OS IMPACTOS REGIONAIS NO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE SANTO ANTONIO DO SUDOESTE-PR

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Transcrição:

RESUMO OS IMPACTOS REGIONAIS NO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE SANTO ANTONIO DO SUDOESTE-PR VIEIRA, Tamara 1 JANKE, Marcela Peixer 2 MADUREIRA, Eduardo Miguel Prata 3 Este trabalho buscou realizar uma análise dos impactos regionais no desenvolvimento econômico de Santo Antonio do Sudoeste, localizada na região Sudoeste do Paraná. Tendo como base a idéia de Perroux (1967) que o crescimento não surge em todos os pontos do território, simultaneamente. Percebendo-se a dificuldade em se desenvolver economicamente, e tendo como hipótese a consequência do desenvolvimento polarizado e dos desequilíbrios regionais, pretende analisar e descrever as possíveis causas para a situação atual, além de propor soluções que possivelmente impulsionariam o desenvolvimento econômico municipal e até mesmo regional. PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento Econômico, Desigualdades Regionais, Desenvolvimento Polarizado. ABSTRACT IMPACTS ON REGIONAL ECONOMIC DEVELOPMENT OF SANTO ANTÔNIO DO SUDOESTE-PR This study attempts to make an analysis of the regional impacts on the economic development of Santo Antônio do Suodoeste, located in the Southwest region of Paraná. Based on the idea of Perroux (1967) that growth does not arise at all points in their territory simultaneously. Realizing the difficulty in developing economically, and considering that the consequence of the development of regional imbalances and polarized, seeks to analyze and describe the possible causes for the current situation, and propose possible solutions that would boost economic development and even municipal regional. KEYWORDS: Economic Development, Regional Inequalities, Polarized Development. 1. INTRODUÇÃO O presente artigo visa analisar a economia do município de Santo Santo Antonio do Sudoeste, localizado na região Sudoeste do Paraná, que faz fronteira com a Argentina, com relação aos impactos regionais que políticas de indução ao desenvolvimento, como as apresentadas por Perrox (1967), poderiam gerar. Perroux (1967) afirma que o desenvolvimento econômico não ocorre de maneira igualitária e simultânea em toda parte, e que, pelo contrário, é um processo irregular que enquanto fortalece determinadas áreas ou regiões, estará enfraquecendo outros locais, consequentemente, causando desequilíbrios regionais. Nesse sentido, em muitos casos, para que uma região ou cidade se fortaleça, outras poderão estar enfraquecendo. Percebendo-se a dificuldade em se desenvolver economicamente, e acreditando-se na hipótese de ser uma consequência do desenvolvimento polarizado e dos desequilíbrios regionais, o artigo pretende analisar e descrever as possíveis causas para a situação atual da cidade, além de propor algumas soluções que, possivelmente, serviriam de impulso para o desenvolvimento econômico municipal e até mesmo regional. Diversos teóricos analisaram a dinâmica econômica regional, principalmente no período pós Segunda Guerra Mundial, buscando esclarecimentos sobre essa problemática e apontando as possíveis soluções. Dentre os vários estudiosos desta área, será dada uma maior ênfase a Perroux (1967), cuja análise estimulou uma série de estudos convergentes. Outro teórico se será utilizado é Myrdal (1965), que trata da pobreza e do subdesenvolvimento como elementos cíclicos. O trabalho não tem como objetivo avaliar criticamente essas teorias, mas irá apresentar as idéias que fundamentaram a análise sobre os impactos no desenvolvimento econômico de Santo Antonio do Sudoeste, identificando as principais consequências e implicações, além de expor algumas possíveis soluções para a melhoria da qualidade de vida, infra-estrutura e desenvolvimento da cidade. 1 Arquiteta e Urbanista graduada na Faculdade Assis Gurgacz.email: tamara_vieira_7@hotmail.com 2 Arquiteta e Urbanista graduada na Faculdade Assis Gurgacz. email: marcelajanke@hotmail.com 3 Economista, Mestre em Desenvolvimento Regional. Pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Agronegócio e Desenvolvimento Regional (GEPEC) da UNIOESTE Campus de Toledo/PR. e-mail: eduardo@fag.edu.br 44 Anais do 11º Encontro Científico Cultural Interinstitucional 2013

