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DIVULGAÇÃO DE PARECER DO CONSELHO CONSULTIVO N.º 12/ CC /2017 N/Referência: P.º C.C. 93/2016 STJ-CC Data de homologação: 24-03-2017 Consulente: Ordem dos Advogados Conselho Geral Recorrido: Assunto: Apoio judiciário. Deferimento de proteção jurídica na modalidade de nomeação e pagamento da compensação de patrono. Ordem dos Advogados - Artigo 20.º do D.L. nº 272/2001, de 13 de outubro, com a redação do D.L. nº 122/2013, de 26 de agosto. Palavras-chave: Apoio judiciário deferimento na modalidade de nomeação e pagamento de compensação a patrono atestado de insuficiência económica - junta de freguesia - Artigo 20º do D.L. nº 272/2001, de 13 de outubro artigo 10º, nº 3, do RERN artigo 16º da Lei nº 34/2004, de 29 de julho, com a redação da Lei nº 47/2007, de 28 de agosto. A questão submetida a apreciação respeita a matéria de apoio judiciário e foi colocada ao IRN, IP, por ofício, pelo Conselho Geral da Ordem dos Advogados, na sequência de queixas apresentadas pelos senhores advogados relativamente a posições assumidas por algumas conservatórias do registo civil na exigência de apresentação de determinados documentos para prova de insuficiência económica. 1 Concretamente, a problemática suscitada está relacionada com o artigo 20º, do Decreto-lei nº 272/2001, de 13 de outubro, na redação dada pelo Decreto-lei nº 122/2013, de 26 de agosto, pelo facto, informa o Conselho Geral da Ordem dos Advogados, (doravante OA), de algumas conservatórias do registo civil estarem a exigir aos beneficiários de proteção jurídica na modalidade de nomeação e pagamento de honorários a patrono nomeado, atestados de insuficiência económica emitidos pelas Juntas de Freguesia, para que assim possam auferir de isenção do pagamento de emolumentos. Por outro lado, alega a consulente (OA), o facto do Instituto da Segurança Social, I.P. (ISS, I.P.), após auscultação, se ter pronunciado, no sentido de não deferir o apoio judiciário na modalidade de dispensa de taxa de justiça e demais encargos com o processo e na modalidade de pagamento faseado de taxa de justiça e demais encargos com o processo, conforme disposto nas alíneas a) e d) do nº 1, do artigo 16º, da Lei nº 34/2004, de 29 de julho, com a redação dada pela Lei nº 47/2007, de 28 de agosto, por se encontrar estabelecido no indicado artigo 20º do Decreto-lei n.º 272/2001, que o regime de apoio judiciário é aplicável aos processos regulados no capítulo III do aludido Decreto-lei, apenas nas modalidades de nomeação e pagamento da compensação de patrono e de nomeação e pagamento faseado da compensação de patrono, nos termos das alíneas b e e) daquele mesmo artigo 16º. 1/11

Refere também que o ISS, I.P., entende como aplicável o disposto no nº 3, do artigo 10º, do Regulamento Emolumentar dos Registos e do Notariado (RERN), aprovado pelo Decreto-lei nº 322-A/2001, de 14 de dezembro, por força do mencionado artigo 20º, ou seja, beneficiam de gratuitidade dos processos os indivíduos que provem a sua insuficiência económica por documento emitido pela competente autoridade administrativa ou declaração passada por instituição pública de assistência social onde o indivíduo se encontre internado. Após a explanação do problema, o Conselho Geral da Ordem dos Advogados, emite o seu entendimento no sentido de que não se revê na posição avançada pelo ISS, I.P., porquanto admite uma interpretação extensiva do conceito de «taxas de justiça e demais encargos com o processo», no qual se englobam os emolumentos registrais, até porque as conservatórias do registo civil (bem como outras entidades administrativas) fazem parte integrante do sistema de acesso ao direito que a lei do apoio judiciário regula. Entende, ainda, que o despacho proferido pela segurança social (doravante SS) de deferimento de proteção jurídica na modalidade de nomeação e pagamento da compensação de patrono ou de nomeação e pagamento faseado da compensação de patrono, porque emitido por uma autoridade administrativa, uma das indicadas no nº 3, do artigo 10º do RERN, por isso com competência para averiguar da situação económica de um cidadão, indo assim