DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROVA PERICIAL FASE DECISÓRIA COISA JULGADA. Antero Arantes Martins

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Transcrição:

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROVA PERICIAL FASE DECISÓRIA COISA JULGADA Antero Arantes Martins

PARTE 1 PROVA PERICIAL

PROVA PERICIAL Não é possível exigir que o juiz disponha de conhecimentos universais a ponto de examinar cientificamente tudo sobre a veracidade e as conseqüências de todos os fenômenos possíveis de figurar nos pleitos judiciais. Consiste numa declaração de ciência ou na afirmação de um juízo. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação (art.464 do C.P.C./2015) Art. 464 do CPC

Exame é a inspeção sobre coisas, pessoas ou documentos, para verificação de qualquer fato ou circunstancia que tenha interesse para a solução do litígio. Vistoria é a mesma inspeção quando realizada sobre bens imóveis. Avaliação é a apuração de valor, em dinheiro, de coisas direitos ou obrigações em litígio.

A parte pode participar da prova pericial formulando quesitos e indicando assistente técnico. Os quesitos tem por finalidade fazer com que o perito, ao responde-los, possa esclarecer as questões científicas que envolvem o laudo para as situações fáticas discutidas no processo. O juiz poderá indeferir alguns quesitos que julgar impertinentes, bem como formular os que entender necessários. É licito apresentar quesitos suplementares. O assistente técnico é um expert no assunto de confiança da parte e que irá acompanhar o trabalho do perito judicial nos termas científicos que o leigo não pode compreender.

Em nível de força probante a perícia é meramente de caráter opinativo e vale pela força dos argumentos em que repousa. O juiz não está adstrito ao laudo e pode formar sua convicção de modo contrário com base em outros elementos do processo. É relevante mencionar que as matérias relativas ao adicional de insalubridade e adicional de periculosidade exigem a prova pericial (art. 195, CLT), com a exclusão de qualquer outra. Inspeção judicial é o meio de prova que consiste na percepção sensorial direta do juiz sobre qualidades ou circunstancias corpóreas de pessoas ou coisas relacionadas com o litígio. Art. 195 da CLT

Para que um laudo técnico seja elaborado, é necessário que os fatos estejam bem definidos, para que a perícia tenha valor probatório. Se o perito fundamentar os a sua perícia em fatos inverídicos, a sua conclusão será inútil para aquele litígio, portanto perderá a sua força probandi. Ex: O perito conclui pela insalubridade por ruído na empresa. Contudo, mais tarde, provou-se que o Reclamante passava a maior parte do tempo fora da empresa.

Imaginando que o laudo técnico do perito fosse um prédio, os fatos no processo seriam a base do edifício LAUDO TÉCNICO FATOS

A Prova emprestada é aceita na sistemática do processo do trabalho. Contudo, o seu ingresso no processo não significa certeza de ganho de causa à parte que a trouxe, ainda que no processo de origem o magistrado tenha decidido a seu favor. Isto porque a coisa julgada atinge somente o dispositivo. Além disso, estar-se-ia violando o princípio do livre convencimento.

Prova emprestada no caso de perícia: A perícia realizada no processo de terceiro, ainda que no mesmo local de trabalho e sob as mesmas condições, não substitui a perícia a ser realizada no novo processo Isto porque estar-se-ia ferindo o princípio do contraditório. As partes tem direito de formular novos quesitos, requerer esclarecimentos, apresentar assistente técnico, Etc...

