VALOR JUSTO APLICADO AOS INSTRUMENTOS FINANCEIROS DERIVATIVOS POR BANCOS PÚBLICOS HABILITADOS PARA ATUAR NO MERCADO DE CÂMBIO: A REALIDADE BRASILEIRA



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Transcrição:

VALOR JUSTO APLICADO AOS INSTRUMENTOS FINANCEIROS DERIVATIVOS POR BANCOS PÚBLICOS HABILITADOS PARA ATUAR NO MERCADO DE CÂMBIO: A REALIDADE BRASILEIRA OLIVEIRA, Amauri GonÉalves de 1 RESUMO: Com a expansño do mercado de capitais as informaéâes fornecidas aos usuärios externos passaram a exigir um maior rigor na clareza e transparüncia das demonstraéâes financeiras. A ocorrüncia deste fato estä ligado no fornecimento de subsödios mais seguros aos usuärios da informaéño contäbil para a tomada de decisño por parte dos shareholders e stakeholders. Neste aspecto a contabilidade adotou o valor justo. Porãm, a adoéño do valor justo pode representar um viãs no momento da avaliaéño que pode impactar na confiabilidade da informaéño. Assim, o presente artigo busca verificar se hä semelhanéa nos valores praticados pelos bancos páblicos habilitados a operar no mercado de cåmbio dos instrumentos financeiros derivativos no peröodo de 2010 e 2011. Os dados de anälise serño dos bancos páblicos para a anälise dos valores justos praticados. O presente estudo viabilizou observar que apenas dois bancos declararam explicitamente a adoéño do valor justo para os instrumentos financeiros derivativos em consonåncia ao que ã preterido pelo International Accounting Standard (IAS) 39, porãm nño hä variaéño dos valores dos derivativos algo nño esperado na construéño da presente pesquisa. PALAVRAS-CHAVE: Instrumentos financeiros derivativos. Bancos páblicos. IAS 39. INTRODUÇÃO A reforma das Normas Internacionais de Reporte Financeiro (IFRS) introduzida no Brasil pelo ComitÜ de Pronunciamentos Contäbeis (CPC) trouxe impactos nas demonstraéâes contäbeis, uma dessas mudanéas estä relacionada com a aplicaéño do valor contäbil justo, o que levou a uma mudanéa de foco dos fatos contäbeis que outrora era baseada em fatos verificäveis para um foco em estimativas contäbeis. Esta reforma criou um desafio epistemolçgico para auditores externos independentes, para os gestores e conselhos de administraéño, no momento de verificar, atestar e certificar as demonstraéâes financeiras. Esta aéño tornou-se mais arriscada agora, a concluir que as demonstraéâes financeiras devem estar livres de distoréâes relevantes. 1 Mestrando em CiÜncias Contäbeis FECAP/SP. Especialista em Matemätica UFMT/ROO. Bacharel em CiÜncias Contäbeis UFMT/ROO. Atualmente, ã docente na Faculdade de CiÜncias Sociais Aplicadas do Vale do SÑo LourenÉo EDUVALE. E-mail: amaurig.oliveira@bol.com.br. 1

