Equações de chuvas intensas para localidades do Estado do Pará. Intensive rainfall equations for sites in Pará State

Documentos relacionados
ESTIMATIVA DAS EQUAÇÕES DE CHUVAS INTENSAS PARA ALGUMAS LOCALIDADES NO ESTADO DE GOIÁS PELO MÉTODO DA DESAGREGAÇÃO DE CHUVAS 1

Equações de chuvas intensas para o Estado do Pará. Intense rainfall equations for the State of Pará, Brazil

Parâmetros Da Equação De Chuvas Intensas Nos Municípios De Viçosa E Palmeira Dos Índios- AL

COMPARAÇÃO ENTRE A EQUAÇÃO DE CHUVA INTENSA DO MUNICÍPIO DO RECIFE COM AS METODOLOGIAS DE BELL E DAS RELAÇÕES ENTRE DURAÇÕES

Intensidade-duração-frequência de chuvas para o Estado de Mato Grosso do Sul

Equações De Chuvas Intensas Para Os Municípios De Maceió E Arapiraca - AL

Curvas Intensidade-Duração-Frequência das precipitações extremas para o município de Cuiabá (MT)

COMPARAÇÃO ENTRE CHUVAS INTENSAS OBTIDAS A PARTIR DE IDF S E PELA METODOLOGIA DA RELAÇÃO ENTRE DURAÇÕES

XII SIMPÓSIO DE RECURSOS HIDRÍCOS DO NORDESTE EQUAÇÕES DE CHUVAS INTENSAS PARA OS MUNICÍPIOS DE AREIA BRANCA E CEARÁ-MIRIM- RN

INTENSIDADE-DURAÇÃO-FREQUÊNCIA DE CHUVAS INTENSAS PARA LOCALIDADES NO ESTADO DE GOIÁS E DISTRITO FEDERAL 1

Relação Intensidade-Duração-Frequência Da Precipitação Máxima Para Os Municípios De Penedo E Rio Largo

ESTUDO DAS PRECIPITAÇÕES PARA DIFERENTES PERÍODOS DE RETORNO NO MUNICIPIO DE SÃO JOÃO DO JAGUARIBE/CE

XIII SIMPÓSIO DE RECURSOS HIDRÍCOS DO NORDESTE DETERMINAÇÃO DE EQUAÇÃO DE CHUVAS INTENSAS PARA A CIDADE DE CARUARU POR MEIO DO MÉTODO DE BELL

CHUVAS INTENSAS NO MUNICÍPIO DE IRECÊ-BA

EQUAÇÃO INTENSIDADE-DURAÇÃO-FRÊQUENCIA DAS PRECIPITAÇÕES DE ALGUMAS LOCALIDADES DO ESTADO DA BAHIA

Equação de Intensidade, Duração e Freqüência da Precipitação para a Região de Dourados, MS

RELAÇÕES INTENSIDADE-DURAÇÃO-FREQÜÊNCIA DE CHUVAS INTENSAS DE URUSSANGA, SC.

CHUVAS INTENSAS PARA A MICRORREGIÃO DE CIANORTE/PR, BRASIL: UMA AVALIAÇÃO A PARTIR DA DESAGREGAÇÃO DE CHUVAS DIÁRIAS

Análise de Chuvas Intensas na Bacia Hidrográfica do Rio Piranhas a partir de dados Pluviométricos

DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS DA EQUAÇÃO DE CHUVAS INTENSAS PARA O MUNICÍPIO DE ALHANDRA, PARAÍBA

LEVANTAMENTO DE DADOS DECORRENTES DA DESAGREGAÇÃO DE CHUVAS DIÁRIAS PLUVIOMETRICAS DO MUNICÍPIO DE PATOS PB

CHUVAS INTENSAS NO ESTADO DA PARAÍBA. Ricardo de Aragão 1 Eduardo E. de Figueiredo 2 Vajapeyam S. Srinivasan 3 Raimundo S. S.

