ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO DA TERRA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO MÉDIO-BAIXO CURSO DO RIO ARAGUARI RESUMO Fausto Miguel da Luz Netto faustoluz_netto@hotmail.com Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geografia Bolsista CAPES - UFU Silvio Carlos Rodrigues silgel@hotmail.com Prof.Dr. em Geografia Física - UFU A avaliação do uso e ocupação da terra envolve técnicas de trabalho de campo e de geoprocessamento que contribuem para o conhecimento de diversas áreas de estudo que visa planejar e ordenar o território e garantir um uso mais adequado e com menos impactos ao meio ambiente. Este trabalho teve como objetivo a aplicação de técnicas de geoprocessamento para a análise do uso e ocupação da terra em uma determinada bacia, juntamente com a dinâmica e modificação da paisagem. Os resultados demonstram o potencial e a qualidade da aplicação de técnicas de geoprocessamento para esta análise, observando a constante modificação da paisagem, influenciando na dinâmica ambiental da região. 1670 PALAVRAS-CHAVE: Geotecnologias; Mapeamento; Uso da Terra. INTRODUÇÃO EIXO 13 - Sensoriamento remoto e mudanças da paisagem O conhecimento das características naturais do meio ambiente, por exemplo, solos, clima, vegetação local, relevo e unindo-se as características socioeconômicas, por exemplo, população, produção, e formas de uso, são essências para a avaliação do potencial de uso e ocupação do solo, determinando através de estudos, práticas mais sustentáveis com o menor impacto ambiental e social possível (ASSAD & SANO, 1993). A Bacia Hidrográfica do Rio Araguari está localizada na região Sudoeste de Minas Gerais, sendo afluente do rio Paranaíba, um dos formadores do Rio Paraná. A referida bacia possui 21.856 km 2 de área e suas nascentes estão localizadas na Serra da Canastra a aproximadamente 1.400 m de altitude. A referida bacia drena 20 municípios, com população aproximada de 1.200.000 habitantes, sendo os mais populosos Uberlândia, Araguari e Araxá, conforme figura 1.
Essa região foi intensamente ocupada principalmente com a implantação dos projetos de expansão agrícolas iniciados na década de 70 como o PADAP (Programa de Assentamento Direto do Alto Paranaíba), POLOCENTRO (Programa de Desenvolvimento do Cerrado Co-Patrocinado pela JICA Japan International Cooperation Development), que implicou mudanças significativas na morfodinâmica superficial do Bioma Cerrado (RODRIGUES, 2002). 1671 Figura 1 Localização da Área de Estudo. As práticas de uso da terra e a constante inserção de tecnologias de ponta no meio rural não são a garantia de que as práticas de manejo são adequadas para um determinado local, necessitando de estudos locais para guiar a melhor forma de uso dos recursos naturais e tecnológicos. Neste sentido, o homem vem estudando e pesquisando para encontrar o equilíbrio entre o uso sustentável dos recursos naturais, porém em muitos casos, o fator econômico sobressai aos fatores ambientais e sociais (FIORIO, et al, 2000). As atividades de uso e ocupação do solo estão intimamente ligadas com o estado de desenvolvimento e de produção e reprodução da vida, desde a escala local à escala global, promovendo diretamente a organização dos recursos e dos bens naturais. Neste sentido, o uso indiscriminado e a utilização de técnicas ultrapassadas tem provocado, nas últimas décadas, degradação desses meios e recursos naturais,
gerando consequências quase que irreversíveis, como por exemplo, a erosão dos solos e o assoreamento dos cursos d água (RIBEIRO, 2008). A identificação do uso e ocupação da terra tornou-se cada vez mais importante e necessária para a compreensão do meio natural, visando à organização do espaço natural, cada vez mais alterado pela ação humana e pelo desenvolvimento de tecnologias que facilitaram o trabalho rural. Os constantes registros do monitoramento das formas de uso e seus registros podem facilitar a elaboração e prever possíveis tendências que podem fornecer dados importantes para o planejamento regional (ROSA, 1990). O levantamento do uso e ocupação da terra é a distribuição, em uma determinada área, das tipologias de uso, determinadas através de um padrão homogêneo da cobertura vegetal, envolvendo trabalhos de campo e computacional, para a interpretação, análise e registro da observação da paisagem, objetivando a sua classificação e espacialização através de mapas (IBGE, 2006). A finalidade desse artigo é compreender as relações existentes da dinâmica e modificação da paisagem através da análise do uso e ocupação da terra. 1672 METODOLOGIA A pesquisa foi dividida em três momentos, sendo que na primeira parte foram realizadas as coletas de informações básicas e referenciais teóricos, tais como pesquisas em livros, artigos publicados em revistas e em eventos científicos e da pesquisa das imagens de satélite. No segundo momento, foi necessário solicitar, junto ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), imagens de satélite para o seu processamento digital e aplicação de procedimentos metodológicos. Já no terceiro momento, foram realizada a visita de campo, coleta de coordenadas geográficas, aplicação da metodologia e elaboração do relatório final. Para a elaboração dos mapas de uso da terra, foi realizada de acordo com a disponibilidade de imagens de satélite do INPE, sendo que a imagem utilizada foi a de 09 de agosto de 2012, LANDSAT 5 Thematic Mapper (TM), com resolução espacial de 30 metros. O método utilizado foi à classificação supervisionada, conhecida como Maximum Likelihood, considerado um método eficaz e com pouquíssimos erros e de fácil correção, porém, é necessário ter um conhecimento prévio da área de estudo (SILVA, 2010). O processamento digital das imagens de satélite, tais como a edição, elaboração da composição colorida e a classificação supervisionada foram realizadas no software ArcGis 10.0, com a licença do Laboratório de Geomorfologia e Erosão dos Solos.