de encontro ao disposto nos nºs 2 e 3 do artigo 15º, do Código de Procedimento Administrativo (CPA), que dispõe que a insuficiência económica deve ser provada nos termos da lei sobre apoio judiciário, com as devidas adaptações. Permitindo, deste modo, às conservatórias, dispensar o atestado de insuficiência económica emitido pelas juntas de freguesia, por já ter sido declarado no despacho proferido pela SS. Solicita, a final, informação sobre a posição que irá ser tomada pelo IRN, I.P. junto das conservatórias que exigem ou venham a exigir atestados de insuficiência económica emitidos pelas juntas de freguesia, a fim de obviar a constrangimentos desnecessários aos beneficiários, pois que, há juntas de freguesia que se recusam a emitir, alegando ser da competência da SS e também por criar situações de duplicação de decisões. 2 A seu tempo o DGATJSR-STJSR 1, expôs o seguinte entendimento: Que a questão apresentada pela consulente (OA) é sobre a interpretação que o ISS, I.P. faz do artigo 20º, do Decreto-lei nº 272/2001, de 13 de outubro, na redação dada pelo Decreto-lei nº 122/2013, de 26 de agosto, o qual respeita ao Apoio judiciário ; Que os serviços da segurança social não emitem declarações de apoio judiciário nas modalidades de dispensa de taxa de justiça e demais encargos com o processo e de deferimento de pagamento faseado das taxas de justiça e demais encargos com o processo, para os processos e procedimentos da competência das conservatórias do registo civil, previstos e regulados nos artigos 5º, nº 1 e 12º, do referido Decreto-lei, concretamente: - processos de divórcio por mútuo consentimento; - processo de separação por mútuo consentimento; - procedimentos de alimentos a filho maior ou emancipado; - procedimento de atribuição da casa de morada de família; - procedimentos de privação do direito ao uso de apelidos do outro cônjuge; - procedimentos de conversão de separação judicial de pessoas e bens em divórcio; - processos de 1 Departamento de Gestão e Apoio Técnico-Jurídico aos Serviços de Registo-Setor Técnico-Jurídico dos Serviços de Registo 2/11

reconciliação dos cônjuges separados. ; que em causa está também o entendimento da OA quanto à suficiência da prova de insuficiência económica, para fins de isenção do pagamento de emolumentos de processos que decorram nas Conservatórias, com base no deferimento de apoio judiciário nas modalidades de nomeação e pagamento da compensação de patrono e de nomeação e pagamento faseado da compensação de patrono, emitidos pela SS. Começa o DGATJSR-STJSR por excecionar, e por isso excluir da problemática, o processo de dispensa de prazo internupcial, por não estar determinado nenhum valor para esse ato no Regulamento Emolumentar dos Registos e do Notariado, pois encontra-se incluído no emolumento previsto para o processo preliminar de casamento alínea c), do artigo 18º, nº 3.4. Entende estar também afastado, da questão em análise, o deferimento de nomeação e pagamento faseado da compensação de patrono, pois que, a SS ao deferir esta modalidade de apoio judiciário, está a fazê-lo por entender que o requerente reúne condições para pagar os honorários do patrono. O único benefício concedido é o de fazer o pagamento do valor correspondente aos honorários de forma faseada (mensal, trimestral, semestral ou anual) e não o pagamento correspondente ao valor do processo que decorre na conservatória. Fica a sobejar a modalidade de deferimento de nomeação e de pagamento da compensação de patrono, como documento probatório de insuficiência económica, para efeito da alínea a) do nº 3 do artigo 10º, do RERN. Relativamente a esta modalidade, entende que, apesar de todo o processo da segurança social ser rigoroso e credível, não pode o documento que foi emitido ser aceite para dispensa de pagamento de taxa de justiça e demais encargos com o processo pois que o mesmo não prova esta modalidade, pelo facto da SS não a ter deferido. Como afirma, Um documento que prove que foi deferido o pedido naquela modalidade só prova isso. Afirma também que não se podem comparar valores de honorários e valores emolumentares., acrescentando ainda que daria origem