Neste caso, a perícia realizada em processo distinto, ingressará nos autos como documento, e não como perícia, recebendo sua devida valoração pelo magistrado no momento do julgamento. Voltar

Prova técnica simplificada: CPC/2015:Art. 464-... 2o De ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá, em substituição à perícia, determinar a produção de prova técnica simplificada, quando o ponto controvertido for de menor complexidade. 3o A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquirição de especialista, pelo juiz, sobre ponto controvertido da causa que demande especial conhecimento científico ou técnico. 4o Durante a arguição, o especialista, que deverá ter formação acadêmica específica na área objeto de seu depoimento, poderá valer-se de qualquer recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens com o fim de esclarecer os pontos controvertidos da causa. Voltar

PARTE 2 FASE DECISÓRIA

Fase Decisória. Razões Finais Concluída a produção das provas, o Juízo encerra a fase probatória e inicia a fase decisória. O primeiro passo da fase decisória é a apresentação de razões finais. Podem ser escritas (memoriais) ou verbais (debates orais). A CLT determina que sejam feitas oralmente, no prazo de 10 minutos a cada parte, primeiro o reclamante e depois a reclamada. O juiz pode, verificando a complexidade do processo, suspender a sessão para permitir a apresentação de memoriais. Nas razões finais a parte deve proceder a adequação entre a fase postulatória e a fase probatória.

Fase Decisória. Razões Finais A importância das razões finais, além de seu objetivo primeiro (adequação) já visto, é que este é o primeiro momento legalmente concedido às partes para manifestação nos autos. Estabelece o art. 795 da CLT: Art. 795 - As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das partes, as quais deverão argüi-las à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos. Aqui está, portanto, o momento a que se refere a Lei quando a nulidade ocorrer em audiência.

Fase Decisória. Última tentativa de conciliação. O Juiz pode tentar a conciliação em qualquer momento do processo. Entretanto, em duas oportunidades a tentativa de conciliação é obrigatória: Primeira: Assim que instaurada a audiência, antes da apresentação da defesa: Última: Após a realização das razões finais em antes do julgamento. Se diz última e não segunda porque o Juiz pode, facultativamente, realizar outras tentativas no curso da audiência. A ausência destas tentativas gera nulidade do processo. A jurisprudência tem sido branda, deixando de declarar a nulidade se não for feita a primeira, mas, for feita a última. Se não for feita a última, entretanto, declara-se a nulidade.

Fase Decisória. Última tentativa de conciliação. Se frutífera a conciliação será lavrado o respectivo termo. A homologação do Juiz valerá como decisão irrecorrível (art. 831, parágrafo único, CLT), salvo para a Previdência Social. O processo resolve-se com mérito (art. 487, III, b, CPC/2015). Sendo irrecorrível a decisão, há transito em julgado imediato. Somente atacável por Ação Rescisória se presente (s) alguma (s) hipótese (s) do art. 966 do CPC/2015.

Fase Decisória. Sentença. Introdução. Modalidades de Decisões Antes de abordar a sentença propriamente dita, é preciso conhecer e identificar as formas pelas quais o juiz se manifesta no processo. São três (art. 203 do CPC/2015): Despacho de mero expediente: São manifestações judiciais que se destinam a movimentar o processo, sem conteúdo decisório. Decisões interlocutórias: São manifestações judiciais que se destinam a solucionar incidentes que surgem no curso do processo e, portanto, tem conteúdo decisório mas, não põe fim ao litígio.

Fase Decisória. Sentença. Introdução. Modalidades de Decisões Sentença: São manifestações judiciais que se destinam a extinguir o processo, com ou sem resolução do mérito. Diferencia-se das decisões interlocutórias porque tem conteúdo decisório e põe fim ao processo. Trata-se aqui do termo sentença no sentido amplo, porque no sentido estrito sentença é a decisão proferida pelo primeiro grau. A decisão do segundo grau é chamada de Acórdão e do terceiro e quarto graus é denominada de Aresto, embora a praxe já venha designando as decisões de terceiro e quarto graus também como Acórdão.

Fase Decisória. Sentença. Conceito legal. Eis a redação do art. 203, 1º do CPC/2015: Art. 203:... 1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução.

Fase Decisória. Modalidades de sentença A sentença pode extinguir o processo sem resolução do mérito (terminativa) ou com resolução do mérito (definitiva). Quando há extinção sem resolução do mérito, o juiz está negando ao autor o pedido imediato, ou seja, o pedido de tutela jurisdicional. Por alguma razão, está decretando que o exercício do direito de ação (postular uma tutela jurisdicional do Estado) foi exercido de forma irregular. As hipóteses para extinção sem resolução do mérito estão expressas no art. 485 do Código de Processo Civil de 2015.

