VISÃO GERAL DOS LIVROS DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
Teoria Geral do Processo Civil Das normas processuais civis Artigo 1º ao artigo 317 do Código de Processo Civil
Parte Especial sentença Processo de conhecimento ao cumprimento de Artigo 318 ao artigo 538 do Código Civil
Procedimentos Especiais Artigo 539 ao artigo 718 do Código de Processo Civil
Procedimentos de jurisdição voluntária Artigo 719 ao artigo 770 do Código de Processo Civil
Processo de Execução Artigo 771 ao artigo 925 do Código de Processo Civil
Processos nos Tribunais e dos Meios de Impugnação das Decisões Judiciais Da ordem dos processos e dos processos de competência originária dos tribunais Artigo 926 ao artigo 993 do CPC
Recursos Artigo 994 a 1.044 do CPC
Disposições finais e transitórias Artigos 1.045 a 1.072 do CPC
1. Conceito de Petição Inicial Art. 319 do CPC A petição inicial é o ato formal do autor que dá início à causa. É um requerimento que contém a exposição do fato e dos fundamentos jurídicos do pedido sobre o qual incidirá a tutela jurisdicional.
2. Requisitos da petição inicial A petição inicial é redigida de acordo com os requisitos do art. 319 do CPC a fim de ser considerada apta, ou seja, idônea para a obtenção do pronunciamento judicial sobre o pedido.
A petição inicial deve ser escrita em Língua Portuguesa (vernáculo).
Art. 192 CPC Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso da língua portuguesa.
3. Endereçamento Art. 319, inc. I, do CPC A petição inicial indicará: I o juízo a que é dirigida
Competência - Art. 46 do CPC O art. 46 do CPC trata da competência interna, ou seja, indica o lugar onde a ação deve ser distribuída, de acordo com seu objeto.
Competência no Código de Processo Civil Art. 43 do CPC Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.
4. Qualificação das partes - Art. 319, inc. II, do CPC II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
Se o autor não tiver a qualificação completa do réu, poderá requerer ao juiz de direito diligências necessárias para obtê-la. [Art. 319, 1º, do CPC]
A petição inicial não será indeferida ainda que a qualificação do autor esteja incompleta desde que seja possível a citação do réu. [Art. 319, 2º, do CPC]
Se o autor não tiver a qualificação completa do réu, havendo possibilidade de ele ser citado, a petição inicial não será indeferida, principalmente se a obtenção das informações for impossível ou excessivamente onerosa o acesso à justiça [Art. 319, 3º, do CPC]
Quando a parte (autor ou réu) for pessoa jurídica, a petição inicial deve identificar a própria pessoa jurídica e seu representante, ou seja, aquele que tem poderes para representar a empresa em juízo. Em audiência, o preposto poderá ir no lugar do representante, munido de carta de preposição.
5. Fato e fundamentos jurídicos do pedido - Art. 319, inc. III, do CPC III o fato e os fundamentos jurídicos do pedido
Conceito de fato jurídico Fato jurídico é todo acontecimento, natural ou humano, suscetível de produzir efeitos jurídicos
Conceito de fundamento jurídico Fundamento jurídico é o motivo que justifica a existência da ação, baseado nos princípios de ordem jurídica. Da mihi factum, dabo tibi jus (Dá-me os fatos, e eu te darei o direito)
Conceito de fundamento legal Fundamento legal são os artigos da lei em que se baseiam os pedidos do autor.
É Importante indicar o fundamento legal para fins de prequestionamento Recurso Especial e Recurso Extraordinário.
FATO E FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO = CAUSA DE PEDIR
Teoria da substanciação Na teoria da substanciação, a petição inicial define a causa de pedir, de maneira que o fato e os fundamentos jurídicos precisam ser indicados com precisão.
O Código de Processo Civil não autoriza a aplicação da teoria da individuação. Nessa teoria, na inicial, o autor indica o fundamento geral para o pedido. Exemplo: O autor é credor, logo requer o pagamento.
Teoria da substanciação: Ora, se é credor, logo deve indicar a causa que o levou a ser credor.
5 O pedido - Art. 319, inc. IV, do CPC O pedido com as suas especificações.
O pedido é o objeto da causa. É o bem da vida. É aquilo que o autor pretende do Estado frente ao réu.
Pedido imediato: o tipo de provimento jurisdicional (condenatório, constitutivo, declaratório) Pedido mediato: o bem da vida almejado.
5.1. Classificação dos pedidos 5.1.1. Pedido cominatório: neste caso, o autor pretende que o réu se abstenha de praticar algum ato, ou que tolere alguma atividade, ou deva praticar algum ato personalíssimo que não possa ser praticado por terceiro
O autor requererá ao juiz que fixe uma multa (astreintes) ao réu, caso ele descumpra a determinação judicial.