Esta preocupaéño relatada acima acontece em consequüncia que o valor justo na sua essüncia envolve ativos e passivos declarados nos relatçrios do BalanÉo Patrimonial e que mudam os valores de entrada para um valor justo obtido com ganhos e perdas da renda no decorrer do peröodo. E, esta mudanéa nos valores ocorre com base nos preéos de mercado, utilizado para determinar o valor justo contäbil (LAUX; LEUZ, 2010). No entanto, o que pode ser o valor justo para alguns participantes do mercado nño ã o mesmo para os outros. Isto fica notçrio nas palavras de Weil (2011), pois destaca que a áltima vez em que o mundo viveu uma enorme crise bancäria, as regras de contabilidade baseadas em valor justo estavam perto do topo na lista de bodes expiatçrios mais proväveis de serem denunciados por governos e löderes do setor bancärio. Nesta seara, os bancos como principais agentes de financiamento nos paöses code-law, poderiam estar utilizando os instrumentos financeiros derivativos para realizar hedge (proteéño) ou para gerenciar riscos ou mesmo para especular (AMARAL, 2003), contribuindo para este processo com adoéño do valor justo para esses tötulos. Diante deste cenärio, se pretendeu neste trabalho descrever os critãrios de valor justo de ativos, em particular, dos instrumentos financeiros derivativos identificando os bancos páblicos que adotam o valor justo para a avaliaéño dos instrumentos financeiros derivativos, valendo-se para isso das notas explicativas que acompanham as demonstraéâes financeiras dos exercöcios de 2010 e 2011 para identificar a similaridade entre os valores justos aplicados pelos bancos páblicos que estño aptos a atuar no mercado de cåmbio. CONTABILIDADE DE CUSTO HISTÓRICO VERSUS A CONTABILIDADE A VALOR JUSTO A contabilidade a valor justo mudou a profissño contäbil afastando do antigo cenärio que buscava objetividade, confiabilidade e verificabilidade, que foram garantidos no passado pela contabilidade do custo histçrico. Por outro lado, a contabilidade a valor justo proporciona aos usuärios das demonstraéâes financeiras informaéâes mais relevantes do que a contabilidade de custo histçrico. No entanto, 2

tambãm envolve julgamento o que pode deteriorar a representaéño fiel porque nño importa o quño relevante, se a informaéño nño representa totalmente o fenêmeno econêmico apropriado, ã inátil, que ã diföcil de justificar dada a falta de um mercado ativo. Como, as empresas no Brasil, nño divulgam claramente como foram contabilizados os seus instrumentos financeiros derivativos, esta prätica nño facilita a comparabilidade que ã uma caracteröstica qualitativa de contabilidade que ajuda os usuärios a ver semelhanéas e diferenéas entre os eventos sob as mesmas condiéâes. Comparabilidade implica que as informaéâes contäbeis devem ser comparäveis entre diferentes empresas e em diferentes peröodos, para que os investidores e credores sejam capazes de comparar as informaéâes entre as empresas para tomar suas decisâes (CPC-00, 2011). VALOR JUSTO E INSTRUMENTOS FINANCEIROS DERIVATIVOS O valor justo sobre instrumentos financeiros foi introduzido pelo FASB, SFAS 105 que ã o primeiro projeto para regulamentaéño e divulgaéño das informaéâes financeiras que se utiliza do mãtodo de mensuraéño a valor justo, sendo que grande parte das publicaéâes acadümicas sobre o assunto datam de 1996 em diante (MARQUES, et al., 2012). Jä, no Brasil, fora introduzida apçs a publicaéño da lei në 11.638/2007 e ajustada com os pronunciamentos contäbeis CPC 38, 39 e 40 em 2009, que proporcionaram que a realidade contäbil brasileira contemplasse as partes importantes e relevantes das normas internacionais (COSTA, 2010). A classificaéño de instrumentos financeiros ao justo valor ã determinada por referüncia í fonte de insumos que sño utilizados para estimar o valor justo (DARìS e BORBA, 2005). Esta classificaéño orienta contabilistas sobre a seleéño dos mãtodos adequados de estimaéño de valor justo, sendo fornecida pela IFRS 7. Esta classificaéño dos insumos disponövel nesta norma auxilia os usuärios das demonstraéâes financeiras para avaliar a confiabilidade e observaéño do mercado para a confecéño das estimativas de valor justo evidenciadas nas demonstraéâes financeiras. No entanto, requer julgamento profissional na sua implementaéño. Como resultado, a comparabilidade das demonstraéâes financeiras elaboradas pelas entidades diferentes dentro do mesmo setor pode ser diminuöda. 3

