IMPLANTAÇÃO E ESCOLHA DE ESPÉCIES DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS EM CORONEL VIVIDA PR

Documentos relacionados
Agroecologia e Sistemas Agroflorestais

PRODUÇÃO DE MORANGO ORGÂNICO EM PROPRIEDADES DE REFERÊNCIA

Síglia Regina Souza / Embrapa. Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) Sustentabilidade do agronegócio com preservação ambiental

Agenda de P&D da Embrapa Cerrados

RELATÓRIO DO PROJETO PLANTE BONITO

INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA-FLORESTA KARINA PULROLNIK/EMBRAPA CERRADOS. Convivência HARMÔNICA

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Programa Analítico de Disciplina AGR480 Silvicultura Geral

TECNOLOGIAS DE BAIXO CARBONO INTEGRAÇÃO LAVOURA, PECUÁRIA, FLORESTA - ilpf

A PRODUTIVIDADE DA ERVA-MATE EM CINCO SISTEMAS DE PREPARO DO SOLO NO MINICíplO DE ÁUREA, RS

RECUPERAÇÃO DA MATA CILIAR Bacia do Rio do Peixe

TECNOLOGIAS DE BAIXO CARBONO

FUNDAMENTOS EM AGROECOLOGIA

SISTEMAS DE INTEGRAÇÃO E PRODUÇÃO AGRÍCOLA

Trilha de optativas 01 AGR Desenho Técnico - Ativa desde: 12/12/2017. Atividade Pedagógica. Teórica/Prática 50. Teórica/Prática 67

VIABILIDADE ECONÔMICA DE PLANTIOS FLORESTAIS SOLTEIROS E DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS

AÇÕES DE PESQUISA DA Embrapa Florestas NO DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS NA REGIÃO SUL DO BRASIL

eliminam o uso de tecnologias, pois seu objetivo é a preservação de espaços naturais.

2º RELATÓRIO DE ANDAMENTO - PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS (PRAD)

Domesticação E Cultivo. Plantas Medicinais e Fitoterapia

RELATÓRIO PARA AUXÍLIO DE EVENTO. Nome do Evento: Dia de Campo: Cultivo do Feijão em Plantio Direto Variedades Cultivadas

DEMONSTRATIVO DA DESPESA CATEGORIA ECONÔMICA, GRUPOS DE NATUREZA E MODALIDADE DE APLICAÇÃO

Agroecologia, sistemas agroflorestais e espaços protegidos

Aula 1: Apresentação da Disciplina ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

Construindo pontes entre saberes

AGINDO NO BOSQUE O QUÊ É O BOSQUE. Causas da imagem atual do Bosque: Você sabia?

O que é Produção Orgânica? 2. Produzindo alimentos orgânicos Hoje, a maior parte da produção de alimentos é feita... 4

Epagri. Conhecimento para a produção de alimentos

A3-435 Proposição de manejo agroecológico para o Zoneamento Ecológico Econômico da região da Cantuquiriguaçu (PR)

1º Período - Agronomia 2016

RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DO PROJETO PLANTE BONITO

SAF implantado em linhas e em média diversidade de arbustos e árvores.

SISTEMAS AGROFLORESTAIS EM ASSENTAMENTO RURAL EM MATO GROSSO DO SUL

HORTA MANDALA SOCIAL. Kaique C. M. de ABREU. 2 Vandeir A. de AGUIAR. 2

ORIENTAÇÕES PARA O PLANTIO DE MUDAS NATIVAS EM ÁREAS DE REFLORESTAMENTO

TECNOLOGIAS DE BAIXO CARBONO PLANTIO DE FLORESTAS COMERCIAIS

IX Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí IX Jornada Científica

Foto: Kátia Carvalheiro/BID INFORMATIVO TECNOLOGIAS DE BAIXO CARBONO PLANTIO DE FLORESTAS COMERCIAIS

Histórico/Sistemas de Arborização

Espaçamento e Plantio

TECNOLOGIAS DE BAIXO CARBONO

AGRICULTURA FAMILAR E SUA IMPORTÂNCIA PARA A CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS

Prevenção e Controle do Fogo na Agricultura

INFLUÊNCIA DO MERCADO SOBRE A IMPLANTAÇÃO, PRODUÇÃO E MANEJO DE CACAU E PIMENTA-DO-REINO EM SAF S NO MUNICÍPIO TOME-AÇU.