Exemplo Um artista é contratado para pintar uma tela. Recebe o pagamento, mas não cumpre com o contrato. O contratante propõe ação judicial a fim de exigir o cumprimento da obrigação. Além de determinar ao pintor o cumprimento do contrato, fixa multa diária ( astreintes ).
5.1.2. Pedido alternativo: é aquele em que o devedor pode cumprir a prestação de mais de um modo em virtude da natureza da obrigação.
Exemplo: Tício vende para Mélvio um veículo. Um mês após a aquisição do carro, Mélvio verifica que o automóvel apresenta problemas no motor e precisa de conserto. Mélvio aciona Tício judicialmente para devolver o cavalo e recuperar o dinheiro ou haja abatimento no valor.
O pedido alternativo classifica-se como prestação disjuntiva, isto é, ou uma prestação ou outra. O direito material exige a formulação de uma delas alternativamente.
Essa alternatividade deve ser oferecida e assegurada ao réu se estiver expressa no contrato. Se a escolha for do credor, este deverá requerer o pedido na petição inicial, optando por um dos pedidos
Se a escolha competir ao réu, este o fará por ocasião da contestação. Se não o fizer, o juiz determinará na sentença qual será a obrigação.
Art. 325 do CPC O pedido será alternativo quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo.
Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo.
5.1.3 Pedido subsidiário ou sucessivo: Caracteriza-se quando o autor formular um pedido principal e outro secundário, requerendo ao juiz da causa que conheça do pedido secundário, se não puder acolher o pedido principal.
Exemplo José financia um apartamento e está pagando normalmente as parcelas. Decorridos dois anos, a instituição financeira aliena o imóvel a um terceiro. João propõe ação judicial em face da instituição financeira, requerendo que seja cumprido o contrato ou, se não for possível, que lhe sejam devolvidas as parcelas pagas. Mas veja: José quer o apartamento.
Art. 326 do CPC É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do posterior, quando não acolher o anterior.
Parágrafo único: É lícito formular mais de um pedido, alternativamente, para que o juiz acolha um deles.
5.1.4. Pedido cumulado: Trata-se de cumulação plena e simultânea, representando a soma de várias pretensões jurídicas a serem satisfeitas cumulativamente num só processo.
Exemplo João, proprietário de imóvel locado, propõe ação de cobrança cumulada com despejo por falta de pagamento.
5.1.5. Pedido de prestação periódicas: São possíveis nas ações judiciais que objetivam ao cumprimento de obrigações de trato sucessivo, como, por exemplo, aluguéis vencidos e vincendos.
Note-se que, mesmo que não haja expressa indicação do pedido, as prestações periódicas, ou seja, de trato sucessivo serão incluídas na sentença.
Art. 322 do CPC O pedido deve ser certo. O pedido deve ser claro (certo) e manter relação lógica com a causa de pedir.
Pedido certo é pedido explícito, claro. O pedido não pode ser obscuro nem estar implícito, ou seja, o juiz de direito não pode deduzir a pretensão do autor. [Art. 322 do CPC]
O pedido determinado é aquele que se refere aos limites da pretensão. [Art. 324 do CPC]
6. Pedidos genéricos Art. 324, 1º, do CPC: Pedido genérico (pedido certo, mas não determinado, ou seja, indica o bem pretendido, mas não a quantidade.
a) Ações universais: universalidade de fato e de direito. Exemplos: uma coleção de livros, a herança etc.
Art. 324, inc. II, do CPC b) Quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato ilícito.
Exemplo: Às vezes, não se sabe se o autor se recuperará de uma lesão corporal ou se desta resultará incapacidade.
Art. 324, inc. III, do CPC c) Quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.
Exemplo: Ação de prestação de contas, porque só depois de o réu prestá-las, poder-se-á verificar se há saldo em favor do autor.
Cumulação de Pedidos Art. 327 do CPC (Cumulação objetiva) É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.
Exemplo: É possível ao credor cumular dois ou mais pedidos de cobrança contra o mesmo réu no mesmo processo, ainda que as dívidas sejam independentes entre si e não guardem nenhuma relação umas com as outras, o que se justifica pela economia processual.
Art. 327 do CPC a) Os pedidos precisam ser compatíveis entre si. Por exemplo: autor vendeu o imóvel e não recebeu o sinal. Propõe ação para rescindir o contrato e receber o sinal. Ver art. 475 do CC
Art. 327 do CPC b) O juiz de direito deve ser competente para conhecer dos pedidos.
Art. 327 do CPC O autor deve elaborar pedidos que sejam da competência do mesmo juiz. Por exemplo: um pedido cível e outro trabalhista. Um pedido de competência do juiz Estadual e outro Federal.
