Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

Documentos relacionados
Composição corporal de judocas: aspectos relacionados ao desempenho

V Encontro de Pesquisa em Educação Física EFEITOS DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO SOBRE OS COMPONENTES DE APTIDÃO FÍSICA EM ATLETAS DE FUTEBOL DE CAMPO

Objetivo da aula. Trabalho celular 01/09/2016 GASTO ENERGÉTICO. Energia e Trabalho Biológico

EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: RELAÇÃO ENTRE INATIVIDADE FÍSICA E ÍNDICE DE MASSA CORPORAL EM CRIANÇAS DA REDE MUNICIPAL DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO PE.

LERIANE BRAGANHOLO DA SILVA

IMC DOS ALUNOS DO 4º PERÍODO DO CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS DO INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS CAMPI/INHUMAS.

Efeitos do programa da pliometria de contraste sobre os valores de impulsão horizontal nos jogadores de tênis de campo

Portal da Educação Física Referência em Educação Física na Internet

ISSN ÁREA TEMÁTICA: (marque uma das opções)

Prof. MSc. Paulo José dos Santos de Morais

Cidade: Ponta Grossa (para todos os Alunos com pretensões para desempenhar a função de árbitro, independente da cidade em que realizou o curso).

Medidas e Avaliação da Atividade Motora

Universidade Estadual de Londrina

FIEP BULLETIN - Volume 82 - Special Edition - ARTICLE I (

PALAVRAS-CHAVE Projeto Escola de Esportes. Jovens. Crianças. Flexibilidade. Teste.

Planificação Anual PAFD 10º D Ano Letivo Plano de Turma Curso Profissional de Técnico de Apoio à Gestão Desportiva

Faculdade de Motricidade Humana Unidade Orgânica de Ciências do Desporto TREINO DA RESISTÊNCIA

ANÁLISE DA FORÇA RÁPIDA E FORÇA EXPLOSIVA DE ATLETAS DE HANDEBOL FEMININO UNIVERSITÁRIO

RESUMO O Fisiologista do exercício e o controle da carga

QUAL O IMC DOS ALUNOS CURSOS TÉCNICOS INTEGRADOS AO ENSINO MÉDIO NO IFTM CAMPUS UBERLÂNDIA?

Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N Diciembre de 2006

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

DESEMPENHO MOTOR DE ADOLESCENTES OBESOS E NÃO OBESOS: O EFEITO DO EXERCÍCIO FÍSICO REGULAR

INCLUSÃO DE TERMO DE INÉRCIA AERÓBIA NO MODELO DE VELOCIDADE CRÍTICA APLICADO À CANOAGEM

NUT-A80 -NUTRIÇÃO ESPORTIVA

NÍVEL DE CONDICIONAMENTO AERÓBIO VO ² MÁXIMO EM PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA.

DIAGNÓSTICO DA PREVALÊNCIA DA OBESIDADE INFANTIL NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE CORNÉLIO PROCÓPIO

AVALIAÇÃO DAS CAPACIDADES FÍSICAS EM ATLETAS DE FUTEBOL NAS CATEGORIAS SUB-15 E SUB-17.

Artigo de revisão: BALANÇO HÍDRICO EM JOGADORES DE FUTEBOL: PROPOSTA DE ESTRATÉGIAS DE HIDRATAÇÃO DURANTE A PRÁTICA ESPORTIVA

6ª Jornada Científica e Tecnológica e 3º Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS 04 e 05 de novembro de 2014, Pouso Alegre/MG

Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.

PERCEPÇÃO DE APOIO SOCIAL PARA A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA EM INDIVÍDUOS OBESOS

A INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO DE FORÇA PARA A MELHORIA DO VO2 MÁXIMO DOS CORREDORES DE RUA

Bioquímica Aplicada ao Exercício Físico e Princípios do Treinamento

CAPITULO III METODOLOGIA

O ANO DE NASCIMENTO DETERMINA A ESCOLHA DO ESTATUTO POSICIONAL EM JOGADORES DE FUTEBOL NAS CATEGORIAS DE BASE?