2. O DESENVOLVIMENTO REGIONAL SEGUNDO PERROUX (1967) Perroux (1967) começa sua análise ao configurar o espaço polarizado. Para ele o espaço polarizado, é um tipo de espaço econômico (abstrato) e a polarizaçãocompreende forças de atração (centrípetas) e de repulsão (centrífugas), e surgem em razão da concentrações de população e de produção, basicamente. Uma grande indústria exerce poderosas forças de atração sobre o mercado de trabalho e sobre empresas fornecedoras de insumos, e forças de repulsão sobre concorrentes atuais ou potenciais e possivelmente sobre outras atividades com as quais é incompatível, como turismo ou agropecuária. Uma grande metrópole polariza fortemente toda a área circunvizinha, atraindo toda a sua população para as suas oportunidades de emprego, lojas, supermercados e serviços. Entretanto, mantém afastadas as populações mais pobres que não alcançam os elevados preços dos imóveis e obrigam-se a morar na periferia. A denominação polarizada traz implícita a existência de um pólo. Uma região polarizada pode, portanto, ser considerada como a área de influência de certo pólo. A partir do pólo, as funções que os subespaços desempenham podem ser hierarquizadas de forma decrescente, como é encontrado na Teoria dos Lugares Centrais. De acordo com essa teoria, o espaço organiza-se dispondo lugares subordinados em torno do lugar central, o conjunto assim constituído é funcionalmente integrado, e as funções que os diferentes lugares desempenham podem ser hierarquizadas a partir do lugar central. As áreas metropolitanas representam um exemplo muito claro de região polarizada. Essas áreas são geralmente constituídas por um grande pólo urbano que concentra atividades industriais, comerciais e de serviço, e no seu entorno existem centros muito menores cuja população aufere renda e realiza despesas quase exclusivamente no grande centro, por isso, esses centros menores são freqüentemente denominados cidades-satélites ou cidades-dormitórios. Nesse sentido, o processo de desenvolvimento possui uma trajetória própria e autônoma, além de ser específico a certas regiões. Assim, caberia ao governo regional descobrir no mercado externo as oportunidades para colocar em marcha o processo e cuidar para que os serviços públicos não constituam empecilho a sua trajetória. Disso resultaria drástica redução do espaço para o planejamento e para a política econômica. (ANDRADE, 1987) O desenvolvimento de uma região tende a estimular o desenvolvimento das regiões vizinhas ou, pelo contrário, representa um obstáculo para que estas também se desenvolvam. Ao atingir um certo nível de desenvolvimento, uma região passa a experimentar pressão crescente sobre a oferta interna de matérias-primas e se torna necessário importálas das regiões vizinhas. Como resultado, capital e recursos humanos qualificados migrariam para essas regiões, proporcionando o impulso inicial para também se desenvolverem. Dessa forma, haveria uma difusão ou espraiamento do desenvolvimento a partir da região mais desenvolvida. O espraiamento, entretanto, no outro extremo, gera uma frenagem ou bloqueio, ou seja, a região mais desenvolvida passa a exercer forte polarização ou dominação sobre as demais, atraindo para si os recursos de capital e a população mais jovem e empreendedora. Acredita-se, por exemplo, que os recursos financeiros captados pelos bancos nas regiões atrasadas encontram aplicações mais rentáveis e seguras na região-pólo. Ou, ainda, que os jovens educados e ambiciosos tendem a migrar para a região-pólo. A hipótese de frenagem está de acordo com a denominada Teoria da Dominação de Perroux (1967), voltada à explicação das relações entre unidades com diferentes