FERNANDA ALICE ANTONELLO LONDERO BACKES

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Transcrição:

FERNANDA ALICE ANTONELLO LONDERO BACKES CULTIVO DE LISIANTO (Eustoma grandiflorum (Raf.) Shinners) PARA CORTE DE FLOR EM SISTEMAS CONVENCIONAL E HIDROPÔNICO Tese apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós- Graduação em Fitotecnia, para obtenção do título de Doctor Scientiae. VIÇOSA MINAS GERAIS - BRASIL 2004

Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e Classificação da Biblioteca Central da UFV T Backes, Fernanda Alice Antonello Londero, 1969- B126c Cultivo de lisianto ( Eustoma grandiflorum (Raf.) 2004 Shinners) para corte de flor em sistemas convencional e hidropônico / Fernanda Alice Antonello Londero Backes. Viçosa : UFV, 2004. xi, 101f. : il. ; 29cm. Inclui anexos. Orientador: José Geraldo Barbosa. Tese (doutorado) - Universidade Federal de Viçosa. Inclui bibliografia. 1. Lisianto - Cultivo. 2. Lisianto - Adubos e Fertilizantes. 3. Lisianto - Nutrição. 4. Lisianto - Poda. 5. Hidroponia. 6. Eustoma grandiflorum. I. Universidade Federal de Viçosa. II.Título. CDD 22.ed. 635.93393

Ao meu marido Rogério, meu porto seguro, eterno e verdadeiro amor, pela presença constante, por seu amor e carinho, pelas palavras de conforto e incentivo que me proporcionaram alcançar mais esta vitória. Ao meu filho Pedro, razão maior do meu viver. Pelos momentos preciosos ainda em meu ventre, e que agora em meu colo me proporciona o melhor dos prazeres: o de ser mãe. Aos meus pais Hugo Jeronÿmo Londero (in memoriam) e Blandina Antonello Londero, por me ensinarem que o amor pela vida e pelo trabalho, a honestidade e a responsabilidade são os primeiros passos para se realizar um sonho e se conquistar vitórias. Pela vida, por sua doação, dedicação e ensinamentos, minha eterna gratidão. À minha família, meus irmãos, cunhados (as) e sobrinhos (as), pelo amor, carinho, pela união e pelo incentivo nesta longa caminhada. Por me ensinarem que o amor e a união foram essenciais para a construção de nossa grande família. Dedico ii

AGRADECIMENTOS A Deus, fonte de luz e inspiração. Por nos permitir conquistar a cada dia uma nova etapa com amor e dedicação. À Universidade Federal de Viçosa e a CAPES pela oportunidade de realização do curso e pela concessão da bolsa de estudo. Ao professor José Geraldo Barbosa, pela orientação e amizade, pela confiança e pelo incentivo à dedicação pela floricultura. À professora Hermínia Emília Prieto Martinez, pela amizade, pela atenção, pelos conselhos e ensinamentos preciosos ao longo do curso. Ao professor Paulo Roberto Cecon, pela amizade, auxílio na estatística e pelos ensinamentos valiosos para a realização do nosso trabalho. A pesquisadora Maria Aparecida Nogueira Sediyama pelo carinho, pela amizade, pela disponibilidade e incentivo na busca do conhecimento. Aos professores José Antonio Saraiva Grossi e Atelene Normann Kämpf, pela colaboração e preciosas sugestões. Ao professor Tocio Sediyama, Coordenador do Curso de Pós- Graduação, pela amizade e disponibilidade em todos os momentos. Aos demais professores da Universidade Federal de Viçosa, pelos conhecimentos transmitidos. iii

Ao Seu Ernesto e Seu Quinquin, funcionários do Departamento de Fitotecnia, pela amizade, disposição e ajuda durante a condução dos experimentos. À Mara, secretária do Curso de Pós-Graduação, pela amizade, carinho e dedicação. Ao Seu Domingos e Seu Itamar, funcionários do Laboratório de Nutrição Mineral de Plantas, pela atenção, ensinamentos e auxílios indispensáveis. Ao Seu Peroba, Seu Sebastião Leite e Seu Luiz, funcionários da Horta, pela amizade e pelo auxílio na realização do nosso trabalho. Ao Seu Ribeiro, D. Eva, Marise, Cássia e Seu Caetano, funcionários do Departamento de Fitotecnia, pela amizade, carinho e atenção. Ao Seu Vicente Madaleno, pela tenção e auxílio indispensáveis. À família Bonato Rossi, que nos acolheu em Viçosa, Seu Pedro, Dona Dorinha, Líliam, André e Telésio, pelo amor, companheirismo e incentivo. Ao meu irmão Zé Márcio, pelo carinho, pela amizade, pela disponibilidade em todos os momentos e pela oportunidade de convivermos juntos. Aos colegas de curso e de trabalho, em especial, Charles, Solange, Marinalva, Sabrina, Josete, Maurício, Ronaldo e Zé Jorge, pela amizade, pelo carinho, pelo apoio, pelo incentivo e pelos momentos agradáveis em que passamos juntos. A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho. iv

BIOGRAFIA FERNANDA ALICE ANTONELLO LONDERO BACKES, filha de Hugo Jeronÿmo Londero (in memoriam) e Blandina Antonello Londero, nasceu em 24 de agosto de 1969, em Santa Maria, Estado do Rio Grande do Sul. Em agosto de 1992, ingressou no Curso de Agronomia da Universidade Federal de Santa Maria, Estado do Rio Grande do Sul, graduando-se em agosto de 1997. Em março de 1999, iniciou o Curso de Mestrado em Agronomia, na Universidade Federal de Santa Maria, concentrando seus estudos na Área de Produção Vegetal, concluindo-o em julho de 2000. Em agosto de 2000, iniciou o Curso de Doutorado em Fitotecnia, concentrando seus estudos na Área de Nutrição Mineral e Adubação de Plantas na Universidade Federal de Viçosa, Estado de Minas Gerais, concluindo-o em outubro de 2004. v

CONTEÚDO Página RESUMO... ABSTRACT... ix xi INTRODUÇÃO GERAL... 1 BIBLIOGRAFIA GERAL... 5 CAPÍTULO 1 DESEMPENHO DE CULTIVARES DE LISIANTO PARA FLOR-DE- CORTE SOB DIFERENTES TIPOS DE PODA... 7 1. INTRODUÇÃO... 7 2. MATERIAL E MÉTODOS... 13 2.1. Caracterização do local, substrato e adubação... 13 2.2. Caracterização dos cultivares... 14 2.3. Delineamento experimental e análise estatística... 16 2.4. Colheita e avaliação... 16 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO... 18 4. CONCLUSÕES... 27 BIBLIOGRAFIA... 29 vi

CAPÍTULO 2 CULTIVO HIDROPÔNICO DE LISIANTO PARA FLOR-DE-CORTE EM SISTEMA DE FLUXO LAMINAR DE NUTRIENTES - NFT... 32 1. INTRODUÇÃO... 32 1.1. Aspectos gerais da cultura do lisianto... 32 1.2. Cultivo hidropônico de plantas para flores-de-corte... 34 2. MATERIAL E MÉTODOS... 40 2.1. Caracterização do local e instalação do experimento... 40 2.2. Caracterização dos cultivares... 41 2.3. Descrição do experimento e manejo... 42 2.4. Instalação do experimento... 46 2.5. Colheita e avaliação... 47 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO... 48 4. CONCLUSÕES... 57 BIBLIOGRAFIA... 58 CAPÍTULO 3 CONCENTRAÇÃO, CONTEÚDO E PARTIÇÃO DE NUTRIENTES EM LISIANTO CULTIVADO EM HIDROPONIA... 62 1. INTRODUÇÃO... 62 2. MATERIAL E MÉTODOS... 66 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO... 68 3.1. Concentração de nutrientes... 68 3.1.1. Concentração de nutrientes nas folhas... 68 3.1.2. Concentração de nutrientes nos caules... 76 3.1.3. Concentração de nutrientes nas flores... 84 3.2. Conteúdo de nutrientes... 89 3.2.1. Conteúdo de nutrientes nas folhas... 89 3.2.2. Conteúdo de nutrientes nos caules... 96 3.2.3. Conteúdo de nutrientes nas flores... 100 3.3. Conteúdo total de nutrientes na parte aérea do lisianto... 108 3.4. Partição dos nutrientes nos diferentes órgãos da parte aérea do lisianto... 112 4. CONCLUSÕES... 113 BIBLIOGRAFIA... 114 CONCLUSÕES GERAIS... 116 ANEXOS... 118 vii

RESUMO BACKES, Fernanda Alice Antonello Londero, D.S., Universidade Federal de Viçosa, Outubro de 2004. Cultivo de lisianto (Eustoma grandiflorum (Raf.) Shinners) para corte de flor em sistemas convencional e hidropônico. Orientador: José Geraldo Barbosa. Conselheiros: Hermínia Emília Prieto Martinez, Paulo Roberto Cecon e Maria Aparecida Nogueira Sediyama. Na busca de informações sobre a produção de diferentes cultivares de lisianto (Eustoma grandiflorum Shinn.) para corte de flor e a influência dos fatores de manejo, como a fertilização e a poda, foram realizados dois experimentos em casa-de-vegetação. Os experimentos foram conduzidos nos Setores de Floricultura e Olericultura do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa (MG). No primeiro experimento, em cultivo convencional, o objetivo foi avaliar o desempenho de cultivares submetidos a diferentes tipos de poda. Utilizou-se um esquema de parcelas subdivididas, sendo alocados nas parcelas, os tipos de poda (ausência de poda, poda acima do terceiro par de folhas e poda acima do quinto par de folhas) e, nas subparcelas, os cultivares (Echo Champagne, Ávila Blue Rim, Echo Pink e Mariachi Pure White), em delineamento de blocos casualizados, com quatro repetições. A ausência de poda causou redução na produção de hastes, folhas e flores por viii

planta, na massa fresca da parte aérea, na massa seca do caule e das folhas por planta, em relação à realização da poda. As plantas podadas acima do quinto par de folhas foram mais precoces, sendo, portanto, este tipo de poda recomendado para os cultivares avaliados. Os cultivares Echo Champagne, Echo Pink e Mariachi Pure White se destacaram quanto a características importantes na produção de flores-de-corte, enquanto o cultivar Ávila Blue Rim não apresentou resultados satisfatórios no cultivo em canteiro nas condições experimentais. No segundo experimento, em cultivo hidropônico, o objetivo foi avaliar a possibilidade do cultivo de lisianto em sistema de fluxo laminar de nutrientes e verificar o desempenho de cultivares e a eficiência de três soluções nutritivas quanto às características nutricionais, produtivas e comerciais da cultura. O experimento foi conduzido em esquema fatorial 4x3, sendo avaliados quatro cultivares (Echo Champagne, Mariachi Pure White, Balboa Yellow e Ávila Blue Rim) e três soluções nutritivas (Teste, Steiner modificada e a proposta por BARBOSA et al. (2000)), em delineamento experimental de blocos casualizados, com três repetições. O sistema de fluxo laminar de nutrientes mostrou ser uma alternativa viável para o cultivo de lisianto como flor-de-corte. A solução proposta por BARBOSA et al. (2000) e a solução Teste resultaram em produção satisfatória para a cultura do lisianto. Todos os cultivares de lisianto mostraram bom desempenho quanto a características importantes na produção de flores-de-corte, destacando-se, em especial, em cultivo no sistema de fluxo laminar de nutrientes, os cultivares Echo Champagne e Ávila Blue Rim. As concentrações e os conteúdos dos nutrientes nas plantas de lisianto na solução proposta por BARBOSA et al. (2000) e solução Teste são adequados ao crescimento e desenvolvimento da cultura. A solução de Steiner modificada, nas concentrações de nutrientes utilizadas, produziu plantas com limitações nutricionais. ix