Fase Decisória. Modalidades de sentença (Cont). Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: I - indeferir a petição inicial (após o Juízo inicial de adm.);; II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes; III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias(ii e III, intimar pessoalmente o autor para que o faça em 5 dias); IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada (não pode renovar a ação se a extinção se deu por este inciso); VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual (observar que foi retirada a possibilidade jurídica bem como a referência às condições da ação; VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência; VIII - homologar a desistência da ação; IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e X - nos demais casos prescritos neste Código. (o rol não é taxativo. Ex: Art 129 do CPC lide simulada; art. 47, único, CPC litisconsórcio necessário).

Fase Decisória. Modalidades de sentença (Cont). Quando há extinção com resolução do mérito, significa que o juiz irá atender ao pedido imediato, ou seja, entregará a tutela jurisdicional e irá analisar o pedido mediato, ou seja, o próprio mérito da causa, que é o conflito surgido na relação jurídica de base. Também ocorre extinção com resolução do mérito, por definição legal (art. 487, CPC), quando o juiz acolhe decadência e prescrição, homologa acordo entre as partes e ocorre a renúncia do autor sobre o direito que fundava a ação.

Fase Decisória. Modalidades de sentença (Cont). Observar aparente contradição entre o art. 487, parágrafo único com o art. 132, parágrafo primeiro, ambos do CPC/2015. Um trata do contraditório real determinando ao Juiz que ouça as partes sobre eventual pronunciamento, de ofício, da decadência ou prescrição. Outro estabelece a possibilidade de julgamento liminar de improcedência pela ocorrência de decadência ou prescrição.

Fase Decisória. Modalidades de sentença (Cont). Já se viu, em outra ocasião, que a jurisprudência trabalhista (TST) não aceita o pronunciamento de ofício da prescrição. Entretanto, pode o Juiz, através do que dispõe o parágrafo único do art. 487 provocar as partes para que se manifestem sobre este tema? A CLT é omissa. Entretanto, se não pode pronunciar a prescrição de ofício, não poderia provocar a parte a manifestar-se sobre este tema.

Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. A sentença é composta de relatório, fundamentação e dispositivo (também chamado de decisum), salvo no rito sumaríssimo onde o relatório é dispensado. No relatório o juiz faz uma breve narrativa dos fatos ocorridos no processo até aquele momento, indicando resumidamente o objeto da petição inicial, as razões de defesa, as provas produzidas e o que de mais entender conveniente relatar. Art. 489. São elementos essenciais da sentença: I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;

Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont). Na fundamentação o juiz indicará as razões de decidir. É aqui que o juiz deve aplicar o Princípio da Persuasão Racional. O Juiz é livre para apreciar as provas de decidir, estando adstrito somente à lei e à sua consciência. Entretanto, como quer que decida, deve convencer racionalmente o leitor de suas razões. Quando se diz convencer, evidentemente não se quer dizer que o leitor irá concordar com o que foi decidido (e para isto existem os recursos) mas deve compreender o processo lógico de raciocínio do juiz para chegar àquela decisão. Art. 489. São elementos essenciais da sentença:... II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;

Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont). A aplicação deste princípio deve ser feita em três passos: 1º Passo: Fixar o fato que reputa verdadeiro; 2º Passo: Indicar a prova que o convenceu do fato, ou de quem era o ônus da prova que não foi produzida; 3º Passo: Aplicar o direito sobre o fato reconhecido.

Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont). Sentença NÃO fundamentada: 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.

Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont). Sentença NÃO fundamentada: 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; Evidente e sem controvérsia. Como vimos acima, o 3º passo é aplicar o direito sobre o fato, não podendo, evidentemente, lançar o direito sem dizer qual sua relação com o fato.

Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont). Sentença NÃO fundamentada: 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; Evidente e sem controvérsia. Assim como o texto legal, textos de doutrina podem fundamentar o convencimento do julgador, desde que, evidentemente, estejam relacionados ao caso concreto.

Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont). Sentença NÃO fundamentada: 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; Ainda pior. Aplicabilidade evidente: Texto pronto é inadmissível. A decisão deve ser particularizada, ainda que, evidentemente, possa ser idêntica à decisões proferidas em idênticas causas, o que, obviamente, deve ser mencionado, nomeadamente nas causas que discutem matéria de direito exclusivamente.

Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont). Sentença NÃO fundamentada: 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; Histórico: Reação legislativa à posição jurisprudencial até então consolidade no sentido de que o Juiz não está obrigado a rebater ponto a ponto todos os argumentos das partes. Controvérsia: Maior parte da magistratura é contra este dispositivo. Maior parte da advocacia é a favor. Continua...

Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont). Argumentos da Magistratura: Com o computador os advogados lançarão teses infinitas que tornarão o julgamento inviável. Argumentos da advocacia: A parte tem direito a pronunciamento jurisdicional sobre seus argumentos de defesa (defesa de interesse e não defesa do réu) e a negação deste dispositivo implica na negação do próprio acesso ao Poder Judiciário. Os juízes não lêem suas manifestações. Continua...

Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont). O art. 3º da IN 39 do TST afirma que o artigo é aplicável ao Processo do Trabalho. Também penso assim. A má-fé não pode ser presumida, nem de advogados (como sustenta a magistratura), nem de Juízes (como sustenta a advocacia). Assim, eventual abuso por parte do advogado ao invocar teses despropositadas e procrastinatórias devem ser punidas com litigância de má-fé. Eventual negligência do Magistrado na sua conduta deve ser punida disciplinarmente, além de nulidade da decisão não fundamentada. Continua...

Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont). De qualquer sorte o dispositivo legal estabelece a necessidade de pronunciamento judicial sobre... argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador. A questão é saber se o julgador (1) poderá utilizar uma expressão genérica afirmando que... Os demais argumentos deduzidos no processo não são capazes de infirmar a conclusão adotada pelo julgador ou (2) se terá que explicar porque tais argumentos não tem esta aptidão. Se a solução for a primeira, então nada muda, pois o Juiz se pronunciará apenas sobre aqueles que achar relevantes. Se a solução for a segunda, então o dispositivo fica sem efeito, já que o juiz terá que manifestar-se sobre todos os argumentos do mesmo modo. Questão que só será solucionada na jurisprudência futura.

Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont). Sentença NÃO fundamentada: 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; Evidente e sem controvérsia. Como já se disse nos comentários anteriores. Não pode aplicar norma, conceito doutrinário e, agora, jurisprudência, sem relacionar com a hipótese fática em exame.

Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont). Sentença NÃO fundamentada: 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. Aqui altíssima controvérsia que será profundamente analisada no módulo de recursos. Alteração de paradigma no Direito processual brasileiro ao tornar obrigatória a aplicação de Súmulas, jurisprudências e precedentes. continua...

Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont). Evidentemente que não se vai adiantar o tema nesta aula. Apenas para reflexão, verificar o art. 927 do Código de Processo Civil de 2015. Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; II - os enunciados de súmula vinculante; III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. Na mesma linha segue a Lei 13.015/2014 sobre os recursos trabalhistas.

Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont). No dispositivo o Juiz indicará o resultado do julgamento e suas conseqüências jurídicas. Art. 489. São elementos essenciais da sentença:... III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem.

Recorribilidade e retratablidade. Despachos de mero expediente não são recorríveis porque não tem conteúdo decisório. Decisões interlocutórias, via de regra, não são recorríveis de imediato (art. 893, 1º, CLT). Exceções: Despacho que nega seguimento a recurso (Agravo ou Embargos declaratórios quando se nega seguimento ao recurso por equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos de admissibilidade); Decisões com erro in procedendo ; Decisões monocráticas nos Tribunais; Fixa o valor da causa (Procedimento Sumário); Acolhem exceção de incompetência e remetem os autos a outro ramo do Poder Judiciário ou, até mesmo, a outro Regional. As decisões interlocutórias são retratáveis.