a situações de injustiça. Considera poder aceitar-se este documento de deferimento de nomeação e pagamento da compensação de patrono unicamente como um indício de que o cidadão se encontrará numa situação de insuficiência económica, cabendo assim ao conservador no âmbito da sua autonomia técnico-funcional valorar e solicitar mais prova, que lhe permita isentar o cidadão do pagamento de emolumentos. Entende aquele sector técnico-jurídico, não ser de relevar o invocado princípio da gratuitidade defendido pela OA e estabelecido no artigo 15º, do CPA, pois este limita-se a prever que o procedimento administrativo é tendencialmente gratuito e não gratuito, remetendo para a Lei do Apoio Judiciário. Por outro lado, defende que os processos regulados no Decreto-lei nº 272/2001, não são abrangidos por aquele código, por não serem processos de natureza administrativa e sim jurisdicional. 3 - Com base na consideração do DGATJSR-STJSR, de se tratar de matéria nova, sensível e carecer de uma análise mais profunda, afigurando-se ser de apreciar pelo Conselho Consultivo, para emissão de parecer, foi o mesmo determinado superiormente. 3/11

Cumpre, então, apreciar: 1 Entendemos que a questão em tabela, colocada pela OA, relaciona, pela ótica dos serviços, as conservatórias do registo civil, a segurança social e as juntas de freguesia. A primeira recetora dos documentos que as segundas e terceiras emitem. E os documentos em causa são os respeitantes à situação de insuficiência económica de cidadãos, para que beneficiem de gratuitidade nos processos que corram seus termos na conservatória do registo civil. 2 - Entendemos, tal como o STJSR, que os processos em questão são os que constam do Decreto-lei nº 272/2001, de 13 de outubro. Este diploma legal 2 procedeu, como sabemos, à transferência das matérias referentes a alguns processos de jurisdição voluntária relativos a relações familiares, dos tribunais judiciais para as conservatórias do registo civil. Esses procedimentos são os previstos no nº 1 do artigo 5º e nº 1 do artigo 12º daquele Decreto-lei, concretamente os seguintes: alimentos a filhos maiores ou emancipados; atribuição da casa de morada de família; privação do direito ao uso de apelidos do outro cônjuge; autorização de uso dos apelidos do ex-cônjuge; conversão de separação judicial de pessoas e bens em divórcio; reconciliação dos cônjuges separados; divórcio e separação por mútuo consentimento e declaração de dispensa de prazo internupcial. Verificamos pelos artigos referidos que o deferimento de competência material é concorrente com os tribunais nos casos e circunstâncias dos nºs 1 e 2 do artigo 5º, e é exclusiva das conservatórias nos casos do nº 1 do artigo 12º. 3 No que à matéria de apoio judiciário respeita, e que se encontra em tabela, está a mesma especialmente consignada no artigo 20º do aludido Decreto-lei. 3.1 - A redação atual deste dispositivo, introduzida pelo mencionado Decreto-lei nº 122/2013, de 26 de agosto, estabelece que É aplicável aos processos regulados no capítulo anterior o disposto no nº 3 do artigo 10º do Regulamento Emolumentar dos Registos e do Notariado, aprovado pelo Decreto-lei nº 322-A/2001, de 14 de dezembro, e o regime de apoio judiciário nas modalidades de nomeação e pagamento da compensação de patrono e de nomeação e pagamento faseado da compensação de patrono, nos termos das alíneas b) e e) do nº 1 do artigo 16º da Lei nº 34/2004, de 29 de julho.. 3.2 Duma análise de anteriores diplomas 3 constatamos que o texto do artigo 20º, na redação inicial do Decreto-lei nº 272/2001, de 13 de outubro, era praticamente igual ao atual, pois determinava que É aplicável 2 Procedeu também à transferência da competência decisória em processos referentes à tutela dos interesses de incapazes e ausentes, do tribunal para o Ministério Público. 4/11