RELAÇÕES IDF DE CHAPECÓ- SC ATUALIZADAS COM DADOS DE 1976 A 2014 IDF RAINFALL RELATIONSHIP FOR CHAPECÓ- SC FROM 1976 TO 2014

Capítulo 4. Precipitação

DETERMINAÇÃO DA EQUAÇÃO DE INTENSIDADE-DURAÇÃO- FREQUÊNCIA (IDF) DAS CHUVAS NA REGIÃO DO MÉDIO PIRACICABA/MG

COEFICIENTES DA EQUAÇÃO DE INTENSIDADE-DURAÇÃO-FREQUÊNCIA PARA TIBAGI-PR COM DISTRIBUIÇÃO GUMBEL-CHOW. Salathiel Antunes Teixeira 1

- NOTA TÉCNICA RESUMO

INFLUÊNCIA DE DIFERENTES COEFICIENTES DE DESAGREGAÇÃO NA DETERMINAÇÃO DE EQUAÇÕES IDF PARA AQUIDAUANA/MS

Métodos de estimativa de precipitação máxima para o Estado de Goiás

ANÁLISE DE EVENTOS PLUVIOMÉTRICOS EXTREMOS DO MUNICÍPIO DE CHUPINGUAIA-RO

CURVAS DE INTENSIDADE, DURAÇÃO E FREQUÊNCIA (IDF) PARA A CIDADE DE PATOS DE MINAS - (MG) DO PERÍODO DE 1969 A 2014

EQUAÇÕES DE INTENSIDADE-DURAÇÃO-FREQÜÊNCIA DA PRECIPITAÇÃO PLUVIAL PARA O ESTADO DE TOCANTINS

EQUAÇÃO DE CHUVAS INTENSAS PARA O MUNICÍPIO DE JAÚ-ESTADO DE SÃO PAULO - BRASIL: PROPOSTA DE UMA EQUAÇÃO GERAL E ANÁLISE DO SEU DESEMPENHO.

VARIABILIDADE DA PRECIPITAÇÃO EM CAMPO GRANDE, MATO GROSSO DO SUL

DISTRIBUIÇÃO TEMPORAL DE CHUVAS INTENSAS EM PIRACICABA, SP Ronalton Evandro Machado 1 *; Liebe Santolin Ramos Rittel Bull 2 ; Paulo César Sentelhas 3

XII SIMPÓSIO DE RECURSOS HIDRÍCOS DO NORDESTE PARÂMETROS DA EQUAÇÃO DE CHUVAS INTENSAS NOS MUNICÍPIOS DE CAICÓ E MACAU RN

RELAÇÕES ENTRE PRECIPITAÇÕES INTENSAS DE DIFERENTES DURAÇÕES DE VIDEIRA, SANTA CATARINA

ESTUDO DE CHUVAS INTENSAS NO MUNICÍPIO DE LAGOA DA PRATA - MG

CARACTERIZAÇÃO DA ESTAÇÃO CHUVOSA NO MUNICÍPIO DE MUCAMBO CE ATRAVÉS DA TÉCNICA DOS QUANTIS

REGIONALIZAÇÃO DE CHUVAS INTENSAS EM ALAGOAS

Utilização de dados pluviométricos para o desenvolvimento de equações IDF da região metropolitana de Fortaleza-CE, Brasil

PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO E FREQUÊNCIA DE OCORRÊNCIA DAS PRECIPITAÇÕES DIÁRIAS EM DIAMANTINA MINAS GERAIS ( )

Emprego dos métodos expeditos de Chow Gumbel e Bell para formulação de equações de chuvas intensas uma avaliação de desempenho

Relações intensidade-duração-frequência de precipitações para o município de Tucano, Bahia. Yuri dos Santos Nascimento¹*, Janisson Batista de Jesus²

ANÁLISE DE CONSTANTES DE DESAGREGAÇÃO DE CHUVA DIÁRIA NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

COMUNICAÇÃO TÉCNICA Nº Modelagem de inundações: curvas IDF e modelagem chuva-vazão. Filipe Antonio Marques Falcetta.