Revista CPAQV - Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida - ISSN: v.1, n. 2, 2009

Avaliação do VO²máx. Avaliação do VO²máx

5ª Jornada Científica e Tecnológica e 2º Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS 06 a 09 de novembro de 2013, Inconfidentes/MG

PROGRAMA DE TREINAMENTO DE VOLEIBOL DESTINADO À COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA

INTERAÇÃO ENTRE ÍNDICE DE MASSA CORPORAL, COM FLEXIBILIDADE E FLEXÕES ABDOMINAIS EM ALUNOS DO CESUMAR

CONSUMO DE OXIGÊNIO MÁXIMO PARA ADOLESCENTE DE 14 ANOS NA CATEGORIA INFANTIL DE FUTEBOL

Explicação dos Testes & Cronograma das Avaliações para a Equipe de Voleibol Master. Street Volei / Barra Music

A INFLUÊNCIA DO GANHO DE PESO CORPORAL SOBRE O DECLÍNIO DO VO 2MÁX E DA CAPACIDADE ANAERÓBIA DE BOMBEIROS EM 5 ANOS

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA PROGRAMA DE DISCIPLINA CURSO: EDUCAÇÃO FÍSICA DISCIPLINA: FISIOLOGIA DO ESFORÇO

FIEP BULLETIN - Volume 83 - Special Edition - ARTICLE I (

AUTOR(ES): LUIS FERNANDO ROCHA, ACKTISON WENZEL SOTANA, ANDRÉ LUIS GOMES, CAIO CÉSAR OLIVEIRA DE SOUZA, CLEBER CARLOS SILVA

COMPARAÇÃO DE PARÂMETROS CARDIORRESPIRATÓRIOS EM TESTE NA ESTEIRA COM AUXILIO E SEM AUXILIO DA BARRA DE APOIO

Igor Melo Santos Batista

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

AGILIDADE E EQUILIBRIO DINÂMICO EM ADULTOS E IDOSOS

Resistência Muscular. Prof. Dr. Carlos Ovalle

CURSO DE FISIOTERAPIA Autorizado plea Portaria nº 377 de 19/03/09 DOU de 20/03/09 Seção 1. Pág. 09 PLANO DE CURSO

A INFLUÊNCIA DE UM PROGRAMA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS NA GORDURA CORPORAL DOS PARTICIPANTES DO PIBEX INTERVALO ATIVO 1

Resposta de Nadadores de Elite Portuguesa aos Estados de Humor, ITRS e Carga de Treino em Microciclos de Choque e recuperação

Primeiro Estudo COPA 2010 FIFA EFETIVIDADE NO FUTEBOL. Grupo Ciência no Futebol DEF UFRN

INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO DE FUTSAL NA RESISTÊNCIA AERÓBICA, VELOCIDADE, AGILIDADE E PRECISÃO DO CHUTE. 2 Faculdades Integradas Aparício Carvalho.

COMPOSIÇÃO CORPORAL E SOMATÓTIPO

1º) Onde se no Anexo I Quadro Geral de Cargos:

ADAPTAÇÃO DO SPECIAL JUDO FITNESS TEST PARA O KARATE: UM ESTUDO COM ATLETAS DA SELEÇÃO BRASILEIRA.

