Cultura das Mídias. Unisalesiano - aula 2-2º semestre 2017 Convergência midiática

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Transcrição:

Cultura das Mídias Unisalesiano - aula 2-2º semestre 2017 Convergência midiática

As velhas mídias não morreram Novos modos de produção de conteúdos mudam a forma como consumimos mídia. As velhas mídias não morreram. Nossa relação com elas é que mudou. Foram criadas novas maneiras de contar histórias (Heroes, NATIONAL Broadcasting Company NBC, 2006). Convergência: mudanças tecnológicas, industriais, culturais e sociais no modo como as mídias circulam em nossa cultura (JENKINS, 2006). Fluxo de conteúdos de múltiplas plataformas de mídia, cooperação entre as indústrias midiáticas Comportamento migratório dos públicos (audiência) dos meios de comunicação que vão a qualquer parte em busca de entretenimento (migrante digitais e nativos digitais) Novas formas de financiamento de mídia.

A circulação de conteúdos em diferentes sistemas de mídias depende da participação dos internautas (JENKINS, 2006)

O que é a convergência tecnológica?

Novas conexões A convergência tecnológica não é um processo que une múltiplas funções dentro de um aparelho. Em Jenkins, a convergência é compreendida a partir do consumidor e das formas de produção de mídia. Jenkins conceitua a convergência como as novas conexões e busca de conteúdos em meios, com a criação e a construção da cultura participativa (interação dos participantes). A convergência em Jenkins ocorre entre os cérebros de internautas e em suas interações sociais com outras pessoas. Gretchen e Katy Perry, resultado da interação dos internautas. Os celulares são poderosos dispositivos da convergência midiática (produção e compartilhamento de fotos, filmagens, consumo de Mp3 player, acesso à internet, games e aplicativos que ultrapassam a função primária de comunicação - falar ao telefone).

Interações complexas A indústria da informática convergiu com a televisão. O programa de processamento de texto convergiu com o papel, a editoração eletrônica convergiu com o linotipo (máquina de composição de tipos de chumbo criada em 1884 nos Estados Unidos e que permitia a composição de uma linha inteira de tipos). Na tipografia tradicional os tipos eram compostos a mão, um a um. Novas e antigas mídias vão interagir de formas cada vez mais complexas. As mídias híbridas (resultado da união de duas diferentes mídias) criam a cultura da hibridização (MANOVICH).

A máquina de linotipo http://portal.imprensanacional.gov.br/museu/acervo/linotipos

Na convergência, os consumidores são condutores do processo midiático (JENKINS).

Novas experiências narrativas A convergência acontece quando a indústria do cinema e de games tenta alinhar um lançamento de filme e de jogo de experiência narrativa com personagens da trama (transmídia). Antes as mídias estavam cada uma no seu quadrado mas começaram a cair os muros que dividiam os diferentes meios de comunicação (JENKINS). Com novas tecnologias midiáticas, o conteúdo flui por vários canais diferentes e com distintas formas de recepção na era da digitalização= transformação dos átomos em bytes (unidade de informação digital). Os conteúdos circulam em vários canais em vez de em uma única plataforma ou suporte.

Convergência não significa a perfeita estabilidade ou unidade. Opera uma força pela unificação, em uma dinâmica tensão com a transformação (JENKINS).

O reino dos fãs O pensamento convergente está remodelando a cultura popular e impactando a relação entre públicos, produtores e conteúdos de mídia. Fandom (diminutivo de fan kingdom reino dos fãs) - subculturas dos fãs em geral caracterizadas pela solidariedade entre os que compartilham os mesmos interesses (semelhantes aos fãs clubes, com encontros agendados, consumo e produção de mídia). Para a publicidade, é importante saber o perfil dos fandoms, o que pensam e como se comunicar com eles.

A difícil adaptação da velha mídia Os artistas queriam se afastar dos estúdios no final do dia e das suas criações. Todos se encontravam em cafés para discutir trabalho, política e filosofia. Num bar da região de Montparnasse, deixavam-se mensagens para os outros porque não havia telefone. Atrás da porta havia um lugar para recados. O telefone foi a morte do Montparnasse (Jacqueline Goddard, ícone da feminilidade nos anos 30). www.deadmedia.org Em o manisfesto da Mídia Morta, Bruce Sterling afirma que a mídia centralizada e dinossauriana de um para vários que rugiu e pisoteou no século XX é mal adaptada ao ambiente tecnológico pós-moderno. O novo ambiente de mídia é assustador com os mamíferos digitais dentados pesados (FANG, acrônimo: Facebook, Amazon, Netflix e Google) e FATS (Facebook, Aphabet, Twitter e Snapchat). Ferramentas que morreram: fita cassete, fitas de vídeo, disquetes.

Meio de comunicação é uma tecnologia de distribuição com sistemas culturais e sociais que cresceram em torno dessa tecnologia (JENKINS).

Os meios mudam os conteúdos para sobreviver na era digital.