RESULTADOS Comparando os mapas de uso em dois momentos distintos, conforme figura 2, nota-se claramente o domínio da pastagem, o principal uso praticado na bacia de estudo. Outra observação, é que aparentemente, há pouco diferença entre os usos registrados em agosto de 2011 e de julho de 2012, porém, ocorreram pequenas modificações nas culturas temporárias, transformados em culturas permanentes e vice-versa, ampliação da pastagem sobre a paisagem. 1673 Figura 2 Mapas de Uso e Ocupação da Terra. CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso de imagens de satélite contribuiu essencialmente para a elaboração dos mapas de uso da terra, com a utilização de métodos de composição colorida e de classificação supervisionada, o mesmo se mostrou muito eficiente na elaboração desse tipo de mapeamento. O Sistema de Informação Geográfica (SIG), ArcGis, versão 10.0 foi essencial para a produção final, ferramenta de suma importância para a análise das imagens, composição, classificação e elaboração do layout final. A ferramenta se mostrou
eficiente nesses procedimentos metodológicos e pode-se aplicar em análise ambiental e espacial. A bacia hidrográfica do Médio Curso do Rio Araguari envolve propriedades que utilizam o solo para o cultivo de culturas anuais e temporárias, principalmente hortifrutigranjeiros e para a pecuária de forma intensiva, ocupando a maior parte da bacia. As produções advindas das culturas temporárias e anuais é destinada para o consumo da população residente em Uberlândia e no seu entorno. É fato que todas essas atividades de uso e as técnicas de manejo do solo modificam e dinamizam a paisagem, influenciando na dinâmica natural da natureza da região. As atividades de uso e ocupação da terra estão relacionadas com a necessidade mercadológica regional e nacional, com o uso intensivo dos recursos naturais da área. É necessário, neste caso, interferir nessas práticas através da inserção de técnicas e tecnológicas produtivas com alta rentabilidade, com menos desperdício e com manejo adequado e sustentável, na tentativa de preservar ao máximo tais recursos, sem perder o foco econômico de interesse primário. 1674 REFERÊNCIAS ASSAD, E. D. & SANO, E. E. Sistema de Informações Geográficas Aplicação na Agricultura. Planaltina: EMBRAPA-CPAC, 1993, 274p. FIORIO, P. R.,DEMATTÊ, J. A. & SPAROVEK, G. Cronologia e Impacto Ambiental do Uso da Terra na Micro Bacia Hidrográfica do Ceveiro, em Piracicaba, SP. Pesquisa Agropecuária Brasileira: Brasília, v35, n4, p.671-679, abr. 2000. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA IBGE Manuais Técnicos em Geociências. Manual Técnico de Uso da Terra. 2ª, Rio de Janeiro, 91p. 2006. RIBEIRO, W. C. Geografia Política da Água. São Paulo: AnnaBlume, 2008, 162p. RODRIGUES, S. C. Mudanças Ambientais na Região do Cerrado. Análise das Causas e Efeitos da Ocupação e Uso do Solo sobre o Relevo. O caso da Bacia Hidrográfica do Rio Araguari - MG. GeoUSP, São Paulo, v. 12, p. 105-124, 2002. ROSA, R. Introdução ao Sensoriamento Remoto. Uberlândia: EDUFU, 1990, 136p.
SILVA, T. I. Diagnóstico e Análise da Fragilidade Ambiental da Bacia do Médio-baixo Curso do Rio Araguari, Minas Gerais. 2010. 84f. Monografia (Graduação em Geografia) Instituto de Geografia, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2010. 1675