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

Crescimento e Desenvolvimento Humano

A INFLUÊNCIA DE DIFERENTES INTERVALOS DE RECUPERAÇÃO ENTRE SÉRIES NO DESEMPENHO DE REPETIÇÕES MÁXIMAS DE UM TREINAMENTO DE FORÇA

COMPARAÇÃO DA FUNÇÃO FÍSICA E PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO DE ATLETAS DE VOLEIBOL DE PRAIA APÓS TREINAMENTO FÍSICO NA AREIA E NA QUADRA

25/05/2017. Avaliação da aptidão aeróbia. Avaliação da potência aeróbia. Medida direta do consumo máximo de oxigênio Ergoespirometria (Padrão-ouro)

NÍVEL DE APTIDÃO FÍSICA DE CRIANÇAS ENTRE 10 E 12 ANOS PARTICIPANTES DO PROJETO SOCIAL GOL DE LETRA CRAQUE DA AMAZÔNIA

Congresso Internacional de Ciclismo Objetivo 2012 Plataforma de Desenvolvimento do BTT. Anadia, Julho 2012 Pedro Vigário

CAPITULO IV APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

FITNESSGRAM MENSAGENS ACTIVIDADE APTIDÃO AERÓBIA FORÇA MUSCULAR, RESISTÊNCIA, FLEXIBILIDADE COMP. CORPORAL NÚCLEO DE EXERCÍCIO E SAÚDE

José Luciano Gonçalves da Silva 1 Reginaldo Pereira da Silva 2 Jane Alves de Souza 3 Fábio Santana 4

Avaliação do Índice de Massa Corporal em crianças de escola municipal de Barbacena MG, 2016.

PERFIL ANTROPOMETRICO E SOMATÓTIPO DA SELEÇÃO BRASILEIRA DE VOLEIBOL FEMININA CATEGORIA SUB 20 CAMPEÃ MUNDIAL DE

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

Fisiologia do Esforço

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

A classificação do exame corresponde à média aritmética simples, arredondada às unidades, das classificações das duas provas (escrita e prática).

EFEITO DA PRÁTICA DE JIU-JITSU NA DENSIDADE ÓSSEA DO SEGUNDO METACARPO

ADDAN MONTEIRO DOS SANTOS BONTORIN TREINAMENTO DE VOLEI: OS BENEFICIOS QUE TRAZEM PARA APTIDÃO FISICA

Laboratório de Investigação em Desporto AVALIAÇÃO E CONTROLO DO TREINO 2014

Revista Brasileira de Futsal e Futebol

Prof. Dr. Bruno Pena Couto Teoria do Treinamento Desportivo. Encontro Multiesportivo de Técnicos Formadores Solidariedade Olímpica / COI

COMPARAÇÃO DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA MÁXIMA (FCM) CALCULADA POR 21 EQUAÇÕES E FCM OBTIDA EM EXERCÍCIO DE CORRIDA EM HOMENS E MULHERES

Correlação entre Índice de Massa Corporal e Circunferência de Cintura de Adolescentes do Município de Botucatu SP

Aspectos Gerais do Treinamento Aeróbio: Planificação, Periodização e Capacidades Biomotoras

UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA Curso de Educação Física Disciplina: Fisiologia do Exercício. Ms. Sandro de Souza

Índice de massa corporal e prevalência de doenças crônicas não transmissíveis em idosos institucionalizados

Associação de Futebol da Guarda

ANÁLISE DO PERFIL CINEANTROPOMÉTRICO DOS PRATICANTES DE PETECA DO MAX-MIN CLUBE DA CIDADE DE MONTES CLAROS-MG

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

Revista Brasileira de Nutrição Esportiva ISSN versão eletrônica

RELATOS DE UMA EXPERIÊNCIA

A intensidade e duração do exercício determinam o dispêndio calórico total durante uma sessão de treinamento, e estão inversamente relacionadas.

