Direito das Obrigações (8.ª Aula)



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Literalidade o título valerá pelo que nele estiver escrito. Formalismo - a forma do título de crédito é prescrita lei.

Transcrição:

Direito das Obrigações (8.ª Aula) 1) Classificação das Obrigações V: Obrigações Solidárias Ao lado das obrigações divisíveis e indivisíveis, o Código Civil regulamenta também as chamadas obrigações solidárias, nos arts. 264 a 285 do Código Civil. Obrigações solidárias são aquelas com pluralidade de credores ou devedores, cada um com um direito ou obrigado ao total, como se houvesse um só credor ou devedor 1, nos termos do art. 264, do Código Civil 2. Em outras palavras, há multiplicidade de sujeitos: vários credores e/ou vários devedores da mesma prestação, porém tratados como se fossem apenas 1 só credor ou 1 só devedor (princípio da unitariedade). 1.1. Espécies de Solidariedade Quanto À Origem Por sua vez, o art. 265, do Código Civil 3, indica que a solidariedade somente poderá decorrer da lei ou de negócio jurídico; portanto, a solidariedade será legal, no primeiro caso, ou voluntária, no segundo. solidariedade Legal Voluntária A solidariedade legal é aquela que decorre de imposição da lei. Por exemplo, a decorrente dos arts. 829 e 942 do Código Civil: 1 WALD, Arnoldo. Direito civil. Vol. 2. 18 ed. reform. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 59. 2 Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda. 3 Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.

Art. 829. A fiança conjuntamente prestada a um só débito por mais de uma pessoa importa o compromisso de solidariedade entre elas, se declaradamente não se reservarem o benefício de divisão. Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas designadas no art. 932. A solidariedade voluntária, por sua vez, decorre de negócio jurídico entabulado entre credores e devedores, no qual se estipulará que os primeiros poderão exigir o cumprimento da prestação dos segundos (de apenas 1, de alguns ou de todos), ou que os segundos deverão cumprir a prestação em favor dos primeiros (de apenas 1, de alguns ou de todos). 1.2. Espécies de Solidariedade Quanto Aos Sujeitos Nestes casos, quando o vínculo da solidariedade for firmado apenas entre os credores de uma relação jurídica, haverá solidariedade ativa, ao passo que se o vínculo se estabelecer apenas entre devedores, haverá solidariedade passiva: solidariedade Ativa (arts. 267 a 274) Passiva (arts. 275 a 285) Nas obrigações em que há solidariedade ativa (pluralidade de credores), cada credor individualmente considerado terá o direito de exigir a prestação do devedor comum, nos termos do art. 267 do Código

Civil 4, bem como este poderá exonerar-se da obrigação se vier a pagar a qualquer um dos credores solidários, nos termos dos arts. 268 e 269, do Código Civil 5, o que demonstra o inconveniente desta espécie de obrigação. Esta figura acaba por beneficiar o devedor que poderá escolher a quem pagar. Nas obrigações em que há solidariedade passiva (pluralidade de devedores), cada credor individualmente considerado terá o direito de exigir a totalidade da prestação de apenas 1 ou alguns devedores, ainda que muitos sejam os sujeitos passivos, em virtude do art. 275, do Código Civil 6. Esta figura acaba por beneficiar o credor que poderá escolher de quem exigir a prestação. Atenção: Diferenças entre Solidariedade e Indivisibilidade A solidariedade não se confunde com a indivisibilidade. Enquanto a solidariedade decorre da pluralidade de sujeitos ativos e/ou passivos como se 1 só fossem em um dos polos da relação jurídica, a indivisibilidade decorre impossibilidade de ser fracionado o objeto da prestação, apesar da pluralidade de sujeitos ativos e/ou passivos. Esta vem a ser a razão pela qual o objeto indivisível que perecer por culpa do devedor convertará a obrigação em perdas e danos, tornando-a automaticamente divisível, nos termos do art. 263, do Código Civil. Já nas obrigações solidárias se ocorrer o perecimento do objeto da prestação e esta for convertida em perdas e danos, o equivalente poderá ser exigido de todos os devedores, em solidariedade, pois o vínculo jurídico forma uma unidade de sujeitos passivos, conforme os arts. 271 7 e 279, 1.ª parte 8, do Código Civil. 4 Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro. 5 Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar. Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago. 6 Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores. 7 Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade. 8 Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente;

2. Relação Entre os Sujeitos Nos casos de solidariedade existe uma relação jurídica externa entre o grupo devedor e o grupo credor e uma relação jurídica interna entre os diversos membros do mesmo grupo (co-credores ou coobrigados). Na relação externa, qualquer credor pode exigir o pagamento total de qualquer devedor. Na relação interna, aquele que pagou o débito tem a faculdade de exigir o reembolso das quotas devidas pelos coobrigados, e o credor que recebeu o pagamento total tem o dever de pagar aos seus co-credores as quotas que lhes cabem 9. Nos termos do art. 266, do Código Civil, há expressa previsão de que a obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro. O art. 266 sugere que os elementos acessórios da relação jurídica podem ser distintos para cada sujeito, desde que o vínculo obrigacional conserve uma essência comum 10. A obrigação é uma só, a condição e o prazo são cláusas adicionais que lhe não atingem a essência. 11 Exemplo: Suponha-se, assim, um contrato de mútuo por meio do qual uma companhia e sua controladora assumem solidariamente a obrigação de restituir quantia emprestada à primeira. Nada impede que, neste contrato, se pactue que a companhia controladora somente será acionada pelo credor em caso de falência ou insolvência de sua controlada (condição). Da mesma forma, seria lícito estipular que a companhia controladora somente poderia ser responsabilizada após o decurso de certo número de dias do inadimplemento, ou que efetuaria o pagamento em local ou em condições diversas daquelas indicadas pela co-devedora. Em outras palavras,, a estipulação de termo, condição ou qualquer outro elemento acessório ao vínculo obrigacional pode se dar de forma diferenciada para cada credor. A 9 WALD, Arnoldo. Direito civil. Vol. 2. 18. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2009, p.60. 10 Cfe. TEPEDINO, Gustavo; SCHREIBER, Anderson. Código Civil comentado. Coord. Álvaro Villaça Azevedo. São Paulo: Atlas, 2008. v. 4, p. 115. 11 TEPEDINO, Gustavo; SCHREIBER, Anderson. Código Civil comentado. Coord. Álvaro Villaça Azevedo. São Paulo: Atlas, 2008. v. 4, p. 115.