aos processos regulados no capítulo anterior o disposto no artigo 300º, do Código do Registo Civil, e o regime de apoio judiciário na modalidade de nomeação e pagamento de honorários de patrono ou, em alternativa, pagamento de honorários do patrono escolhido pelo requerente, nos termos da alínea c), do artigo 15º, da Lei nº 30-E/2000, de 20 de dezembro, com as necessárias adaptações. Ao tempo era esta a lei do apoio judiciário que se encontrava em vigor, estipulando o seu artigo 16º que O regime de apoio judiciário aplica-se em todos os tribunais, qualquer que seja a forma de processo, e também, com as devidas adaptações, aos processos das contra-ordenações. Na Lei nº 30-E/2000 não existia nenhuma disposição relativa aos processos que decorressem nas conservatórias porque, aqueles processos, ao tempo, eram da competência dos tribunais e porque, para os atos e processos das conservatórias do registo civil vigorava o indicado artigo 300º. 3.3 - Com a Lei nº 34/2004, de 29 de julho foi alterado o regime de acesso ao direito e aos tribunais 4. O artigo 16º passa a enumerar as modalidades de apoio judiciário e o artigo 17º a reger o âmbito de aplicação. Este último, na 1ª versão da Lei, estatuía no nº 1 que O apoio judiciário aplica-se em todos os tribunais e nos julgados de paz, qualquer que seja a forma do processo e o nº 2 consignava que O regime de apoio judiciário aplica-se, também, com as devidas adaptações, aos processos de contra-ordenações e aos processos de divórcio por mútuo consentimento, cujos termos corram nas conservatórias do registo civil. Pela primeira vez, a lei de acesso ao direito e aos tribunais se refere, em moldes redutores, às conservatórias do registo civil e à categoria do ato abrangido, o divórcio por mútuo consentimento. 5 3.4 - Com a redação dada pela Lei nº 47/2007, de 28 de agosto, à referida Lei nº 34/2004, o artigo 17º, passou a dispor que O regime de apoio judiciário aplica-se em todos os tribunais, qualquer que seja a forma de processo, nos julgados de paz e noutras estruturas de resolução alternativa de litígios e também, com as devidas adaptações, nos processos de contra-ordenação.. Prevendo o nº 3 do artigo, quanto aos processos que corram nas conservatórias, que o apoio judiciário é aplicável em termos a definir por lei. Sabe-se que, até à presente data, essa lei não foi publicada. Contudo, este nº 3 do artigo 17º, não põe em causa o regime especial de apoio 3 A análise feita é desde a Lei nº 30-E/2000, de 20/12, cujo sistema passa a ser de índole administrativa, pois que, anteriormente a concessão do apoio judiciário constituía um incidente no processo a tramitar por apenso, cuja decisão era da competência do juiz da causa, cabendo a este também nomear o patrono a partir de uma escala organizada para o efeito pela OA - Decreto nº 33548 de 23/2/1944; Decreto-lei nº 562/70, de 18/11; Decreto-lei nº 387-B/87, de 29/12, Lei nº 46/96, de 3/9. 4 transpôs para a ordem jurídica nacional a Diretiva nº 2003/8/CE, do Conselho, de 27 de janeiro (melhoria do acesso à justiça nos litígios transfronteiriços) 5 cfr. Proc. CC 71/2005 DSJ CT, pág. 3, deparamos com um perímetro demasiado redutor, não só no que respeita aos órgãos envolvidos, mas também no que concerne à categoria dos atos abrangidos e procedendo a uma interpretação meramente literal, estarmos a dificultar o acesso ao direito. 5/11

judiciário consagrado no aludido artigo 20º, do Decreto-lei nº 272/2001, conforme diz Salvador da Costa, in O apoio judiciário, 2012, 8ª edição, pág. 114 6, com o qual concordamos. 4 Verifica-se que este particular preceito artigo 20º, do Decreto-lei nº 272/2001, de 13 de outubro -, em substância, manteve o seu conteúdo ao longo de mais de 15 anos de vigência. Só foram atualizadas as disposições legais nele indicadas. Com ele, pretendeu o legislador, sem margem para dúvidas, pois a sua letra é de sentido inequívoco, demonstrar que o regime de apoio judiciário é especial para os processos regulados no mesmo diploma (os processos que foram objeto de transferência de competência decisória dos tribunais para as conservatórias do registo civil e que mantêm a sua natureza jurisdicional). 