poderes de barganha. A dominação consiste no exército de um efeito diferenciado e sem retorno por parte da unidade mais poderosa. Então, uma vez que a região mais desenvolvida possua as unidades econômicas dominantes, se configuraria em região dominante. Se a hipótese de espraiamento estiver correta, os desequilíbrios regionais tenderiam a diminuir voluntariamente com o passar do tempo, e as regiões menos desenvolvidas aos poucos se aproximariam dos padrões das regiões mais adiantadas. Se, entretanto, a hipótese de dominação estiver correta, os desequilíbrios tenderiam a se exacerbar com o passar do tempo e as regiões atrasadas se distanciariam cada vez mais das regiões desenvolvidas. Em uma política regional de desenvolvimento, a preocupação concentra-se na elevação do nível de renda, na implantação de novas indústrias e na geração de novos empregos. O aumento da renda per capita, como sua melhor distribuição entre as classes sociais e as regiões do país, principalmente nas áreas tradicionalmente mais pobres. O crescimento econômico pode ocorrer de modo muito concentrado espacial e setorialmente. O livre jogo das forças de mercado, principalmente nas fases iniciais do desenvolvimento, leva à concentração do crescimento na região central. Os fatores de produção, como capital e mão-de-obra, tendem a emigrar das regiões periféricas em direção do pólo nacional urbano/industrial. (SOUZA, 2009) O crescimento mais do que proporcional da região central, em relação às regiões periféricas, pode traduzir-se em menor desempenho da economia como um todo. Desse modo, a alternativa recomendável para o desenvolvimento regional poderia ser a da reestruturação das regiões periféricas. O conhecimento da razão pela qual determinadas indústrias e regiões crescem mais do que as demais, constitui o objetivo da teoria do crescimento polarizado. Anais do 11º Encontro Científico Cultural Interinstitucional - 2013 45

O crescimento econômico verifica-se pelo surgimento e desaparecimento de empresas, pela difusão imperfeita do crescimento entre setores e regiões e pelo crescimento desigual dos setores e das regiões. Na prática o crescimento ocorre de modo desequilibrado setorial e espacialmente e que existem efeitos de encadeamento diferenciados do crescimento entre setores e regiões. A idéia de difusão dos efeitos de encadeamento da produção e do emprego, ou de integração setorial e espacial, pressupõe a existência de canais de integração, Na ausência de tais canais, não ocorre integralmente a difusão do crescimento na economia local e entre os subespaços do sistema regional, implicando a evasão de tais efeitos para outros países ou para regiões mais desenvolvidas e mais distantes. Segundo a teoria do lugar central, os centros urbanos prestam serviços aos centros menores e, estes, ao espaço rural, no interior, seguindo uma hierarquia de funções: os centros maiores fornecem os serviços mais sofisticados, de tecnologia superior; os centros menores, localizados junto às áreas rurais, dispensam os serviços mais simples, de uso geral. (CAVALCANTE, 2008) O isolamento geográfico e econômico dos pólos revela a dificuldade da difusão dos efeitos de encadeamento. Essa difusão tende a não ocorrer em uma economia de subsistência, onde as relações capitalistas são fracas ou inexistentes, com insuficiência de infra-estruturas fundamentais, como estradas, meios de comunicação e empresas locais compradoras e vendedoras de insumos. As interdependências tecnológicas provocam a aglomeração territorial das atividades econômicas gerandos polos de crescimento. Esses pólos podem ser pólos locais, regionais, nacionais e internacionais. Localizando-se em uma área de fronteira, o pólo poderá formar, ainda, um pólo de integração. Um pólo de integração tem o objetivo de provocar o aumento das relações comerciais com a área objeto de integração. Pode haver conflito entre a área de influência do pólo com as fronteiras nacionais. A existência de barreiras alfandegárias podem dificultar a difusão integral