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

O TREINAMENTO DA VELOCIDADE PARA AS CORRIDAS DE FUNDO: CONSIDERAÇÃO SOBRE O MÉTODO FARTLEK *

PROFESSOR (A): Emerson Back CRÉDITOS: 2 PLANO DE ENSINO. Quinta - feira. 20:00 21:40

Princípios Científicos do TREINAMENTO DESPORTIVO AULA 5

ARTIGO ORIGINAL PERFIL DE FLEXIBILIDADE DAS ATLETAS DE CORRIDA DE RUA DO ESTADO DE SERGIPE

Agrupamento Escolas de Figueiró dos Vinhos

Transcrição:

430 ANÁLISE DA CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA EM JOGADORES DE FUTEBOL DA CATEGORIA SUB-15 Rhayda Mellissa Sousa Fontes 1 Luana Barbosa Lopes 1 Danillo José Campos de Abreu 1 RESUMO Introdução: A baixa capacidade aeróbica de atletas pode interferir negativamente no desempenho esportivo, especialmente no futebol. Neste contexto, torna-se importante analisar o rendimento de atletas futebolistas em testes relacionados à resistência aeróbia, permitindo a elaboração adequada do treinamento. Objetivo: analisar a resistência aeróbica de jovens jogadores de futebol por meio do teste de corrida 2.400 metros, proposto por Cooper. Materiais e métodos: 18 atletas da categoria sub-15 de um clube da cidade de Ipatinga-MG foram selecionados para compor a amostra e submetidos a uma avaliação antropométrica (massa corporal, estatura e IMC). Para obtenção dos níveis de capacidade aeróbica, aplicou-se o teste de corrida 2.400 metros, proposto por Cooper. Resultados: quatro voluntários apresentaram resultado inferior (22,2%) e 14 voluntários apresentaram resultado superior (77,8%). Tais achados são corroborados pela literatura, uma vez que atletas com prática de atividade física regular sistematizada tendem a apresentar melhores índices de desempenho motor (Guedes, Guedes, 2002). Conclusão: O teste de corrida 2.400 metros (Cooper) obteve bom rendimento por 77,8% dos atletas, sendo que 22,2% apresentaram baixo rendimento. Os resultados reportados podem auxiliar na elaboração de um planejamento de treino proporcional à capacidade real dos atletas em executá-los. Palavras-chave: Atletas. Adolescentes. Desempenho. 1-Centro Universitário do Leste de Minas Gerais-Unileste, Brasil. ABSTRACT Analysis of cardiorespiratory capacity in football players of U-15 category Introduction: low aerobic capacity of athletes can negatively impact the sports performance especially in football. In this context, it is important to analyze the performance of football athletes in tests related to aerobic endurance, allowing the proper training. Aim: To analyze the aerobic endurance of young football players through the run tes 2400 meters, proposed by Cooper. Methods: 18 athletes from the U-15 a club of the city of Ipatinga-MG were selected for the sample and subjected to anthropometric (weight, height and BMI). To obtain the aerobic capacity levels, we applied the test run 2400 meters, proposed by Cooper. Results: four volunteers had lower result (22.2%) and 14 volunteers showed better result (77.8%). These findings are supported by the literature, since athletes with systematic practice of regular physical activity tend to have better engine performance indices (Guedes, Guedes, 2002). Conclusion: The test run 2400 meters (Cooper) got good yield by 77.8% of the athletes, and 22.2% had low income. The results reported may help to develop a training plan proportional to the actual capacity of athletes in running them. Key words: Athletes. Teens. Performance. E-mail: rhaydamell@gmail.com luana_b_lopes@hotmail.com danillonft@gmail.com Endereço para correspondência: Rhayda Mellissa Sousa Fontes Rua Rio Paraná, 25, Bairro Parque das Águas Ipatinga-MG. CEP: 35144-409.