5 Analisemos, então, o artigo 20º, do Decreto-lei nº 272/2001, de 13 de outubro, com a redação introduzida pelo Decreto-lei nº 122/2013, de 26 de agosto, que já no ponto 3.1. transcrevemos. Verificamos que o dispositivo está dividido em duas partes: - a 1ª remete para o nº 3 do artigo 10º, do Regulamento Emolumentar dos Registos e do Notariado (RERN), aprovado pelo Decreto-lei nº 322-A/2001, de 14 de dezembro; - a 2ª remete para o regime de apoio judiciário nas modalidades de nomeação e pagamento da compensação de patrono e de nomeação e pagamento faseado da compensação de patrono, nos termos das alíneas b) e e) do nº 1, do artigo 16º, da Lei nº 34/2004, de 29 de julho. 5.1 Quanto à 1ª parte bem se compreende a remissão para o RERN, pois as verbas emolumentares referentes aos processos acima indicados encontram-se aí determinadas no artigo 18º. A tributação emolumentar constitui a retribuição dos atos praticados e é calculada com base no custo efetivo do serviço prestado, tendo em consideração a natureza dos atos e a sua complexidade princípio da proporcionalidade, ínsito no artigo 3º do RERN 7 - pelo que, a gratuitidade do pagamento desses valores só pode estar regulada no mesmo Regulamento Emolumentar o artigo 10º. Deste modo, o legislador do Decreto-lei nº 272/2001, de 13 de outubro, remeteu para o disposto no nº 3 do citado artigo 10º, que sob a epígrafe «atos gratuitos», de registo civil e da nacionalidade, estatui, Beneficiam ainda de gratuitidade dos atos de registo civil e de nacionalidade, dos processos e declarações que lhes respeitem, dos documentos necessários e processos relativos ao suprimento destes, bem como das certidões requeridas para quaisquer fins, os indivíduos que provem a sua insuficiência económica pelos seguintes meios: a) Documento emitido pela competente autoridade administrativa; b) Declaração passada por instituição pública de assistência social onde o indivíduo se encontre internado. 6 cfr. também Pº nº 73/2012 SJC-CT (Anexo I), pág. 5, C) Irrelevância da não regulamentação da Lei nº 34/2004, de 29 de julho, na redação da Lei nº 47/2007, de 28 de agosto, na aplicabilidade do regime de apoio judiciário no registo civil. 7 cfr. preâmbulo do Decreto-lei nº 322-A/2001, que aprovou o RERN 6/11

Querendo o legislador afirmar que os indivíduos que provem a sua insuficiência económica por documento emitido pela competente autoridade administrativa (ou declaração passada por instituição pública de assistência social onde o indivíduo se encontre internado), beneficiam da gratuitidade de emolumentos de registo civil, onde se incluem os processos dos artigos 5º e 12º do Decreto-lei nº 272/2001, de 13 de outubro. Sabemos que, desde longa data, tem vindo a ser entendido, como «competente autoridade administrativa», a segurança social e as juntas de freguesia 8. Assim, como também tem vindo a ser entendido 9 acerca dos documentos por aqueles organismos emitidos, nomeadamente os atestados de insuficiência económica emitidos pelas juntas de freguesia, sem querer pôr em causa o seu conteúdo, são passiveis de livre apreciação e valoração por parte dos conservadores, no âmbito da sua autonomia técnico-funcional, como documentos comprovativos de insuficiência económica e, os quais, se assim entenderem necessário, poderão requerer, para complementar ou esclarecer, outros meios de prova para melhor decidir aceitar, ou não, o benefício da gratuitidade. De igual forma, são também passíveis de análise, apreciação e valoração os documentos de deferimento de apoio judiciário emitidos pela SS. São analisados, quanto ao sujeito beneficiário (sua identificação), quanto ao objeto/finalidade e quanto à(s) modalidade(s) deferida(s). Em obediência ao princípio constitucional consagrado no artigo 20º, da Constituição da República Portuguesa, que garante a todos o acesso ao direito e aos tribunais, incluindo aqui os serviços de registo (anterior artigo 300º do Código do Registo Civil, atualmente o artigo 10º, do RERN), sempre foram considerados e aceites, independentemente da lei de apoio judiciário em vigor, como prova de insuficiência económica para benefício de gratuitidade dos atos e processos de registo civil ou de nacionalidade, os documentos emitidos pela segurança social. E sempre nos precisos termos em que foram e são deferidos, ou seja, sempre foram aceites para as modalidades neles referidos. 