ABSTRACT BACKES, Fernanda Alice Antonello Londero, D.S., Universidade Federal de Viçosa, October of 2004. Lisianthus (Eustoma grandiflorum (Raf.) Shinners) cultivation for cut flowers in conventional and hydroponic systems. Adviser: José Geraldo Barbosa. Committee members: Hermínia Emília Prieto Martinez, Paulo Roberto Cecon and Maria Aparecida Nogueira Sediyama. Two greenhouse experiments were conducted with the aim of compiling information on the production of different Lisianthus (Eustoma grandiflorum Shinn.) cultivars for cut flowers and on the influence of management factors such as fertilization and pruning. The experiments were carried out in the flower and vegetable science sectors of the plant science department at the Universidade Federal de Viçosa, state of Minas Gerais, BR. The first experiment aimed at N evaluation of the performance of cultivars subjected to different types of pruning under conventional cultivation. A split plot scheme was used where the types of pruning (absence of pruning, pruning above the third leaf pair and pruning above the fifth leaf pair) were distributed in the plots and the cultivars (Echo Champagne, Ávila Blue Rim, Echo Pink, and Mariachi Pure White) in the subplots, in a randomized block design with four replications. Compared to pruned plants, the absence of pruning led to a reduction in the production x

of stems, leaves and flowers per plant, in the fresh matter of the aerial part, and in the dry matter of the stem and leaves per plant. The plants pruned above the fifth leaf pair were earlier, so this kind of pruning is recommended for the evaluated cultivars. The cultivars Echo Champagne, Echo Pink and Mariachi Pure White performed remarkably well in the traits required for cut flower production, while cultivar Ávila Blue Rim did not present satisfactory results in the flower bed cultivation under the experimental conditions. Objectives of the second experiment in hydroponic cultivation were to evaluate the possibility of Lisianthus cultivation in a laminar flow system of nutrients; the performance of cultivars; and the efficiency of three nutritive solutions regarding the nutritional, productive and commercial features of the crop. The experiment was conducted in a 4 x 3 factorial scheme. Four cultivars (Echo Champagne, Mariachi Pure White, Balboa Yellow and Ávila Blue Rim) and three nutritive solutions (Teste, modified Steiner and a solution proposed by BARBOSA et al. (2000)) were evaluated in a randomized block design with three replications. The laminar flow nutrient system proved to be a feasible alternative for the cultivation of Lisianthus as cut flowers. The solution proposed by BARBOSA et al. (2000) and the solution Teste brought forth a satisfactory yield of Lisianthus. All Lisianthus cultivars performed well in relation to the essential characteristics for the production of cut flowers; the cultivars Echo Champagne and Ávila Blue Rim did particularly well in the cultivation system of laminar nutrient flow. The nutrient concentrations and contents in the Lisianthus plants treated with the solution proposed by BARBOSA et al. (2000) and solution Teste are adequate for the growth and development of the crop. The modified Steiner solution in the nutrient concentrations we used resulted in plants with nutritional deficiencies. xi

INTRODUÇÃO GERAL A floricultura brasileira, a exemplo do que já aconteceu nos países desenvolvidos, passa por momentos de profundas mudanças e transformações. De uma atividade familiar, com disponibilidade de área e mão-de-obra, avança para uma nova etapa, em que a tecnificação e a profissionalização são condições básicas para a participação num mercado globalizado e altamente competitivo (BONGERS, 2002). Cada vez mais, o mercado de flores exige a introdução de novos produtos já que esta é uma ferramenta importante para manter e expandir o setor. HALEVY (1995) considera que, na indústria de plantas ornamentais, a novidade é um atributo fundamental e, na introdução de novas espécies, são considerados o valor estético, o custo de produção, a longevidade pós-colheita, a qualidade e a aceitação do mercado. No contexto mundial, o mercado de flores-de-corte se divide em países de alto consumo, a exemplo de Noruega, Suíça, Suécia, Dinamarca e Itália em que o consumo per capita/ano é da ordem de US$ 100, contrastando com consumidores em potencial, como o Brasil, onde o consumo per capita/ano é de aproximadamente US$ 7 (BARBOSA et al., 2003). No Brasil, o consumo de flores começou a ser estimulado no final da década de 70 pelas colônias holandesas e japonesas através de feiras 1

e exposições. Nos últimos anos, surgiram eventos em vários estados brasileiros, todos com importante papel na divulgação de espécies para a produção de flores e plantas ornamentais (OPITZ, 2002). O mercado nacional de flores e plantas ornamentais tem prosperado anualmente, em média 15 a 20%, com conseqüente incremento para os principais segmentos da cadeia produtiva. De acordo com AKI e PEROSA (2002), a expansão da produção brasileira de flores e plantas ornamentais ainda está concentrada principalmente em São Paulo, mas destacando-se também Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Ceará, assim como outros Estados da Região Norte. Em termos de produção de flores-de-corte, destacam-se a rosa, o crisântemo, a gérbera, a gipsofila e, mais recentemente, o lisianto vem ganhando maior atenção no mercado da floricultura. Sua utilização tem sido especialmente requerida na decoração de ambientes, já que este é um segmento de mercado que vem se fortalecendo cada vez mais. O lisianto, nativo dos Estados Unidos, é uma importante espécie ornamental e tem sido cultivado em grande escala na Holanda, Japão, Israel e Estados Unidos, tornando-se muito popular como flor-de-corte e planta envasada. No Brasil, foi introduzido no final da década de 80. É uma espécie herbácea bienal, de caule ereto, com folhagem e florescimento ornamentais. As flores são duráveis, grandes, em forma de sino, simples ou dobradas, com diversos matizes de cores, formadas no final da primavera e início do verão. Desde sua introdução no mercado nacional, tem sido cultivado principalmente como flor-de-corte. A produção comercial de lisianto, no Brasil, tem aumentado e, concomitantemente, as doenças têm se tornado um fator limitante ao cultivo da espécie (RIVAS et al., 2000). A literatura tem relatado a ocorrência de sintomas de fungos em cultivos comerciais da espécie, a exemplo da podridão de raízes e hastes e o murchamento e a morte da planta, causados por Fusarium solani; lesões nas hastes e folhas, causadas por Phomopsis sp.; necrose nas hastes e clorose nas folhas, causadas por Sclerotium rolfsii, assim como o surgimento de viroses, como manchas necróticas nas folhas e hastes, causadas por Íris yellow 2

spot vírus; lesões necróticas nas folhas e diminuição do tamanho das flores e com menor duração pós-colheita, conseqüência da infecção por Tobacco streak vírus, em plantas de lisianto cultivadas no solo em diversos países (FREITAS et al., 1996; WOLCAN et al., 2001; KRITZMAN et al., 2000; McGOVERN et al., 2000a; McGOVERN et al., 2000b). No Brasil, não existem levantamentos dos prejuízos em lisianto em função das doenças. No entanto, há alta incidência de sintomas de doenças em plantas cultivadas no solo, resultando em acentuadas perdas econômicas (RIVAS et al., 2000). Assim, o cultivo hidropônico pode ser uma alternativa para a produção da espécie. A seleção e o melhoramento de plantas coletadas de seu ambiente natural resultaram na produção de vários cultivares comerciais. O aumento recente na popularidade de lisianto em diversos países tem estimulado pesquisas sobre a cultura, principalmente quanto ao uso de reguladores de crescimento, à pós-colheita de flores-de-corte e de vaso e à identificação de doenças que têm gerado prejuízos econômicos. No entanto, pesquisas relacionadas à nutrição mineral e à condução da cultura em diferentes sistemas de cultivo ainda são muito escassas, principalmente no Brasil. O comportamento diferencial dos cultivares de lisianto quanto à resposta ao tipo de poda e à nutrição mineral, assim como a utilização de técnicas alternativas de cultivo, como a hidroponia, que pela ausência de solo, principal fonte de inóculo, pode reduzir a ocorrência de doenças, indicam a necessidade de pesquisas, a fim de se determinar o manejo adequado para a espécie, o qual é determinante na produção e qualidade final. Da mesma forma, a determinação dos nutrientes nas plantas pode ser usada como indicação para recomendação de adubação de lisianto. Assim, os objetivos do presente trabalho foram: - Avaliar o desempenho de cultivares e a influência de diferentes tipos de poda em lisianto para flor-de-corte cultivado em sistema convencional; - Avaliar a efetividade do cultivo de lisianto em sistema de fluxo laminar de nutrientes; 3

- Verificar a eficiência de três soluções nutritivas quanto às características produtivas e comerciais de quatro cultivares de lisianto em sistema de fluxo laminar de nutrientes; e - Determinar as concentrações e os conteúdos de N, P, K, Ca, Mg, S, Mn, Zn, B, Fe e Cu na parte aérea (folhas, caules e flores) de cultivares de lisianto em sistema de fluxo laminar de nutrientes, sob diferentes soluções nutritivas. 4

BIBLIOGRAFIA GERAL AKI, A.; PEROSA, J.M.Y. Aspectos da produção e consumo de flores e plantas ornamentais no Brasil. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental, v.8, n.1/2, p.13-23, 2002. BARBOSA, J.G.; GROSSI, J.A.S.; ZUIN, A.H.L. Introdução, Botânica, Mercado. In: BARBOSA, J.G. (Ed.). Crisântemos Produção de mudas, cultivo para corte de flor, cultivo em vaso, cultivo hidropônico. Viçosa: Aprenda Fácil. p.13-18. 2003. BONGERS, F.J.G. A distribuição de flores e plantas ornamentais e o sistema eletrônico integrado de comercialização. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental, v.8, n.1/2, p.93-102, 2002. FREITAS, C.; KITAJIMA, E.W.; REZENDE, J.A.M. First report of tobacco streak virus on lisianthus in Brazil. Plant Disease, v.80, n.9, p.1080, 1996. HALEVY, A.H. Introduction of new plants as cut-flower crops. Acta Horticulturae, n.404, p.166-170, 1995. KRITZMAN, A.; BECKELMAN, H.; ALEXANDROV, S.; COHEN, J.; LAMPEL, M.; ZEIDAN, M.; RACCHAH, B.; GERA, A. Lisianthus leaf necrosis: a new disease of lisianthus caused by Iris yellow spot virus. Plant Disease, v.84, n.11, p.1185-1189, 2000. 5

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CAPÍTULO 1 DESEMPENHO DE CULTIVARES DE LISIANTO PARA FLOR-DE- CORTE SOB DIFERENTES TIPOS DE PODA 1. INTRODUÇÃO Eustoma grandiflorum (Raf.) Shinners, conhecido como lisianto, lisiantos, genciana das pradarias ou genciana-do-prado, é uma importante espécie ornamental, tradicionalmente cultivada no Japão e em alguns países da Europa, nos Estados Unidos e em Israel, principalmente como flor-de-corte. Na década de 90, um notável aumento anual da ordem de 30% na produção de lisianto como flor-de-corte foi verificado no Japão. Sua grande aceitação no mercado mundial de flores pode ser atribuída ao melhoramento genético desta espécie, que resultou em cultivares com novas cores e tonalidades de flores, excelente vida de vaso e disponibilidade de flores ao longo do ano. Nenhuma outra espécie para flor-de-corte tem mostrado aumento tão rápido na produção como o lisianto, tendo sido verificada uma comercialização de 70 milhões de hastes em 1989, somente naquele país (OHKAWA et al., 1991; ECKER et al., 1994; OHKAWA e SASAKI, 1999). Segundo CORR e KATZ (1997), sua produção e popularidade têm crescido mundialmente, sendo ainda 7

considerada uma das dez espécies de flores-de-corte mais comercializadas no sistema de leilão holandês. Na Itália, a introdução do lisianto ocorreu no início da década de 90. Entre as principais dificuldades enfrentadas pelos produtores de lisianto, as quais limitavam a expansão da produção naquele país, destacava-se, o custo de produção, em especial devido ao elevado preço das sementes e ao longo ciclo de produção da espécie (PERGOLA et al., 1992). No Brasil, o lisianto foi introduzido no final da década de 80, no entanto, somente a partir dos anos 90 é que começou a se destacar economicamente no mercado nacional de flores (SALVADOR, 2000; CAMARGO et al., 2004). Os cultivares de lisianto para flor-de-corte, em geral, possuem haste com comprimento médio entre 50 e 70 cm e folhas ovais e oblongas, as quais possuem grande atrativo ornamental. As flores são divididas em simples e dobradas, de textura acetinada, com diâmetro superior a 5,0 cm, e variam do púrpura ao branco. Além disso, podem ser produzidas entre 20 e 40 flores por planta (GRIESBACH et al., 1988; ROH et al., 1989; WHIPKER et al., 1994). Segundo CORR e KATZ (1997), há uma demanda diferenciada quanto à coloração das flores, sendo que o mercado europeu prefere flores azul-escuras, enquanto o mercado japonês e o brasileiro preferem o branco com bordas azuis. Quanto aos cultivares, Echo e Mariachi estão entre os mais cultivados. O lisianto como flor-de-corte tem sido cultivado pelos produtores como planta anual, porém é classificado como bienal (HALEVY e KOFRANEK, 1984; LORENZI e SOUZA, 1995). Com sua recente introdução no mercado nacional, convive-se com dificuldades no cultivo desta espécie, pois existem poucas informações técnicas e científicas sobre a produção e o manejo da cultura. Apesar da carência de informações sobre o cultivo, existem produtores de lisianto em alguns estados brasileiros, principalmente São Paulo e Minas Gerais, os quais muitas vezes são levados a utilizar técnicas de cultivo que não exploram todo o potencial da cultura, como tipos de poda, adubação, espaçamento, sistemas de cultivo, épocas de plantio, adaptação de cultivares a épocas de plantio, entre outras. 8

