positivamente somente com a temperatura mínima e a umidade do ar. Porém, não se correlacionou com as temperaturas média e máxima, precipitação e insolação. 2

Figura 1: Colméia modelo Fritzen com sobreninho para alojar abelhas jataí Tetragonisca angustula. Figura 2: Colméia modelo Guiliani para alojar abelhas jataí Tetragonisca angustula. 3

Figura 3: Colméia modelo Nogueira Neto para alojar abelhas jataí Tetragonisca angustula. Figura 4: Colméia modelo Antonio Carlos Farias (ACF) para alojar abelhas jataí Tetragonisca angustula. 4

Tabela 1. Coeficiente de correlação de Pearson (r 2 ) com sua respectiva probabilidade (P) entre as variáveis independentes: temperatura média (Tmed), temperatura máxima (Tmáx) e mínima (Tmín), umidade relativa do ar (Umid), precipitação pluviométrica (Precip), insolação (Insol) e a variável dependente: peso da colônia de jataí (Tetragonisca angustula), no período de dezembro de 1999 a dezembro de 2000 na região de Maringá-PR (análise geral sem considerar o tipo de colméia em que a colônia estava alojada). Peso da colônia (g) Tmed Tmáx Tmín Umid Precip Insol r²= 0,0080 r²= 0,0181 r²= 0,0175 r²= -0,0161 P= 0,5544 P= 0,1812 P= 0,1944 P= 0,2337 r²= 0,0132 P= 0,3285 r²= 0,0145 P= 0,2835 Tabela 2. Coeficiente de correlação de Pearson (r 2 ) com sua respectiva probabilidade (P) entre as variáveis independentes: temperatura média (Tmed), temperatura máxima (Tmáx) e mínima (Tmín), umidade relativa do ar (Umid), precipitação pluviométrica (Precip), insolação (Insol) e a variável dependente: peso da colônia de jataí (Tetragonisca angustula), no período de dezembro de 1999 a dezembro de 2000 na região de Maringá-PR (análise específica considerando o modelo de colméia em que a colônia estava alojada). Fritzen Guiliani Nogueira Neto Antonio Carlos Farias Tmed Tmáx Tmín Umid Precip Insol r²=0,02378 r²=0,01281 r²=0,06912 R²=0,07054 r²=-0,00765 r²=-0,01019 P=0,4960 P=0,7137 P=0,0476 P=0,0432 P=0,8266 P=0,7705 r²=0,08369 r²=0,06777 r²=0,08760 r²=0,06333 r²=0,01256 r²=0,01570 P=0,0009 P=0,0074 P=0,0005 P=0,0124 P=0,6201 P=0,5355 r²=0,00288 r²=0,00956 r²=0,00729 r²=0,01006 r²=-0,01631 r²=0,01467 P=0,9125 P=0,7147 P=0,7805 P=0,7005 P=0,5330 P=0,5748 r²=-0,03632 r²=-0,03912 r²=-0,04144 r²=-0,03407 r²=-0,04781 r²=0,02846 P=0,1407 P=0,1125 P=0,0927 P=0,1669 P=0,0524 P=0,2483 O peso das colônias alojadas no modelo Guiliani apresentou uma correlação positiva com as temperaturas média, máxima e mínima e também com a umidade relativa do ar, não se correlacionando com a precipitação e insolação. As colônias alojadas nas colméias modelo Nogueira Neto e Antonio Carlos Farias não apresentaram correlação com as variáveis ambientais (Tabela 2). 5