5.2 - A 2ª parte do artigo 20º refere-se ao apoio judiciário, concreta e unicamente às modalidades de nomeação e pagamento da compensação de patrono e à nomeação e pagamento faseado da compensação de patrono por remissão para as alíneas b) e e) do nº 1, do artigo 16º, da Lei nº 34/2004, de 29 de julho, com a redação introduzida pela Lei nº 47/2007, de 28 de agosto as duas modalidades respeitantes à compensação de patrono nomeado (matéria regulada pela Portaria nº 10/2008, de 3 de janeiro regulamentação da admissão dos profissionais forenses no sistema de acesso ao direito -, alterada pelas Portarias nºs 210/2008, de 29 de fevereiro; 654/2010, de 11 de agosto e 319/2011, de 30 de dezembro). 8 cfr. Parecer proferido no processo CC 37/2002 DSJ, publicado no BRN nº 1/2003; Proc. CC 5/2007 DSJ; Proc. Div. 38/2013 STJ-CC a que coube o Parecer nº 25/CC/2016; cfr. também os artigos 16º, nº 1, alínea rr) e 18º, nº 1, alínea l) da Lei nº 75/2013, de 12 de setembro Regime Jurídico das Autarquias Locais e Decreto-lei nº 135/99, de 22 de abril, com a redação dada pelo Decreto-lei nº 73/2014, de 13 de maio, artigo 34º, nºs 1, 2 e 6 Medidas de Modernização Administrativa; Lei nº 34/2004, de 29 de julho, com a redação dada pela Lei nº 47/2007, de 28 de agosto Regime de Acesso ao Direito e aos Tribunais 9 Cfr. Proc. CC 5/2007 DSJ e Parecer nº 25/CC/2016 7/11

Consideramos ser demonstrativo da remissão exclusiva para estas duas modalidades de apoio judiciário, o que informa o preâmbulo da Portaria nº 1085-A/2004, de 31 de agosto 10, que procedeu à concretização dos critérios de prova e de apreciação da insuficiência económica da mencionada Lei nº 34/2004, no sentido de que este diploma legal foi introduzido com o claro objetivo de existir um maior rigor na concessão da proteção jurídica, assim assegurando o efetivo exercício de um direito constitucionalmente garantido. Informa ainda, que o objetivo é garantir que o benefício do apoio judiciário é concedido a todos os que dele carecem, mas só aos que realmente precisam e na medida da sua necessidade 11. Deste modo, o indicado artigo 16º, no seu nº 1, enuncia taxativamente sete modalidades de apoio judiciário: a) Dispensa de taxa de justiça e demais encargos com o processo; b) Nomeação e pagamento da compensação de patrono; c) Pagamento da compensação de defensor oficioso; d) Pagamento faseado de taxa de justiça e demais encargos com o processo; e) Nomeação e pagamento faseado da compensação de patrono; f) Pagamento faseado da compensação de defensor oficioso; g) Atribuição de agente de execução.. Também o nº 4 do artigo 22º do diploma do apoio judiciário, determina que, o pedido de proteção jurídica deve especificar a modalidade de proteção jurídica pretendida/requerida, nos termos dos artigos 6º e 16º, e, sendo caso disso, quais as modalidades que pretende cumular. Impondo-se uma rigorosa identificação dos elementos referentes aos beneficiários e uma precisa identificação do fim a que se destina o apoio judiciário nº 7, do citado dispositivo. De igual forma a decisão que defira o pedido de proteção jurídica deve especificar as modalidades e a concreta medida do apoio concedido, consigna o nº 1 do artigo 29º. No caso de indeferimento do pedido pode o mesmo ser impugnado nos termos dos artigos 27º e 28º. Efetivamente, os cidadãos têm direito a proteção jurídica desde que demonstrem estar em situação de insuficiência económica, conforme prevê o artigo 7º. E encontra-se em situação de insuficiência económica o cidadão que não tem condições objetivas para suportar pontualmente os custos de um processo., consigna, por sua vez, o artigo 8º. Na apreciação da insuficiência económica do cidadão/requerente é tomado em conta o rendimento, o património e a despesa permanente do requerente e do seu agregado familiar e é realizada com critérios taxativos e rigorosos nos termos do artigo 8º-A, calculando-se nos termos previstos no Anexo à indicada Lei nº 34/2004, tendo a Portaria nº 1085-A/2004, de 31 de agosto, procedido à concretização dos critérios de prova e de apreciação da insuficiência económica. 6 Sendo os critérios de prova e de apreciação tão rigorosos, com vista a assegurar o efetivo exercício de um direito constitucionalmente garantido, quer de benefício da dispensa de pagamento de emolumentos, quer de benefício do pagamento da compensação de patrono, só podem as conservatórias recetoras desses documentos aceitá-los nas modalidades deferidas e neles referidos. 10 Alterada pela Portaria 288/2005, de 21 de março e pela Lei nº 47/2007, de 28 de agosto. 11 Sublinhado nosso. 8/11