ANÁLISE DE DADOS PLUVIOMÉTRICOS PARA FINS DE ZONEAMENTO AGRÍCOLA DE RISCO CLIMÁTICO

Estimativa da precipitação máxima diária anual e equação de chuvas intensas para o município de Formiga, MG, Brasil

ANÁLISE DA VARIAÇÃO PLUVIOMÉTRICA DO MUNICÍPIO DE CAJAZEIRINHAS PB A PARTIR DE SÉRIES HISTÓRICAS

Climatologia da Precipitação no Município de Igarapé-Açu, PA. Período:

VIII-Castro-Brasil-1 COMPARAÇÃO ENTRE O TEMPO DE RETORNO DA PRECIPITAÇÃO MÁXIMA E O TEMPO DE RETORNO DA VAZÃO GERADA PELO EVENTO

Avaliação de modelos de densidade de probabilidade em séries de dados meteorológicos

EQUAÇÕES DE INTENSIDADE DURAÇÃO FREQUÊNCIA DE CHUVAS PARA AS LOCALIDADES DE FORTALEZA E PENTECOSTE, CEARÁ

Chuvas intensas no Estado da Bahia 1

COMPORTAMENTO DO REGIME PLUVIOMÉTRICO MENSAL PARA CAPITAL ALAGOANA MACEIÓ

ANÁLISE DA PRECIPITAÇÃO DO MUNICÍPIO DE CRUZ DAS ALMAS ATRAVÉS DA TÉCNICA DE QUANTIS M. J. M. GUIMARÃES 1 ; I. LOPES 2

RELAÇÕES INTENSIDADE-DURAÇÃO-FREQUÊNCIA DE CHUVA OBTIDAS A PARTIR DE SÉRIES DE DURAÇÃO PARCIAL 1. INTRODUÇÃO

ESTUDO DA PRECIPITAÇÃO EM CATOLÉ DO ROCHA-PB UTILIZANDO A TEORIA DA ENTROPIA

EMPREGO DE FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS NA DETERMINAÇÃO DE CHUVAS INTENSAS: UM INSTRUMENTO ADICIONAL PARA O ENSINO DE HIDROLOGIA

Relações Intensidade-Duração-Freqüência de chuvas intensas de Chapecó, Estado de Santa Catarina

Uso do radar meteorológico na definição de parâmetros de distribuição temporal e espacial de chuvas intensas

ANÁLISE DE FREQUENCIA E PRECIPITAÇÃO HIDROLOGICA DE CINCO ESTAÇÕES AGROCLIMATOLÓGICAS DA REGIÃO CENTRO- SUL DA BAHIA

EQUAÇÕES DE CHUVAS INTENSAS NO ESTADO DE RORAIMA

REGIONALIZAÇÃO DE VAZÕES NO MÉDIO CURSO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO ARAGUÁIA

Equações de intensidade-duração-frequência de chuvas para o estado do Piauí 1


ANÁLISE ESTATÍSTICA PARA IDENTIFICAÇÃO DE TENDÊNCIAS NO REGIME DE CHUVAS PARA O AGRESTE MERIDIONAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO

Climatologia das chuvas no Estado do Rio Grande do Sul

PRECIPITAÇÕES EXTREMAS

Espacialização das estimativas das temperaturas máximas, médias e mínimas anuais para o Vale do Taquari - RS - Brasil, pelo método de regressão linear

ANÁLISE DA PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA E DO NÚMERO DE DIAS COM CHUVA EM CALÇOENE LOCALIZADO NO SETOR COSTEIRO DO AMAPÁ

ESTIMATIVA DE CHUVAS INTENSAS PARA O OESTE DE MINAS GERAIS E O ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA USINA HIDRELÉTRICA DE FURNAS RESUMO

PERÍODO DE RETORNO DAS PRECIPITAÇÕES MÁXIMAS PARA ALGUMAS CIDADES DO RIO GRANDE DO NORTE

DETERMINAÇÃO DO PERÍODO DE RETORNO DA PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA POR MEIO DA DISTRIBUIÇÃO DE GUMBEL PARA A REGIÃO DE GUARATINGUETÁ SP

ARTIGO 2. KRIGAGEM E INVERSO DO QUADRADO DA DISTÂNCIA PARA INTERPOLAÇÃO DOS PARÂMETROS DA EQUAÇÃO DE CHUVAS INTENSAS

ESTUDOS DAS CHUVAS MÁXIMAS PARA O MUNICÍPIO DE IGUATU-CE

DETERMINAÇÃO DE CURVA INTENSIDADE-DURAÇÃO-FREQUÊNCIA POR MEIO DO EMPREGO DO MÉTODO PARAMÉTRICO DE AJUSTAMENTO DE OBSERVAÇÕES

VARIAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA PLUVIOMETRIA EM ÁREAS HOMOGÊNEAS DO ESTADO DA PARAÍBA

PALAVRAS-CHAVE: Precipitação; Gumbel; Log-Normal. Data de recebimento: 12/07/06. Data de aceite para publicação: 09/10/06.

