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Transcrição:

I. RELATÓRIO PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE FOZ DO IGUAÇU 1º JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DE FOZ DO IGUAÇU - PROJUDI Avenida Pedro Basso, 1001 - Polo Centro - Foz do Iguaçu/PR - CEP: 85.863-756 - Fone: (45) 3026-1500 Autos nº. 0008460-74.2014.8.16.0030 SENTENÇA A denúncia imputa ao réu a prática dos delitos tipificados pelos art. 139 e 140 c/c art. 141, incisos II e III, todos do CP. O réu não faz jus a transação penal e a suspensão condicional do processo. Após oferecimento de defesa prévia a denúncia foi recebida em 30 de abril de 2014. Foi realizada audiência de instrução e julgamento, sendo ouvida a vítima e, após, o réu foi interrogado. As partes apresentaram suas alegações finais, sob a forma de memoriais escritos (seq. 58.1 e 64.1). É o que importa relatar. DECIDO. II. FUNDAMENTAÇÃO

Da preliminar. Alega a defesa a falta de representação como condição de procedibilidade da ação penal. Sem razão. Conforme se observa da documentação anexa na seq. 1.6, a vítima expressamente declarou interesse na representação, motivo pelo qual a preliminar deve ser rejeitada. Doutrina e jurisprudência consagraram entendimento de que a representação criminal não demanda forma especial, bastando que o ofendido demonstre induvidosa vontade de ver o sujeito ativo do delito processado. Afasto, pois, a preliminar. Estando presentes, portanto, todos os pressupostos de constituição e desenvolvimento válido e regular do processo, bem como as condições da ação penal e não havendo nulidades a serem declaradas, passo à análise do mérito. Do crime tipificado pelo art. 139, do CP. Dispõe o art. 139 do Código Penal: Difamação Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe reputação: fato ofensivo à sua Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Para a configuração do crime de difamação é imprescindível que o sujeito ativo do delito impute a outrem fato ofensivo a sua reputação. Quer isso dizer que não basta o mero insulto, mas sim que o agente faça referência a um acontecimento concreto e que exponha dados descritivos da ocasião como, por exemplo, dia, hora e local. Da análise do conteúdo da denúncia não se vislumbra a descrição pormenorizada do fato para ensejar a configuração do delito de difamação, motivo pelo qual o reconhecimento da ausência do crime é medida de rigor. Do crime tipificado pelo art. 140, do CP. Materialidade. A materialidade delitiva em relação ao fato restou cabalmente comprovada através do documento juntado na seq. 1.12 e 1.13 (declaração prestada na rede social Facebook). Autoria. A autoria do fato é certa e recai sobre o réu, Pedro Augusto Rodrigues. É possível observar que o texto foi publicado na página pessoal do réu. Ademais, quando de seu interrogatório o réu confessou a elaboração do texto, negando a intenção de ofender a honra da vítima

Da tipicidade. No tocante ao crime de injúria, o tipo objetivo perfaz-se na conduta praticada pelo réu que se amolda ao preceito primário insculpido no art. 140 do Código Penal: Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Injuriar significa ofender, insultar, xingar, mas para a configuração do crime é preciso que tal ofensa seja capaz de atingir a dignidade da pessoa, seu amor-próprio, sua honra subjetiva ou o conceito que a vítima tem de si mesma. Na injúria não há a imputação de um fato, mas a opinião que o agente dá a respeito do ofendido (Celso Delmanto, Código Penal Comentado). Consuma-se quando tal ofensa chega ao conhecimento do ofendido. Ainda, se trata de crime que exige o elemento subjetivo específico do tipo, consubstanciado na vontade livre e consciente de ofender, insultar. Analisando o conteúdo da postagem se conclui que o réu nitidamente atuou com animus injuriandi, eis que sua publicação não se limitou a narrar o ocorrido em audiência de tentativa de conciliação. Ao dizer que o Promotor (vítima) está preocupado apenas a aparecer na mídia, agiu o réu com evidente intenção de humilhar, de ofender a honra subjetiva da vítima. Deve ser levado em consideração que a vítima é Promotor de Justiça atuante na área do Patrimônio, com intervenção direta nas questões envolvendo a saúde pública do município, motivo pelo qual o contexto em que foi proferida a frase traz evidente intenção de menoscabo. Nesse ponto cumpre dizer que o texto não traz mera descrição do ocorrido em

audiência, uma vez que para tanto não há necessidade de do uso de ridicularização, humilhação ou achincalhamento, como impingiu o réu a vítima ao afirmar que está preocupado apenas a aparecer na mídia, ignorando a importância da saúde e do hospital municipal para o povo. Portanto, a injúria foi propalada com inequívoca intenção de menosprezo (vontade livre e consciente direcionada para a prática do crime), não sendo o caso de animus narrandi, criticandi, corrigendi ou jocandi. A consumação do delito ocorreu quando a vítima tomou conhecimento da injúria. Nesse ponto não assiste razão a defesa quando aduz que não há comprovação de que outras pessoas tiveram acesso à postagem, pois basta ver que o texto teve 122 curtidas, mais de 26 comentários e 1 compartilhamento. Assim sendo, comprovada a materialidade, a autoria e não havendo causa de exclusão do crime ou isenção de pena a condenação do réu é medida de rigor. Da causa especial de aumento de pena. Estabelece o art. 141, incisos II e III, do CP que a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra funcionário público em razão de suas funções e/ou por meio que facilite a divulgação da injúria. In casu, resta evidente que a ofensa foi proferida em razão da função da vítima, eis que é Promotor de Justiça atuante nesta Comarca. Ademais, ao proferir a injúria em página na rede social o réu facilitou a divulgação, na medida em que nos dias atuais a rede mundial de computadores exerce função multiplicadora de opiniões. Deve ser registrado que após 17 horas da publicação o texto já contava com 122 curtidas, mais de 26 comentários e 1 compartilhamento. Assim, por óbvio que o meio empregado para propalar a ofensa facilitou sua divulgação.