Apesar da expressiva produção mundial, o lisianto ainda é pouco pesquisado, principalmente quanto às condições ideais de cultivo. Como em muitas outras novas culturas, nas quais há carência de informações sobre manejo, os produtores de lisianto têm enfrentado diferentes situações em relação ao seu cultivo (HARBAUGH e WOLTZ, 1991). A propagação do lisianto ocorre por sementes, caracteristicamente muito pequenas (aproximadamente 0,1 a 0,2 mm de diâmetro), cujo peso de 1.000 sementes é de aproximadamente 1,5 gramas, germinando entre 10 a 15 dias sob condições ótimas de temperatura (entre 20 e 25 o C), presença de luz e nebulização intermitente (ROH et al., 1989; PERGOLA, 1992; OHTA et al., 2001). O lisianto também pode ser multiplicado assexuadamente, a partir das hastes vegetativas. Sob nebulização intermitente e temperatura em torno de 23 o C, o enraizamento ocorre em, aproximadamente, 15 dias (ROH et al., 1989). As sementes de lisianto são muito sensíveis a altas temperaturas, principalmente durante as primeiras duas semanas após a hidratação e quando os cotilédones estão em desenvolvimento. Esta sensibilidade torna-se menos aparente após a formação de dois pares de folhas. O crescimento e o desenvolvimento em roseta (agrupamento de folhas basais e muitos entre-nós curtos, sem nenhum alongamento visível da haste) são intensificados quando as mudas são expostas a temperaturas acima de 25 o C, sendo o alongamento dos entre-nós acelerado, quando as plantas são cultivadas sob temperaturas inferiores a 20 o C (OHKAWA et al., 1993; TAKEZAKI et al., 2000). O ciclo do lisianto é lento, sendo de aproximadamente seis meses, desde a semeadura até o florescimento, estando relacionado com o cultivar e o ambiente. Este período pode ser dividido em dois estádios. O primeiro tem início com a germinação, e sua duração, em média, é de dois a três meses. Durante este estádio, as plantas crescem em forma de roseta, formando quatro pares de folhas. O segundo estádio tem início após os três primeiros meses e envolve a elongação da haste, com conseqüente formação de novas folhas e o início do florescimento (GRIESBACH et al., 1988). 9

No cultivo do lisianto, como flor-de-corte ou planta envasada, é necessária a realização de poda para estimular brotações laterais e, conseqüentemente, a produção de maior número de hastes e maior número de flores, caracteres determinantes para se alcançar melhor qualidade, rendimento e valor comercial da produção. A altura ideal de poda, o comportamento diferencial dos cultivares quanto à resposta ao tipo de poda e a época ideal de realização desta prática cultural são ainda pouco explorados em lisianto, tornando-se necessários estudos que busquem aprimorar essa prática indispensável para o sucesso de seu cultivo. A resposta das plantas à poda está diretamente relacionada a fatores internos, como os reguladores de crescimento, entre eles, alguns fito-hormônios responsáveis pela dominância apical. O controle da dominânica apical parece ser exercido pelas auxinas, sintetizadas principalmente em folhas jovens, embriões e meristemas e transportadas do ápice dos ramos em direção aos brotos laterais. Uma importante característica deste fito-hormônio é seu deslocamento polarizado. As auxinas sempre circulam no sentido ápice-base de um determinado órgão, ou seja, das regiões onde são produzidas para as regiões onde promoverão o alongamento celular e, conseqüentemente, o crescimento vegetal. O alongamento celular é possível pela capacidade de as auxinas promoverem um aumento na elasticidade da parede celular. A remoção da gema apical através da poda, normalmente, conduz a um estímulo do crescimento das gemas laterais ou ramos remanescentes, pois a produção de auxinas é cessada. A auxina, fito-hormônio responsável pela inibição do crescimento de gemas e ramos, é sintetizada nos ápices dos ramos e, com a sua remoção, elimina-se a influência desse regulador de crescimento, permitindo assim, o livre desenvolvimento das gemas laterais, formando ramos, folhas e flores (FERREIRA, 1985; CLINE, 1994). De acordo com KÄMPF (2000), a redução do crescimento vegetativo pode ser realizada, utilizando-se métodos alternativos ao uso de inibidores de crescimento, sem afetar o florescimento. Os processos de alongamento de ramos, de entrenós e da altura da planta são dependentes da temperatura. A diferença aritmética entre as médias ou 10

DIF positiva representa a temperatura média do dia mais alta do que a temperatura da noite, favorecendo o alongamento do caule, do entrenó e área foliar, enquanto o DIF negativo representa a temperatura da noite mais alta do que a temperatura do dia e favorece a redução da altura da planta. Segundo ROH et al. (1989), plantas de lisianto não formam ramos basais, a menos que se faça a poda. HALEVY e KOFRANEK (1984) realizaram poda 105 dias após a semeadura em dois cultivares (Blue e White) e obtiveram produção de 2,9 e 3,7 hastes por planta e 6,4 e 9,8 flores por haste. STARMAN (1991), cultivando Yodel Blue envasado, realizou poda acima do terceiro nó (104 dias após a semeadura) e obteve produção de 3,1 flores por haste. Já SALVADOR (2000) conduziu o cultivar Echo em vasos, com duas podas seqüenciais. A primeira poda foi realizada quando as plantas apresentavam aproximadamente oito centímetros de altura (poda acima do segundo nó) e a segunda, quando as plantas apresentavam, aproximadamente, 15 cm de altura, não especificando a altura da poda. Neste experimento, o autor observou produção média de 8,64 flores por vaso, tendo sido cultivadas três plantas por vaso. Para que o lisianto apresente crescimento uniforme, deve possuir um sistema radicular bem desenvolvido e os substratos para seu cultivo devem ser ricos em matéria orgânica (SALVADOR, 2000). Quanto à irrigação, requer maiores níveis de umidade no estádio inicial de desenvolvimento. Porém, quando as plantas iniciam o segundo estádio (após o transplante), a irrigação deve ser reduzida, pois o excesso de umidade aumenta o risco de doenças, principalmente Fusarium sp. e Botrytis sp., no sistema radicular e nas inflorescências, respectivamente, podendo comprometer a qualidade comercial e a produtividade. O ponto de colheita das flores de lisianto para corte varia com as exigências do mercado. O sistema de leilão holandês e o mercado japonês requerem duas flores abertas e maços contendo dez hastes, enquanto no americano, as plantas são comercializadas quando a primeira flor está aberta em maços que variam de quatro a 14 hastes. Em geral, a durabilidade pós-colheita das flores de lisianto varia entre 10 a 11

15 dias (HALEVY e KOFRANEK, 1984; WHIPKER et al., 1994; CORR e KATZ, 1997; FOX, 1998). Conforme FINGER et al. (2003), imediatamente após a colheita de flores-de-corte, a base da haste deve ser imersa em água de boa qualidade, para não haver perda de turgidez. Em lisianto, essa prática também pode ser adotada, visto que poderá prolongar ainda mais a durabilidade das flores após o corte das hastes, podendo atingir valores superiores aos 15 dias normalmente alcançados pela espécie. Vários trabalhos têm sido desenvolvidos no exterior com o objetivo de disponibilizar para o mercado, cultivares mais tolerantes a temperaturas elevadas, evitando o rosetamento das plantas. Busca-se ainda resistência às doenças que afetam a produção (HARBAUGH e SCOTT, 1996; HARBAUGH et al., 1996; HARBAUGH e SCOTT, 1998; HARBAUGH e SCOTT, 2001). Com isso, novos cultivares de lisianto têm sido disponibilizados, principalmente pelo Japão e Estados Unidos, no entanto, não existem resultados científicos sobre o desempenho da produção e manejo desses cultivares no Brasil, diferentemente do que ocorre naqueles países, onde as pesquisas vêm sendo realizadas há mais de três décadas. Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de diferentes tipos de poda na produção de quatro cultivares de lisianto para flor-de-corte em sistema convencional. 12

2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. Caracterização do local, substrato e adubação O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação no Belvedere, Setor de Floricultura, do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Minas Gerais, no período de 06 de agosto a 12 de novembro de 2002. Viçosa localiza-se na Zona da Mata do Estado de Minas Gerais, latitude de 20 o 45 S, longitude de 42 o 51 W e altitude de 650 m. A casa-de-vegetação utilizada na realização do presente ensaio era do modelo capela, com dimensões de 9,20 x 20 m e 3,0 m de pé direito, com cobertura superior e lateral de filme plástico de polietileno, para cultivo agrícola, espessura de 150 micra. Os dados meteorológicos diários de temperatura máxima e mínima foram registrados em um termômetro instalado no centro da casa-devegetação, a 1,0 m de altura, e se encontram no Anexo 1. A análise do substrato, da mistura de solo, da areia e do esterco bovino (2:1:1 v/v), foi realizada previamente, a fim de se determinarem as características químicas, visando a realização da correção da acidez e a adubação para atender às necessidades da cultura (Anexo 2). A correção da acidez do substrato foi realizada, aplicando-se 1.875 g de calcário dolomítico m -3. Além disso, foi realizada adubação de 13

base, aplicando-se 250 g Ca(H 2 PO 4 ) 2 m -3 e 75 g KCl m -3, sendo incorporada a aproximadamente 20 cm de profundidade. Após o transplante das mudas para o canteiro com dimensões de 12 m de comprimento e 1,5 m de largura, realizada no dia 06 de agosto de 2002, seguiu-se o manejo usualmente utilizado por produtores de lisianto no sistema convencional, realizando-se três adubações de manutenção, utilizando 15 g KNO 3 e 15 g Ca(NO 3 ) 2 por parcela e mais três adubações com 15 g Ca(NO 3 ) 2 por parcela, com 1,5 m 2. As adubações de manutenção foram realizadas a cada quinze dias, a partir do transplante das mudas. 2.2. Caracterização dos cultivares As mudas de lisianto utilizadas neste experimento foram produzidas pelo viveiro Isabel Yamaguchi, localizado em Atibaia, São Paulo. O recebimento das mudas ocorreu quando estavam com aproximadamente 75 dias, possuíam em torno de um par de folhas e com bom aspecto fitossanitário. Os cultivares de lisianto utilizados foram Echo Champagne, Ávila Blue Rim, Echo Pink e Mariachi Pure White, cujas descrições, baseadas nas indicações das empresas que comercializam as sementes, se encontram a seguir: - Série Echo Champagne 1 : cultivar de ciclo precoce, com aproximadamente 70 cm de altura, de flores dobradas, tamanho grande (6,0 a 8,0 cm de diâmetro), com hastes firmes e de coloração champagne (Figura 1a); - Série Echo Pink 1 : cultivar de ciclo precoce, com aproximadamente 70 cm de altura; apresenta flores dobradas, de tamanho grande (6,0 a 8,0 cm de diâmetro), com hastes firmes e de coloração rosa (Figura 1b); - Série Ávila Blue Rim 2 : cultivar de ciclo precoce, com florescimento no inverno, altura de haste entre 90 a 100 cm; apresenta flores 1 SAKATA SEED SUDAMERICA LTDA. Catálogo Flores-de-corte. 2002. 2 PANAMERICAN SEED. Ball Horticultural Company. 2002-2003. 14

dobradas, de coloração branca com bordos das pétalas azuis, com hastes fortes (Figura 1c); - Série Mariachi Pure White 2 : cultivar de ciclo médio, com aproximadamente 70 cm de altura; apresenta flores quádruplas, de tamanho extra-grande (7,5 a 8,5 cm de diâmetro), com hastes firmes e de coloração branca (Figura 1d). (a) Echo Champagne (b) Echo Pink (c) Ávila Blue Rim (d) Mariachi Pure White Figura 1 - Cultivares de lisianto avaliados em sistema convencional. Viçosa, 2002. 15