ANÁLISE DE SÉRIE HISTÓRICA DE PRECIPITAÇÃO. ESTUDO DE CASO: PRINCESA ISABEL PB

Characterization of Rainfall Patterns in the Projeto Rio Formoso Region in the Araguaia Basin, Tocantins State, Brazil

CARACTERIZAÇÃO DO PADRÃO DAS CHUVAS OCORRENTES EM LAVRAS, MG

CURVAS IDF VERSUS VAZÃO DE PROJETO DE UM SISTEMA DE DRENAGEM URBANA

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

ANÁLISE PLUVIOMÉTRICA DA BACIA DO CHORÓ, MUNÍCIPIO DE CHORÓ CEARÁ

ANÁLISE DO IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NAS CHUVAS INTENSAS DA CIDADE DE FORTALEZA, CEARÁ

Capítulo 3: Elementos de Estatística e Probabilidades aplicados à Hidrologia

PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA DE CHUVA NA MICRO REGIÃO DE ILHÉUS- ITABUNA, BAHIA. Hermes Alves de Almeida

Espacialização da intensidade de precipitação máxima para o estado do Paraná

PREVISIBILIDADE DAS CHUVAS NAS CIDADES PARAIBANAS DE CAJAZEIRAS, POMBAL E SÃO JOSÉ DE PIRANHAS

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E TEMPORAL DA PRECIPITAÇÃO PLUVIAL E EROSIVIDADE MENSAL E ANUAL NO ESTADO DO TOCANTINS

DETERMINAÇÃO DA CURVA DE INTENSIDADE, DURAÇÃO E FREQUÊNCIA DO MUNICÍPIO DE IPAMERI GOIÁS

Variabilidade da Precipitação em Belém-Pará Relacionada com os Fenômenos El Niño e La Niña

Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ

AVALIAÇÃO DA TENDÊNCIA DA PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA NA LOCALIDADE DE FLORESTA, ESTADO DE PERNAMBUCO

MÉDIAS E VARIABILIDADE DOS TOTAIS MENSAIS E ANUAIS DE PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO VACACAÍ-MIRIM, RS

ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA LUIZ DE QUEIROZ ESALQ/USP LEB 1440 HIDROLOGIA E DRENAGEM Prof. Fernando Campos Mendonça PRECIPITAÇÕES

Análise estatística da precipitação máxima diária anual da cidade de Uberaba e vazão mínima diária anual do Rio Uberaba

FLUTUAÇÃO DA PRECIPITAÇÃO EM ALAGOA NOVA, PARAÍBA, EM ANOS DE EL NIÑO

ANÁLISE TEMPORAL DO COMPORTAMENTO DA PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA NO MUNICÍPIO DE POMBAL - PB

Transcrição:

