Turma e Ano: Regular 2015 / Master B Matéria / Aula: Direito Processual Penal / Aula 04 Professor: Elisa Pittaro Monitora: Kelly Soraia Aula 04 Principais Exames Periciais: - Autópsia ou necropsia: exame utilizado sempre que houver suspeitas de que aquela morte foi criminosa. Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto. - Exumação: consiste em desenterrar o cadáver para melhor esclarecer a causa morte. Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado. - Exame complementar: utilizado para esclarecer a gravidade do crime de lesão corporal. Só é realizado quando a lesão corporal é dolosa. Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor. - Exame de local exame realizado no local do crime. Ex: fotos, coleta de digitais, de fibras. Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. - Exame grafotécnico: consiste em confrontar os padrões gráficos do investigado. Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, observar-se-á o seguinte:
O agente é obrigado a fornecer padrões gráficos? Esse exame é uma modalidade de intervenção corporal que exige a participação ativa do acusado. É pacífico na jurisprudência que esse tipo de prova, assim como o bafômetro, a acareação, etc. são diligências que o agente pode se recusar a realizar, sem sofrer qualquer consequência processual, tendo como fundamento a proibição da auto-incriminação forçada. OBS: Em regra, a autoridade policial pode determinar de ofício a realização de qualquer exame pericial, salvo nos casos de dependência toxicológica e insanidade mental, onde haverá a necessidade de instauração de incidentes processuais. Incidente de Dependência Taxológica Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que este apresentava, à época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para tratamento médico adequado. (Lei 11.343/06) O art. 45 trata de três situações, sendo que apenas em uma delas será instaurado o incidente. Nas duas primeiras hipóteses, o legislador trata do agente que praticou qualquer crime em razão do consumo de drogas por caso fortuito ou força maior. Nesses dois casos, o agente será absolvido sem qualquer contraprestação. Na terceira hipótese, o art. 45 trata do agente que cometeu o crime em razão da dependência. Sempre que o agente alegar que é dependente o juiz deverá instaurar o incidente? 1ª Orientação (doutrina) o juiz deve instaurar, pois o objetivo do incidente é dar ao agente tratamento médico especializado. 2ª Orientação (jurisprudência) o juiz pode levar em consideração a sua impressão pessoal antes de decidir instaurar o incidente, mesmo porque ele acaba promovendo um retardo do feito. Se os peritos atestarem que o agente praticou o crime em razão da dependência ele será isento de pena, podendo se for o caso ser encaminhado para tratamento médico especializado. Não se trata
de uma medida de segurança, pois aqui não há juízo de periculosidade, trata-se de um tratamento médico especializado. Incidente de Insanidade Mental Independente do agente já ser interditado no civil, é necessário que um perito criminal tenha contato com o agente e após constatar a presença da doença, indique até que ponto ela compromete ou não a sua capacidade de autodeterminação. A doença mental pode surgir em três momentos distintos gerando consequências processuais também distintas. 1ª hipótese os peritos concluem que a doença mental já existia na época do crime. Nesse caso, a ação penal prosseguirá com a presença de um curador (art. 151 do CPP), e se no final for comprovado autoria e materialidade, ele se submeterá a uma medida de segurança. Nesse caso, não existe uma pena fixada na sentença, o juiz determina o cumprimento de medida de segurança, que de acordo com o Código Penal possui prazo indeterminado. Porém, o STJ editou a súmula 527 estabelecendo que o prazo máximo de duração da medida de segurança deve corresponder ao máximo da pena privativa de liberdade prevista em abstrato. Art. 151. Se os peritos concluírem que o acusado era, ao tempo da infração, irresponsável nos termos do art. 22 do Código Penal, o processo prosseguirá, com a presença do curador. SÚMULA 527, STJ O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado 2ª hipótese a doença mental pode surgir após a prática do crime. De acordo com o art. 152 do CPP, a ação penal ficará suspensa