Recorribilidade e retratablidade. As sentenças são recorríveis, sejam terminativas ou definitivas. As sentenças não são retratáveis. Efeito modificativos dos embargos declaratórios: Não consiste na possibilidade de reanálise de fatos ou provas, ou mesmo de aplicação do direito. Consiste na possibilidade de modificar o resultado do julgamento se tal for necessário ao sanar uma omissão, contradição ou obscuridade.

PARTE 3 COISA JULGADA

Coisa Julgada. Aspectos Legais. Estabelece o art. 6º, 3º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro: 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso Já o art. 502 do CPC reza que: Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso.. Os dois dispositivos, na verdade, tratam de aspectos diferentes da coisa julgada.

Coisa Julgada. Aspectos Doutrinários. A doutrina divide a coisa julgada em dois aspectos: Formal e Material. O aspecto formal está voltado para os efeitos da coisa julgada dentro do processo, caracterizandose pela impossibilidade de ser atacada por recurso de qualquer natureza (art. 6º, 3º, LINDB), o que acarreta na imutabilidade da decisão. Toda sentença produz coisa julgada formal. Não confundir com trânsito em julgado, que é o momento em que a decisão torna-se imutável, ligado à idéia de preclusão.

Coisa Julgada. Aspectos Doutrinários. O aspecto Material está voltado para os efeitos da coisa julgada fora do processo, caracterizando-se pela impossibilidade de ser rediscutido o seu objeto (art. 502 CPC), o que acarreta na imperatividade da decisão. Nem toda sentença produz coisa julgada material, mas, apenas, aquelas que resolvem o processo com resolução de mérito (definitivas). As ações de estado das coisas, proferidas em relações continuativas, não produzem coisa julgada material nem mesmo quando a sentença for proferida com resolução do mérito. Neste caso, a alteração do estado original possibilita a ação revisional (Ex: adicional de insalubridade em contratos que continuam em vigor).

Coisa Julgada. Natureza. A sentença definitiva transitada em julgado tem natureza de norma jurídica individual. Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal expressamente decidida. Para a maioria dos autores, há em toda decisão definitiva uma natureza jurídica declaratória, independentemente na natureza do pedido, posto que a sentença declara o direito no caso em concreto. Maria Helena Diniz defende que esta propriedade da sentença não é declaratória e, sim, constitutiva, posto que cria norma individual.

Coisa Julgada. Limites. A coisa julgada constitui norma jurídica. Diante disto, há que se ponderar sobre o alcance da aplicabilidade desta norma jurídica, o que se estuda sob a denominação de limites da coisa julgada. Os limites são divididos em subjetivos e objetivos.

Coisa Julgada. Limites subjetivos. Reza o art. 506 do CPC: Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros. O Direito Processual Civil tradicional concebeu a lide individual. Portanto, o ordinário é que os limites atinjam somente os sujeitos do processo. Os sujeitos do processo são definidos, a priori, na petição inicial, através da qualificação das partes, mas podem ser alterados no curso da lide pelo instituto da intervenção de terceiros. Por vezes a sentença atinge a terceiros interessados, por via reflexa (Perito, União custas e constribuições previdenciárias, etc).

Coisa Julgada. Limites subjetivos. Continuação. Nas Ações Coletivas, o limite subjetivo da coisa julgada é elastecido como se vê do art. 103 do CDC: Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada: I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81 (interesses difusos); II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por insuficiência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do parágrafo único do art. 81 (interesses coletivos); III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81 (interesses individuais homogêneos).

Coisa Julgada. Limites Objetivos. Prevê o art. 503 do CPC: Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal expressamente decidida. 1o O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e incidentemente no processo, se: I - dessa resolução depender o julgamento do mérito; II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia; III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão principal. 2o A hipótese do 1o não se aplica se no processo houver restrições probatórias ou limitações à cognição que impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial.