Equações de chuvas intensas para localidades do Estado do Pará Paulo Henrique Martins Scaramussa 1, Rodrigo Otávio Rodrigues De Melo Souza 2, Marcos Antônio Corrêa Matos Amaral 3, Alexandre Vilar Pantoja 4, João Augusto Pereira Neto 5 1 Graduando de Agronomia, UFRA, Av. Presidente Tancredo Neves nº 2501, Belém-PA, e- mail: ph_scaramussa@hotmail.com 2 Professor Adjunto, UFRA/ICA, e-mail: rodrigo.souza@ufra.edu.br 3 Graduando de Agronomia, UFRA, e-mail: marcos.ufra@hotmail.com 4 Graduando de Agronomia, UFRA, e-mail: ale_ceara@hotmail.com 2 Professor Assistente, UFRA/Capitão Poço, e-mail: joao.augusto@ufra.edu.br Intensive rainfall equations for sites in Pará State ABSACT: The equations of high intensity rains have been used as important tool to design hydraulic structures. Most of the municipal districts of the Pará State (Brazil) doesn't have information about the equations of high intensity rains. For this reason, the present work aimed to establish the intensity-duration-frequency relationship of rains for the major cities of Pará, using the methodology of disaggregation of 24 h rain. The data from 11 municipal pluviometric stations, of the Hydrological Information System of the National Water Agency, were used in this work. The IDF equations showed good fit, with determination coefficients above 0.95. The values of intensity rainfall varied a lot, for a same duration, among studied municipal districts. Keywords: Intensive rainfall, intensity-duration-frequency, hidrology 1 INODUÇÃO A relação Intensidade Duração-Frequência (IDF) da precipitação pluvial tem sido usada como ferramenta importante para projetos de obras hidráulicas. Para a obtenção destas equações são necessários dados pluviográficos. O Estado do Pará possui uma carência de dados pluviográficos, o que justifica a falta de dados bibliográficos sobre equações de chuvas intensas no Estado. Uma alternativa para a estimativa destas equações seria a utilização de dados pluviométricos, visto que o Estado possui um grande número de pluviômetros, bem distribuídos geograficamente. Segundo Santos et al. (2009) as equações IDF, também chamadas de equações de chuvas intensas, tornam-se mais eficientes quando além de utilizarem dados locais, apresentam séries mais longas de dados observados. A determinação das equações de IDF apresenta grandes dificuldades em razão da escassez de informações, da baixa densidade de redes pluviográficos e do pequeno período de observações disponíveis. Além disso, a metodologia exige um exaustivo trabalho de tabulação, análise e interpretação de inúmeros pluviogramas. Por essa ocasião, hoje em dia poucos trabalhos têm sido realizados com tal finalidade, ocasionando um grande entrave na realização de projetos de obras hidráulicas mais confiantes e econômicos (Pruski et al., 2002). Os métodos que se baseiam nas relações entre chuvas intensas de diferentes durações têm validade regional, embora os valores médios destas relações sejam muitos próximos para várias partes do mundo. Para estimativas locais são convenientes que sejam estabelecidos

novos coeficientes, relacionados às características locais dos microclimas (Genovez & Zuffo, 2000). Algumas metodologias foram desenvolvidas no Brasil para a obtenção de chuvas de menor duração a partir de registros pluviométricos diários, devido à existência no território nacional de vasta rede pluviométrica. Essas metodologias empregam coeficientes para transformar chuva de 24 horas, em chuvas de menor duração. Dentre elas, estão a das isozonas e a da desagregação da chuva de 24 horas, citadas por Oliveira et al. (2005). Barbosa et al. (2000) empregaram a metodologia da desagregação da chuva de 24 horas para algumas localidades do Estado de Goiás, a qual se mostrou adequada, com valores de desvios menores que 14,4%, comparados com as relações intensidade-duração-frequência geradas por Costa & Brito (1999). Isso proporcionou a utilização em áreas onde não dispõe de registro pluviográficos. Por outro lado, Oliveira et al. (2005) ajustaram para algumas localidades do Estado de Goiás e do Distrito Federal a relação intensidade-duração-frequência, empregando o método de desagregação de chuvas de 24 horas, onde os resultados apresentaram desvios relativos médios que variaram de -1,6% a 43,9%. Devido à grande carência de informações relativas às equações de chuvas intensas para a maioria dos municípios do Estado do Pará, desenvolveu-se o presente trabalho, com o objetivo da obtenção das relações de intensidade, duração e freqüência de precipitação pluvial para as principais cidades do Pará, utilizando-se a metodologia da desagregação da chuva de 24 h. 2 - MATERIAL E MÉTODOS Neste trabalho foram utilizados séries históricas de dados pluviométricos para as principais cidades do Estado do Pará, obtidos do Sistema de Informação Hidrológicas da Agência Nacional de Águas (ANA, 2007), perfazendo 11 estações pluviométricas selecionadas nos municípios: Altamira, Belém, Breves, Castanhal, Igarapé-Açu, Itaituba, Marabá, Paragominas, Redenção, Santarém e São Félix do Xingu. Para cada estação foram montadas as séries históricas dos valores máximos anuais com séries de 33 anos em média. A desagregação da chuva de um dia em chuvas de menor duração foi obtida pela metodologia proposta pelo Daee-Cetesb (1980). Foram obtidos chuvas com durações de cinco, dez, quinze, vinte, vinte e cinco, e trinta minutos, e de uma, seis, oito, dez, doze e vinte e quatro horas, pelo emprego dos coeficientes multiplicativos, apresentado na Tabela 1. Tabela 1 - Coeficiente de desagregação da chuva de 24 h de duração. Duração Coeficientes Duração Coeficientes 24h 24h -1 1,14 30 min h -1 0,74 12h 24h -1 0,85 25 min h -1 0,91 10h 24h -1 0,82 20 min h -1 0,81 8h 24h -1 0,78 15 min h -1 0,70 6h 24h -1 0,72 10 min h -1 0,54 1h 24h -1 0,42 5 min h -1 0,34 Fonte: DAEE/CETESB (1980)