dos efeitos de encadeamento em todo o espaço econômico potencial do pólo. A eliminação dessas barreiras comerciais aumenta a integração espacial entre os pólos e suas áreas de influência, beneficiando todos os agentes econômicos que se disseminam no espaço geográfico compreendendo mais de um país. 3. ANÁLISES E DISCUSSÕES O município de Santo Antônio do Sudoeste possuía, segundo o IBGE (2010), cerca de 35 mil habitantes no ano de 1980, e em 1991, esse número era de cerca de 20 mil, apresentando uma queda de 15 mil habitantes em um década. Isso representa um decréscimo de 42,86%. As possíveis causas para isso podem ser encontradas na polarização do crescimento econômico no Brasil, além de suspeitar-se de um crescimento desproporcional com relação às regiões centrais, por estar localizada em uma região periférica (cidade fronteiriça com a Argentina), já que comumente as forças de mercado, principalmente nas fases iniciais do desenvolvimento, tendem a concentrar o crescimento na região central. A centralização pode revelar o menor desempenho da economia como um todo. O capital e a mão-de-obra tendem a emigrar das regiões periféricas, em direção aos pólos, já que esses costumam representar uma ampla possibilidade de empregos e especialmente a melhoria da qualidade, almejada pela grande maioria da população, que acaba sendo atraída a esses grandes centros, em busca daquilo que provavelmente estaria faltando nas regiões periféricas. Perroux (1967) afirma que o crescimento não surge em todos os pontos do território, simultaneamente, reforçando a idéia de que a polarização gera um desequilíbrio entre as regiões, concluindo que, para que uma cidade (ou região) se fortalecer aumentando sua população e sua produção, automaticamente algum lugar do país estará sofrendo as consequências, perdendo seus moradores e diminuindo o desenvolvimento. Nesse sentido, encontra-se aqui uma das justificativas para a significativa diminuição de moradores em Santo Antonio do Sudoeste. Os antigos habitantes provavelmente encontraram ou foram em busca de oportunidades que a cidade não oferecia e que podiam ser encontradas nas cidades circunvizinhas. Um exemplo atual, prático e simples, é a migração de jovens, todos os anos, para outras cidades, destacando principalmente a cidade de Cascavel-PR, localizada na região Oeste, e Francisco Beltrão-PR, localizada na mesma região (Sudoeste) em busca de ensino superior, já que a cidade não oferece este recurso. O abandono desses jovens, mesmo que apenas por um determinado limite de tempo (geralmente entre 4 a 5 anos) acaba prejudicando e diminuindo os investimentos no local de origem durante esse período de tempo, e fortalecendo ainda mais a economia e o desenvolvimento das cidades de destino. Muitos desses jovens acabam não retornando à cidade por não encontrar subsídios, e obter oportunidades de sobrevivência no lugar onde estudaram ou em centros maiores e, que com relação à Santo Antonio do Sudoeste, possuem uma economia em melhor desenvolvimento e até mesmo um IDH 4 mais favorável. 4 Índice de Desenvolvimento Humano. 46 Anais do 11º Encontro Científico Cultural Interinstitucional 2013

A possibilidade do pólo de crescimento exercer efeitos negativos nas regiões periféricas, foi salientada por Myrdal (1968), quando analisou as causas das desigualdades entre países e regiões e o motivo pelo qual tais desigualdades tendem a aumentar, onde concluiu que a causa fundamental reside no principio da causação circular cumulativa do círculo vicioso da pobreza. FIGURA 1 Teoria da Causação Circular de Myrdal Fonte: Myrdal (1965) adaptação dos autores. O IDH Municipal da cidade de Santo Antônio do Sudoeste tem melhorado, conforme aponta a Tabela 1. Mas essa melhora não tem sido suficiente para diminuir a evasão populacional. Tabela 1 - IDH (Índice de Desenvolvimento Urbano) de Santo Antonio do Sudoeste-PR 1991 2000 Educação 0,729 0,833 Longevidade 0,637 0,685 Renda 0,548 0,628 IDH Municipal 0,638 0,715 Fonte: IPARDES (2012). Pode-se notar que