Programa de Reflorestamento

TECNOLOGIAS DE BAIXO CARBONO RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS - RAD COM PASTAGEM OU FLORESTAS

Sistema Agroflorestal no Assentamento Poções

1ª Fase. Disciplina Crédito C.H Pré-requisitos T P L C D TOTAL ª Fase. Disciplina Crédito C.H Pré-requisitos T P L C D

PERSPECTIVAS PARA O MATO GROSSO DO SUL

Degradação de Pastagens

IMPLANTAÇÃO DE UMA CULTURA DE HORTALIÇA KEIGO MINAMI DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO VEGETAL ESALQ-USP 2013

Issáo Ishimura Eng. Agr., Dr., PqC da Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento em Agricultura Ecológica /APTA

FTST Formação Técnica em Segurança do Trabalho. Módulo de Hospitalar e Agroindústria AULA 1 Prof.º Cleverson Luis

Silvicultura de nativas aplicada a restauração de APP e RL

Modelos de recuperação de áreas degradadas

GRADE CURRICULAR ENGENHARIA FLORESTAL ESALQ/USP 2016

MANEJO DA FERTILIDADE DO SOLO NO CERRADO

134 - Práticas agroecológicas com enfoque na agricultura

TERMO DE REFERÊNCIA PARA CONSULTORIA ESPECIALIZADA

AGROSSILVICULTURA COMO OPORTUNIDADE PARA O FOMENTO

Viveiricultura e Sementes florestais Profa. Cristiana C. Miranda

MATRIZ CURRICULAR SEMESTRAL DO CURSO DE BACHARELADO EM AGRONOMIA CAMPUS DE CÁCERES. Carga Horária (h)

Tema ou material a ser estudado

Disciplina: EB68 C Conservação e Recuperação Ambiental

MANEJO DO SOLO EM SISTEMA DE ILPF

Técnicas de Experimentação Agrícola

ARBORIZAÇÃO URBANA EM SÃO JOÃO EVANGELISTA TIAGO DA SILVA PAULA

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM MANEJO AMBIENTAL

MANEJO SUSTENTÁVEL PARA USO DO SOLO QUE FAVORECE O MEIO AMBIENTE E O AGRICULTOR NO SEMIÁRIDO E CARIRI

Reserva Legal e Sustentabilidade

INCIDÊNCIA DE INSETOS-PRAGA EM UM SISTEMA AGROFLORESTAL MULTI- ESTRATA NO MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO DO TRIUNFO - PR

MATRIZ CURRICULAR ORGANIZAÇÃO CURRICULAR DO CURSO. Matriz Curricular das Disciplinas Obrigatórias do Curso de Agronomia Ingressantes em 2018

LEVANTAMENTO E MANEJO ECOLÓGICO DE PRAGAS EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS (SAF S): ESTUDO DE CASO DE UM SAF SUCESSIONAL NO DISTRITO FEDERAL, BRASIL

AGROECOLOGIA. Desenvolvimento sustentável na produção de bens, tendo como matrizes principais a ecologia, agricultura e a economia.

Restauração Ambiental. Aprendizados operacionais, monitoramentos e controle

COBERTURA FLORESTAL DO PARANÁ FLORESTAS NATIVAS E PLANTADAS

Adubos verdes para Cultivo orgânico

ATUAÇÃO DO PROJETO DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL CULTIVANDO ESPERANÇA NO ASSENTAMENTO ROSA EM GUARAPUAVA-PR

CPA-CONSULTORIA PLANEJAMENTO E ASSISTENCIA TECNICA EM AGROPECUARIA LTDA

Introdução aos Sistemas Agroflorestais

Sistemas Agroflorestais como Alternativa de Aumento de Emprego e Renda na Propriedade Rural

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA EMBRAPA- PESCA E AQUICULTURA FUNDAÇÃO AGRISUS RELATÓRIO PARCIAL-01/10/2016

Cacau e Pecuária na Amazônia: Análise de Meios de Vida em São Félix do Xingu - PA

LACERDA, Liliane. IASB,

Unidade de Ensino 3: Princípios Gerais de Produção Florestal

FRAGMENTOS FLORESTAIS

Sítio Agroecológico: um sistema em conversão na Embrapa Agropecuária Oeste

Análise Técnico-Econômica do Cultivo e Extração do Óleo Essencial de Melaleuca alternifolia Cheel (Tea Tree)