Foi utilizado o modelo de distribuição de probabilidades de Gumbel para o cálculo anual das precipitações máximas diárias por meio da seguinte sequência de equações, conforme Pinto (1995): 1 Y = ln ln 1 (1) K = 0,45 + 0,78. (2) X Y X + K. S = (3) Em que: Y variável reduzida da distribuição da distribuição de Gumbel; período de retorno (anos); X precipitação máxima diária para determinado (mm); K - fator de freqüência (adimensional); X e S- média da precipitação máxima diária (mm) e o desvio-padrão dos dados de precipitação máxima diária (mm). Após a verificação da aderência dos dados à distribuição de Gumbel, para cada série de duração de chuva, realizaram-se as estimativas das chuvas máximas para diferentes períodos de retorno. Com os valores estimados de chuvas máximas para diferentes durações e tempos de retorno, estimaram-se os parâmetros utilizados nas equações que expressam as relações IDF (Equação 4), para cada estação observada. a K. I = (4) t + b ( ) c Em que: i- intensidade máxima média, mm h -1 ; período de retorno, anos; t- tempo de duração da chuva, min; K, a, b, c- parâmetros de ajuste. O ajuste das equações de intensidade de precipitação foi realizado no software Table Curve 3D. Foram utilizados os períodos de retorno de 5, 10, 20, 50, 100, 1000 e 10000; com duração de precipitação de 5, 10, 15, 20, 25, 30, 60, 360, 480, 600, 720 e 1440 minutos. Com as equações ajustas de cada município foi calculada a intensidade de precipitação, considerando um tempo de retorno de 15 anos e diferentes durações (30, 360, 720 e 1440minutos). 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 2 apresenta as estimativas dos parâmetros das relações de IDF, relativos às 11 localidades no Estado do Pará, verificando-se bom ajuste das equações (valores de r² acima de 95% para todos os municípios estudados). Existe uma grande variação nos coeficientes presentes nas relações IDF. O parâmetro K variou de 1098,01(Breves) a 2314,97 (Igarapé- Açu). Esses resultados indicaram grande variação das intensidades de precipitação esperadas para diferentes regiões do Estado. Enquanto que para o parâmetro a, a variação observada foi de 0,0944 a 0,1567, para Belém e Igarapé-Açu, respectivamente. Os parâmetros b e c apresentaram valores próximos de 8,13 e 0,76; respectivamente.