Assim, valor justo contäbil nño ã mais do que uma forma de mensurar os ativos e passivos que viabilizam uma retrataéño equilibrada da situaéño patrimonial. O Financial Accounting Standard (FAS) 157 define valor justo como o preéo que seria recebido para vender um ativo ou pago para transferir um passivo em uma transaéño normal entre os participantes do mercado na data da mensuraéño (LAUX; LEUZ, 2009). No Brasil, o procedimento de estimativa de valor de mercado dos tötulos para fins de contabilizaéño, avaliaéño e divulgaéño de informaéâes sobre instrumentos financeiros e de gestño da carteira de tötulos e valores mobiliärios na organizaéño ã regulado pelo Banco Central (BACEN) e orientado pelo ComitÜ de Pronunciamentos Contäbeis com os pronunciamentos 08, 14 e 38 que versam sobre a International Accounting Standard (IAS) 39 (OLIVEIRA; LEMES, 2011). CASO DE ESTUDO Neste estudo foram analisados os bancos páblicos habilitados pelo BACEN em setembro de 2012 para atuar no mercado de cåmbio, sendo: Banco do Brasil (BB), Caixa Econêmica Federal (CEF), Banco Nacional de Desenvolvimento Econêmico e Social (BNDES), Banco do Estado do Rio Grande do Sul (BANRISUL), Banco do Nordeste (BNB), Banco da Amazênia (BASA), Banco de BrasÖlia (BRB), Banco do Estado do EspÖrito Santos (BANESTES), Banco do Estado do Parä (BANPARA) e Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Para a consecuéño do presente objetivo foi feito uma revisño de todas as demonstraéâes financeiras e suas notas explicativas destes 10 bancos páblicos dos peröodos anuais de 2010 e 2011, e revelou que apenas 2 bancos divulgam os seus instrumentos financeiros derivativos a valor justo de forma explöcita, conforme relatado cada caso abaixo. 4

Bancos Valor Justo Valor de mercado BB SÑo avaliados pelo valor de mercado por ocasiño dos balancetes mensais e balanéos. As valorizaéâes ou desvalorizaéâes sño registradas em contas de receitas ou despesas dos respectivos instrumentos financeiros. A metodologia de marcaéño a mercado dos instrumentos financeiros derivativos foi estabelecida com base em critãrios consistentes e verificäveis que levam em consideraéño o preéo mãdio de negociaéño no dia da apuraéño ou, na falta desse, por meio de modelos de precificaéño que traduzam o valor löquido provävel de realizaéño. CEF Os instrumentos financeiros derivativos que nño atendam aos critãrios de hedge estabelecidos pelo BACEN, principalmente derivativos utilizados para administrar a exposiéño global de risco, sño contabilizados pelo valor justo, com as valorizaéâes ou desvalorizaéâes reconhecidas diretamente no resultado do peröodo. O valor justo foi estabelecido com observåncia a critãrios consistentes e verificäveis que levam em consideraéño o preéo mãdio de negociaéño na data de apuraéño ou na falta desse, cotaéâes de preéos de mercado para ativos ou passivos semelhantes ou na falta desses, mãtodos prçprios de precificaéño. Quando o instrumento financeiro derivativo ã contratado em negociaéño, associado í operaéño de captaéño ou 5

aplicaéño de recursos, nos termos da Circular BACEN në 3.150/2002, a avaliaéño ã efetuada com base nas condiéâes definidas em contrato, sem nenhum ajuste decorrente do valor justo do derivativo. [...] a carteira de tötulos para negociaéño e os instrumentos financeiros derivativos sño avaliados pelo valor justo com reflexo no resultado. BNDES Os derivativos sño inicialmente reconhecidos ao valor justo na data da contrataéño e sño posteriormente mensurados pelo valor justo no final de cada exercöcio. Eventuais ganhos e perdas sño reconhecidos imediatamente no resultado. BANRISUL BNB Os instrumentos financeiros derivativos contratados associados a outras operaéâes de aplicaéño de recursos estño avaliados pelos valores das receitas e despesas incorridas de acordo com regime de competüncia, em contrapartida do Resultado do ExercÖcio. A atuaéño do Banco do Nordeste no mercado de derivativos restringe-se a operaéâes de "swap", exclusivamente para proteéño de suas posiéâes ativas e passivas, quando necessärio. As operaéâes de swap sño avaliadas pelo valor de mercado por ocasiño dos balancetes mensais e balanéos e as valorizaéâes ou desvalorizaéâes sño registradas em contas de receitas ou despesas. No cälculo do valor de mercado das operaéâes de "swap" sño utilizadas as 6