431 INTRODUÇÃO A importância das qualidades morfofuncionais na melhora do rendimento nos esportes aumentou o interesse no aprimoramento dos níveis de aptidão física dos atletas (Lima, Silva e Souza, 2005). Em adentro, o desenvolvimento da capacidade cardiorrespiratória é essencial no treinamento desportivo de alto nível de qualquer modalidade, pois mesmo nos desportos em que a capacidade anaeróbica é solicitada prioritariamente, o potencial aeróbico retém as maiores ou menores possibilidades de rendimento no treinamento anaeróbico (Vieira, 1989). Tal capacidade física, por sua vez, apresenta diferença de indivíduo para indivíduo e sofre influência genética e ambiental (Barbanti, 1994). Neste contexto, a capacidade cardiorrespiratória, ou resistência aeróbia, pode ser definida como a capacidade de realizar atividades físicas que envolvam grande massa muscular, com intensidade de moderada a vigorosa por períodos prolongados de tempo, conforme a captação, transportação e utilização do oxigênio oriundo do ar atmosférico pelo organismo (Mcardle, Katch, Katch, 1996). Para tanto, é importante que o sistema cardiorrespiratório esteja desenvolvido de maneira a assegurar o acesso do oxigênio aos músculos ativos e as possibilidades de reserva para suportar tensões com a capacitação ao estado funcional indispensável para o organismo (Golomazov, Shirva, 1997). Vale salientar que atletas de futebol, especialmente, necessitam de uma maior demanda aeróbia, que desempenha papel fundamental não só durante a partida, mas também no período de recuperação dos jogadores (Barros Neto e Guerra, 2004). O valor ótimo de consumo máximo de oxigênio de futebolistas pode ser um dos fatores considerados indicadores de boa capacidade do organismo para tolerar a longa duração do jogo (Souza, Zucas, 2003). Com base nesse princípio, pode-se dizer que, uma baixa capacidade aeróbica interfere negativamente no desempenho esportivo dos atletas de futebol, seja em jogos ou competições. A fim de avaliar e quantificar a capacidade aeróbica dos atletas, vários profissionais da área adotam a avaliação física como instrumento para a aplicação prática (Silva e colaboradores, 2005). Dentre as possíveis avaliações, destacam-se as corridas de distância, que por sua vez são bastante populares como testes de campo da potência aeróbia máxima (Tritschler, 2003). Frente a esse quadro, torna-se importante analisar o rendimento de atletas futebolistas em testes de corrida, quanto à resistência aeróbia, a fim de permitir a elaboração de um planejamento de treinamento adequado às informações identificadas. Sendo assim, o presente estudo teve como objetivo analisar a resistência aeróbica de jovens jogadores de futebol por meio do teste de corrida 2.400 metros, proposto por Cooper. MATERIAIS E MÉTODOS Amostra A população escolhida para fazer parte do presente estudo foi composta por praticantes de futebol de um clube particular da cidade de Ipatinga - MG, que na época da coleta de dados continha 350 inscritos, com idade entre cinco e 17 anos, de ambos os sexos. Desta população, 18 atletas do sexo masculino da categoria sub-15 foram recrutados para compor a amostra. Todos os voluntários tinham 15 anos e praticavam futebol quatro vezes por semana, com duas horas diárias de treino. Previamente, os pais ou responsáveis dos voluntários assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme a regulamentação da resolução nº196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Procedimentos A coleta de dados foi realizada durante o treinamento, no turno vespertino, de 14:00 às 16:00 horas. Todos os voluntários foram submetidos a uma avaliação antropométrica, que constou da mensuração de massa corporal (kg), estatura (m) e IMC (kg/m²). A massa corporal foi medida utilizando-se balança da marca Filizolla. A verificação da estatura foi realizada após