Instituto de Florestas Departamento de Silvicultura. Prof. Paulo Sérgio dos S. Leles

Análise Comparativa do Crescimento Inicial de Eucalyptus grandis Hill ex Maiden (MYRTACEAE) e Guazuma ulmifolia Lam. (Malvaceae)

Amaldo Ferreira da Silva Antônio Carlos Viana Luiz André Correa. r José Carlos Cruz 1. INTRODUÇÃO

Formação de grupos de agricultores familiares para produção de hortaliças no sistema agroecológico no município de Reserva - PR

CRESCIMENTO DE LOURO-PARDO

ESTUDO DE CASO: ANÁLISE ECONÔMICA ENTRE O CUSTO DE PRODUÇÃO DE MORANGO ORGÂNICO E CONVENCIONAL

caminhada pela Agrovila inicial do assentamento, visando observar as experiências já existentes nos lotes, desenvolvidas por iniciativa própria dos

Agenda de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Cerrados

Fundação de Apoio e Pesquisa e Desenvolvimento Integrado Rio Verde

Avaliação da altura do Cedro Australiano (Toona ciliata var. australis) após diferentes níveis de adubação de plantio

50 questões gabaritadas sobre Sistemas Agroflorestais - SAFs

RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS PARA DESENHO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS MULTIESTRATOS NO ESTADO DO ACRE 1

Transcrição:

IMPLANTAÇÃO E ESCOLHA DE ESPÉCIES DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS EM CORONEL VIVIDA PR Patrikk John Martins (USF- Unicentro), Luiz F. M. Kramer (Faculdades Guarapuava/Fundação Rureco), Marielle Machado (Graduação Agronomia Unicentro), Lúcio de P. Amaral (Fundação Mestrado Unicentro), Regiane A. Ferreira (USF- Unicentro), Luciano Farinha Watzlawick (Orientador), e-mail: farinha@unicentro.br. Fundação RURECO - Fundação para o Desenvolvimento Econômico-Rural da Região Centro-Oeste do Paraná; Unicentro - Universidade Estadual do Centro-Oeste/Setor de Ciências Agrárias e Ambientais Palavras-chave: sistemas agroflorestais, sistemas silvipastoris, agrofloresta, biodiversidade. Resumo: O presente trabalho tem como objetivo relatar sobre a implantação e escolha de espécies para composição de Sistemas Agroflorestais (SAF s) como alternativa de renda e diversificação em uma propriedade no município de Coronel Vivida PR. Introdução Os SAF s referem-se a uma ampla variedade de formas de uso da terra, onde árvores e arbustos são cultivados de forma interativa com cultivos agrícolas, pastagens e/ou animais, visando a múltiplos propósitos, constituindo-se numa opção viável de manejo sustentável da terra (RIBASKI et al. 2000) citado por Martins (2008). O objetivo desses sistemas é a criação de diferentes estratos vegetais procurando imitar um bosque natural, onde as árvores e/ou os arbustos, pela influência que exercem no processo de ciclagem de nutrientes e no aproveitamento da energia solar, são considerados os elementos estruturais básicos e a chave para estabilidade do sistema (RIBASKI et al. 2000) citado por Martins (2008). O trabalho aqui apresentado tem grande importância na discussão da busca da sustentabilidade agropecuária através dos SAF s na região da Floresta Ombrófila Mista, pois muito se ouve falar sobre SAF s mas não se tem um estudo anterior a sua implantação para saber quais são as características de cada propriedade e suas necessidades antes de escolher as espécies que irão compor o sistema. Dessa forma o trabalho contribui na diversificação dos SAF s baseados em espécies nativas da Floresta Ombrófila Mista e também utilizando espécies exóticas de rápido crescimento.

Materiais e Métodos Identificação da Área Física a ser Estudada O principal objetivo da caracterização é a descrição do meio físico, biótico e socioeconômico da área, em um nível de detalhamento que possibilite a planificação de uma ou mais alternativas agroflorestais. O histórico das áreas também é ferramenta indispensável, por isso é tão importante ter na equipe de trabalho o proprietário e agricultores que conheçam o histórico do local onde será implantado o SAF (MÜLLER, 2004) citado por Martins (2008). Análise de solo e caracterização da vegetação é muito importante e são ferramentas que auxiliam na escolha das espécies. Estudo Socioeconômico A área está localizada próxima (cerca de 5 km) do centro do município, sua produção é orgânica, com área total de 50 ha, sabendo disso adequamos alguns dos manejos realizados. Outra limitação é a baixa disponibilidade de mão-de-obra. Planejamento Analisados os dados de solo e do estudo socioeconômico bem como outras variáveis, podem-se modelar os SAF s dando ênfase às espécies prioritárias e recomendadas para a região. Dessa forma chegamos a uma lista de espécies, só nos restava integrá-las de forma prática e harmoniosa à propriedade. Implantação Foi necessário abrir trilhas ou picadas (Figura 1) na vegetação existente com foice, somente dessa forma pode-se medir e demarcar onde seria o local de cada muda.