2.3. Delineamento experimental e análise estatística O experimento foi conduzido segundo um esquema de parcela subdividida, tendo nas parcelas, os tipos de poda (ausência de poda, poda acima do terceiro par de folhas e poda acima do quinto par de folhas) e nas subparcelas, os cultivares (Echo Champagne, Ávila Blue Rim, Echo Pink e Mariachi Pure White) em delineamento experimental de blocos casualizados, com quatro repetições. As podas foram realizadas no dia 30 de agosto de 2002, contando-se os pares de folhas da base em direção ao ápice do caule. Cada parcela foi constituída por quatro fileiras espaçadas de 25 cm, cada fileira foi composta por oito plantas, espaçadas de 18,75 cm. As duas fileiras externas de cada parcela foram ocupadas com o cultivar Mariachi Pure White, sendo consideradas bordaduras. Dentro de cada subparcela, foram cultivadas quatro plantas de cada um dos quatro cultivares, sendo a primeira planta da fileira desconsiderada na avaliação, portanto, sendo avaliadas somente três plantas. Os resultados foram analisados por meio de análise de variância. As médias foram comparadas, utilizando-se o teste de Tukey, adotandose o nível de 5% de probabilidade. A análise estatística foi realizada com o auxílio do programa SAEG. 2.4. Colheita e avaliação O início da colheita ocorreu em 14 de outubro de 2002, quando as primeiras hastes apresentavam o botão iniciando abertura e as sépalas totalmente abertas (Figura 2), fazendo-se cortes rentes à base da haste. O término da colheita ocorreu em 12 de novembro de 2002. 16

Figura 2 - Ponto de colheita das hastes florais de lisianto. Viçosa, 2002. As características fitotécnicas avaliadas na cultura do lisianto foram: 1) ciclo (número de dias entre o transplante e a colheita); 2) altura da haste floral, em cm (AHF); 3) número de hastes por planta (NHP); 4) número de folhas por planta (NFP); 5) número de flores por planta (NFLP); 6) diâmetro de botão, em cm (DB); 7) massa úmida da parte aérea, em g planta -1 (MFPA); 8) massa seca de caule, em g planta -1 (MSCP); 9) massa seca de folha, em g planta -1 (MSFP); e 10) massa seca de flor, em g planta -1 (MSFLP). 17

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO As análises de variância (Quadro 1) indicaram não existirem interações significativas entre tipos de poda e cultivares quanto às variáveis observadas, exceto para o ciclo das plantas. No mesmo quadro, verifica-se que, para as variáveis número de hastes por planta, número de folhas por planta, número de flores por planta, massa fresca da parte aérea, massa seca de caule por planta, massa seca de folha por planta e massa seca de flor por planta, houve efeito significativo para os tipos de poda. Houve resposta significativa para cultivares quanto às variáveis altura da haste floral, número de folhas por planta, número de flores por planta e diâmetro de botão. No Quadro 2, são apresentadas as médias para número de hastes por planta, número de folhas por planta e número de flores por planta de lisianto cultivado em canteiro sob três tipos de poda. Observa-se que as plantas que não receberam poda apresentaram resultados inferiores para as variáveis analisadas, quando comparadas às plantas que receberam poda (acima do terceiro e do quinto pares de folhas). A ausência de poda causou redução em torno de 65% no número de hastes, 42% no número de folhas e 42% no número de flores por planta em relação à produção das plantas que receberam poda. 18

Quadro 1 - Resumo da análise de variância do ciclo, altura da haste floral (AHF), número de hastes (NH), número de folhas (NFP), número de flores (NFLP), massa fresca da parte aérea (MFPA), massa seca de caule (MSCP), massa seca de folha (MSFP), massa seca de flor (MSFLP) e diâmetro de botão (DB) em lisianto cultivado em sistema convencional. Viçosa, 2002 Fonte de Variação GL Quadrados médios 1/ Ciclo AHF NHP NFP NFLP MFPA MSCP MSFP MSFLP DB Bloco 3 56,6250** 109,1041* 2,7458* 2472,092** 255,3096** 42479,11** 157,7081** 137,7924** 12,0087* 0,04902 NS Poda (P) 2 1117,7970** 35,0633 NS 18,2290** 2294,063** 395,5260** 15107,25** 62,5143** 20,8916** 24,0150** 0,06802 NS Erro (a) 6 7,1510 33,5922 0,7775 114,908 29,8922 573,94 2,8115 2,5453 3,5501 0,07352 Cultivar (C) 3 85,5972** 62,9396** 0,2715 NS 523,307** 98,3785** 3764,11 NS 24,2311 NS 11,9057 NS 6,8558 NS 0,23660** C x P 6 12,4149** 27,7628 NS 0,1934 NS 65,098 NS 9,5910 NS 1080,30 NS 3,0217 NS 2,0802 NS 1,4726 NS 0,07162 NS Erro (b) 27 3,1424 13,2088 0,1882 66,599 16,3807 3019,63 15,3019 9,6385 3,2821 0,03941 CVa (%) parcela 3,31 10,48 39,54 24,76 31,64 15,46 15,50 18,66 42,57 16,33 CVb (%) subparcela 2,19 6,57 19,45 18,85 23,42 35,47 36,15 36,31 40,89 11,96 Média geral 80,75 55,32 2,23 43,29 17,28 154,94 10,82 8,55 4,43 1,66 1/ ** F significativo a 1% de probabilidade; * F significativo a 5% de probabilidade; NS F não significativo a 5% de probabilidade. 19

Quadro 2 - Valores médios de número de hastes (NHP), número de folhas (NFP) e número de flores (NFLP) por planta avaliados em lisianto, cultivado em sistema convencional, em função de diferentes tipos de poda. Viçosa, 2002 Podas NHP NFP NFLP Ausência de poda 1,00 b 1/ 29,48 b 11,60 b Acima do terceiro par de folhas 2,84 a 49,70 a 20,88 a Acima do quinto par de folhas 2,85 a 50,69 a 19,34 a 1/ Médias da mesma coluna seguidas de uma mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste Tukey. A realização da poda, independente se acima do terceiro ou do quinto pares de folhas, resultou em produção de mais hastes e mais flores por planta, ou seja, a realização da poda resultou em maior produção de flores, mantendo ou melhorando a qualidade das mesmas. A poda acima do terceiro e quinto pares de folhas resultou em um aumento de 65% no número de hastes, 41 e 42% no número de folhas e 44,5 e 40% no número de flores por planta, respectivamente, em relação à ausência de poda. Assim, a realização da poda é fundamental para esta espécie, pois permite às plantas bom desenvolvimento, tanto vegetativo quanto reprodutivo, o que não foi observado na ausência de poda. Conforme FERREIRA (1985), em geral, a remoção do ápice estimula o crescimento de gemas laterais, pois a auxina, localizada nos ápices dos ramos podados e que inibe o crescimento de gemas e ramos, é eliminada juntamente com a remoção desses ápices e as gemas laterais se desenvolvem livremente. Os valores médios referentes à massa fresca da parte aérea, produção de massa seca de caule por planta, massa seca de folha por planta e massa seca de flor por planta em lisianto cultivado em canteiro, sob três diferentes tipos de podas, são apresentados no Quadro 3. A ausência de poda possibilitou redução em torno de 30% na produção de massa fresca da parte aérea, 28% na massa seca de caule e 21,5% na 20

massa seca de folhas em relação às plantas que receberam poda. Já as podas acima do terceiro e do quinto pares de folhas possibilitaram um aumento de 32 e 28% na massa fresca da parte aérea, de 31 e 25% na massa seca de caule e de 21 e 22% na massa seca de folhas por planta, respectivamente, em relação à ausência de poda. A poda acima do terceiro par de folhas possibilitou um aumento de 38% na massa seca de flores por planta em relação à ausência de poda. Verifica-se que a maior produção de massa fresca da parte aérea nas plantas que receberam poda acima do terceiro ou do quinto pares de folhas está relacionada à maior produção de caules, folhas e flores, conforme apresentado no Quadro 2. A poda foi responsável pela produção de maior número de caules e, conseqüentemente, pela produção de mais folhas e flores, contribuindo assim para o acúmulo de massa fresca e seca em plantas de lisianto. HARBAUGH e WOLTZ (1991) observaram em lisianto, cultivar Saga Purple, que a massa fresca da parte aérea foi de 68,8 g planta -1. Verifica-se, portanto, que o valor encontrado pelos referidos autores é inferior aos obtidos neste trabalho. Quadro 3 - Valores médios de massa fresca da parte aérea (MFPA), massa seca de caule (MSCP), massa seca de folha (MSFP) e massa seca de flor (MSFLP) por planta avaliados em lisianto, cultivado em sistema convencional, em função de diferentes tipos de poda. Viçosa, 2002 Podas MFPA MSCP MSFP MSFLP g planta -1 Ausência de poda 120,06 b 1/ 8,59 b 7,23 b 3,61 b Acima do terceiro par de folhas 178,00 a 12,37 a 9,17 a 5,84 a Acima do quinto par de folhas 166,76 a 11,48 a 9,25 a 3,83 ab 1/ Médias da mesma coluna seguidas de uma mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste Tukey. 21

Ainda no Quadro 3, observa-se que não houve diferença significativa entre as podas acima do terceiro e do quinto pares de folhas e que ambas possibilitaram maior produção de massa seca de caule, assim como maior produção de massa seca de folha por planta, em relação à ausência de poda. Entretanto, em relação à massa seca de flores, na poda acima do terceiro par de folhas, a produção foi superior à ausência de poda, apesar de esta não ter diferido significativamente da obtida sob poda acima do quinto par de folhas, sendo a diferença entre ambas de 2,01 g planta -1. Provavelmente, essa diferença tenha ocorrido em função de o ciclo ser mais longo nas plantas que receberam poda acima do terceiro par de folhas (Quadro 5), favorecendo a maior produção de massa seca nesse órgão, em especial, pela maior absorção de água e nutrientes e pela atividade fotossintética realizada pelas plantas. Além disso, como as flores são órgãos efêmeros, portanto de curta longevidade, a produção inferior na massa seca de flores observada nas plantas com ausência de poda e nas podadas acima do quinto par de folhas pode acarretar menor vida pós-colheita dessas hastes florais, pois estarão mais suscetíveis à desidratação. De forma geral, os dados do Quadro 3 confirmam os benefícios da poda sobre a produção das plantas de lisianto. No Quadro 4, são apresentadas as médias associadas à altura da haste floral, ao número de folhas por planta, ao número de flores por planta e ao diâmetro de botão, em quatro cultivares de lisianto, cultivados em canteiro. Observa-se que os cultivares Echo Champagne e Echo Pink apresentaram maior altura da haste floral em relação ao cultivar Ávila Blue Rim. Estes cultivares não diferiram significativamente do cultivar Mariachi Pure White, que por sua vez não diferiu do cultivar Ávila Blue Rim. No entanto, na prática, a diferença de altura das hastes florais encontradas nos cultivares avaliados vai depender das exigências do mercado consumidor, já que a classificação do produto final depende do mercado. Segundo HARBAUGH (1995), para o mercado norte-americano, a altura final da haste floral, especialmente para flor-de-corte, é considerada importante para a determinação da qualidade das hastes no momento da comercialização do lisianto. 22