Coisa Julgada. Limites Objetivos. Os limites objetivos da ação são fixados na petição inicial através da causa de pedir e do pedido. O exato limite da coisa julgada é estabelecido por via reflexa, ou seja, por exclusão. Veja-se o art. 504 do CPC. Art. 504. Não fazem coisa julgada: I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença; II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença.

Coisa Julgada. Limites Objetivos. Continuação. Logo, apenas o dispositivo faz coisa julgada. O dispositivo pode ser: Direto: Retrata a solução apresentada em cada questão decidida. Indireto: Quando faz remissão a outros elementos do processo que não o próprio dispositivo. Um recurso utilizado para trazer os fundamentos para a coisa julgada é inserir, no dispositivo, a expressão:... nos termos da fundamentação que fica fazendo parte integrante do presente dispositivo...

Coisa Julgada. Relativização da coisa julgada. A coisa julgada é protegida pela Constituição Federal no art. 5º, inciso XXXVI: XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; A Medida Provisória 2.180/2001 acrescentou o 5º ao art. 844 da CLT que assim estabelece: 5 o Considera-se inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal ou em aplicação ou interpretação tidas por incompatíveis com a Constituição Federal. Vê-se, pois, que há restrição à exeqüibilidade da sentença transitada em julgado que fosse inconstitucional, o que altera a hipótese de imutabilidade estudada anteriormente.

Coisa Julgada. Relativização da coisa julgada. Continuação. A questão é saber se há validade neste dispositivo. No meu entender, o dispositivo é inconstitucional formal e materialmente. Formalmente porque a Medida Provisória requer relevância e urgência o que, em matéria processual, não há. Neste sentido está o art. 62, I, b da Constituição Federal com a redação que lhe foi data pela EC 32/2001: "Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetêlas de imediato ao Congresso Nacional. 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: I relativa a: b) direito penal, processual penal e processual civil;

Coisa Julgada. Relativização da coisa julgada. Continuação. Também há inconstitucionalidade material porque viola o já transcrito art. 5º, XXXVI da Constituição Federal. O fundamento contrário é no sentido de que a sentença transitada em julgado é norma jurídica e, como qualquer outra norma jurídica, não pode estar em desacordo com a Constituição Federal. Do contrário, admitir-se-ia que o Poder Judiciário poderia revogar a Carta Magna. Embora filosoficamente aceitável, o fundamento acima invalida a principal finalidade da coisa julgada, que é exatamente a segurança jurídica que decorre da imutabilidade das decisões.

Coisa Julgada. Autonomia. A coisa julgada trabalhista em autonomia em relação às decisões proferidas em outros ramos do Poder Judiciário. Exceção se faz, apenas, à decisão penal condenatória transitada em julgado, que repercute também na esfera trabalhista por força da aplicação do art. 935 do Código Civil. O inverso não é verdadeiro. A absolvição na esfera criminal não induz à coisa julgada no processo do trabalho. Portanto, se o empregado foi condenado na esfera penal pela prática de apropriação indébita, por exemplo, que também constitui fundamento da justa causa (ato de improbidade), então a justa causa está provada também na esfera trabalhista. Entretanto, se houve absolvição na ação penal, há que se permitir a produção de provas no processo do trabalho. A hipótese é de pouca ocorrência na prática, posto que a ação trabalhista é mais célere que a ação penal.

Coisa Julgada. Autonomia. Continuação. O Juiz do trabalho não deve suspender o andamento da ação trabalhista pela mera existência de inquérito policial. O inquérito não é ação. É procedimento administrativo procedido pelo Poder Executivo sob supervisão do Poder Judiciário. Caso já exista ação penal em andamento (denúncia ofertada e aceita), o Juiz do Trabalho poderá suspender a ação trabalhista que verse sobre o mesmo fato, a fim de evitar decisões judiciais conflitantes. Se assim o fizer, estará amparado pelo art. 265 do CPC. Esta suspensão não pode demorar mais do que um ano. Caso este prazo seja superado, o Juiz decidirá a questão. Convém, de toda sorte, que a suspensão seja feita depois de encerrada a fase probatória, a fim de que as provas não sejam perdidas pelo decurso do tempo.