Art. 327 do CPC c) O procedimento precisa ser o mesmo. Os pedidos devem obedecer ao mesmo procedimento. Não é possível elaborar um pedido de cumprimento do contrato e, na mesma ação, requerer ação de exigir contas, pois os procedimentos são diferentes.
Depois de registrada ou distribuída a petição inicial, o autor poderá emendá-la ou alterar o pedido ou a causa de pedir:
a) até a citação; b) até o despacho saneador com o consentimento do réu, assegurado o direito do contraditório mediante possibilidade de manifestação do réu no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultando requerimento de prova suplementar;
ATENÇÃO Depois do despacho saneador, o autor não poderá emendar, alterar ou aditar o pedido ou a causa de pedir mesmo com o consentimento do réu. (Artigo 329 do CPC)
Art. 321 do CPC Se a petição inicial não preencher os requisitos dos arts. 319 e 320 do CPC ou se apresentar defeitos ou irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.
7. Indeferimento da petição inicial Artigo 330 do CPC A petição inicial será indeferida quando: a) for inepta; É aquela que não esta apta para produzir os efeitos jurídicos do pedido.
II a parte for manifestamente ilegítima O juiz de direito indeferirá a petição inicial se tiver absoluta convicção de que não existe legitimidade ad causam. Caso contrário, mais prudente será determinar a citação do réu e deixar a questão para ser decidida posteriormente;
III - o autor carecer de interesse processual; Trata-se de uma das condições da ação (possibilidade jurídica do pedido e legitimidade de parte).
Deve-se, ainda, acrescentar que, para se caracterizar o interesse processual, precisa haver adequação do provimento e do procedimento eleitos pelo autor.
IV - não atendidas as prescrições dos artigos 106 e 321 do CPC; Art. 106 do CPC disciplina a atuação do advogado em causa própria. Art. 321 do CPC trata do indeferimento da petição inicial que apresenta defeitos e irregularidades.
8. Petição inicial inepta O art. 330, 1º, incs. I a IV, explicita que a petição inicial será inepta, quando:
I faltar-lhe pedido ou causa de pedir: O pedido é a essência da ação judicial, portanto, se faltar o pedido, o juiz de direito não saberá o que pleiteia o autor. A causa de pedir é o motivo que levou o autor ajuizar a demanda. Trata-se da soma do fato e dos fundamentos jurídicos do pedido.
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico; O pedido tem de ser certo e determinado. Pedido genérico só quando a lei autorizar.
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; O problema aqui é de redação forense. O autor expõe o fato e os fundamentos jurídicos e o pedido não mantém relação com a narração jurídica.
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. São aqueles pedidos que não podem coexistir ou concordar entre eles mesmos. Os pedidos formulados pelo autor devem ser coerentes e harmoniosos entre si, mantendo uma relação lógica com o nexo causal.
Art. 330, 2 º, do CPC Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito.
O valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo contratados.
Art. 331 do CPC - Indeferimento da petição inicial Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se.
Art. 331, 1 º, do CPC Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso.
Art. 331, 2 º, do CPC Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a correr da intimação do retorno dos autos, observado o disposto no art. 334.
Artigo 331, 3 o do CPC Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença.
9. Da improcedência liminar do pedido Nas ações judiciais que versarem sobre matéria de direito, ou que dispensarem a fase instrutória, o juiz de direito, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
a) Enunciado de Súmula do STJ ou STF. b) Acórdão do STJ ou STF proferido em julgamento de recursos repetitivos.
c) Entendimento firmado em incidente de resolução das demandas repetitivas ou de assunção de competência.
Artigo 976 do Código de Processo Civil Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR) Cabível a instauração desse incidente quando houver efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma questão unicamente de direito e quando houver risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.
Artigo 947 do Código de Processo Civil Incidente de Assunção de Competência Incidente admissível quando o julgamento de recurso, remessa necessária ou de processo de competência originária envolver relevante questão de direito, com grande repercussão social, sem repetição de múltiplos processos.
Art. 332, 1 o do CPC O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.
Art. 332, 2 o do CPC Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241 do CPC.
Art. 332, 3 o do CPC Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.
Art. 332, 4 o do CPC Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento, com citação do réu e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.
10. Valor da causa Art. 319, inc. V, do CPC V o valor da causa Toda causa deverá indicar um valor.
Art. 291 do CPC A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico aferível. Ex.: ação declaratória
Art. 291 do CPC I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data de propositura da ação;
II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida;
III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor;
IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação da área ou do bem objeto do pedido;
V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido;
VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles;
VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor;
VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal.
Artigo 319, VI, do CPC As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos.
Art. 319, inc. VIII, do CPC VIII A opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.
O Código de Processo Civil, no art. 319, não traz como requisito da petição inicial o requerimento para citação do réu.