1,2 m Figura 1 abertura das trilhas para demarcação. Figura 2 coroamento para plantio das mudas A distância entre linhas e entre plantas foi definida de acordo com cada espécie e também de acordo com a atividade com que se desejava trabalhar na respectiva área. Seguido da demarcação é importante que se faça um bom controle de pragas (formigas cortadeiras). Logo após demarcado o local das covas e realizado o controle de pragas foi realizado o coroamento (Figura 2) antes mesmo de plantar a muda, isso porque diminui o risco de ferimentos com a muda já no local. Em seguida foi feito a abertura das covas com auxilio de pás/cortadeiras (figura 3) para realização dessa prática recomenda-se que seja feita quando o solo estiver no seu ponto friável para facilitar o manejo. Para o plantio das mudas a cova deve acomodar bem as raízes das mudas e sempre que possível fazer a correção e adubação de acordo com a recomendação da análise de solo, podendo-se usar adubos alternativos e/ou orgânicos desde que sabendo a dose certa a ser aplicada. O coroamento também diminui a competição com plantas daninhas no período inicial de estabelecimento.. Figura 3 Abertura das covas Figura 3 Plantio das mudas Resultados e Discussão Foram implantados ao todo oito SAF s em diferentes áreas dentro da mesma propriedade como forma de diversificação da biodiversidade, geração de renda a médio e longo prazo, e outros inúmeros fatores benéficos. Os SAF s nesse trabalho receberam nomes diferentes de acordo com sua função, local de instalação ou característica do local onde foi instalado, ao todo foram plantadas 2136 mudas sendo 350 adquiridas pelo proprietário e 1786 fornecidas pela Fundação RURECO, sendo que o plantio ocorreu no mês de outubro (primavera) onde o período mais frio do ano já passou, esse fator é importante, pois na região é típica a ocorrência de geadas prejudicando o desenvolvimento de algumas espécies.

Tabela LISTA DE MUDAS E SEU LOCAL DE PLANTIO QUANTIDAD ESPAÇAM. (m) LOCALIZAÇÃO ESPÉCIES E 74 SAF ABELHAS Angico 79 Tarumã 72 173 SAF SERRA Angico 181 Cedro 200 SAF 2x2x SILVIPASTORIL eucalipto/bracatinga 350 Erva-mate 250 4x2 SAF ERVA MATE 250 SAF JABUTICABA Jabuticaba 50 Pitanga Uvaia SAF AÇÚDES Gabiroba Araçá Bracatinga 350 2x2x SAF VIVEIRO Frutíferas de caroço 67 SAF MEDICINAIS Diversas espécies Sementes Canteiros Conclusões Conclui-se que é necessária uma reavaliação do conceito Reserva Florestal Legal no sentido de viabilizá-la ecológica e economicamente através de SAF s, dentro de um processo de auxílio mútuo onde todos sejam benefíciados. Os SAF s são uma saída, mas que ainda precisam ser muito trabalhadas para chegar a um modelo ideal de manutenção e sobrevivência. Podem-se implantar SAF s de várias formas aproveitando áreas e integrando produções aumentando a produtividade e tornando a propriedade mais sustentável diminuindo o risco de frustrações com monoculturas e intempéries climáticas. Contudo ainda se faz necessária a estruturação de organizações comunitárias e redes de colaboração técnica e financeira que permitam materializar essas oportunidades que os SAf s oferecem. Agradecimentos Principalmente a Fundação Rureco, bem como toda sua equipe técnica e ao Eng. Agr. Olivo Dambros proprietário da área de estudo deste trabalho. Referências

Martins, P.J. (Sistemas Agroflorestais) Relatório de estágio Supervisionado, Universidade Estadual do Centro-Oeste Unicentro Campus Cedeteg, 2008.