todos as variáveis apresentaram aumento, porém nenhuma delas atinge o nível esperado pelo país que é de 0,800 a 1, o que significa que estão abaixo do necessário. Assim, espera-se que façam-se inestimentos em saúde e Educação, que conforme a Teoria da Causação Circular de Myrdal (1965) tenderiam a configrar-se em melhorias do emprego e da renda. Nesse sentido fazem-se necessários investimentos para a capacitação profissional e o aperfeiçoamento, que impulsionaria a geração de empregos e diminuiria as taxas de desemprego no município ou até mesmo na região, elevando a renda da população e consequentemente a renda municipal, que estão diretamente relacionadas. É como se houvesse uma íntima relação entre todos os índices e a cidade dependesse do pleno desenvolvimento de todos para que também consiga se desenvolver. Uma cidade bem desenvolvida também significa uma cidade que proporcione uma boa qualidade de vida. A polarização geográfica se traduz pelo desenvolvimento de centros urbanos secundários, articulando os centros principais, com os centros menores e a zona rural. Segundo Lima (2003), a noção de pólo está ligada à noção de dependência, o pólo reflete a concentração das atividades produtivas e da existência de um centro. Segundo a teoria do lugar central, os centros urbanos prestam serviços aos centros menores e, estes ao espaço rural, no interior, seguindo uma hierarquia de funções: os centros maiores fornecem os serviços mais sofisticados, de tecnologia superior; os centros menores, localizados juntos as áreas rurais (nosso caso), dispensam os serviços mais simples, de uso geral. (SCUSSEL, 1993, p. 32) Considerando-se que o Município de Santo Antônio do Sudoeste é produtor de suínos e aves, uma possível solução para melhorar a economia da cidade, amenizando os impactos sofridos por por estar situada em uma área periférica e que atualmente possui deficiências de infra-estrutura, tanto no que diz respeito ao acesso da cidade por rodovias esquecidas pela gestão pública, quanto pela descentralização gerada pela região Oeste, que representa um pólo de crescimento que contribui para despolarizar a região Sudoeste, seria a instalação de um frigorífico que poderia atuar Anais do 11º Encontro Científico Cultural Interinstitucional - 2013 47

como protagonista no desenvolvimento econômico da cidade, gerando emprego e renda para a população, atraindo mais moradores e até, possivelmente, uma maior atenção do governo, como ocorreu com a cidade de Toledo/PR 5. O isolamento geográfico e econômico dos pólos revela a dificuldade da difusão dos efeitos de encadeamento. Essa difusão tende a não ocorrer em uma economia de subsistência, onde as relações capitalistas são fracas ou inexistentes, com insuficiência de infra-estruturas fundamentais, como estradas, meios de comunicação e empresas locais compradores e vendedoras de insumos.( SCUSSEL, 1993, p. 32) Para neutralizar os efeitos regressivos e promover o desenvolvimento das regiões periféricas, torna-se necessário, em primeiro lugar, aumentar a dimensão dos efeitos propulsores provenientes do pólo urbano/ industrial, e é aí que, mais uma vez, a implantação de um frigorífico seria um fator significativo para a economia. Considerando-se o estudo de Rippel (1995) sobre os ecadeamentos produtivos gerados pela instalação de um frigorífico da Sadia na Cidade de Toledo, pode-se acreditar ainda mais na possibilidade de crescimento e desenvolvimento para Santo Antonio do Sudoeste, com a futura instalação do frigorífico, visto que o trabalho apresenta os impulsos gerados na cidade de Toledo com a inserção da Frigobrás-Sadia, onde o autor afirma que os estímulos de crescimento, inicialmente ocorridos apenas nos setores locais diretamente relacionados à empresa, repercutiram também naqueles segmentos ligados a ela indiretamente, resultando no surgimento de várias outras empresas. Assim, a consolidação da Frigobrás e o surgimento dessas novas empresas (conhecidas como empresas comunitárias), proporcionou ao município