432 inspiração profunda, mantendo a posição ereta, utilizando-se uma fita métrica fixada a uma parede sem rodapé. A partir das medidas referentes à massa corporal e estatura, calculou-se o Índice de Massa Corporal (IMC) = massa corporal / estatura² (Sharkey, 1998). Para obtenção dos níveis de capacidade aeróbica, aplicou-se o teste de corrida 2.400 metros, proposto por Cooper (1982), citado por Marins, Giannichi, (1998). O teste é indicado para indivíduos com idade entre 13 e 60 anos, que devem estar familiarizados com a prática de atividade física de uma forma regular. Consiste em cronometrar o tempo gasto pelo avaliado para percorrer a distância estabelecida. Para tanto, utilizou-se o cronômetro digital de Ultrak de 100 voltas/tempos. Posteriormente, calculou-se o VO2 máx. através da fórmula: (distância percorrida (metros) - 504.9) / 44.73. Imediatamente antes da aplicação do teste realizou-se um alongamento para os principais grupos musculares solicitados durante a corrida, e um aquecimento de 10 minutos (trote leve). Análise estatística Os dados coletados foram agrupados e analisados através de estatística descritiva, com cálculo da média, desvio padrão e percentual. O tratamento estatístico foi realizado no programa Excel for Windows 2007. Cuidados éticos Todos os voluntários foram orientados quanto aos riscos e benefícios da participação, sendo garantido o anonimato e o direito de desistência a qualquer momento. RESULTADOS As características antropométricas da amostra (estatura, massa corporal e IMC) estão representadas na Tabela 1. A Tabela 2 apresenta a classificação dos voluntários quanto ao IMC, conforme a tabela normativa do PROESP-BR, proposta por Gaya e colaboradores (2002). Quanto ao IMC, observa-se que cinco voluntários apresentaram índice elevado de massa corporal para a idade. O restante da amostra se encontrou nos valores normais. Tabela 1 - Caracterização da Amostra. Massa corporal (kg) 63,73 ± 6,95 Estatura (m) 1,73 ± 0,06 IMC (kg/m²) 21,24 ± 1,80 Tabela 2 - Frequência de classificação do IMC, conforme Conde e Monteiro citados por Gaya e colaboradores (2002). Baixo Peso Normal Excesso de Peso Obesidade 0 13 5 0 Tabela 3 - Frequência de classificação no teste de corrida de 2.400 metros (Cooper, 1982 citado por Marins, Giannichi, 1998). MF F M B E S 0 1 3 8 6 0 Legenda: MF = Muito Fraca; F = Fraca; M = Média; B = Boa; E = Excelente; S = Superior. A frequência de classificação da amostra quanto ao desempenho no teste aplicado, de acordo com Cooper (1982) citado por Marins e Giannichi (1998), é apresentada na Tabela 3. Para efeito de análise das possíveis mudanças de classificação dos sujeitos do estudo, quanto à tabela normativa de Cooper, que apresenta seis escalas (MF = Muito Fraca; F = Fraca; M = Média; B = Boa; E = Excelente;

