Estágio Vivência na comunidade Santo Antônio: Contribuindo com a formação profissional do século XXI

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Transcrição:

Estágio Vivência na comunidade Santo Antônio: Contribuindo com a formação profissional do século XXI Stage Experience in Santo Antonio community : Forming professionals adapted to different realities SOUSA, Maiara dos Santos¹; COSTA, Janes Silva 2 ; GRINGS, Maria Batista³ 1 Instituto Federal do Pará, Castanhal, PA, maiaraifet@gmail.com; 2 Instituto Federal do Pará, Castanhal, PA, janeagro.silva@gmail.com; ³ Instituto Federal do Pará, Castanhal, PA, airamgrings@yahoo.com.br. Resumo: Este relato aborda uma experiência vivenciada na comunidade de Santo Antonio, localizado no município de Igarapé Miri, Estado do Pará. O objetivo desta vivência foi proporcionar aos educandos de agronomia a inserção no meio rural regional, a compreensão e a reflexão crítica sobre esta realidade e a iniciação na prática metodológica da pesquisa e extensão. Assim, o estágio contribuiu para o entendimento da complexidade da agricultura familiar com atividades agroextrativistas, bem como colaborou para a formação de profissionais reflexivos acerca da sua atuação como produtores de conhecimentos e da necessidade do uso de metodologias de pesquisa e extensão que considerem, além das relações produtivas, as relações humanas. Palavras-chave: comunidade agroextrativista; agricultura familiar. Abstract: This report deals with an experience lived in Santo Antonio community, located in the municipality of Igarapé Miri, Para State. The aim of this experience was to provide agronomy students insertion in regional rural areas, understanding and critical reflection on this reality and the initiation into the practice of methodological research and extension. Thus, the stage has contributed to the understanding of the complexity of family agriculture with agro-extractive activities and contributed to the formation of reflective practitioners about their role as producers of knowledge and the need to use research and extension methodologies to consider, in addition to productive relations, human relations Keywords: agroextractivist community; family farming Contexto O texto aborda uma experiência vivenciada por estudantes do curso de agronomia do Instituto Federal do Pará - Campus Castanhal (IFPA - Campus Castanhal), na comunidade Santo Antônio, no município de Igarapé Miri Estado do Pará. A comunidade situa-se em área de várzea. As regiões de várzea são caracterizadas como áreas marginais a cursos d água, sujeitas a enchentes e inundações periódicas, caracterizando-se por apresentar diariamente a influência das marés

(maré alta e maré baixa, ou ainda, marés lançantes e vazantes, respectivamente). Assim, os principais meios de transporte do local são embarcações de médio e pequeno porte (BRASIL, 2012). No que tange aos fatores biofísicos relacionados à vegetação da comunidade, esta se apresenta como uma cobertura de floresta secundária intercalada com cultivos agrícolas, espécies ombrófilas latifoliadas, com predominância das palmeiras. Entre essas palmeiras, destaca-se o açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.), espécie de grande importância socioeconômica, haja vista que, o açaí é a maior fonte de alimento e de renda das famílias ribeirinhas locais. Associado ao extrativismo vegetal, outra forma extrativista também é de fundamental importância para a reprodução social desses atores como a pesca artesanal de peixe e camarão extrativismo animal (REIS, 2008). Todas as atividades relacionadas ao uso da terra na comunidade de Santo Antônio são orientadas por um Plano de Uso, que assegura a sustentabilidade da localidade, considerado área de conservação de uso sustentável, o qual visa integrar a conservação da natureza e o uso sustentável de suas parcelas, garantindo assim a perenidade das mesmas e dos processos ecológicos, sendo socialmente justo e economicamente viável (SILVA, 2013). A proposta de imersão na realidade agroextrativista do município de Igarapé Miri- PA surgiu por ocasião da disciplina Estágio Supervisionado I do curso de agronomia do IFPA - Campus Castanhal. As observações realizadas pelos estudantes seguiram o tema meio biofísico amazônico e o homem. O estágio ocorreu no segundo semestre de 2014 do dia 09 a 17 de dezembro, tendo como objetivo proporcionar aos educandos do curso de agronomia 2013 a inserção no meio rural regional, a compreensão e reflexão crítica sobre esta realidade e a iniciação na prática metodológica da pesquisa e extensão. Descrição da Experiência A vivência foi coordenada pela Comissão Organizadora de Estágio Supervisionado (COES) do IFPA - Campus Castanhal, que escolheu como local para a execução da atividade na comunidade Santo Antônio, por este apresentar condições favoráveis à consolidação dos objetivos do estágio. A COES providenciou toda a infraestrutura necessária ao deslocamento, estadia e alimentação dos estudantes, bem como promoveu uma oficina de preparação para os educandos, com o objetivo de nortear a experiência e aperfeiçoar a coleta de dados, necessária à produção do relatório de estágio. A oficina de preparação ocorreu no dia 03 de dezembro 2014 sendo ministrada por professores do instituto, que abordaram as seguintes questões: o caráter observatório do Estágio Supervisionado I; a importância da percepção do eixo