de Toledo um maior destaque no cenário da economia estadual. Acredita-se que, se de fato houver a implantação do frigorífico previsto para Santo Antonio do Sudoeste, a cidade também pudesse obter os resultados positivos que Toledo atingiu, adquirindo destaque e atenção no âmbito estadual, o que poderia influenciar positivamente vários outros aspectos, tais como uma melhor infra-estrutura (levando em conta que a rodovia que dá acesso à cidade é a PR-163, a qual encontra-se atualmente com muitas deficiências), além de ofertar a possibilidade de emprego, atrair novos moradores, aumentar a renda municipal, e até mesmo influenciar no possível surgimento de novas empresas, relacionadas ou não com o frigorífico. A melhoria na infra-estrutura e projetos vinculados à agricultura, já que a região é apta e merece investimentos do governo, assim como atividades industriais, tendo em vista as fábricas de vestuário já existentes na cidade, e que geram empregos a boa parte da população, e a futura instalação de um frigorífico, podem contribuir para o aumento dos efeitos propulsores. A região Oeste do Paraná, com destaque para as cidades-polo de Cascavel, Foz do Iguaçu e Toledo, que contribuem significativamente na participação da renda do Estado, possuem uma infra-estrutura muito mais adequada e propensa ao desenvolvimento que a infra-estrutura do Sudoeste, uma vez que atualmente não tem uma participação de destaque na economia estadual e talvez por isso, não receba a atenção almejada. 4.CONSIDERAÇÕES FINAIS Este artigo se propôs a analisar os problemas encontrados no desenvolvimento econômico e regional de Santo Antonio do Sudoeste, demonstrando as possíveis causas e consequências. Tomando como partido a problemática existente atualmente no município, a análise foi realizada através de conceitos de polarização e teorias que evidenciaram irregularidades no processo de crescimento. Assim, dentre vários outros fatores, percebe-se o desenvolvimento polarizado de algumas regiões geram os desequilíbrios regionais que afetam a localidade. Além de estudo de análise para compreensão e entendimento, referentes ao desenvolvimento econômico e regional, o artigo apresentou ainda algumas possíveis soluções para melhoria econômica da cidade de Santo Antonio do Sudoeste. Portanto, o estudo define que uma cidade ou região, para seu pleno desenvolvimento, deve ser capaz de criar empregos, garantir educação, saúde e uma boa qualidade de vida. Porém, este artigo não ou esgota com esse estudo, ficando assim uma lacuna aberta para ser preenchida por um outro pesquisador. REFERÊNCIAS ANDRADE, M. C. Espaço, polarização & desenvolvimento: uma introdução à economia regional. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1987. 5 Maiores informações sobre esse processo ver RIPPEL (1995) 48 Anais do 11º Encontro Científico Cultural Interinstitucional 2013

CAVALCANTE, L. R. M. T. Produção teórica em economia regional: uma proposta de sistematização. Revista Brasileira de Estudos Regionais e Urbanos. São Paulo, vol. 02, nº 1, p. 09-32, 2008. IPARDES BDEWEB Base de Dados do Estado. Disponível em: <http://www.ipardes.pr.gov.br/imp/index.php>. Acesso em: 26 set. 2011. LIMA, J.F. A Concepção do Espaço Polarizado. n. 7, Set. 2003. p. 7-14. MYRDAL, G. Teoria Econômica e Regiões Subdesenvolvidas. Lisboa: Editora Saga, 1965. 240 p. PERROUX, F. A Economia do Século XX. Lisboa: Livraria Morais Editora, 1967. 755 p. RIPPEL, R. Os Encadeamentos Produtivos de Um Complexo Agroindustrial: Um Estudo de Caso da Frigobrás-Sadia de Toledo e das Empresas Comunitárias. 1995. Dissertação (Mestrado no curso de Pós- Graduação em Desenvolvimento Econômico), Universidade Federal do Paraná, Curitiba. SCUSSEL, Maria Conceição Barletta. A criação de Municípios e seu impacto na qualificação do espaço Urbano. Análise Econômica. Porto Alegre: Ano 11, n. 30, p. 29-59, 1993. SOUZA, N.J. Desenvolvimento Regional. São Paulo: Atlas S.A, 2009. 198 p. Anais do 11º Encontro Científico Cultural Interinstitucional - 2013 49