taxas divulgadas pela AssociaÉÑo Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais - ANBIMA. BASA O Banco tem como polötica de investimento nño atuar no mercado de derivativos e a sua exposiéño atual detãm 72% do valor a mercado dos ativos da carteira alocados em tötulos páblicos indexados í SELIC e papãis privados indexados ao CDI, nño havendo, portanto, mudanéa significativa de cenärio senño as decorrentes da volatilidade do mercado. BRB Os instrumentos financeiros derivativos (ativos e passivos), quando aplicävel, sño classificados de acordo com a intenéño da AdministraÉÑo na data do inöcio da operaéño, podendo ser utilizados para proteéño contra riscos hedge ou nño. Os instrumentos financeiros derivativos que nño atendam aos critãrios de hedge contäbil estabelecidos pelo BACEN, principalmente derivativos utilizados para administrar a exposiéño global de risco, sño contabilizados pelo valor de mercado, com valorizaéâes ou desvalorizaéâes reconhecidas diretamente no resultado do peröodo. Em 31 de dezembro de 2010, o Grupo BRB nño possuöa operaéâes com derivativos. BANESTES SÑo registrados, na data de aquisiéño, de acordo com a intenéño da AdministraÉÑo [...] conforme Circular në 3.082 [...]. Os derivativos que nño atendem aos critãrios de classificaéño do referido normativo para hedge sño 7

BANPARA BDMG A InstituiÉÑo nño contratou operaéâes com instrumentos financeiros derivativos durante os exercöcios de 2010 e 2009. registrados pelo valor de mercado [...]. As operaéâes com instrumentos financeiros e derivativos efetuados em negociaéño associada í operaéño de captaéño de recursos [...] nño sño ajustadas a mercado... SÑo registrados, na data de aquisiéño, de acordo com a intenéño da AdministraÉÑo [...] conforme Circular në 3.082 [...]. As operaéâes com instrumentos financeiros e derivativos efetuados em negociaéño associada í operaéño de captaéño de recursos [...] nño sño ajustadas a mercado... Fonte: Dados da pesquisa QUADRO 1 AvaliaÅÇo dos instrumentos financeiros derivativos pelos bancos péblicos habilitados para atuar no mercado de cñmbio Diante do quadro ã possövel se observar que apenas dois bancos reconheceram que seus ativos/passivos financeiros derivativos sño mensurados pelo valor justo e que nos demais casos ou sño mensurados/ajustados de acordo com o mercado. Assim, ao avaliar os bancos com a mesma caracteröstica nño se pode afirmar que hä mercado ativo para a utilizaéño de marcaéño a mercado. Assim, ã perceptövel que se for pela caracteröstica comum utilizado como o alvo deste estudo, seria melhor que todos adotassem o valor justo, de repente com base em outros indexadores. Neste caso, destaca-se abaixo como foram divulgados os instrumentos financeiros derivativos na demonstraéño dos dois bancos nos anos de 2010 e 2011. 8