6.1 Perfilhamos, assim do entendimento do STJSR quanto às duas modalidades de apoio judiciário previstas nas alíneas b) e e), do artigo 16º, da Lei nº 34/2004, de 29 de julho, com a redação dada pela Lei nº 47/2007, de 28 de agosto. Se o documento emitido pela SS só defere a nomeação e pagamento da compensação de patrono, ou a nomeação e pagamento faseado da compensação de patrono, sendo especifico e limitado àquelas modalidades, não podemos aceitar esse documento para isentar o requerente do pagamento de emolumentos, como pretende a consulente (OA), fazendo tábua rasa do que foi decidido pelo organismo competente. 6.2 - Aceitar-se aquele documento, como documento suficiente para fins de isenção do pagamento de emolumentos dos processos que correm nas conservatórias, nomeadamente os previstos no nº 1 do artigo 5º e nº 1 do artigo 12º, do Decreto-lei nº 272/2001, daria lugar a situações de injustiça e violação do princípio da igualdade, consagrado no artigo 13º da Constituição da República Portuguesa. Este dispositivo, no seu nº 1, determina que Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei. e o nº 2 Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de situação económica. Incumbe ao Estado, nesta matéria, através das conservatórias do registo civil, a tarefa fundamental de promover essa igualdade real entre os cidadãos artigo 9º, da Constituição da República Portuguesa. Também a doutrina e a jurisprudência assentam no princípio de que a igualdade jurídica consiste em assegurar às pessoas de situações iguais os mesmos direitos, prerrogativas e vantagens, com as obrigações correspondentes, o que significa que Devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida da sua desigualdade Aristóteles. 6.3 Para demonstrar que o entendimento da OA poderá contender com o princípio constitucional trazemos à colação os dois exemplos apresentados pelo STJSR. Caso o interessado tenha requerido unicamente a dispensa de taxa de justiça e demais encargos com o processo, e esse pedido seja indeferido, tal significa que não beneficia da dispensa de pagamento dos emolumentos do processo mas se um outro interessado requerer somente a nomeação e pagamento da compensação de patrono, beneficiará das duas modalidades de apoio judiciário, se o pedido for deferido. Mais grave, ainda, será o caso de ser requerido o apoio judiciário nas modalidades de dispensa de taxa de justiça e demais encargos com o processo, cumulado com o de nomeação e pagamento da compensação de patrono ; ser-lhe unicamente deferida a nomeação e pagamento faseado da compensação de patrono e com esse documento o cidadão beneficiar das duas modalidades, ou seja, ficar isento do pagamento de emolumentos e pagar faseadamente os honorários do patrono nomeado, hipótese esta, desde logo excluída pelo STJSR, na informação pelo mesmo proferida, com a qual concordamos. 6.4 - Não está no âmbito de competências do conservador, perante o documento emanado pela SS (autoridade administrativa competente nos termos da alínea a), do nº 3 do artigo 10º do RERN), apresentado com o processo na conservatória, alargar o âmbito de aplicação da decisão de apoio judiciário na modalidade deferida para aquele processo. O conservador, como representante do Estado, não pode deixar de cobrar os 9/11