aguardando o seu reestabelecimento. Sem prejuízo, o juiz poderá interná-lo por prazo indeterminado enquanto aguarda o seu reestabelecimento. Toda a doutrina critica esse dispositivo, pois não é possível privar o agente da sua liberdade por prazo indeterminado sem que sequer tenha sido discutida a sua culpabilidade. A solução seria aplicarmos o art. 151 e a ação penal prossegue com a presença de um curador. Art. 152. Se se verificar que a doença mental sobreveio à infração o processo continuará suspenso até que o acusado se restabeleça, observado o 2º do art. 149. Antes da reforma do CPP de 2011 doutrina e jurisprudência discutiam sobre o que poderia ser feito com o doente mental durante o processo. Os arts. 373 a 380 do CPP tratam da medida de segurança de caráter provisório, porém com a entrada em vigor da Lei de Execuções Penais esses
artigos foram tacitamente revogados, pois esta lei só admitia medida de segurança após o trânsito em julgado. Desta forma, muitos juízes recorriam ao poder geral de cautela para internar o agente. Com a reforma do CPP de 2011, o art. 319, inciso VII trouxe a possibilidade de internação provisória de forma que hoje os juízes não precisam mais recorrer a esse poder geral de cautela. Para Polastri, os arts. 373 a 380 foram repristinados pela lei 12.403/11. Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: (...) VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 3ª hipótese a doença mental surge durante a execução penal. Nesse caso a pena será convertida em medida de segurança. Se após iniciar o cumprimento da medida de segurança o agente recuperar a sua sanidade, como não há previsão legal de nova conversão da medida de segurança em pena, o agente deverá ser posto em liberdade. Qual é o prazo máximo de duração da medida de segurança nessa hipótese? 1ª Orientação (TJRJ) devemos aplicar o art. 682 do CPP e o prazo máximo de duração da medida de segurança deve corresponder ao restante da pena. Art. 682. O sentenciado a que sobrevier doença mental, verificada por perícia médica, será internado em manicômio judiciário, ou, à falta, em outro estabelecimento adequado, onde Ihe seja assegurada a custódia. 2ª Orientação (Mirabete) não podemos aplicar o art. 682 do CPP, pois ele foi revogado pela Lei de Execuções Penais, que no seu art. 183 estabelece prazo indeterminado. Art. 183. Quando, no curso da execução da pena privativa de liberdade, sobrevier doença mental ou perturbação da saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da Defensoria Pública ou da autoridade administrativa, poderá determinar a substituição da pena por medida de segurança. (Redação dada pela Lei nº 12.313, de 2010). (Lei 7.210/84 Lei de Execuções Penais) 3ª Orientação (STF) o prazo máximo de privação da liberdade individual compreendido entre pena e medida de segurança não pode ultrapassar o limite de 30 anos com a aplicação analógica do art. 75 do CP.
Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (Código Penal) INTERROGATÓRIO Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) Qual a natureza jurídica do interrogatório? 1ª Orientação (Paceli) ele é um meio de defesa, com todas as consequências que isso acarrete, ou seja, não é possível a sua condução coercitiva e a sua ausência não pode gerar qualquer consequência processual como, por exemplo, a revelia. OBS: a revelia no processo civil trás como consequência a presunção de veracidade dos fatos articulados na inicial. No processo penal, isso não acontece, uma vez que o MP deverá sempre comprovar as suas teses. Desta forma, a única consequência da revelia seria a não intimação do réu para os atos do processo. 2ª Orientação (Polastri) ele possui natureza mista, pois o juiz formará a sua convicção a partir dos elementos constantes no interrogatório. Réu que permaneceu revel e que comparece após a prolação de sentença deve ser interrogado? 1ª Orientação (Paceli) o art. 185 do CPP não deu ao réu o direito de ser interrogado quando bem entendesse, mas sim o direito de ser interrogado no momento processual correto. Logo, a realização do interrogatório nesse momento é mera faculdade judicial. 2ª Orientação (Capez e Damásio) o interrogatório só poderá ser dispensado a pedido da defesa. 3ª Orientação (Polastri) sendo o interrogatório um meio de defesa, ele deverá ser interrogado.