A grande variabilidade de valores de intensidade de precipitação observado nos diferentes municípios do Estado evidencia a necessidade de consideração de informações locais para realização de estudo e projetos hidráulicos, interferindo na segurança de dimensionamento e no custo das obras. Tabela 2 - Coeficientes K, a, b e c das equações de chuvas intensas ajustadas para várias localidades do Estado do Pará e respectivos coeficientes de determinação (r 2 ). Localidade Latitude Longitude K a b c r² Altamira 3 12 51 52 12 47 1815,2786 0,1440 8,1312 0,7671 0,9608 Belém 1 26 6 48 26 16 1256,6028 0,0944 8,1300 0,7670 0,9632 Breves 1 47 30 50 26 5 1098,0054 0,1154 8,1369 0,7672 0,9628 Castanhal 1 17 51 47 56 22 2105,8044 0,1456 8,1322 0,7671 0,9606 Igarapé-Açu 1 19 0 47 37 0 2314,9618 0,1567 8,1339 0,7672 0,9592 Itaituba 5 9 15 56 51 20 1740,7918 0,1450 8,1297 0,7670 0,9607 Marabá 6 25 40 49 25 11 1410,0979 0,1110 8,1316 0,7671 0,9629 Paragominas 3 44 32 47 29 51 1620,2280 0,1270 8,1344 0,7672 0,9622 Redenção 8 2 38 50 0 11 1503,1751 0,1044 8,1310 0,7671 0,9630 Santarém 3 53 20 54 18 54 1483,6468 0,1259 8,1356 0,7672 0,9622 São Félix do Xingu 6 42 9 51 47 55 1320,6268 0,1109 8,1360 0,7672 0,9629 Na Tabela 3 podem-se observar as intensidades de precipitação estimadas com as equações dos municípios, para uma tempo de retorno de 15 anos e diferentes durações. Dentre os municípios analisados, Igarapé-Açu apresentou os maiores índices de intensidade chuvas para todas as durações, sendo o inverso observado para o município de Breves. Tabela 3 - Intensidade de precipitação para diferentes durações de chuva, com tempo de retorno de 15 anos. Intensidade Máxima média de chuva em mm h -1 Localidade 30min 360min 720min 1440min Altamira 164,17 28,83 17,09 10,09 Belém 99,41 17,47 10,35 6,11 Breves 91,86 16,13 9,56 5,64 Castanhal 191,27 33,60 19,91 11,75 Igarapé-Açu 216,60 38,04 22,54 13,30 Itaituba 157,93 27,74 16,44 9,70 Marabá 116,62 20,48 12,14 7,16 Paragominas 139,88 24,57 14,56 8,59 Redenção 122,12 21,45 12,71 7,50 Santarém 127,70 22,43 13,29 7,84 São Félix do Xingu 109,15 19,17 11,36 6,70 4 CONCLUSÕES Com base nos resultados apresentados, conclui-se que: 1. As equações IDF apresentaram bom ajuste, com coeficientes de determinação acima de 95%. 2. Ocorre alta variabilidade dos valores de intensidade máxima média de precipitação pluvial, para uma mesma duração, entre as localidades observadas.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANA-Agência Nacional das Águas. Hidroweb: Sistemas de informações hidrológicas. http://hidroweb.ana.gov.br. 17 Mar. 2007. BARBOSA, F. O. A.; OLIVEIRA, L. F. C.; CORTÊS, F. C.; ROMÃO, P. A.; CARVALHO, D. F. Obtenção de equações de chuva intensa para algumas localidades no Estado de Goiás: método da desagregação de chuvas. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, 29., 2000, Fortaleza. Anais... Fortaleza: Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola, 2000. 1 CD-ROM COSTA, A. R.; BRITO, V. F. Equações de chuva intensa para Goiás e sul de Tocantins. In:Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, 13., 1999. Belo Horizonte. Anais... Associação Brasileira de Recursos Hídricos, 1999. 1 CD-ROM. DAEE-CETESB. Departamento de Água e Energia Elétrica-Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Drenagem urbana: Manual de projeto. São Paulo: DAEE- CETESB, 1980.466p. GENOVEZ, A. M.; ZUFFO, A. C. Chuvas intensas no Estado de São Paulo: Estudos existentes e análise comparativa. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v.5, n.3, p45-58, 2000. OLIVEIRA, L. F. C.; CORTÊS, F. C.; WEHR, T. R.; BORGES, L. B.; SARMENTO, P. H. P.; GRIEBELER, N. P. Intensidade-duração-freqüência de chuvas intensas para algumas localidades no Estado de Goiás e Distrito Federal. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia, v.35, n.1, p.13-18, 2005. PINTO, F. A. Chuvas intensas no estado de Minas Gerais: análises e modelos. Viçosa, Universidade Federal de Viçosa, 1995. 87p. (Tese de Doutorado) PRUSKI, F. F.; SILVA, D. D.; TEIXEIRA, A. F.; SILVA, J. M. A.; CECÍLIO, R. A.; SLIVA, D. F. Chuvas intensas para o Brasil. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, 31, 2002, Salvador. Anais... Salvador: Sociedade Brasileira de Engenharia agrícola, 2002.CD-Rom SANTOS, G. G.; FIGUEIREDO, C. C.; OLIVEIRA, L. F. C.; GRIEBELER, N. P. Intensidade- duração- freqüência de chuvas para o Estado de Mato Grosso do Sul. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Amabiental, v.13,(suplemento), p.899-905, 2009.