temático para a coleta das informações em campo; a finalidade pedagógica da atividade de aproximar conhecimentos teóricos e práticos, aprimorando o entendimento relativo às disciplinas dos primeiros semestres do curso. Além disso, a turma conheceu e realizou a aplicação de algumas técnicas de pesquisa social, as quais foram sugeridas para conduzir a coleta de dados, como o mapa-falado e a entrevista semiestruturada. O método escolhido para conduzir o estágio de campo foi do tipo observacional, sendo desenvolvido por pesquisa de caráter descritivo e exploratório, com a intenção de se descrever as características de determinada realidade, estabelecer relações existentes entre variáveis e desenvolver ideias com vistas na formulação de problemas ou hipóteses para estudos posteriores (GIL, 2008). Para a coleta de dados utilizou-se as ferramentas participativas propostas na oficina organizada pela COES, o mapa falado e a entrevista semiestruturada, além da técnica de observação participante (VERDEJO, 2010). Na chegada à comunidade de Santo Antonio, reuníramos a família para uma breve apresentação da dupla de estudantes envolvidos na atividade, falamos também da importância e perspectiva da atividade. A coleta de informações ocorreu ao longo do estágio de vivência, tendo como público-alvo a família dos agroextrativistas Sra. Juliana Fonseca Costa (Neneca) e Sr. Manoel Benedito Pantoja. A vivência na residência desta família oportunizou aos estudantes conhecerem sobre a história da família, acompanhar suas atividades de rotina e observar de que forma os membros da família se relacionam entre si, a comunidade e o meio envolvente (ambiente circundante). Resultados Como resultado material obteve-se um relatório de estágio, o qual foi requisito parcial para a conclusão da disciplina Estágio Supervisionado I, fundamental à conclusão do referido curso. A prática desta atividade exercitou e aprimorou habilidades relativas à escrita de textos científicos. A partir da experiência foi possível conhecer: a história da comunidade e da formação da família Costa; a história profissional dos membros da família; suas crenças; as atividades produtivas desenvolvidas pela família; os manejos adotados nos sistemas produtivos; as expectativas com relação à implantação de novos cultivos; os locais da propriedade mais significativos para a família; as expectativas da família a respeito da sua permanência na localidade; as alterações ambientais observadas e; as lutas da família junto da Comunidade de Santo Antônio em favor do meio ambiente e da conscientização da comunidade, com vistas a buscar qualidade de vida para todos.

Portanto, a vivência com a família Costa possibilitou muito mais que uma aprovação naquela disciplina, representou uma oportunidade única de crescimento pessoal e profissional, pois permitiu aos discentes apreenderem valores como generosidade, simplicidade e diligência, além de explorarem saberes, que assim como os saberes científicos, devem ser levados em conta na formação profissional. Desta maneira, com a experiência foi possível consolidar e integrar conhecimentos teóricos/científico e empíricos, adquiridos no curso de agronomia e nas práticas vividas com os agricultores, respectivamente. Além disso, foi possível constatar que as literaturas, em especial as que tratam de temas regionais, não são, necessariamente, inesgotáveis nem inquestionáveis. A partir de então, pode-se dizer que a vivência contribuiu com a mudança de posicionamento dos estudantes com relação à produção de conhecimento, passando estes à posição de produtores diferenciados de conhecimento, agora, não meros experimentadores, mas construtores de saberes participativos, na relação academia e sociedade. Vivenciar uma realidade distinta propiciou ainda reflexões acerca da futura atuação profissional, das necessidades e peculiaridades da agricultura familiar amazônica e da implementação de práticas metodológicas de pesquisa e extensão que consigam abranger toda a complexidade das inter-relações, humanas e materiais, presentes na realidade da agricultura familiar. Referências BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis n os 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis n os 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória n o 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 25 mai 2012. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6º Edição. São Paulo: Atlas, 2008. 200 p. REIS, Adebaro A. dos. Estratégias de desenvolvimento local sustentável da pequena produção familiar na várzea do município de Igarapé-Miri (PA) 128 f.; Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Pará, Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido. Belém, 2008. VERDEJO, M.E. Diagnóstico Participativo Rural: Um guia prático. Gráfica da associação sulina de crédito e assistência rural. Ascar-Emater RS. Brasília, 2006. 62 p.

bb SILVA, I. C. Sistemas Agroflorestais: conceitos e métodos. SBSAF, Itabuna 2013. Ed.1. 308p.