emolumentos legalmente devidos, sem que lhe seja apresentado documento ou prova que, de forma clara, tal permita, como refere o STJSR. 7 - Concluímos por considerar - em cumprimento pelos princípios constitucionais atrás referidos, bem como com os normativos plasmados, quer no Decreto-lei nº 272/2001, de 13 de outubro, com a redação dada pelo Decretolei nº 122/2013, de 26 de agosto, quer no Regulamento Emolumentar dos Registos e do Notariado, aprovado pelo Decreto-lei nº 322-A/2001, de 14 de dezembro, com todas as subsequentes alterações, quer na Lei nº 34/2004, de 29 de julho, com a redação dada pela Lei nº 47/2007, de 28 de agosto, e Portarias nº 1085-A/2004, de 31 de agosto, e 10/2008 de 3 de janeiro que o documento emitido pela SS de deferimento de nomeação e pagamento da compensação de patrono não prova a insuficiência económica do interessado para efeitos do artigo 10º nº 3, alínea a) do RERN, por remissão do artigo 20º do Decreto-lei nº 272/2001, de 13 de outubro. 8 Relativamente ao princípio da gratuitidade consignado no artigo 15º, do Código do Procedimento Administrativo (CPA), invocado pela OA, consideramos não ser de relevar a referência ao mesmo, à semelhança do entendimento do STJSR uma vez que este dispositivo se limita a prever que o procedimento administrativo é tendencialmente gratuito, remetendo para a Lei do Apoio Judiciário e não gratuito, como se pretende concluir. E mesmo que assim não fosse, sempre se poderá concluir, que os processos regulados no Decreto-lei nº 272/2001, de 13 de outubro, não estão abrangidos pelo Código do Procedimento Administrativo, por não serem processos de natureza administrativa mas sim jurisdicional. 9 Não obstante o entendimento exposto, e compreendendo as razões que estão na base da consulta formulada pela OA, e que assenta nos princípios de prossecução do interesse público e da proteção dos direitos e interesses dos cidadãos; da justiça e razoabilidade e imparcialidade, consignados nos artigos 4º, 8º e 9º do CPA, que devem reger a atividade administrativa, sugerimos que no âmbito da comissão de acompanhamento de acesso ao direito, prevista no artigo 32º da Portaria nº 10/2008, de 3 de janeiro, da qual faz parte a própria OA, sejam reportados no relatório os constrangimentos derivados de entendimentos diferenciados, das várias entidades envolvidas e eventuais propostas de aperfeiçoamento, conforme o artigo 34º da mesma Portaria. Face ao exposto, podemos extrair as seguintes conclusões: I A matéria de apoio judiciário referente aos processos previstos nos artigos 5º e 12º, do Decreto-lei nº 272/2001, de 13 de outubro, com a alteração introduzida pelo Decreto-lei nº 122/2013, de 26 de agosto, está especialmente consignada no artigo 20º do mesmo diploma. II Determina o artigo 20º, mencionado no número anterior que É aplicável aos processos regulados no capítulo anterior o disposto no nº 3 do artigo 10º do Regulamento Emolumentar dos Registos e do Notariado, aprovado pelo Decreto-lei nº 322-A/2001, de 14 de dezembro, e o regime de apoio judiciário nas modalidades de nomeação e pagamento da compensação de patrono e de nomeação e pagamento faseado da compensação de patrono, nos termos das alíneas b) e e) do nº 1 do artigo 16º da Lei nº 34/2004, de 29 de julho.. 10/11

III Nos termos do nº 3, alínea a), do artigo 10º, do RERN, beneficiam da dispensa do pagamento de emolumentos de registo civil, onde se incluem os processos previstos nos artigos 5º e 12º, do indicado Decretolei nº 272/2001, os indivíduos que provem a sua insuficiência económica por documento emitido pela competente autoridade administrativa. Entendendo-se por «competente autoridade administrativa», a segurança social e as juntas de freguesia. IV Os documentos emitidos pela segurança social sempre foram considerados e aceites nos precisos termos em que são deferidos, ou seja, sempre foram, e são, aceites para as modalidades neles referidos. V - Se o documento emitido pela segurança social só defere a nomeação e pagamento da compensação de patrono, ou a nomeação e pagamento faseado da compensação de patrono, sendo específico e limitado àquelas modalidades, não pode esse documento ser aceite para comprovar a insuficiência económica do interessado e a consequente gratuitidade do ato artigo 10º n.º 3 alínea a) do RERN. Parecer aprovado em sessão do Conselho Consultivo de 24 de março de 2017. Benilde da Conceição Alves Ferreira, relatora, Paula Marina Oliveira Calado Almeida Lopes, Maria Regina Rodrigues Fontainhas, Maria de Lurdes Barata Pires de Mendes Serrano. Este parecer foi homologado pelo Senhor Presidente do Conselho Diretivo em 24.03.2017. 11/11