Na Tabela 3 são apresentadas as equações de predição obtidas pela análise de regressão múltipla utilizando o método Step Wise do S.A.S. Este método nos fornece uma equação que explicaria as variações ocorridas no parâmetro avaliado em função das variáveis independentes, neste caso todas variáveis ambientais conjuntamente e não somente uma a uma, como no caso da correlação de Pearson. Pode-se observar que o peso das colônias alojadas na colméia modelo Fritzen se correlacionou positivamente somente com a umidade relativa do ar. O peso das colônias alojadas no modelo Guiliani se correlacionou positivamente com a temperatura externa média, umidade relativa do ar e insolação. Observa-se também em todas as equações de predição que o R 2 ajustado apresenta valores muito baixos, provavelmente porque outras variáveis não envolvidas na análise exerceram uma influência maior. Tabela 3. Análise de regressão múltipla pelo método Step Wise, com os modelos selecionados, em Maringá PR, no período de dezembro de 1999 a dezembro de 2000, para Tetragonisca angustula (abelhas jataí), com dados de pesagem das colônias (g). Valor CV R² Modelo final selecionado Probab. de F ajustado MC1= 163,49 + 1(Umid.) 4,10 0,0432 74,14 0,0038 MC2= -76,51 + 4,93(Tmed.) + 2,91(Umid.) 83,07 11,00 0,0001 0,0189 +6,99(Ins.) MC1= modelo de colméia Fritzen; MC2= modelo de colméia Guiliani; Tmed.= temperatura externa média; Umid.= umidade relativa do ar; Ins.= Insolação. DISCUSSÃO A maior dificuldade na discussão deste trabalho é que não existem artigos científicos correlacionando alterações que ocorrem no desenvolvimento da colônia de abelhas sem ferrão com as variáveis ambientais. Em relação à T. angustula esta pesquisa é pioneira e os dados existentes foram obtidos em experimentos com Apis mellifera. É importante salientar que nas Tabelas 1 e 2, a correlação existente só é válida considerando-se duas variáveis de cada vez, uma dependente (variável analisada na colônia de abelhas) e outra independente (climática). De acordo com a Tabela 3, pode notar que a umidade relativa máxima do ar correlacionou-se positivamente com o peso da colônia alojada no modelo Fritzen, discordando de DURÁN (1991) e NOGUEIRA-COUTO (1991) que trabalhando com Apis mellifera encontraram correlação negativa; isto significa que quanto maior a umidade relativa do ar maior será o peso das colônias de T. angustula. NOGUEIRA-COUTO (1991) encontrou correlação negativa da umidade relativa mínima do ar, somente com a área de mel em A. mellifera significando que a alta umidade é prejudicial ao armazenamento de pólen, pois facilita o aparecimento de fungos. 6

Entretanto, para o modelo Guiliani as variáveis climáticas que se correlacionaram positivamente com o peso da colônia foram a temperatura externa média, a umidade relativa do ar e a insolação. Não houve correlação entre as variáveis ambientais com o peso das colônias alojadas nas colméias tipo Nogueira Neto e Antonio Carlos Farias. Contudo, ao final do experimento, somente as colônias alojadas nas colméias modelo Nogueira Neto e Guiliani apresentaram uma boa adaptação ao tipo de colméia e ao ambiente. Todas as colônias alojadas nas colméias tipo Fritzen e Antonio Carlos Farias ou abandonaram ou morreram, mostrando que estes tipos de colméias não são adequadas para abelhas jataí T. angustula na região de Maringá-PR. DURÁN (1991), NOGUEIRA-COUTO (1991), TOLEDO (1991, 1997) trabalhando com A. mellifera encontraram resultados variados e verificaram que as condições ambientais influenciaram o desenvolvimento das colônias e, dependendo da variável analisada (quantidade de mel estocada, produção de cria) o efeito das variáveis climáticas é benéfico ou prejudicial. GARCIA (1992) observou que a tendência de produzir mais ou menos realeiras em A. mellifera é mais influenciada pelas condições ambientais do que pelos fatores genéticos e PEREIRA (1996) obteve maior produção de geléia real nos meses com maior disponibilidade de alimento e verificou que o ambiente influenciou o desenvolvimento das glândulas hipofaringeanas. CONCLUSÃ0 Nas condições em que esta pesquisa foi realizada pode-se concluir que somente as colônias instaladas nas colméias modelo Guiliani e Nogueira Neto conseguiram chegar até o final do experimento, mostrando uma melhor adaptação às condições ambientais da região de Maringá-PR do que as alojadas nos outros modelos. Não houve correlação entre o peso das colônias de abelhas jataí T. angustula com as variáveis ambientais quando a análise não considerou o tipo de colméia. REFERÊNCIAS 1992. Jataí no Quintal, Globo Rural, 7(10):21-23. AIDAR, D.S. Meliponídeos e ecossistemas. In: SIMPÓSIO PARANAENSE DE APICULTURA, 12, 1997, Guarapuava, Anais... Guarapuava-PR. UNICENTRO, 1997, p.48-55. ALLEN, M.D. 1965. The production of queen cups and queen cells in relation to the general development of honeybee colonies, and its connection with swarming and supersedure. Journal of Apicultural Research, 4(3):121-141. CAMPOS, L. A. Abelhas indígenas sem ferrão. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 1991. 6p. (Informe Técnico 12, 67). CORBELLA, E. 1983. Relação entre algumas variáveis climáticas e a aceitação de larvas transferidas Dados preliminares. Na. Sem. Reg. Ecol. III. São Carlos, SP. 173-187. DURÁN, J.E.T. Estudo das variáveis ambientais e do ácaro Varroa jacobsoni na produção de geléia real em colméias de Apis mellifera. Jaboticabal, SP: UNESP, 7

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