Caixa Econêmica Federal Banco Nacional de Desenvolvimento Econêmico e Social 2010 2011 2010 2011 Futuro 833 17.443 Swap 1 - - 10 OpÉâes 271.249 572.752 Fonte: Dados da pesquisa Tabela 1 InformaÅÖes extraüdas das notas explicativas Diante da constataéño das notas explicativas dos bancos se constatou que nño hä diferenciaéño dos valores adotados pelos bancos e, portanto, nada se pode inferir sobre o porquü desta dissociaéño de informaéâes. CONCLUSáO A contabilidade que por muito tempo foi uma profissño muito conservadora, onde cada pedaéo de informaéño podia ser verificada por referüncia a documentos comprovativos originais. Devido a uma recente mudanéa de custo histçrico para a contabilidade de valor justo, a relevåncia das informaéâes contäbeis tornou-se mais importante do que a sua confiabilidade. Este fato criou desafios para os gestores tornando mais arriscado afirmar que as demonstraéâes financeiras que as entidades declarantes estño livres de distoréâes. Este desafio foi ilustrado com o exemplo do setor bancärio do Brasil um paös com economia de mercado em desenvolvimento. Ao levantar preocupaéâes que, devido a anomalias financeiras na classificaéño dos ativos, tüm impacto sobre a escolha dos mãtodos de estimativa de valor justo, nem a exatidño (veracidade) das estimativas contäbeis do valor justo, nem a ausüncia de distoréâes financeiras nño intencionais. Assim, a questño fundamental ã saber se essas demonstraéâes sño suficientemente o bastante para apresentar a situaéño financeira da entidade empresarial, especialmente quando ã uma entidade que estä em um paös com mercado nño suficientemente ativo. 9

REFERàNCIAS AMARAL, C. A. L. V. Derivativos: o que sño e a evoluéño quanto ao aspecto contäbil. Revista contabilidade e finanåas, SÑo Paulo, v. 14, n. 32, ago. 2003. COMITÇ DE PRONUNCIAMENTOS CONTîBEIS. Estrutura Conceitual para ElaboraÅÇo e DivulgaÅÇo de Relatârio Contäbil-Financeiro (CPC-00). CorrelaÉÑo ís Normas Internacionais de Contabilidade The Conceptual Framework for Financial Reporting (IASB BV 2011 Blue Book). BrasÖlia, dez. 2011. COSTA, J. A. M. EvidenciaÅÇo contäbil dos instrumentos financeiros derivativos no Brasil uma anälise comparativa SEC X CVM apâs os efeitos da Lei 11.638/07 e do CPC 14. 2010. DissertaÉÑo (Mestrado Profissionalizante em AdministraÉÑo) Faculdade de Economia e FinanÉas IBMEC, Rio de Janeiro, 2010. DARìS, L. L.; BORBA, J. A. EvidenciaÉÑo de instrumentos financeiros derivativos nas demonstraéâes contäbeis: uma anälise das empresas brasileiras. Revista contabilidade e finanåas, SÑo Paulo, v. 16, n. 39, dez. 2005. DisponÖvel em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1519-70772005000300006&lng=en&nrm=iso>. Accesso em: 03 set. 2012. Financial Accounting Standards Board - FASB. Statement of Financial Accounting Standards No. 157 - Fair Value Measurements. Norwalk: IFRS, DisponÖvel em: <http://www.fasb.org/cs/blobserver?blobkey=id&blobwhere=1175823288587&blobhe ader=application%2fpdf&blobcol=urldata&blobtable=mungoblobs>. Acesso em: 23 jul. 2012. INTERNATIONAL FINANCIAL REPORTING STANDARD - IFRS. IAS 39 - Financial instruments: recognition and Measurement. London: IFRS, DisponÖvel em: <http://ec.europa.eu/internal_market/accounting/docs/consolidated/ias39_en.pdf>. Acesso em: 23 jul. 2012.. IFRS 7 - Financial Instruments: Disclosures. London: IFRS, DisponÖvel em: <http://eifrs.ifrs.org/eifrs/bnstandards/en/2012/ifrs7.pdf>. Acesso em: 23 jul. 2012. LAUX, C.; LEUZ, C. The crisis of fair-value accounting: Making sense of the recent debate. Journal Accounting, Organizations and Society, v. 34, 2009, p. 826 834. ;. Did Fair-Value Accounting Contribute to the Financial Crisis? The Journal of Economic Perspectives, v. 24, n. 1, 2010, p. 93-118. 10

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