Quadro 4 - Valores médios de altura de haste (AH), número de folhas (NFP), número de flores (NFLP) por planta e diâmetro de botão (DB) avaliados em quatro cultivares de lisianto em sistema convencional. Viçosa, 2002 Cultivares AH NFP NFLP DB cm cm Echo Champagne 56,60 a 1/ 51,24 a 15,27 b 1,80 a Ávila Blue Rim 52,18 b 41,31 bc 14,65 b 1,54 bc Echo Pink 57,38 a 45,09 ab 18,38 ab 1,75 ab Mariachi Pure White 55,13 ab 35,52 c 20,80 a 1,53 c 1/ Médias da mesma coluna seguidas de uma mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. No Brasil, ainda não há uma classificação padronizada para a comercialização do lisianto como flor-de-corte. O que ocorre é o estabelecimento de padrões, a partir do comum acordo entre produtor e comerciante, de forma que os padrões variam de região para região. Segundo MORITA 1 (2004), na CEAGESP (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), uma classificação adotada na comercialização de hastes florais de lisianto tem sido o estabelecimento de três categorias: (1) Haste longa - maços com aproximadamente oito hastes com altura superior a 70 cm e várias flores por haste; (2) Haste curta maços com aproximadamente oito hastes com altura inferior a 70 cm e várias flores por haste; (3) Buquezinho maços com aproximadamente dez hastes com uma única flor por haste. SILVA 2 (2004) afirma que no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, o lisianto é comercializado em maços contendo de quatro a oito hastes florais, com altura entre 30 e 60 cm. Ressalta ainda que, em função da escassez de hastes florais mais longas, são também comercializadas hastes curtas (hastes < 30 cm) em maços contendo, em média, 30 flores abertas. 1 MORITA, Ronaldo Massaki. Comercialização do lisianto. Engenheiro Agrônomo e produtor de lisianto em Itaquera-SP, 16 agosto 2004. Comunicação pessoal. 2 SILVA, José Maria. Comercialização do lisianto. Produtor de lisianto, Sítio Phinca de las Flores, Barbacena-MG. 17 de agosto 2004. Comunicação pessoal. 23

Lisianto com hastes florais mais curtas são destinados, em geral, para o mercado de decoração (arranjos de aniversário, casamentos, formaturas, etc.) para o qual, a altura da haste floral não é fator primordial ou limitante. CAMARGO et al. (2004), avaliando o cultivar Echo para flor-decorte, produzido em canteiro, observaram comprimento da haste de 90,5 cm. Já HALEVY e KOFRANEK (1984) observaram resultados médios de altura de haste em dois cultivares de lisianto para flor-de-corte (Blue e White) entre 34 e 59 cm. Quanto à produção de folhas por planta e ao diâmetro de botão observa-se que os cultivares apresentaram comportamento semelhante, sendo que o cultivar Echo Champagne produziu maior número de folhas por planta e maior diâmetro de botão em relação aos cultivares Ávila Blue Rim e Mariachi Pure White. No entanto, não foi observada diferença significativa entre os cultivares Echo Champagne e Echo Pink (Quadro 4). Os cultivares Mariachi Pure White e Echo Pink apresentaram produção semelhante de flores, não havendo diferença significativa entre ambos os cultivares. No entanto, o cultivar Echo Pink não diferiu dos demais cultivares quanto a esta característica, conforme mostra o Quadro 4. HALEVY e KOFRANEK (1984), em cultivo convencional de lisianto, observaram produção média, em dois cultivares, de 18,56 e 36,36 flores por planta. O número de flores por planta é uma característica importante para o mercado de flores como o lisianto, devido, principalmente, ao grande efeito decorativo proporcionado pelas mesmas, permitindo alcançar melhores preços na comercialização das hastes. Assim, destacam-se, em especial, os cultivares Echo Pink e Mariachi Pure White, por apresentarem simultaneamente boa altura de haste e bom número de flores por planta. A variável ciclo foi a única em que se detectou interação entre tipos de poda e cultivares. O Quadro 5 apresenta os testes de médias para tipos de poda dentro de cada cultivar, bem como para cultivares em cada poda, observando-se não ter havido diferença significativa entre os cultivares na ausência de poda. 24

Quadro 5 - Valores médios de ciclo, em dias e semanas, para as combinações de cultivares de lisianto e tipos de poda em sistema convencional. Viçosa, 2002 Poda Cultivares Ausência de poda Acima do terceiro par de folhas Acima do quinto par de folhas dias semanas dias semanas dias semanas Echo Champagne 73,75 A c 1/ 10 90,50 B a 13 78,25 B b 11 Ávila Blue Rim 72,00 A c 10 89,50 B a 13 78,88 B b 11 Echo Pink 75,25 A c 11 95,00 A a 14 82,50 A b 12 Mariachi Pure White 72,38 A c 10 84,25 C a 12 76,75 B b 11 1/ Médias seguidas de pelo menos uma mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste Tukey. Com a realização da poda acima do terceiro par de folhas, o menor ciclo, em dias, foi observado no cultivar Mariachi Pure White, enquanto se verificou o maior ciclo, em dias, no cultivar Echo Pink, em relação aos cultivares Echo Champagne e Ávila Blue Rim. Já sob poda acima do quinto par de folhas, o maior ciclo, em dias, foi verificado no cultivar Echo Pink, em relação aos cultivares Echo Champagne, Ávila Blue Rim e Mariachi Pure White, os quais não diferiram estatisticamente entre si. Na prática, observa-se que a poda acima do terceiro par de folhas prolongou o ciclo em, aproximadamente, duas semanas a mais para a colheita das hastes florais em relação à poda acima do quinto par de folhas. Em floricultura, esse período mais prolongado acarreta prejuízo econômico para o produtor. CAMARGO et al. (2004) verificaram ciclo com o cultivar Echo, de 120 dias após o transplante, portanto, período superior aos encontrados neste experimento. Ainda no Quadro 5, verifica-se que todos os cultivares apresentaram comportamento semelhante em relação aos tipos de poda analisados, sendo o menor ciclo obtido na ausência de poda, em relação à poda acima do terceiro e do quinto pares de folhas. Esse comportamento era esperado, pois na ausência de poda, as plantas 25

cresceram livremente, sem nenhuma situação de estresse e atingiram o estádio reprodutivo mais rapidamente. Para todos os cultivares, o maior ciclo ocorreu quando as plantas receberam poda acima do terceiro par de folhas, sendo o ciclo intermediário obtido com a poda acima do quinto par de folhas. 26

4. CONCLUSÕES - Os cultivares Echo Champagne e Echo Pink se destacaram quanto às características consideradas importantes na produção de flores-de-corte, como altura de haste, número de folhas e diâmetro de botão, sendo que o cultivar Echo Pink se diferenciou, em especial, quanto ao número de flores; - O cultivar Mariachi Pure White se destacou principalmente quanto à altura de haste, número de flores e ciclo mais curto, enquanto o cultivar Ávila Blue Rim não apresentou resultados de produção satisfatórios no cultivo em canteiro nas condições experimentais; - A ausência de poda resultou em maior precocidade em todos os cultivares avaliados com ciclo em torno de 10 semanas, enquanto nas podas acima do terceiro e quinto pares de folhas, o ciclo foi de 13 e 11 semanas, respectivamente; - A ausência de poda causou redução de 65% no número de hastes, 42% no número de folhas e 42% no número de flores por planta, 30% na massa fresca da parte aérea, 28% na massa seca de caule e 22% na massa seca de folhas por planta em relação à realização da poda; 27

- As podas acima do terceiro e quinto pares de folhas possibilitaram aumento de 65% no número de caules, de 41 e 42% no número de folhas, de 44,5 e 40% no número de flores, de 32 e 28% na massa fresca da parte aérea, de 31 e 25% na massa seca de caule e de 21 e 22% na massa seca de folhas, respectivamente, em relação à ausência de poda; - As plantas podadas acima do quinto par de folhas foram mais precoces em relação àquelas que receberam poda acima do terceiro par de folhas, recomendando-se a poda acima do quinto par de folhas. 28

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CAPÍTULO 2 CULTIVO HIDROPÔNICO DE LISIANTO PARA FLOR-DE-CORTE EM SISTEMA DE FLUXO LAMINAR DE NUTRIENTES NFT 1. INTRODUÇÃO 1.1. Aspectos gerais da cultura do lisianto O lisianto (Eustoma grandiflorum (Raf.) Shinners), pertencente à família das Gentianaceae, é nativo do Sul dos Estados Unidos, sendo encontrado principalmente nas pradarias do Nebraska, Colorado e Texas. Em seu habitat natural, é encontrado ao longo de rios e áreas baixas, onde existe maior disponibilidade de água no solo. No período de escassez de chuvas, esta espécie apresenta um mecanismo para evitar o déficit hídrico, emitindo longas raízes no solo, a fim de buscar água em maiores profundidades. Assim, nos cultivos comerciais, um manejo adequado do substrato e da irrigação, proporcionando condições adequadas ao desenvolvimento do sistema radicular, é fundamental para o sucesso da produção de lisianto (HALEVY e KOFRANEK, 1984; TJIA e SHECHAN, 1986). 32

A espécie foi introduzida no mercado americano de plantas ornamentais a partir de 1980, despertando grande interesse de produtores e consumidores, como flor-de-corte ou planta envasada (STARMAN, 1991; HARBAUGH et al., 1996). No Brasil, o lisianto foi introduzido no final da década de 80, inicialmente por empresas nipônicas produtoras de sementes, que já trabalhavam com a espécie em outros países, tendo começado a se destacar economicamente somente a partir da década de 90 (SALVADOR, 2000; CAMARGO et al., 2004). Também na Argentina, neste mesmo período, o lisianto se mostrou uma alternativa atraente para produtores de flores-de-corte, mas as condições climáticas, especialmente a alta umidade relativa do ar, desencadearam o surgimento de várias doenças, principalmente Sclerotinia sclerotiorum, que resultaram em significativas perdas econômicas (WOLCAN et al., 1996). Mais recentemente, WOLCAN et al. (2001) relataram que o Fusarium solani, agente causal da podridão de hastes e damping-off de lisianto, estava presente em 100% das casas-de-vegetação onde se cultivava lisianto na Argentina. O lisianto é uma planta herbácea bienal, porém cultivada como anual, de caule ereto, que varia entre 50 a 70 cm de altura, com folhagem e florescimento ornamentais. As flores são duráveis, grandes, em forma de sino, simples ou dobradas, de cores brancas, amarelas, róseas e roxas (LORENZI e SOUZA, 1995). O ciclo de produção (transplante à colheita) está relacionado com o cultivar utilizado e o ambiente de cultivo, sendo relativamente lento e, em média, sua duração é de três a quatro meses (VAN LABEKE et al., 1995; CORR e KATZ, 1997). A espécie apresenta grande variabilidade genética com respeito a muitas características, incluindo forma das folhas, cor das flores e estrutura da inflorescência (ECKER et al., 1994). A maioria dos novos cultivares é composta de híbridos, sendo os trabalhos de melhoramento concentrados especialmente no Japão (STARMAN, 1991; GRIESBACH, 1992). Na produção comercial, a propagação do lisianto é realizada por sementes, sendo estas caracteristicamente muito pequenas, cujo peso de 1.000 sementes é de aproximadamente 1,5 gramas. Sob condições 33