Assim sendo, reconheço a incidência dessas causas especiais e aumento a pena para o crime de injúria em um terço. III. DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE EM PARTE a denúncia, para os fins de ABSOLVER o réu Pedro Augusto Rodrigues do crime tipificado pelo art. artigo 139, do Código Penal, com fundamento no art. 386, inciso III, do CPP; e CONDENAR o réu Pedro Augusto Rodrigues pela prática do crime tipificado pelo art. 140, caput, do CP. Partindo do mínimo legal e nos moldes do sistema trifásico proposto por Nelson Hungria e positivado no art. 68 do Código Penal, passo a dosar-lhe a pena. IV. DOSIMETRIA PENAL 1. Pena privativa de liberdade Na primeira fase, referente à apuração das circunstâncias judiciais previstas no art. 59 da Lei Substantiva Penal, verifica-se que: a) a culpabilidade, entendida como especial juízo de reprovabilidade que eventualmente recaia sobre a conduta praticada pelo condenado, foi normal à espécie, motivo pelo qual deixo de aumentar a pena; b) quanto aos antecedentes, verifica-se que o réu é primário e, portanto, não há o

que se acrescentar na pena. c) no que se refere à conduta social, entendida como o comportamento do réu no seio da sociedade, não há nos autos elementos capazes de justificar o aumento da pena. d) os motivos em nada excedem aqueles típicos do delito perpetrado. e) no tocante às circunstâncias, que se referem ao modo de execução do crime, nada de especial foi constatado; f) com relação às consequências, estas foram normais a espécie, nada tendo a ser valorado. g) a personalidade do autor carece de maiores elementos capazes de autorizar o aumento da reprimenda; h) o comportamento da vítima não colaborou para a prática delitiva, motivo pelo qual deixo de valorá-lo. Tudo isto sopesado, fixo a pena-base do réu em 01 (um) mês de detenção. Inexistem circunstâncias atenuantes e/ou agravantes. Não existem causas de diminuição de pena. Incide a causa especial de aumento de pena prevista no art. 141, incisos II e III,

motivo pelo qual aumento a pena em 1/3, passando a dosá-la em 1 (um) mês e 10 (dez) dias de detenção. Assim, fixo a pena definitiva do réu em 1 (um) mês e 10 (dez) dias de detenção. 2. Regime inicial Nos termos do art. 33, 2º, alínea c, e art. 59 do Código Penal, deve o apenado cumprir ambas as penas em regime aberto, em razão da quantidade de pena aplicada, a ser cumprida perante o juízo próprio, conforme condições a serem estabelecidas em audiência própria, após a abertura dos autos de execução. 3. Substituição da pena privativa de liberdade e suspensão condicional da pena Considerando que o sentenciado preenche os requisitos do art. 44 e seguintes do Código Penal, com a redação dada pela Lei 9.714/98, SUBSTITUO a pena privativa de liberdade supra, por uma restritiva de direito, consistente na PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A COMUNIDADE (CP, art. 43, inciso IV, do CP), com duração de uma hora de tarefa por dia de condenação, pelo tempo de duração da pena privativa de liberdade acima imposta, a ser cumprida em conformidade com o disposto no art. 46 do Código Penal, e em local, dias e horários a serem definidos na fase de execução, após o trânsito em julgado desta sentença nos termos do art. 149 da LEP Advirta-se o sentenciado que a pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. O sursis, no caso em tela, é incabível, bem como prejudicado em razão da substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos.

V. DISPOSIÇÕES FINAIS 1. Diante do montante de pena aplicada, poderá o réu apelar em liberdade, vez que ausentes motivos para a segregação cautelar; 2. Condeno o réu ao pagamento das custas e despesas processuais; 3. Após o trânsito em julgado: a. b. c. d. e. f. Comunique-se à Justiça Eleitoral para a efetivação da suspensão dos direitos políticos do condenado (art. 15, III, CRFB); Comunique-se a Ordem dos Advogados do Brasil para a adoção das providências cabíveis (CN, item 6.12.11). À contadoria para o cálculo das custas e despesas processuais, intimando-se, em seguida, o réu para que proceda ao pagamento; Sejam feitas as comunicações de estilo para fins de atualização dos antecedentes penais do condenado; Formem-se autos de execução, arquivando-se os presentes; Cumpram-se, no que mais couberem, as disposições do CNCGJ. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Cumpra-se. Foz do Iguaçu, 23 de julho de 2015. Rodrigo Luiz Berti Magistrado