Prática Jurídica II Aula 04 Foed Saliba Smaka Jr. Curso de Direito ISEPE Guaratuba 2015/2
O que é Posse?
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. Então posse é o poder de fato que o sujeito detém sobre o bem.
Estão previstas no livro III do CC Direito das Coisas Tem por objetivo proteger o possuidor, já que, nos termos do art. 1.210 o possuidor tem o direito De ser mantido na posse na turbação; De ser restituído no esbulho; De ser segurado na violência. Desses direitos surgem as três modalidades de ação provisória.
De ser mantido na posse na turbação (não sai da posse); De ser restituído no esbulho (sai da posse); De ser segurado na violência (tem a posse ameaçada). Manutenção de Posse (tem a posse dificultada por atos materiais do turbador); Reintegração de Posse (perde a posse, é despojado); Interdito Proibitório (ameaça sobre a posse). Previstas nos arts 926 a 933 CPC; Arts. 554 a 568 NCPC Mudança maior, possibilidade de ações coletivas (art. 565).
Objetos das ações possessórias: Bens materiais. x Ações Dominiais (petitórias): Nas possessórias discute-se a posse, sem entrar na propriedade (domínio da coisa) Nas petitórias discute-se a propriedade o domínio da coisa; Há possibilidade de discutir domínio na possessória, quando ambas as partes disputarem a posse com base no domínio (súmula 487 STF).
A ameaça se caracteriza quando há receio sério (fundado) de que a posse venha a sofrer alguma ameaça, seja turbação, seja esbulho. Assim, ocorrerá ameaça se, embora nenhum ato de afronta à posse ainda tenha sido praticado, houver indícios concretos de que poderá ocorrer a moléstia à posse, como, por exemplo, se o molestador posicionar máquinas na entrada da área rural, noticiando que nela pretende entrar.
Turbação é o esbulho parcial, ou seja, é a perda de algum dos poderes fáticos sobre a coisa, mas não a totalidade da posse. O possuidor continua possuindo, mas não mais pode exercer, em sua plenitude, a posse. Por exemplo, ocorre turbação quanto alguém adentra no imóvel e passa a cortar árvores, seguidamente, mas não impede o acesso do possuidor à área.
Fungibilidade das ações possessórias: Art. 920. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela, cujos requisitos estejam provados. Se o autor postular reintegração, alegando que perdeu a posse, mas a prova demonstrar que ainda não houve perda, mas que ela poderá ocorrer, o juiz outorgará o interdito proibitório, em vez de reintegração. Art. 554 NCPC.
Cumulação de pedidos O artigo 921 do Código de Processo Civil admite, nas ações possessórias, cumulação de pedidos quanto: condenação em perdas e danos; cominação de pena para caso de nova turbação ou esbulho; desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento de sua posse. O pedido principal é a proteção da posse, mas é possível a cumulação nas hipóteses acima citadas. Ademais, segundo o mesmo autor, isso em nada descaracteriza a natureza possessória da ação. Art. 555 NCPC.
Caráter dúplice das ações possessórias: O que é caráter dúplice de uma ação?
Art. 922 CPC (Art. 556 NCPC): É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor. A sentença pode outorgar a tutela possessória ao autor como ao réu. Dado o caráter dúplice das ações possessórias, formulado o pedido pelo réu, pode a sentença conceder-lhe a proteção possessória. O caráter dúplice, a princípio, afasta a necessidade e, até mesmo, impede a reconvenção.
Procedimento Especial: Propositura: Art. 282 CPC ou Art. 319 NCPC; Autor Deve Provar (art. 927 CPC ou art. 561 NCPC): a sua posse; a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; a data da turbação ou do esbulho; a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda da posse, na ação de reintegração. Havendo prova pré constituída pode ser concedida liminar sem oitiva da outra parte (art. 928), ou marcar audiência de justificação. (art. 562 NCPC).
Procedimento Especial: Audiência de Justificação: Serve para o autor constituir prova através de testemunhas sobre os fatos de sua posse; O Réu é chamado à audiência, mas não pode arrolar testemunhas (via de regra); Na própria audiência pode ser concedida ou negada a liminar.
Procedimento Especial: Liminar: Tem natureza de antecipação de tutela; pode se dar em dois momentos: quando a petição inicial suficientemente instruída, com a presença dos requisitos, sem ouvir o réu; não estando instruída, a concessão pode ocorrer após a justificação, também é concedida sem ouvir o réu, pois, apesar de poder comparecer à audiência de justificação, não pode fazer alegações mais amplas, nem produzir prova própria, então, nada terá alegado. Recurso: Agravo sem efeito suspensivo (via de regra).
Procedimento Especial: Contestação: Da intimação da decisão liminar, o réu terá 5 dias para contestar; A partir da resposta do réu segue o rito ordinário; A sentença faz coisa julgada material com condenação em sucumbência. Recurso: Apelação em seu duplo efeito.
FERNANDO MENDONÇA, RG 1.987.654-0 PR, CPF 111.222.333-00 e sua esposa, BEATRICE MENDONÇA, RG 9.876.543-2 PR, inscrita no CPF 444.333.222-99; ambos residentes e domiciliados à Rua Avaré, 165, Bairro Novo, Curitiba, Paraná, através de instrumento público outorgaram à LOTES AIRA COMERCIAL IMOBILIÁRIA LTDA., inscrita no CNPJ 11.222.333/0004-55, com sede na Avenida Nossa Senhora dos Cocais, n 1.000, Sala 126, Curitiba-PR, na pessoa de seu sócio gerente o Sr. Jorge Mateus de Souza, brasileiro, casado, empresário, portador do RG 9.123.456-7 PR, inscrito no CPF 555.444.333-22; na condição de legítimos proprietários do imóvel constituído pelo Lote de terreno n 777, da quadra n. 28, da planta PRAIA DAS GAIVOTAS, situado no Município e Comarca de Matinhos-PR, conforme se pode comprovar através das certidões expedidas pela Serventia Registral Imobiliária da Comarca de Paranaguá-PR, onde o imóvel encontra-se registrado as margens das transcrições Nº 20555, as fls. 1207, do livro 10-SR e Nº 20.666, as fls. 1208, do livro 13-SR, com a finalidade de venda da referida área. Desde então a empresa mantêm a posse do referido bem, inclusive pagamentos os encargos tributários pertinentes ao mesmo, conforme certidão negativa Municipal anexada.
Ocorre que, há poucos dias atrás, na administração e cuidados do imóvel de, o Sr. Jorge Mateus de Souza, deparou-se com o terreno em questão desmatado sem a autorização de seus proprietários, com poste para entrada de energia elétrica instalado e pedreiros recebendo material de construção, que lhe informaram que estavam para iniciar a obra, sob as ordens de Celso de Oliveira. Em contato telefônico com a pessoa de nome Celso, este apenas esquivou-se, alegando que retornaria o contato mais tarde, no entanto quem entrou em contato foi a Sra. Maria do Couto, informando ser advogada e proprietária do lote em questão, inclusive com ameaças ao Sr. Jorge, informando que tomaria as medidas legais cabíveis contra as alegações que ele fazia. Depois descobriu que na verdade, o casal estaria em conluio para tomar posse do lote de terra. Na condição de advogado contratado para a defesa dos interesses contra a provável e eminente invasão, tome as medidas judiciais cabíveis, sabendo que o casal invasor reside na Rua Cury, 175, Pontal do Paraná, que o Sr. Jorge, em conjunto com a Polícia Civil de Matinhos retirou o poste de entrada de energia elétrica e lavrou um Boletim de Ocorrência contra a invasão da área.