ótimas de temperatura (20 a 25 o C), as sementes germinam em 10 a 15 dias. Temperatura diurna entre 26 e 30 o C e noturna em torno de 18 o C, constituem o principal fator envolvido no desenvolvimento e indução ao florescimento de lisianto, enquanto o fotoperíodo tem uma influência relativamente menor (ROH et al., 1989; GRIESBACH, 1992; ECKER, et al., 1994). CORR e KATZ (1997) consideram que melhores resultados na produção são obtidos, cultivando-se lisianto em ambientes onde a temperatura mínima seja superior a 15 o C e a máxima inferior a 25 o C, embora alguns cultivares sejam tolerantes a temperaturas mais altas. Quanto às necessidades nutricionais da cultura, poucas são as informações disponíveis na literatura. Para FRETT et al. (1988), o lisianto apresenta diferentes requerimentos nutricionais em função dos estádios de desenvolvimento. Diferentes cultivares de lisianto em vaso, contendo como substrato a mistura de turfa e perlita, foram submetidos a tratamento, aplicando-se quatro doses de nitrogênio (0; 100; 200 e 400 mg L -1 de N) e de cálcio (0; 75; 150 e 300 mg L -1 de Ca) da solução modificada de Hoagland, num volume de 150 ml por vaso, durante oito semanas. Os autores observaram que doses maiores de nitrogênio diminuem o comprimento da haste e o número de flores, porém, aumentam o número de brotações basais e laterais na planta e também o número de botões florais. Já o aumento nas doses de cálcio aumentou o número de botões e a massa seca da parte aérea, sendo que a dose de 150 mg L -1 de Ca estimulou a formação de um maior número de hastes. 1.2. Cultivo hidropônico de plantas para flores-de-corte O cultivo hidropônico comercial, popularizado mundialmente no início dos anos 30 por William F. Gericke, vem despertando o interesse de pesquisadores e produtores como uma alternativa de produção para várias culturas. Inúmeras são as vantagens potenciais do cultivo hidropônico comercial, tais como menores perdas de água, melhor eficiência no uso de nutrientes, maior produtividade, menor incidência de 34

pragas e doenças e, conseqüentemente, melhor qualidade do produto (JONES Jr., 1982; MARTINEZ e BARBOSA, 1996). Em meados de 1860, Sachs e Knop demonstraram, através de ensaios em laboratório, que as plantas podiam ser cultivadas em solução nutritiva. De acordo com HOAGLAND e ARNON (1950), desde a publicação da solução padrão de Sachs, em 1860, para o cultivo de plantas em água, várias fórmulas têm sido usadas com sucesso, sendo destacadas as soluções de Hoagland e Arnon, assim como a de Steiner (STEINER, 1984), muito utilizadas até os dias atuais. Em 1965, Allen Cooper lançou as bases de uma nova técnica, o NFT (Nutrient Film Technique), ou seja, Técnica de Cultivo com Fluxo Laminar de Nutrientes, que veio viabilizar o cultivo hidropônico em escala comercial. Instalações comerciais com o sistema NFT se iniciaram a partir dos anos 70. No cultivo em NFT, as plantas permanecem com as raízes parcialmente submersas em uma lâmina de solução nutritiva, a qual circula provendo as plantas de nutrientes e oxigênio (NELSON, 1991; MARTINEZ e SILVA FILHO, 1997; RESH, 1997). Segundo RESH (1997), a técnica do NFT se constitui na verdadeira hidroponia, já que o termo significa trabalho na água. Conforme o mesmo autor, outros tipos de cultivo do gênero devem ser chamados de cultivo sem solo. ANDRIOLO (1999) considera que a principal vantagem prática do NFT é a ausência de substratos. Outra vantagem adicional consiste na facilidade com que a composição da solução nutritiva pode ser modificada durante o ciclo da cultura, de forma a ajustá-la às necessidades das plantas. Entretanto, o autor elenca algumas das principais limitações dessa técnica como a exigência de conhecimentos técnicos, principalmente sobre a fisiologia da planta cultivada e o preparo e manejo da solução, a temperatura do meio radicular e a oxigenação da solução nutritiva. Em vários países da Europa, bem como no Canadá, Estados Unidos, Israel e Japão, a hidroponia é uma técnica consolidada, principalmente devido às condições adversas de clima, restrições de áreas e limitações hídricas (MARTINEZ, 2002). Na Europa, a Holanda tem se destacado, tanto na produção como na investigação e desenvolvimento 35

da hidroponia nas últimas duas décadas. De acordo com FURLANI (1999), no Brasil, o cultivo hidropônico foi introduzido na década de 80 por Shigueru Ueda e Takanori Sekine que trouxeram a técnica do NFT do Japão. O interesse por este sistema de cultivo vem crescendo rapidamente, acompanhando os avanços na produção vegetal em ambientes protegidos. O crescimento futuro da hidroponia depende muito do desenvolvimento de sistemas de produção que apresentem custos competitivos com o cultivo a campo. A importância do cultivo sem solo tem aumentado significativamente, não somente como uma técnica para investigações hortícolas, mas principalmente como uma ferramenta na resolução de problemas, como a redução da contaminação dos solos e de águas subterrâneas (DONNAN, 1998). Apesar de o cultivo hidropônico de flores ser recente, vários trabalhos têm sido executados com o intuito de gerar novas informações que potencializem as condições de cultivo em ambiente protegido. Assim como a hidroponia, o mercado de flores tem buscado novos espaços e deverá continuar se expandindo rapidamente, proporcionando uma grande demanda para a produção de ornamentais. Atualmente, o cultivo de flores em hidroponia tem sido mais explorado em países desenvolvidos, resultando em flores de melhor qualidade, principalmente, nos aspectos nutricional e fitossanitário, com conseqüente aumento da vida pós-colheita das flores, alcançando melhores preços durante a comercialização. Por outro lado, no Brasil, a experiência de cultivo de flores sob hidroponia ainda é praticamente nula (MARTINEZ e BARBOSA, 1999; MARTINEZ, 2002; BARBOSA et al., 2003). Os mesmos autores consideram ainda que as plantas ornamentais, principalmente as de ciclo curto, por possibilitarem alta densidade de plantio, vários ciclos por ano e retorno econômico a curto prazo, e adaptam-se bem ao cultivo hidropônico. Um aspecto importante a ser considerado é que essas plantas já são, em geral, cultivadas em ambiente protegido, o que implica menores gastos em adotar o sistema. Em diversos países da Europa e nos Estados Unidos, Canadá e Japão, é comum o cultivo hidropônico de flores e plantas ornamentais para fins 36

comerciais. Assim, obtêm-se excelentes qualidade e produtividade de flores, com diferentes espécies, como a rosa e o cravo, cultivados em lã de rocha e o crisântemo cultivado em sistema de fluxo laminar de nutrientes. No Brasil, o setor de floricultura tem mudado e se expandido nos últimos dez anos, principalmente devido ao crescimento do consumo per capita de flores, impulsionando assim a produção de plantas ornamentais e o surgimento de novos pólos de produção no País. São considerados novos pólos, Estados como Ceará, Pernambuco, Maranhão, Alagoas, Bahia e Paraná, os quais passaram a dividir o mercado com São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, os principais e mais tradicionais produtores deste setor agrícola. Dentre as plantas ornamentais cultivadas como flor-de-corte, destacam-se a rosa, o crisântemo, a gipsofila, a gérbera e o lisianto, entre outras. O interesse crescente por parte dos produtores pelo lisianto ocorre principalmente pela diversidade de cores exclusivas das flores, representando um grande atrativo aos consumidores, bem como pela sua durabilidade pós-colheita e bom rendimento econômico. A produção comercial de lisianto em sistema convencional tem sido limitada por viroses e patógenos do solo, responsáveis pelo surgimento de doenças, como a murcha causada por Fusarium solani, que, ao atacar o sistema radicular, causa podridão da haste e raízes, resultando no murchamento e secamento da planta, além de Phomopsis sp., que causa lesões nas hastes e folhas, entre outras (FREITAS et al., 1996; RIVAS et al., 2000; McGOVERN et al., 2000; WOLCAN et al., 2001). Estas doenças vêm limitando a produção da cultura, justificando o uso de novas técnicas, como o cultivo hidropônico, o qual proporciona um meio de controle, principalmente sobre as doenças onde o solo é a principal fonte de inóculo (JENSEN, 1997). Também, o ciclo curto, a alta produtividade e a exigência de qualidade pelo consumidor tornam potencial o cultivo hidropônico comercial desta espécie. Para qualquer cultura, um passo crucial para o sucesso do cultivo hidropônico é o conhecimento da composição da solução nutritiva a ser usada. A composição ideal de uma solução nutritiva depende não 37

somente das concentrações dos nutrientes, mas também de outros fatores ligados ao cultivo, incluindo-se o tipo ou o sistema hidropônico, os fatores ambientais como luminosidade, temperatura e umidade, época do ano (duração do período de luz), idade das plantas, espécie vegetal e o cultivar em produção. Em cultivos hidropônicos, a composição da solução nutritiva se modifica à medida que a planta absorve seletivamente a água e os nutrientes (CARMELLO, 1996; FURLANI, 1998; ANDRIOLO, 1999). Um importante ponto de partida para se eleger a solução nutritiva ideal, seria a determinação da composição química de plantas vigorosas da espécie com que se pretende trabalhar. Segundo MARTINEZ e BARBOSA (1996), diversas formulações foram sugeridas para o cultivo hidropônico, as quais apresentam diferentes concentrações de nutrientes, ph e condutividade elétrica, podendo variar entre as espécies nos mais diferentes manejos das soluções nutritivas e ambientes. Em hidroponia, o manejo da solução nutritiva é uma etapa importante no processo de produção e, durante o cultivo, alguns fatores como a condutividade elétrica e o ph necessitam ser monitorados para que as plantas apresentem bom desempenho (LONDERO, 2000). A condutividade elétrica fornece informações sobre a concentração total de sais na solução nutritiva, mas não informa sobre as concentrações de cada nutriente (RESH, 1997). FOX (1998) recomenda que, no cultivo de lisianto, a condutividade elétrica seja de 1,0 a 1,2 ms cm -1 no verão e, de 1,5 a 1,6 ms cm -1 no inverno. Quanto ao ph, a cultura exige valores próximos da neutralidade (6,0 6,5) no meio radicular, o que favorece o maior desenvolvimento das plantas (HARBAUGH e WOLTZ, 1991; SALVADOR, 2000). Para o cultivo de lisianto, tanto no sistema de cultivo convencional como no sistema de cultivo sem solo, o espaçamento mais utilizado é de 20 x 25 cm (ECKER et al.,1994; VAN LABEKE et al., 1995). No Brasil, a produção desta espécie também tem sido realizada no espaçamento de 12,5 x 12,5 cm (CAMARGO et al., 2004). 38

Problemas com doenças e a necessidade de maior produtividade e qualidade sugerem um mercado potencial para o cultivo hidropônico do lisianto, porém, trabalhos referentes à cultura do lisianto sob hidroponia são praticamente inexistentes. Visto que o cultivo sob a técnica de fluxo laminar de nutrientes tem resultado em melhor produtividade e qualidade em outras espécies, principalmente quanto ao estado nutricional e fitossanitário das plantas, este trabalho teve os seguintes objetivos: - Avaliar a possibilidade do cultivo de lisianto em técnica de cultivo com fluxo laminar de nutrientes; e - Verificar o desempenho de quatro cultivares de lisianto e a eficiência de três soluções nutritivas quanto às características produtivas e comerciais da cultura. 39

2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. Caracterização do local e instalação do experimento Para a realização deste trabalho, foi conduzido um experimento na área experimental do Setor de Olericultura do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Minas Gerais, no período de 29 de julho a 22 de novembro de 2002. Viçosa localiza-se na Zona da Mata do Estado de Minas Gerais, em uma latitude de 20 o 45 S, longitude de 42 o 51 W e altitude de 650 m. O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação, modelo arco, com dimensões de 7,0 x 50 e 3,5 m de pé direito. O teto foi recoberto com filme plástico de polietileno com espessura de 150 micra. As laterais foram cobertas com filme plástico e sombrite (parte inferior até 1,5 m de altura a partir da base). As mudas de lisianto foram adquiridas do viveiro Isabel Yamagushi Atibaia, São Paulo. Quando apresentavam, aproximadamente, dois pares de folhas, efetuou-se o transplante para cubos de espuma fenólica de dimensão 5,0 x 5,0 x 3,8 cm, que serviram de sustentação após as mesmas serem colocadas nos perfis de crescimento. O transplantio das mudas para o sistema NFT foi realizado em 29 de julho de 2002 (Figura 1). 40