solidariedade não fica, por isto, prejudicada, desde que o débito, em essência, permaneça único. 12 3. Efeitos da Solidariedade Ativa a) Enquanto um dos credores não ingressar em juízo para exigir a dívida do devedor comum, este poderá exonerar-se pagando a qualquer um daqueles, nos termos do art. 268, do Código Civil; b) Se um dos credores já tiver ingressado em juízo para exigir a dívida do devedor comum, este somente será exonerado se pagar única e exclusivamente àquele que promoveu a demanda, nos termos do art. 268, do Código Civil; c) Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível; d) O pagamento realizado pelo devedor comum a qualquer um dos credores provoca a extinção total da dívida, nos termos do art. 269, do Código Civil; e) Enquanto um dos credores não ingressar em juízo para exigir a dívida do devedor comum, este poderá exonerar-se pagando a qualquer um daqueles, nos termos do art. 268, do Código Civil; f) Falecendo um dos credores solidários e deixando herdeiros, cada um deste somente poderá exigir a sua quota-parte, salvo se: e.1) a obrigação for indivisível, nos termos do art. 270, do Código Civil; e.2) todos os herdeiros atuarem em conjunto para exigir a prestação; 12 TEPEDINO, Gustavo; SCHREIBER, Anderson. Código Civil comentado. Coord. Álvaro Villaça Azevedo. São Paulo: Atlas, 2008. v. 4, p. 115.

g) Assim como o pagamento feito a apenas 1 dos credores solidários acarreta a extinção da dívida perante todos os demais credores, o art. 272, do Código Civil enuncia que o credor que tiver perdoado a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba, devendo pagar a respectiva quota-parte; h) Se ocorrer o descumprimento da obrigação e esta restar impossibilitada de ser cumprida, ocorrerá a sua conversão em perdas e danos com a manutenção da solidariedade pelo equivalente às perdas e danos, nos termos do art. 271, do Código Civil; i) Em razão do vínculo estritamente subjetivo que decorre da solidariedade ativa, o art. 273, do Código Civil prevê que as defesas pessoais (exceções) oponíveis a um dos credores solidários não poderá será estendida aos demais, porque terá por única consequência provocar a extinção da quota-parte relativa ao credor solidário; j) Complementando a regra do artigo anterior (273), o art. 274, do Código Civil, prevê que o julgamento favorável a um dos credores solidários beneficiará a todos, salvo se tiver por fundamento exceção pessoal aplicável a um único credor; já o julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, em clara exceção ao princípio da unitariedade, o que torna a eficácia da sentença contrária oponível apenas inter partes, e não erga omnes. 4. Efeitos da Solidariedade Passiva a) O credor comum poderá exigir de um ou alguns devedores a dívida toda ou parte dela, nos termos do art. 275, do Código Civil;

b) Se o credor comum receber ou perdoar parcialmente a dívida para beneficiar apenas 1 dos devedores solidários, a solidariedade persistirá perante os demais e pelo saldo restante, nos termos do art. 277, do Código Civil; c) Se ocorrer a impossibilidade da prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsistirá solidariamente para todos os demais devedores de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responderá o culpado, nos termos do art. 279, do Código Civil; d) se entre os devedores solidários ficar acertado que um deles terá o dever de realizar a prestação e este não o fizer, atrasando o seu cumprimento, todos os devedores responderão pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado pelo atraso responderá aos outros pelos acréscimos e penalidades decorrentes, nos termos do art. 280, do Código Civil; e) Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados. 1 o A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros. 2 o A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis. 3 o A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador; f) O devedor demandado poderá opor ao credor as defesas (exceções) que lhe forem pessoais e as comuns a todosos demais credores, não lhe sendo possível aproveitar-se das defesas pessoais relativas a outro codevedor, nos termos do art. 281, do Código Civil;

4.1. Efeitos entre os Co-Devedores Solidários a) O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores; se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais. (art. 282, do Código Civil) b) O devedor que pagou a dívida integralmente tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se [presunção juris tantum] iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores, salvo estipulação diversa das partes. (art. 283, do Código Civil) c) A regra relativa ao devedor insolvente prevista no art. 283, do Código Civil, foi complementada pela do art. 284, que enuncia: No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente. d) Se a dívida solidária interessar [juridicamente] exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar, nos termos do art. 285, do Código Civil. Neste caso, a hipótese mais comum é a do fiador (responsável) pelo débito do afiançado (devedor), sem que o garante seja também co-devedor.