433 S = Superior), considerou-se as três iniciais (MF, F e M) como inferiores e as três seguintes (B, E e S) como superiores. Com base na Tabela 3, quatro voluntários apresentaram resultado inferior (22,2%) e quatorze voluntários apresentaram resultado superior (77,8%). Não houve classificação Muito Fraca e Superior. DISCUSSÃO Os resultados deste estudo demonstraram que quatorze atletas apresentaram rendimento superior. Em concordância, Pellegrinotti e Guimarães (1989) citado por Pellegrinotti, (1998) reportaram rendimento excelente alcançado por atletas de futebol, atletismo e voleibol no teste de Cooper. De acordo com Guedes e Guedes (2002), indivíduos que têm uma prática de atividade física regular sistematizada tendem a apresentar melhores índices de desempenho motor. Entretanto, seis atletas apresentaram rendimento inferior no teste. Sharkey (1998) relata que alguns fatores podem influenciar a capacidade aeróbica, como a hereditariedade, o programa de treinamento e a composição corporal. Com base neste último fator, complementando a hipótese, Guedes e Guedes (2002, p. 74) afirmam que a quantidade de gordura relativa à massa corporal pode influenciar os resultados dos testes de corrida de longa distância. Estes relatos sugerem que o baixo rendimento no teste de corrida pode ter sofrido interferência das características físicas dos atletas, porém, a presente investigação não teve como objeto de estudo a associação das variáveis antropométricas com o rendimento no teste. Além disso, os níveis de potência máxima aeróbica em futebolistas são diferentes de acordo com a posição desempenhada pelo atleta (Santos e Soares, 2001). Nesse sentido, os dados literários sugerem que jogadores de diferentes posições não só percorrem distâncias diferentes, como também apresentam performances aeróbias distintas (Santos e Soares, 2001). No entanto, relacionar a posição dos atletas com o rendimento no teste também não constituiu objeto de estudo da presente pesquisa. CONCLUSÃO Os achados deste estudo demonstraram que o teste de corrida 2.400 metros (Cooper) obteve bom rendimento por 77,8% dos atletas, sendo que 22,2% apresentaram rendimento inferior. O desempenho no teste pode ter sofrido interferência da quantidade de gordura relativa, do peso corporal e da posição dos atletas na modalidade. No entanto, a presente investigação não teve como objeto de estudo a correlação desses fatores com o rendimento do teste aplicado. Os resultados obtidos podem auxiliar na elaboração de um planejamento de treino proporcional à capacidade real dos atletas em executá-los. Como limitação do estudo, ressaltamos que não foi mensurada a gordura relativa à massa corporal. Além disso, não foi registrada a posição dos atletas em campo. REFERÊNCIAS 1-Barbanti, V. J. Dicionário de Educação Física e do esporte. Barueri. Manole. 1994. p. 306. 2-Barros Neto, T. L.; Guerra, I. Ciência do Futebol. Barueri. Manole. 2004. p. 338. 3-Gaya, A.; e colaboradores. Indicadores de Saúde e de Desempenho Esportivo em Crianças e Jovens. Setor de Pedagogia do Esporte do Cenesp. UFRGS. PROESP-BR. Projeto Esporte Brasil. 2002. 4-Golomazov, S.; Shirva, B. Futebol: preparação física. Londrina. Lazer e Sport. 1997. p. 109. 5-Guedes, D. P.; Guedes, J. E. R. P. Crescimento, composição corporal e desempenho motor de crianças e adolescentes. São Paulo. CLR Balieiro. 2002. p. 362. 6-Lima, A. M. J.; Silva, D. V. G.; Souza, A. O. S. Correlação entre as medidas direta e indireta do VO2max em atletas de futsal. Revista

434 Brasileira de Medicina do Esporte. Niterói. Vol. 11. Num. 3. 2005. p.164-166. 7-Marins, J. C. B.; Giannichi, R. S. Avaliação e prescrição de atividade física. Rio de Janeiro. Shape. 1998. p. 695. 8-MCardle, W. D.; Katch, F. I.; Katch, V. L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan. 1998. p. 695. 9-Pellegrinotti, I. L. Atividade física e esporte: a importância no contexto saúde do ser humano. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. Vol. 3. Num. 1, 1998. p. 22-28. 10-Santos, P. J.; Soares, J. M. Capacidade aeróbia em futebolistas de elite em função da posição específica no jogo. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto. Portugual. Vol. 1. Num. 2. 2001. p. 7-12. 11-Sharkey, B. J. Condicionamento físico e saúde. Porto Alegre. ArtMed. 1998. p. 397. 12-Silva, A. S. R.; Santos, F. N. C.; Santhiago, V.; Gobatto, C. A. Comparação entre métodos invasivos e não invasivo de determinação da capacidade aeróbia em futebolistas profissionais. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Vol. 11. Num. 4, 2005. p. 233-237. 13-Souza, J.; Zucas, S. M. Alterações da resistência aeróbia em jovens futebolistas em um período de 15 semanas de treinamento. Revista da Educação Física/UEM. Vol. 14. Num. 1. 2003. p. 31-36. 14-Tritschler, K. A. Medida e Avaliação em Educação Física e Esportes de Barrow & McGee. Barueri. Manole. 2003. p. 828. 15-Vieira, L. F. Os efeitos do treinamento precoce em crianças e adolescentes. Revista da Fundação de Esporte e Turismo. Vol. 1. Num. 2. 1989. p. 23-31. Recebido para publicação em 19/12/2014 Aceito em 12/03/2015