Figura 1 - Mudas de lisianto recém-transplantadas para os canais de cultivo em hidroponia. Viçosa, 2002. 2.2. Caracterização dos cultivares Os cultivares de lisianto utilizados foram Echo Champagne, Mariachi Pure White, Balboa Yellow e Ávila Blue Rim cujas descrições, baseadas nas informações disponibilizadas pelas empresas que comercializam as sementes, são mostradas a seguir: - Série Echo Champagne 1 : cultivar de ciclo precoce, com aproximadamente 70 cm de altura, de flores dobradas, tamanho grande (6,0 a 8,0 cm de diâmetro), com hastes firmes e de coloração champagne (Figura 2a); - Série Mariachi Pure White 1 : cultivar de ciclo médio, com aproximadamente 70 cm de altura; apresenta flores quádruplas, de tamanho extra-grande (7,5 a 8,5 cm de diâmetro), com hastes firmes e de coloração branca (Figura 2b); 1 SAKATA SEED SUDAMERICA LTDA. Catálogo Flores-de-corte. 2002. 41

- Série Balboa Yellow 1 : cultivar de ciclo precoce, com aproximadamente 100 a 115 cm de altura, apresenta flores dobradas, de coloração amarela. Tem boa resistência ao rosetamento (Figura 2c); - Série Ávila Blue Rim 1 : cultivar de ciclo precoce, com florescimento no inverno, altura de haste entre 90 a 100 cm; apresenta flores dobradas, de coloração branca com bordos das pétalas azuis, com hastes fortes (Figura 2d). (a) Echo Champagne (b) Mariachi Pure White (c) Balboa Yellow (d) Ávila Blue Rim Figura 2 - Cultivares de lisianto avaliados em cultivo hidropônico. Viçosa, 2002. 2.3. Descrição do experimento e manejo O experimento foi conduzido segundo um esquema fatorial 4x3, totalizando 12 tratamentos, em delineamento experimental de blocos casualizados, com três repetições. Os tratamentos foram compostos de 1 PANAMERICAN SEED. Ball Horticultural Company. 2002-2003. 42

quatro cultivares (Echo Champagne, Mariachi Pure White, Balboa Yellow e Ávila Blue Rim) e três soluções nutritivas, apresentadas no Quadro 1. A unidade experimental foi constituída por um perfil de polipropileno, ou seja, em cada bancada, os dois perfis externos foram considerados bordadura e os dois internos representaram cada um, uma unidade experimental (36 perfis). Devido à distribuição triangular das plantas no espaçamento 20 x 25 cm, cada perfil abrigava sete ou oito plantas, alternadamente, por parcela. Para avaliação, foram consideradas cinco plantas centrais do perfil, sendo as demais consideradas bordaduras. Os resultados foram submetidos à análise da variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey, adotando-se o nível de 5% de probabilidade. A análise estatística foi realizada com o auxílio do programa SAEG. O fornecimento da solução nutritiva foi controlado por um temporizador, programado para acionar o conjunto motobomba durante 15 minutos, com intervalo de 15 minutos, no período diurno (6 h às 19 h). A partir do dia 01 de outubro, o sistema moto-bomba passou a ser acionado também no período noturno, durante 15 minutos, com intervalo de 15 minutos, no período de 0 hora até a 1 hora. Quadro 1 - Composição das soluções nutritivas utilizadas no cultivo hidropônico de lisianto. Viçosa, 2002 Soluções Macronutrientes (mmol L -1 ) nutritivas 1/ Ei 2/ N-NO - + - 3 /N-NH 4 P-H 2 PO 4 K + Ca +2 Mg +2-2 S-SO 4 Hi 3/ Teste (I) 12,8/ 3,2 0,7 6,6 1,5 2,7 3,3 1,99 6,29 Steiner mod. (II) 9,0/ 3,0 1,0 7,0 4,5 2,0 3,5 2,14 6,12 Barbosa (III) 11,51/2,88 1,95 12,92 1,51 1,0 0,5 2,21 5,99 Micronutrientes (µmol L -1 ) B Cu Fe Mn Mo Zn I, II e III 30 0,5 60 30 0,5 1,5 1/ Solução I Solução nutritiva formulada a partir de plantas de lisianto; Solução II - Solucão nutritiva Universal de Steiner modificada (STEINER, 1984); Solução III - Solucão nutritiva utilizada no cultivo hidropônico do crisântemo por BARBOSA et al. (2000). 2/ CEi Condutividade elétrica inicial (ms cm -1 ) a 25 o C; 3/ phi ph inicial. 43

Realizou-se, diariamente, a reposição do volume da solução com água e, na seqüência, realizava-se a leitura de ph e da condutividade elétrica (CE), conforme Figuras 3 e 4, respectivamente. O ph foi corrigido, conforme a necessidade, para o intervalo de 5,5 a 6,5, utilizando-se soluções de NaOH para elevar o ph ou de H 2 SO 4 para baixá-lo. Da mesma forma, a reposição de nutrientes foi prevista para o momento em que a CE atingisse 70% do valor inicial. Seguindo esse manejo, realizouse a reposição de nutrientes nas três soluções nutritivas no dia 20 de setembro de 2002. Foram coletadas amostras das soluções nutritivas iniciais, antes da reposição de sais, após a reposição de sais e no término do experimento para análise química das mesmas (Anexo 3). A poda acima do quinto par de folhas foi realizada no dia 20 de agosto (24 dias após o transplante) nos cultivares Echo Champagne, Balboa Yellow e Ávila Blue Rim e no dia 29 de agosto (33 dias após o transplante), no cultivar Mariachi Pure White. Para o tutoramento das plantas, utilizou-se malha de arame fino associado com barbante, sustentado com varas de bambu. Ao longo do cultivo, não foram observados ataques de pragas nem surgimento de sintomas de doenças. Devido à reação do lisianto às altas temperaturas que ocorreram no início do mês de outubro, no dia 11 de outubro (76 dias após o transplante), fez-se necessária a colocação de sombrite (50%) na parte interna da casa-de-vegetação, sombreando toda a área experimental, a uma altura de aproximadamente 2,3 m. Os dados meteorológicos de temperatura diários e umidade relativa do ar, no período experimental, foram registrados diariamente em um termo-higrógrafo instalado no centro da estufa, a 1,0 m de altura, e se encontram na Figura 5. 44

ph Lisianthus ph Steiner modificada ph Barbosa et al. (2000) 7 6,5 6 ph 5,5 5 4,5 29/07/02 05/08/02 12/08/02 19/08/02 26/08/02 02/09/02 09/09/02 16/09/02 23/09/02 30/09/02 07/10/02 14/10/02 21/10/02 28/10/02 04/11/02 11/11/02 18/11/02 Período Figura 3 - Variações nos valores de ph nas soluções nutritivas Teste, Steiner modificada e proposta por BARBOSA et al. (2000), utilizadas no cultivo de lisianto em hidroponia. Viçosa, 2002. CE Lisianthus CE Steiner modificada CE Barbosa et al. (2000) 2,5 Condutividade elétrica (CE) 2 1,5 1 0,5 0 29/07/02 05/08/02 12/08/02 19/08/02 26/08/02 02/09/02 09/09/02 16/09/02 23/09/02 30/09/02 07/10/02 14/10/02 21/10/02 28/10/02 04/11/02 11/11/02 Período Figura 4 - Variações nos valores de condutividade elétrica (CE), em ms cm -1, nas soluções nutritivas Teste, Steiner modificada e proposta por BARBOSA et al. (2000), utilizadas no cultivo de lisianto em hidroponia. Viçosa, 2002. 45

Temperatura máxima Temperatura mínima Umidade relativa do ar Temperatura ( o C) 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 29/07/03 02/08/03 06/08/03 10/08/03 14/08/03 18/08/03 22/08/03 26/08/03 30/08/03 03/09/03 07/09/03 11/09/03 15/09/03 19/09/03 23/09/03 27/09/03 Data 01/10/03 05/10/03 09/10/03 13/10/03 17/10/03 21/10/03 25/10/03 29/10/03 02/11/03 06/11/03 10/11/03 14/11/03 18/11/03 22/11/03 Figura 5 - Temperaturas máxima e mínima ( o C) e umidade relativa do ar (%) diárias no interior da casa-de-vegetação, durante o período de cultivo de lisianto em hidroponia. Viçosa, 2002. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Umidade relativa (%) 2.4. Instalação do experimento O cultivo do lisianto foi efetuado no sistema de fluxo laminar de nutrientes ( NFT ). Foram utilizadas 18 bancadas metálicas de ferro, de 2,0 m de comprimento x 0,80 m de largura x 0,80 m de altura, com desnível de 2%. Cada bancada sustentava quatro perfis de polipropileno (PP), de tamanho médio (100 mm), espaçados de 20 cm, perfurados a cada 25 cm com orifícios de 5,0 cm de diâmetro para a colocação das plantas. O espaçamento utilizado foi de 25 cm entre plantas nos canais e 20 cm entre plantas de canais distintos, com distribuição triangular (Figura 6). As soluções nutritivas foram preparadas em caixas de cimento e amianto (1.000 L), impermeabilizadas com tinta betuminosa (Neutrol ), utilizando-se água de poço artesiano (Anexo 3), sendo o volume inicial de cada solução igual a 750 L, e a distribuição até os canais de cultivo realizada através de canos de PVC. Um conjunto motobomba de 0,5 HP foi acoplado ao nível inferior de cada reservatório para fornecer a solução nutritiva aos perfis de cultivo numa vazão de 2,0 L por minuto. 46

Figura 6 - Espaçamento utilizado no cultivo de lisianto em sistema de fluxo laminar de nutrientes. Viçosa, 2002. 2.5. Colheita e avaliação A colheita das hastes se iniciou no dia 10 de outubro, quando as primeiras apresentavam um botão com sépalas totalmente abertas e pétalas em início de abertura (Figura 2 do item 2.4 do Capítulo 1), fazendose cortes rentes à base da planta. Foram avaliadas as seguintes características: 1) ciclo (número de dias entre o transplante e o início da colheita); 2) período em produção (número de dias entre o início e o final da colheita) (PP); 3) altura da haste floral, em cm (AH); 4) número de hastes por planta (NHP); 5) número de folhas por planta (NFP); 6) número de flores por planta (NFLP); 7) diâmetro dos botões, em cm (DB); 8) comprimento do sistema radicular, em cm (CR); 9) massa fresca da parte aérea, em g planta -1 (MFPA); 10) massa seca de caule, em g planta -1 (MSCP); 11) massa seca das folhas, em g planta -1 (MSFP); 12) massa seca das flores, em g planta -1 (MSFLP); e 13) massa seca da parte aérea, em g planta -1 (MSPA). 47

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO De modo geral, não houve resposta diferenciada de cultivares para as três soluções nutritivas utilizadas. Na análise de variância (Quadro 2), foram detectadas interações significativas entre soluções nutritivas e cultivares apenas para a variável massa seca de flor por planta. As soluções nutritivas influenciaram significativamente na altura da haste floral, massa fresca da parte aérea, massa seca de caule, massa seca de folha e massa seca da parte aérea, enquanto para cultivares, somente não foram detectados efeitos significativos para número de hastes por planta e massa seca de folha por planta. No Quadro 3, são apresentadas as médias associadas a cinco variáveis de lisianto cultivado em três soluções nutritivas. Observa-se que a solução nutritiva proposta por BARBOSA et al. (2000) e a solução Teste não diferiram significativamente entre si e promoveram resultados superiores aos obtidos quando se utilizou a solução de Steiner modificada, quanto à altura da haste floral, massa fresca e seca da parte aérea e massa seca de haste por planta. Analisando-se a composição química das soluções nutritivas, apresentada no Quadro 1, constata-se que a - concentração de nitrogênio (NO + 3 /NH4 ) é maior na solução proposta po BARBOSA et al. (2000) e na solução Teste, o que pode ter favorecido o maior crescimento e acúmulo de massa pelas plantas. 48

