TRADUÇÃO DOS INFORMATIVOS DO INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE PARA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Araújo, Maria Auxiliadora 1.Carneiro, Ulysses 2.Dela, Rosana 3.Silva, Vanessa 4.Souza, Mariane 5 RESUMO O presente artigo parte do projeto que visa a elaboração de materiais audiovisuais dos conteúdos disponíveis na página eletrônica do Instituto Federal Catarinense Campus Sombrio (http://www.ifc-sombrio.edu.br/), possibilitando o acesso aos informativos do site para as pessoas surdas através da Língua Brasileira de Sinais. Será realizado o trabalho de tradução do Português para a Língua de Sinais, atendendo assim o art. 17 da Lei 10.098/00, que estabelece normas, critérios e a responsabilidade do Poder Público no sentido de promover a eliminação de barreiras na comunicação através de alternativas tecnológicas, garantindo assim o acesso à informação, à comunicação e à educação, entre outros aspectos, para pessoas surdas. Palavras-chave: Tradução. Libras. Instituto Federal Catarinense 1. INTRODUÇÃO O advento das novas tecnologias da informação e comunicação, desde a década de 1980, vem transformando a maneira como as pessoas trabalham e interagem nas mais diferentes esferas. Com a educação não é diferente. A internet e o acesso aos recursos que ela dispõe há muito fazem parte do cotidiano de professores, estudantes e instituições. Com isso, faz-se necessário a organização e a disponibilização de informações de forma mais acessível possível na web. Segundo a car- 1 Professora do Instituto Federal Catarinense Campus Avançado Sombrio. maria.araújo@ifc-sombrio.edu.br 2 Mestre em Educação, UFRJ. Técnico em Assuntos Educacionais do Instituto Federal Catarinense, Campus Avançado Sombrio. ulysses@ifc-sombrio.edu.br 3 Técnica em Assuntos Educacionais do Instituto Federal Catarinense, Campus Santa Rosa do Sul. Cargo Tradutora/ Intérprete de LIBRAS. rosana.dela@santarosa.ifc.edu.br 4 Técnica em Assuntos Educacionais do Instituto Federal Catarinense, Campus avançado sombrio. Cargo Tradutora/ Intérprete de LIBRAS. vanesa.rocha@sombrio.edu.br 5 Mestre em Estudos da Tradução, UFSC. Professora do Instituto Federal Catarinense Campus Santa Rosa do Sul. mariane.rodrigues@santarosa.ifc.edu.br
tilha de acessibilidade na web (disponível em http://www.w3c.br/pub/materiais/publicacoesw3c/cartilha-w3cbr-acessibilidade-web- fasciculo-i.html), pode-se definir Web (ou World Wide Web) como um serviço na Internet onde há informações a todos os usuários. No entanto, muitos sites ainda encontram-se com falhas de acessibilidade para as pessoas com surdez. Podemos encontrar sites com muitas informações descritivas que, no entanto, tornam-se de difícil compreensão para as pessoas surdas, pois a estrutura gramatical da língua de sinais é diferente da estrutura gramatical da língua portuguesa, como apontam estudos realizados por QUADROS (2004). Com isso, esse projeto busca oportunizar a acessibilidade das informações contidas no site do Instituto Federal Catarinense Campus Sombrio para as pessoas surdas através da tradução do português na modalidade escrita para a língua de sinais modalidade visual, utilizando-se recursos de filmagem. A Língua Brasileira de Sinais tornou-se uma língua oficial no Brasil através da Lei 10.436/02. A partir desta lei, muitos avanços referente a acessibilidade à informação para as pessoas surdas vêm sendo discutidos. Em 2010 regulamentou-se, através da Lei 12.319/10, o profissional Tradutor-Intérprete de Português/Libras. Segundo Quadros (2004, p. 11), tradutor-intérprete de língua de sinais é a pessoa que traduz e interpreta a língua de sinais para a língua falada e vice-versa, em qualquer modalidade que se apresenta (oral ou escrita). Podemos assim entender que o intérprete realiza um trabalho de versão de uma língua para outra, simultaneamente, como em conferências, palestras, reuniões, não sendo disponibilizados momentos de pesquisa de vocabulário a ser interpretado e ocorre na modalidade oral/auditiva para as pessoas ouvintes ou espaço/visual para as pessoas surdas. Tradução podemos definir como uma modalidade em que o profissional não produz a versão simultaneamente, como por exemplo a tradução de documentos, filmes, ou seja, através de material impresso onde o profissional disporá de tempo para pesquisa de terminologias. Por esse entendimento, utilizamos em nosso projeto a terminologia tradutor, pois nesse contexto será disponibilizado momentos de pesquisas dos conteúdos do site do Instituto Federal Catarinense. Políticas públicas educacionais voltadas para o atendimento de sujeitos com deficiência no Brasil têm estado regularizada desde1961, com a primeira LDB (Lei de Diretrizes e Bases 4024/61), atualmente podemos destacar a LDB 9394/96 que está em vigor. Esta Lei de Diretrizes e Bases apresentam o norteamento das políticas educacionais, onde determinam a educação como direito de todos e recomenda a matrícula de alunos com deficiência preferencialmente na rede regular de ensino. Desde a lei 9394/96 duas décadas se passaram e ainda estamos buscando efetivar o acesso aos educandos com deficiência ao sistema de ensino para isso necessitase viabilizar aos educandos o acesso à informação e ao conhecimento, sendo que para os surdos ocorrerão através da sua língua natural, a Língua de Sinais. O art.14 do decreto 5626/05 determina que as instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas surdas o acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos. Atualmente as ferramentas da web podem facilitar o acesso as informações e, para isso, é necessário que as políticas de acessibilidade nos meios de comunica-