Mudar para sobreviver O rádio era o suporte tecnológico para contar histórias (radionovelas), ouvir músicas, notícias. Foi substituído pela televisão nessa função de produção de histórias, um meio híbrido (som e imagem) que foi fundamental para a consolidação da sociedade de consumo. O rádio então consolidou-se como a vitrine da música, das notícias rápidas e na era digital tem se reinventado com rádios temáticas (rádio de trânsito, podcasting). Os meios de comunicação não estão sendo substituídos. Apenas têm suas funções tecnológicas e culturais transformadas pelas novas tecnologias (JENKINS). As palavras impressas não eliminaram as palavras faladas, a TV não eliminou o rádio, o cinema não eliminou o teatro. Cada meio antigo passou a conviver e adaptar-se ao novo. O cinema reinventou-se após a chegada das videolocadoras e dos filmes streaming, on demand online. Convergência como um risco e oportunidade: possibilidade de ampliação da audiência em outras plataformas ou risco com a perda do usuário.

Extensão: movimentar conteúdos por diferentes sistemas de distribuição Sinergia: oportunidades financeiras com a fusão de dois sistemas diferenciados de produção e consumo de conteúdo Franquia: marca específica em um mercado de conteúdos ficcionais

A convergência das mídias é mais do que uma mudança tecnológica. Altera a relação entre tecnologias existentes, indústrias, mercados, gêneros e públicos. (JENKINS, 2006, p.43)

Proliferação de canais e portabilidade das novas tecnologias A proliferação de canais e as novas tecnologias possibilitam a ubiquidade (presença em todos os lugares) da mídia. É a era da internet das coisas. O foco da velha Hollywood era o filme, o cinema. Os novos conglomerados querem controlar toda a indústria de entretenimento. A Warner produz filmes, tv, música, games, sites, brinquedos, possui parque de diversões, publica livros, jornais, revistas e quadrinhos. A Rovio Entertainment da Finlândia tem brinquedos, parque de diversões etc da franquia Angry Birds que foi o 52º game criado pela empresa.

Como a convergência impacta o consumo de mídia?

Transformação na produção e consumo de conteúdo A convergência impacta também o consumo de mídia: é possível trabalhar em 4 ou 5 janelas do computador, navegar na internet, ouvir e baixar arquivos MP3, bater papo, digitar um trabalho e enviar um email. Um fã de seriado pode capturar imagens em vídeo, resumir episódios, discutir sobre roteiros, criar fan fiction (ficção de fãs), gravar trilhas sonoras de seriados, fazer filme, distribuir na internet. Tecnologias reduziram custos de produção e distribuição, expandiram audiência e permitiram que leitores comentassem, apropriando-se do conteúdo e colocando-o de volta para a circulação em novas e poderosas formas (opiniões pessoais, memes). Gambiarra= amarração improvisada entre as diferentes tecnologias midiáticas, em vez de um sistema completamente integrado. A revolução não será televisionada: está acontecendo algo importante em algum post do Facebook (manifestações da Primavera Árabe), tweet ou vídeo do You Tube. Organização: solidariedade, hashtags em atentados na Europa.

Risco de controle pelas organizações empresariais (Google e Facebook). Perdemos a chance de democratizar a internet?

Redefinição da cultura popular As empresas estão acelerando o fluxo de conteúdos de mídia pelos canais de distribuição para aumentar possibilidades de lucros, ampliar mercados. Mas os consumidores também aprendem a usar novas tecnologias para ter o controle mais abrangente sobre o fluxo de mídia e interagir com outros consumidores. Luta pelo direito de participação mais plena na internet (abaixo-assinados). A convergência corporativa e alternativa se unem criando relações mais próximas e às vezes entram em guerra, redefinindo a face da cultura popular. Agência 180 LA criou a campanha "Boost your Voice", na qual as lojas da rede Boost Mobile se tornaram local de votação em bairros de menor renda, contribuindo para aumentar o número de pessoas que votaram e diminuindo as filas (grand prix Promo Cannes).

Antigos consumidores: Passivos, isolados, silenciosos, invisíveis Novos consumidores: Migratórios, lealdade declinantes a redes ou meios de comunicação, conectados socialmente, barulhentos e públicos.

E os produtores de mídia? Às vezes encorajam mudanças, às vezes resistem (JENKINS)

Intervenção urbana Adesivos de setas amarelas em postes, monumentos. Movimento lançado em 2004 em Nova York. Acesso a conteúdo enviando o código do próprio adesivo, conectando o telefone do movimento. O movimento geoespacial espalhou-se por 38 países com a redefinição social de lugares, locais (cartografia do cotidiano com poemas, pensamentos e histórias pessoais, instruções de jogos). Virtualmente as setas foram taggeadas em galerias urbanas (Flirck) que são espaços de arte e possibilidades para a publicidade urbana com responsabilidade sobre o uso consciente da cidade.

Intervenção urbana