Quadro 2 - Resumo da análise de variância do ciclo, período em produção (PP), altura da haste floral (AH), número de hastes (NHP), número de folhas (NFP), número de flores (NFLP), diâmetro de botão (DB), comprimento do sistema radicular (CR), massa fresca da parte aérea (MFPA), massa seca de caule (MSCP), massa seca de folha (MSFP), massa seca de flor (MSFLP) e massa seca da parte aérea (MSPA) avaliados em lisianto cultivado em hidroponia. Viçosa, 2002 Fonte de Variação GL Quadrados médios 1/ Ciclo PP AH NHP NFP NFLP DB Bloco 2 16,3333 NS 58,3333 NS 25,9831 NS 1,6334 NS 1161,2660* 37,4508 NS 0,01402 NS Solução (S) 2 0,3333 NS 46,0833 NS 268,2429** 0,6071 NS 126,6508 NS 17,5558 NS 0,01018 NS Cultivar (C) 3 225,8519** 69,7407* 396,9555** 1,2365 NS 1297,0160** 87,8869* 0,24550** S x C 6 13,8518 NS 32,2685 NS 23,0351 NS 0,2097 NS 201,0053 NS 41,5292 NS 0,00453 NS Resíduo 22 9,0909 19,6061 16,6093 0,5667 227,0486 21,2308 0,00487 CV (%) 3,62 15,36 7,92 12,39 14,51 17,54 4,44 Média geral 83,33 28,83 51,46 6,07 103,83 26,28 1,57 CR MFPA MSCP MSFP MSFLP MSPA Bloco 2 1,9562 NS 1203,377 NS 87,1186 NS 2,2036 NS 0,2560 NS 122,6230 NS Solução (S) 2 7,2850 NS 3623,397** 563,3125** 3,5953* 0,5247 NS 694,0946** Cultivar (C) 3 44,5212** 2195,340** 188,9461* 2,1346 NS 2,2936** 258,6871* S x C 6 3,5839 NS 364,564 NS 43,1274 NS 0,4963 NS 0,5705* 61,3641 NS Resíduo 22 6,8845 368,112 39,6227 0,8660 0,1635 56,0256 CV (%) 8,99 15,40 16,98 14,68 14,51 16,20 Média geral 29,16 124,59 37,07 6,34 2,79 46,20 1/ ** F significativo a 1% de probabilidade; * F significativo a 5% de probabilidade; NS F não significativo a 5% de probabilidade. 49

Quadro 3 - Valores médios de altura da haste floral (AH), massa fresca da parte aérea (MFPA), massa seca de caule (MSCP), massa seca de folha (MSFP) e massa seca da parte aérea (MSPA), avaliados em lisianto cultivado em hidroponia sob três soluções nutritivas. Viçosa, 2002 Soluções AH MFPA MSHP MSFP MSPA cm g planta -1 Teste 53,75 a 129,54 a 38,07 a 6,48 a b 47,35 a Steiner 46,02 b 105,28 b 29,78 b 5,73 b 38,08 b Barbosa 54,60 a 138,96 a 43,37 a 6,80 a 53,16 a 1/ Médias da mesma coluna seguidas de uma mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste Tukey. A solução proposta por BARBOSA et al. (2000) e a solução Teste possibilitaram maior produção de massa seca de folha por planta, não sendo detectada diferença significativa entre as mesmas. No entanto, observa-se que a solução Teste também não diferiu da solução de Steiner modificada. Quanto às características associadas ao crescimento e ao acúmulo de massa, a solução proposta por BARBOSA et al. (2000) e a solução Teste se mostraram superiores à solução nutritiva de Steiner modificada. Apesar de a solução nutritiva proposta por BARBOSA et al. (2000) ter sido inicialmente recomendada para o cultivo hidropônico de crisântemo, sua utilização resultou em produção satisfatória também para a cultura do lisianto em hidroponia. De forma semelhante, a solução nutritiva formulada para o cultivo hidropônico de lisianto, com base na análise química de partes de plantas desta espécie, também possibilitou resultados satisfatórios de produção. As médias de seis variáveis para quatro diferentes cultivares de lisianto produzidos em sistema de fluxo laminar de nutrientes são apresentadas no Quadro 4. Os cultivares Echo Champagne e Mariachi Pure White não diferiram significativamente entre si quanto ao ciclo, sendo que o cultivar Echo Champagne apresentou ciclo mais longo que os cultivares Balboa Yellow e Ávila Blue Rim. O cultivar Mariachi Pure 50

White também não diferiu do cultivar Balboa Yellow. Já o cultivar Ávila Blue Rim apresentou ciclo mais curto, tendo sido a colheita das hastes iniciada 76,33 dias após o transplante, mantendo também resultados satisfatórios para altura da haste floral e número de flores por planta, sendo estas três características (ciclo, altura da haste e número de flores) importantes na produção e na comercialização de flores-de-corte. Os resultados encontrados para ciclo no cultivo hidropônico de lisianto (Quadro 4), neste experimento, são satisfatórios quando comparados aos relatados na literatura em diferentes cultivares e sistemas de cultivo. Cultivando lisianto no solo, TJIA e SHECHAN (1986) observaram ciclo médio de 112 e 114 dias, no entanto os autores não relatam os cultivares avaliados. O cultivar Fuji Pink, cultivado em lã de rocha, apresentou diferentes ciclos em função da data de transplante, sendo de 87 dias, quando transplantado em maio e de 120 dias quando transplantado em fevereiro (VAN LABEKE et al., 1995). Já CAMARGO et al. (2004) verificaram ciclo mais longo, de 120 dias, após o transplantio, com o cultivar Echo produzido no solo. Observa-se que não houve diferença significativa entre os cultivares de lisianto avaliados para período em produção. Quanto à altura da haste floral o cultivar Echo Champagne não diferiu do cultivar Ávila Blue Rim, tendo apresentado maior altura da haste em relação aos cultivares Balboa Yellow e Mariachi Pure White, conforme mostra o Quadro 4. Esta variável é considerada importante para a comercialização de espécies ornamentais para flor-de-corte como o lisianto. No entanto, no Brasil ainda não existem padrões de classificação para a comercialização do lisianto como flor-de-corte. Normalmente, os produtores e comerciantes de lisianto definem padrões para o produto. Conforme MORITA 1 (2004), no CEAGESP, o lisianto tem sido comercializado em maços contendo, em média, oito hastes com várias flores por haste, sendo classificadas em hastes longas (acima de 70 cm), hastes curtas (menores de 70 cm) e buquezinho (maços com aproximadamente dez hastes e uma flor por 1 MORITA, Ronaldo Massaki. Comercialização do lisianto. Engenheiro Agrônomo e produtor de lisianto, Itaquera-SP. 16 de agosto 2004. Comunicação pessoal. 51

haste). SILVA 1 relata que o lisianto, em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, é comercializado em maços que variam de quatro a oito hastes, com altura entre 30 e 60 cm. Acrescenta ainda que na ausência de hastes mais longas, também são comercializadas hastes mais curtas (hastes < 30 cm), contendo em média 30 flores. HALEVY e KOFRANEK (1984), cultivando lisianto como flor-decorte nas cores Blue e White, obtiveram médias de altura de haste de 34 e 59 cm, respectivamente. No Brasil, CAMARGO et al. (2004) observaram comprimento de hastes de 90,5 cm com o cultivar Echo, produzido no solo. É provável que essa variação tenha ocorrido em função das diferenças entre os cultivares e, principalmente, entre as condições ambientais, as quais afetam o desenvolvimento da cultura. Quanto ao número de folhas por planta, a menor produção foi observada no cultivar Mariachi Pure White, que não diferiu significativamente da obtida nos cultivares Balboa Yellow e Ávila Blue Rim. O cultivar Echo Champagne apresentou maior produção de folhas por planta, em relação ao cultivar Mariachi Pure White, porém não diferiu estatisticamente de Balboa Yellow e Ávila Blue Rim (Quadro 4). CAMARGO et al. (2004) consideram importante o número de folhas nas hastes de lisianto, tanto pelo aspecto visual quanto pela contribuição para a massa seca de caule. Os autores obtiveram aos 120 dias após o transplantio do cultivar Echo, um número médio de 76 folhas por haste floral. O número de hastes produzidas pelas plantas não foi avaliado no referido trabalho. Quanto ao número de flores por planta (Quadro 4), o cultivar Ávila Blue Rim foi superior em relação ao cultivar Balboa Yellow, não tendo diferido significativamente dos cultivares Echo Champagne e Mariachi Pure White. As altas temperaturas no interior da casa-de-vegetação, em torno de 40 o C (Figura 5), podem ter afetado a produção de flores, em especial, do cultivar Balboa Yellow. Assim, fez-se necessário o uso de malha de sombrite para diminuir as altas temperaturas no interior da casade-vegetação, conseqüentemente, favorecendo o melhor desenvolvimento das plantas, refletindo-se na maior produção de flores, em especial nos 1 SILVA, José Maria. Comercialização do lisianto. Produtor de lisianto, Sítio Phinca de las Flores, Barbacena MG. 17 de agosto de 2004. Comunicação pessoal. 52

cultivares Ávila Blue Rim, Echo Champagne e Mariachi Pure White. Segundo CORR e KATZ (1997), temperaturas superiores a 25 o C afetam a produção e a qualidade de hastes florais de lisianto. Durante o cultivo, observou-se que as folhas mais jovens e os botões em formação no cultivar Balboa Yellow apresentaram-se secos após um aumento brusco na temperatura (Figura 7). A produção média de flores observada por HALEVY e KOFRANEK (1984), avaliando dois cultivares de lisianto, foi de 18,56 e 36,36 flores por planta. Os cultivares Balboa Yellow e Echo Champagne não diferiram entre si quanto ao diâmetro de botão e foram superiores aos cultivares Ávila Blue Rim e Mariachi Pure White, conforme apresentado no Quadro 4. Esta característica não é comumente avaliada em pesquisas realizadas com lisianto, pois o ponto de colheita usualmente considerado é quando pelo menos uma flor está completamente aberta (HALEVY e KOFRANEK, 1984). No entanto, a colheita dos botões quando as sépalas estiverem totalmente abertas e as pétalas em início de abertura (Figura 2 do item 2.4 do Capítulo 1), torna-se viável pois pode prolongar a vida útil das flores após a colheita. Quadro 4 - Valores médios de ciclo, período em produção (PP), altura da haste floral (AH), número de folhas (NFP), número de flores (NFLP) e diâmetro de botão (DB), avaliados em quatro cultivares de lisianto produzidos em hidroponia. Viçosa, 2002 Cultivares Ciclo PP AH NFP NFLP DB dias cm cm Echo Champagne 87,22 a 26,67 a 57,19 a 117,66 a 26,62 ab 1,69 a Mariachi P. White 86,67 ab 26,44 a 42,22 c 88,43 b 25,82 ab 1,36 c Balboa Yellow 83,11 b 30,00 a 51,19 b 103,42 ab 22,52 b 1,71 a Ávila Blue Rim 76,33 c 32,22 a 55,22 ab 105,82 ab 30,13 a 1,52 b 1/ Médias da mesma coluna seguidas de uma mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste Tukey. 53

Figura 7 - Queima das folhas jovens e dos botões em formação em lisianto cultivar Balboa Yellow cultivado em hidroponia. Viçosa, 2002. Os valores médios referentes ao comprimento do sistema radicular, da massa fresca da parte aérea, da massa seca de caule por planta e da massa seca da parte aérea são apresentados no Quadro 5. Na avaliação do comprimento do sistema radicular, observou-se que o cultivar Echo Champagne apresentou valor superior em relação aos cultivares Mariachi Pure White e Ávila Blue Rim e não diferiu significativamente do cultivar Balboa Yellow. Os cultivares avaliados tiveram o mesmo comportamento quanto à massa fresca e seca da parte aérea e à massa seca de caule por planta, conforme mostra o Quadro 5. Observa-se que os cultivares Echo Champagne e Ávila Blue Rim apresentaram produção de massa fresca e seca da parte aérea e massa seca de caule superior ao cultivar Mariachi Pure White e não diferiram significativamente do cultivar Balboa Yellow. Este comportamento era esperado, pois a produção de folhas foi superior nestes cultivares (Quadro 4), possibilitando maior produção de massa fresca e seca da parte aérea para as plantas (Quadro 5). HARBAUGH e WOLTZ (1991), avaliando lisianto, cultivar Saga Purple, observaram que a massa fresca da parte aérea foi de 68,8 g, valor abaixo dos encontrados neste trabalho. Da mesma forma, CAMARGO et al. (2004), avaliando o cultivar Echo, verificaram 28,4 g de massa seca da parte aérea por planta, valor também inferior aos observados no presente experimento. 54