ção sejam efetivadas, seja através do uso de legendas ou com a utilização de vídeos onde a pessoa interessada encontrará a tradução do material em língua de sinais, facilitando assim a compreensão dos assuntos tratados na web. 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Será realizado através de encontros com a equipe colaboradora para um levantamento dos itens do site do Instituto Federal Catarinense - Campus Avançado Sombrio disponibilizado na página http://sombrio.ifc.edu.br/. Teremos, como critério de seleção, informações importantes para que a comunidade surda possa ter acesso através da sua língua (Língua de Sinais). Conteúdos principalmente referentes a editais de cursos e concursos e avisos gerais, onde será efetuada a interpretação do material textual para a Língua Brasileira de Sinais utilizando como recurso filmadora para captar a imagem da tradução. O projeto ocorrerá em espaço disponibilizado pelo Instituto Federal Catarinense Campus Sombrio, sendo necessário a organização de iluminação e de fundo de parede para a captação e qualidade das filmagens. O projeto consiste na participação de três TILS (Tradutoras e Intérpretes de Língua de Sinais), que realizarão a interpretação dos conteúdos textuais contido no site para a Língua Brasileira de Sinais, uma instrutora surda de língua de sinais, que realizará as revisões necessárias e oferecerá suporte em vocabulários de terminologias específicas, bem como a assessoria do técnico em assuntos educacionais para a realização das filmagens, edição dos vídeos e disponibilizar o conteúdo no referido site. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Este trabalho está em processo de produção no segundo semestre de 2016, no qual se pretende primeiramente realizar grupos de estudos das traduções das terminologias específicas dos cursos a serem traduzidos como o curso de licenciatura em matemática, tecnologia em redes de computadores e tecnologia em gestão de turismo. O resultado do trabalho será a produção vídeos de tradução, em LIBRAS, do conteúdo selecionado na página eletrônica do IFC Campus Avançado Sombrio bem como o envolvimento de docentes e discentes em atividades de idealização, planejamento, produção e difusão de conteúdos em LIBRAS. Outro aspecto relevante do trabalho desenvolvido é a contribuição com a elevação da qualidade da aprendizagem de todos os estudantes através da disponibilização tradução em LIBRAS da página do Campus e divulgação do trabalho dos servidores e do conhecimento produzido no IFC Campus Sombrio à comunidade surda.
Por se tratar de um trabalho de tradução há a necessidade de estudo prévio das terminologias específicas dos cursos desenvolvidos no campus. Em seguida após estudos e discussões parte-se para o momento de gravação onde diversos recursos tecnológicos são utilizados. A avaliação das traduções é realizada pela professora surda no qual identifica possíveis erros gramaticais e se a tradução está acessível para a comunidade surda no qual é o foco deste trabalho. Após avaliação os vídeos passam pelo processo de edição e divulgação no site. 4. CONSIDERAÇÕES Este trabalho destaca-se por viabilizar a acessibilidade de comunicação e informação a comunidade surda, através da atividade de tradução dos informativos dos cursos oferecidos pelo Instituto Federal Catarinense Campus Avançado Sombrio. Com isso cada vez mais a comunidade surda participará dos espaços do Instituto, pois ao ter acesso aos informativos através da sua língua natural facilitará aos surdos a escolha e acesso aos cursos oferecidos no campus. Sabendo-se que a Língua Brasileira de Sinais é a língua utilizada pela comunidade surda brasileira e reconhecida com a Lei 10.436/2002 verifica-se que faz-se necessário a ampliação dos meios de comunicação utilizarem a janela de tradução. Com isso através deste estudo pretende-se efetivar o acesso aos informativos do site para a comunidade surda viabilizando o conhecimento dos cursos oferecidos na instituição. Pretendemos que o direito dos surdos a comunicação e a informação sejam garantidos para que cada vez mais surdos participem dos espaços públicos principalmente nas Instituições de Ensino. 5. REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto 5.626 de 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm>. Acesso em 13 de abril de 2016a.. LEI 10.098 de 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10098.htm>. Acesso em 13 de abril de 2016b.
. Lei 10.436 de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm>. Acesso em 13 de abril de 2016c.. Lei 12.319 de 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12319.htm>. Acesso em 13 de abril de 2016. QUADROS, Ronice. O Tradutor e Intérprete de língua brasileira de sinais e língua portuguesa/ Secretaria de Educação Especial; Programa Nacional de apoio à Educação de Surdos- Brasília: MEC; SEESP, 2004. Videoaula IFC Campus Sombrio. Página eletrônica. https://www.youtube.com/channel/ucff-8yduj8hiybx2hbieyhg, 2015. W3C Brasil. Cartilha Acessibilidade na Web. Página eletrônica. Disponível em: <http://www.w3c.br/pub/materiais/publicacoesw3c/cartilha-w3cbracessibilidade-web-fasciculo-i.html>. Acesso em 19 de abril de 2016.